quarta-feira, 26 de agosto de 2015
CARISSIMA MARTA BELLINI: MIGREI POR UNS TEMPOS PARA O FACEBOOK. POSTEI SUA ÚLTIMA MENSAGEM ALÍ. E, PODE TER CERTEZA, SABIA QUE SEU CORAÇÃO BATE, AO CONTRÁRIO DE MUITOS COLEGAS UNIVERSITÁRIOS QUE TEM O SANGUE GELADO E O CORAÇÃO IDEM, PORQUE NÃO TEMN CÉREBRO PARA PENSAR E CORAÇÃO PARA SENTIR. UM FORTE ABRAÇO SAUDOSO!
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Renúncias, Roberto Romano
Renúncias
Roberto Romano
                            13 Agosto 2015 | 03h 00
Quais reflexões surgiram na mente de 
Bento 16 quando decidia, na solidão dos apartamentos pontifícios, a sua 
renúncia? Ponderava as várias faces do seu governo, as dificuldades 
vencidas e as insuperáveis, em razão da idade? Pensou ele nos inúmeros 
obstáculos para chegar ao trono de São Pedro? Rememorou os instantes de 
crise desde que, assessor em teologia reconhecido pela competência entre
 padres do Vaticano II, seguiu pelos corredores dos palácios recolhendo 
títulos? Reviu a cena de sua consagração episcopal, depois cardinalícia 
por João Paulo 2? Evocou as vezes em que exigiu explicações dos teólogos
 progressistas, antes seus aliados, para atender a pastoral do papa 
reinante? Num átimo, repassou sua vida toda, desde a infância na 
Bavária, quando vestiu o uniforme da juventude hitlerista? Ninguém sabe.
O fato é que, inesperadamente, com latim castiço, ele 
surpreendeu os líderes da Igreja com sua renúncia. E o mundo ficou 
perplexo com eles. Foi matéria rica para a imprensa mundial durante 
dias, numa época em que as notícias da manhã são gastas e sem interesse 
no crepúsculo. Joseph Ratzinger entrou para a seleta companhia dos 
poderosos que abriram mão do poder, deixando a liderança de uma 
instituição antiga como o Ocidente.
A Igreja Católica é rica de ensinamentos espirituais que 
reúnem prismas os mais diversos. Os seus símbolos ultrapassam em 
dignidade as que se baseiam em signos lógicos, jurídicos, políticos, 
econômicos. A Igreja é um tecido simbólico intrincado. A nos inspirar em
 Tertuliano, ela é uma cauda de pavão com múltiplas cores, todas 
convergindo para o efeito maior, a vista sinótica do arco-íris. Nela, 
têm lugar todas as culturas e ideias. A única exigência é que a harmonia
 do todo seja respeitada pelos particulares. Administrar cada uma das 
formas da cultura e conduzi-las à concórdia sempre foi o desafio dos 
pastores. O catolicismo reúne os opostos e os conduz, na observação de 
E. Canetti, rumo ao Eterno. A sua hierarquia não se deixa dominar pela 
voragem do tempo que desgraça os Estados, a sociedade civil e os 
mercados. Jacques le Goff o diz bem num artigo eloquente: “Tempo da 
Igreja e tempo do mercador”. Este último deixa-se penetrar pela rapidez 
das trocas, vende e compra o tempo na forma dos juros. Mas a Igreja 
declara que o tempo a Deus pertence e adverte contra a divinização das 
moedas.
Muito se fala, no Brasil, sobre o dito de Lampedusa em O 
Leopardo: é preciso mudar tudo, para que tudo permaneça como está. 
Poucos recordam a desolada atitude do personagem principal do romance, o
 Príncipe de Salina, com sua plena consciência de que os poderosos têm 
hora e data para mandar e para desaparecer do cenário político e 
mundano.
Quando seu confessor o reprova, e à aristocracia, por não 
defender a Igreja, o nobre responde com clareza meridiana: “Não somos 
cegos, caro padre, somos apenas homens. Vivemos numa realidade 
transitória à qual tentamos nos adaptar como as algas se dobram em face 
das ondas marítimas”. À Igreja foi dada implicitamente a promessa da 
imortalidade, diz ele, modificando o dito evangélico de que as portas do
 inferno não prevalecerão sobre a pedra na qual Pedro vigiará os céus e a
 terra. Tu est Petrus et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam. 
Entre a imortalidade eclesiástica e a vida dos indivíduos e classes, 
brota o abismo. “Para nós, um paliativo que promete cem anos equivale à 
eternidade. Poderemos nos preocupar com os nossos filhos, talvez com os 
netinhos; mas além deles tudo o que podemos acariciar com estas mãos não
 nos obriga. Não posso me preocupar sobre quem serão os meus 
descendentes eventuais em 1960. Mas a Igreja, sim, deve se preocupar, 
porque ela é destinada a não morrer. No seu desespero está implícito o 
conforto. E o senhor acredita que, se ela pudesse salvar a si mesma com o
 nosso sacrifício, não o faria?
Sim, com certeza. E faria bem.”
As dimensões do tempo esmagam poderes e riquezas. A Igreja não
 é eterna, mas recebeu a promessa da imortalidade. Haverá um dia em que 
ela será chamada por Deus a prestar contas dos fiéis e de si mesma. Este
 será o dia do Juízo Final, quando o tempo sumirá no Eterno, com todas 
as vaidades do mundo. Não haverá mais tempo e espaço. Mas até o instante
 oportuno (Kayrós) ela, por não ser eterna, conhecerá a tentação do 
nada, do mal. Na marcha rumo à salvação, ela passará por todos os 
príncipes, Estados, sociedades, classes, cujo tempo é finito, pura 
degração do Eterno. Nada no tempo é estável, durável, sobretudo os 
homens e seu poder.
Com base em tais doutrinas, a dupla de escritores Alain 
Boureau e Corinne Péneau publicou em data recente um livro com vários 
ensaios mais do que oportuno no mundo político e no Brasil de hoje: O 
luto do poder, ensaios sobre a abdicação (Paris, Les Belles Lettres, 
2013). O volume repassa a renúncia da rainha Cristina, do general De 
Gaulle, do literário Rei Lear, de Bento 16. Todos os autores da 
coletânea insistem na situação peculiar dos abdicantes: com seu gesto, 
eles se põem acima do poder que lhes foi delegado. Mas, assim, eles 
também se colocam entre os mais solitários dos seres humanos. Ao poder 
estatal é atribuída a permanência, desde que súditos e reis morram ou 
renunciem. O segredo da estabilidade reside justamente na substituição 
dos entes efêmeros que ocupam os postos de poder.
A leitura da coletânea pode ser útil para todos os políticos 
nacionais que, no governo e nas oposições, se preocupam com a solidez 
institucional. Esta, não raro, depende de muitas renúncias: dos que 
estão como hóspedes nos palácios ou de quem almeja neles se instalar 
temporariamente. Para bom entendedor, uma vírgula basta.
*Roberto Romano é professor da Unicamp, é autor de ‘Razão de Estado e Outros Estados da Razão’ (Perspectiva)
domingo, 9 de agosto de 2015
Zero Hora, Coluna PROA
Colunistas
Roberto Romano: inflações
"A inflação, como os tumores, é sintoma, não origem. O desarranjo na estrutura do corpo, biológico ou social, brota dos excessos, tolerâncias imprudentes, hábitos perniciosos à saúde"
Por: Roberto Romano*
08/08/2015 - 15h07min
Outrora, até mesmo o chuchu foi culpado pela inflação
           Foto:
           Marcelo Oliveira / Agencia RBS
* Roberto Romano é professor titular de Ética e Filosofia Política da Unicamp. Escreve quinzenalmente.
O termo inflação, como boa parte dos vocábulos políticos, econômicos ou éticos ocidentais, tem origem na medicina. “Inflatio” significa comumente inchaço, tumor, enfizema, edema. No campo espiritual, o sujeito “inflatus”
 é o pavão humano cheio de ar, tolo. A medicina que honra seu nome 
jamais confunde os registros físicos e os morais. Ela observa os 
excessos da paixão que acomete o cliente e o próprio médico. Existem 
pacientes intratáveis, mas também médicos autoritários, incompetentes, 
vácuos. A razão é que ambos integram a humanidade, mistura de bom senso e
 loucura, simpatia e malícia, honradez e crime. 
A inflação monetária – fato físico e espiritual – destrói valores. Páginas sombrias foram escritas por Elias Canetti em Massa e Poder,
 monumento antropológico do século 20. Ali, uma tese exige reflexão: 
“Pode-se afirmar que nas nossas civilizações modernas, excetuando-se as 
guerras e as revoluções, não existe nada que em sua envergadura seja 
comparável às inflações”. Se o índice inflacionário na república de 
Weimar fosse menos grave, diz ele, milhões teriam escapado dos campos 
construídos pelos nazistas.
Apenas imprudentes menosprezam o fenômeno inflacionário. Um livro que
 amplia o pensamento de Canetti pode ser lido pelos que se empenham em 
direitos civis. Refiro-me ao trabalho de B. Widdig, Culture and Inflation in Weimar Germany
 (Berkeley, University of California Press, 2001). Ao falar do invento 
do zero e sua relevância no drama financeiro, Widdig afirma: “A 
inflação marca um derretimento catastrófico no qual os opostos do 
infinito crescimento e do vazio entram em colapso um no outro”. Se 
há eficácia econômica, o zero indica acréscimo vital. Na inflação impera
 o zero como vazio e morte. Um trabalhador ganha milhões de salário, mas
 só recebe a fieira de zeros que nada garantem para sua família. Temos a
 base social para o niilismo totalitário. Não por acaso, o fascismo 
gritou na Europa, sobretudo na Espanha: “viva la muerte!”.  A 
ruptura dos laços humanos, o regresso ao animalesco, o sumiço da 
compaixão seguem o inchaço da moeda na dança macabra que termina em 
monstruosos cemitérios. Widdig mostra, índices à mão, que o fato 
inflacionário não foi gerado pela república de Weimar, mas o antecedeu 
com as despesas alemãs no primeiro conflito mundial. Nele, todo o horror
 que Erasmo de Rotterdam aponta nas guerras se realizou, piorado. 
No Brasil, a “inflação Sarney” começa na ditadura, quando Mario 
Henrique Simonsen chegou ao deboche de atribuir a culpa do fenômeno ao… 
chuchu. A inflação, como os tumores, é sintoma, não origem. O desarranjo
 na estrutura do corpo, biológico ou social, brota dos excessos, 
tolerâncias imprudentes, hábitos perniciosos à saúde. 
Segundo G. Naudé, autor do primeiro livro sobre os golpes de Estado (1640) “os
 hábitos do intelecto são distintos dos vividos pela vontade. Os 
primeiros pertencem às ciências e sempre são louváveis; os segundos 
ligam-se às acões morais, que podem ser boas ou más”. E arremata : “é
 lei comum que todas as coisas instituídas para um fim bom, com 
frequência são abusadas: a natureza não produz venenos para matar os 
homens, se ela fizesse tal coisa, destruiria a si mesma; a nossa malícia
 gera tal uso”. 
A trégua da inflação brasileira, algo bom, elegeu no entanto 
presidentes populistas, esmagou a oposição, gerou servilismo de 
intelectuais e universitários, garantiu a lisonja jornalística ao poder.
 Ela anestesiou as massas. Com o retorno do descontrole monetário vem o 
ódio que dissolve amizade e companheirismo em todos os setores e 
partidos. O ético não deriva do econômico, mas dele não escapa. Cuidado,
 para que não cheguemos aos extremos ditatoriais que “salvaram” povos da
 inflação com o esmigalhamento de seres humanos. A cautela maior deve 
ser contra o ego inchado dos governantes, parlamentares, acadêmicos. Com
 frequência é neles que a inflação recebe impulso, pois o dogmatismo os 
leva à cegueira política,  uma loucura sem remédio.
Leia mais textos de Roberto Romano
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Apesar de ver a Folha, hoje em dia sobretudo, como um jornal pouco confiável (aboli minha assinatura e não tenho saudade), o artigo abaixo, enviado por um amigo, merece leitura e reflexão.
 Clóvis Rossi
Folha de São Paulo
Sempre
 achei que a esquerda, nacional e internacional, ficou soterrada sob os 
escombros do Muro de Berlim. Até aí, dava para entender embora não para 
justificar. Afinal, a queda do Muro e o consequente fim simbólico do 
comunismo foram acontecimentos tão transcendentais que teriam mesmo que 
desnortear até quem estava do lado de cá do Muro, quanto mais os que 
simpatizavam com o lado derrotado.
O
 que surpreende, agora, com o manifesto de escritores e artistas em 
defesa de José Dirceu, é que esse pessoal não conseguiu sair nem sequer 
da rua Maria Antônia, cuja simbologia antecede de muito a queda do Muro.
 É inacreditável que gente que parece 
inteligente não perceba que José Dirceu deixou há séculos de ser o jovem
 idealista que lutava contra a ditadura nas barricadas estudantis de 
1968.
Nem era preciso o mensalão ou, agora, o petrolão para fazer uma constatação tão óbvia.
Bastava
 saber, por exemplo, que Dirceu admitiu à revista "Piauí", em 2008, que 
prestava consultoria ao bilionário mexicano Carlos Slim, um dos três 
homens mais ricos do mundo, segundo a revista "Forbes".
A
 esquerda, inclusive muitos ou todos que assinam o manifesto, sempre 
denunciou a maneira como se enriquece no México (ou no Brasil).
Um idealista de verdade jamais prestaria serviços a esse tipo de empresário.
O
 estranhamento não é apenas meu, mas de um fundador do PT, o cientista 
político Rudá Ricci, que se afastou do partido desencantado.
Escreveu Rudá após a entrevista de Dirceu à "Piauí":
"O
 grande problema não foi se expor como um megaconsultor, homem de R$ 15 
mil por consultoria, ou R$ 150 mil mensais. Esta vaidade de se expor é 
estranha para um ex-clandestino de esquerda. Revelar que trabalha para o
 homem mais rico do mundo também é estranho para um ex-presidente do 
maior partido de esquerda do país. Mas são idiossincrasias que acometem 
as melhores famílias".
À
 essa lucrativa "idiossincrasia" somaram-se consultorias –não 
devidamente comprovadas, segundo a Polícia Federal– às maiores 
empreiteiras do país.
No
 tempo em que a esquerda pensava, não deixava de denunciar a 
promiscuidade entre obras públicas, tocadas em geral por essas mesmas 
empreiteiras, e poder público.
Hoje,
 ao defender Dirceu, defende-se automaticamente a promiscuidade, como se
 houvesse maracutaia do bem (as "nossas") e do mal ("as dos outros").
Os pedidos, em voz quase inaudível, para que o PT faça um reexame de suas práticas já surgiram em 2008, na esteira do mensalão.
Rudá
 Ricci, por exemplo, escrevia então: "Seria fantástico se o julgamento 
[do mensalão] provocasse um debate franco entre petistas e toda esquerda
 tupiniquim. Mas já não tenho mais 20 anos. Não tenho motivos para 
acreditar que o brilho da utopia seja mais forte que as cores reluzentes
 do poder absoluto e domesticador".
Bingo, Rudá. O poder domesticou não só dirigentes do PT mas também uma fatia da intelectualidade, o que é um contrassenso: intelectual, por definição, é contestador.
terça-feira, 4 de agosto de 2015
quinta-feira, 30 de julho de 2015
sábado, 25 de julho de 2015
Um prefácio meu para a Anistia Internacional
Educando para 
                a Cidadania
Os Direitos Humanos no Currículo Escolar
Os Direitos Humanos no Currículo Escolar
PREFÁCIO
A presente coletânea destaca temas
        elevados do espírito humano, dando-lhes tratamento respeitosos. Da
        língua à biologia, passando pela química, sistemas filosóficos, alma
        religiosa, desvelam-se camadas do intelecto, dobras do coração. Tudo
        isso convida à tarefa de refletir. Cada um dos artigos aqui reunidos
        – breves, decorosos – gira ao redor do fato educativo. Como levar
        nossa gente, em especial a juventude, até o respeito pelos direitos
        humanos?
Esta tarefa tem sido o alvo da Anistia Internacional, movimento
        a quem o mundo deve pouco do ânimo e da bondade que ainda lhe restam.
        Os homens e mulheres comprometidos com a Anistia atenuam, todos os anos,
        com seus relatórios e denúncias, os efeitos da bestialidade estatal
        tirânica, reforçada neste fim de século. Com isso, milhares e
        milhares de vidas são resgatadas para a esfera da vida pública,
        beneficiando lares, igrejas, partidos das mais diversas atitudes
        doutrinárias. Se existe um setor realmente democrático em nossa terra,
        este é a Anistia Internacional.
A coletânea é fiel a esse espírito
        eminente. Todos os trabalhos preocupam-se com a falta de base, nas
        políticas convencionais, ou a falha ética afirmada com a desmedida
        valorização do ser humano no interior do cosmos. O orgulho luciferino
        dos engenhos finitos fez com que eles esquecessem o fundamento natural
        que os une aos demais seres. Combatendo o privilégio arrogante da
        razão cartesiana, disse um dia Espinosa em sua Ética: “os que
        escrevem sobre as paixões e a conduta da vida humana parecem, na maior
        parte, tratar não de coisas naturais, seguindo as leis comuns da
        natureza, mas de coisas exteriores à natureza. Na verdade, eles
        concebem o homem de fora da natureza, como um império dentro de outro
        império” (Ethica, Pars Tertia, De
        Origine et Natura Affectuum).
A separação entre homem e cosmos ajuda
        na tarefa de justificar – no plano social – os sistemas de força. O
        cogito extra-natural,
        milagrosa propriedade de alguns gênios, é, para Espinosa, produto do
        imaginário auto-centrado. Quem se julga dono da natureza e do Estado (e
        das Igrejas) está pronto para qualquer aventura despótica, contra o
        “comum dos mortais”.
Todos os arautos de sua própria
        eminência – diminuindo os semelhantes – seguem, céleres, para a
        negação da cidadania e dos postulados democráticos. Deste modo, “eles
        imaginam realizar uma obra sublime, atingindo a mais alta sapiência, ao
        elogiarem uma natureza fictícia, acusando sem piedade aquela existente.
        Pois eles não concebem os homens tal como eles são, mas pelo modo pelo
        qual sua filosofia quer que eles sejam. Ao invés de uma ética, eles
        escreveram uma sátira” (Tratado
        da Autoridade Política). Espinosa foi o filósofo da alegria. Todo
        o seu pensamento se dirige no sentido de assegurar a posse comum do
        conhecimento pelos homens numa democracia política não repressiva.
Comentando as perturbações políticas e
        as guerras de seu tempo, nosso filósofo diz sempre com humor lúcido:
        “Se o famoso personagem que ria de tudo viesse ao nosso tempo, ele
        morreria de rir, com certeza. Quanto a mim, essas violências não me
        incitam nem ao riso nem às lágrimas; pelo contrário, elas excitam em
        mim o desejo de filosofar, melhor observando a natureza humana”. Tese
        estratégica: “os homens, como os outros seres, são apenas uma
        parcela da natureza”. Como o todo desta última é desconhecido por
        nós, julgamos absurdas muitas coisas que podem ser perfeitamente
        normais. Daí a intolerância face à alteridade, base da raiva
        aristocrática contra a democracia. Qual o princípio de Espinosa, neste
        plano? “Deixo cada um viver segundo sua própria compleição e
        consinto que cada um, se o desejar, morra por aquilo que acredita ser o
        seu bem, desde que me seja permitido viver para a verdade” (Carta XXX,
        a Oldenburg).
Lição dura de ser assumida,
        convenhamos. Normalmente, nossa “tolerância” não se pauta pelo  veraz,
        mas pelo que nós consideramos “normal”, sagrado, ético. Nega-se,
        deste modo, qualquer direito à alteridade, destruindo-se, ipso facto, a noção de direitos
        e deveres universais, abalando a própria idéia democrática. Contra
        essa corrosão do respeito mútuo, que gera os Estados policiais, as
        torturas, as mortes dos adversários políticos, o confinamento de
        indivíduos que pertencem a etnias minoritárias e todo rol de
        barbáries praticadas no cotidiano de nossas sociedades, ergue-se até
        hoje o ensino espinosano, sobretudo no Tratado Teológico – Político.
Citarei apenas alguns trechos desse
        último e nobre monumento à democracia moderna. “Dos fundamentos do
        Estado, tal como o explicamos, resulta com evidência máxima que seu
        fim último não é a dominação: não é para manter o homem no medo,
        e pelo medo, fazendo-o pertencer a um outro, que o Estado é
        constituído; pelo contrário, é para liberar o indivíduo do medo,
        para que ele viva tanto quanto possível em segurança, isto é,
        conserve, quando puder, sem danos para outrem, seu direito natural de
        existir e agir. Não, eu repito, o fim do Estado não é o de conduzir
        os homens da condição de seres racionais para o de bestas feras, ou
        autômatos, mas pelo contrário, o Estado é instituído para que suas
        almas e seus corpos cumpram com segurança todas as suas funções, para
        que eles usem uma razão livre, para que eles não lutem apenas por
        ódio, cólera ou astúcia, para eles suportarem uns aos outros, sem
        maldade”.
A busca de alvos semelhantes faz da Anistia Internacional uma
        herdeira dos mais nobres sonhos filosóficos. Enquanto isso, nosso povo,
        incitado por fascistas que não ousam dizer o próprio nome, irrita-se
        contra a defesa dos direitos humanos. Há ignorância nesse ponto, mas
        também má-fé espantosa. Pelo rádio, televisão, imprensa escrita,
        repetem-se slogans assassinos
        e sofísticos que marcam a consciência dos mais humildes. Para eles, o
        próprio vocábulo “direitos” tornou-se um sinônimo de conivência
        com o crime. A par do não saber, temos a demissão coletiva dos
        educadores na escola primária, secundária e no terceiro grau. Em
        parcas ocasiões os nossos engenhos universitários pronunciam-se
        coletivamente, verberando o estupro da liberdade e da igualdade, quando
        se trata dos “negativamente privilegiados”. Mesmo nas igrejas isso
        ocorre. Além de poucos heróis, como na Comissão de Justiça e Paz,
        tudo se dirige para manter a aparência de normalidade, dentro da pior
        violência.
Os escritos aqui reunidos podem ser um
        início da pedagogia mais necessária para nosso tempo: a descoberta da
        nobreza que reside em toda vida. Sem cidadania universal, ninguém está
        seguro. Ou todos se transformam, como temia Espinosa, em autômatos a
        serviço deste ou daquele tirano. Porém, além de autômatos, os entes
        humanos podem regredir à condição de feras. Olhemos os dados sobre os
        assassinatos de crianças, no Brasil e na América Latina. Aristóteles
        costumava afirmar que um indivíduo isolado ou é Deus, ou uma fera. Os
        ajustamentos políticos que por eufemismo chamamos “Estado”, em
        nosso continente e no mundo, provam que as feras se reúnem. O diálogo
        racional, compreendido agora no plano da educação para os direitos,
        pela Anistia Internacional ,
        oferece uma esperança de metanóia
        em nossos estudantes – futuros dirigentes – e nos partícipes da
        coletividade mais ampla. O livro foi feito para ser discutido. Assim,
        merece o respeito de todas as mentes democráticas e livres. Sem o seu
        concurso, e o de outras formas de melhorar o panorama axiológico
        pátrio, a palavra “ética”, com o seu correlato “direitos”
        (também “deveres”), corre o risco de ser um termo vazio, ou de se
        reduzir ao simples prisma do slogan.
Esperemos, portanto, que estas páginas,
        editadas pela Anistia
        Internacional, sejam estudadas nas salas de aula, nos debates
        públicos, nas reuniões informais e cotidianas. O pensamento prudente
        vale mais, a longo prazo, do que a propaganda que tende para o
        repetitivo e carente de espírito. Esta é uma aposta vital para quem
        preza a dignidade e a sublime elevação do homem no interior de uma
        natureza respeitada.
Roberto Romano
Minha coluna semanal no Zero Hora, caderno PROA
Colunistas
Roberto Romano: milagrosa normalidade
"Fatos mostram à saciedade o quanto é anômalo o funcionamento de nossas estruturas políticas"
Por: Roberto Romano*
25/07/2015 - 15h02min
Quadro de Justus Sustermans representando Galileu Galilei
           Foto:
           Wikicommons / Reprodução
* Roberto Romano é professor titular de Ética e Filosofia Política da Unicamp. Escreve quinzenalmente.
O Brasil, dizem alguns, tem instituições democráticas garantidas. 
Elas, repetem as mesmas vozes, funcionam em plena normalidade. Atrapalho
 o foguetório e afirmo que estamos longe da norma na ordem democrática. 
Basta pensar nos bilhões subtraídos dos cofres públicos. A Petrobras é 
uma empresa estatal a mais no rol dos roubos cometidos por lobistas e 
políticos. O dinheiro foi usado em campanhas políticas. As contas 
partidárias receberam aprovação da justiça eleitoral. O “normal” seria o
 controle rigoroso que não abençoasse números espúrios, marcas do 
submundo que Norberto Bobbio chama de “anti-Estado”. 
Se for lida a Constituição, ela manda ser o exercício dos cargos, nos
 três poderes, impessoal. Como aceitar que o presidente da Câmara dos 
Deputados “rompa pessoalmente” com o Executivo e ofenda o Judiciário? 
Fatos mostram à saciedade o quanto é anômalo o funcionamento de nossas 
estruturas políticas. Basta pensar nas esdrúxulas coalizões partidárias,
 nos apadrinhamentos para cargos “de confiança”, na indignação de quem 
paga impostos, na ruína da fé pública. A normalidade alardeada indica 
que a prática desmente o idioma do encantamento publicitário, feito para
 enganar os incautos que ainda restam na vida pública. 
Tais mentiras piedosas me fazem recordar uma história do século 17 
mas atualíssima, dados os aproveitadores da crendice geral. A narrativa é
 de Gabriel Naudé, pensador importante sob Richelieu e Mazarino – 
cardeais astutos, verdadeiros ditadores truculentos e impiedosos –, 
homens que moldaram o Estado moderno. Naudé usa a religião, mas 
desconfia das batotas encenadas pelo clero para engambelar as massas. 
Com base na política religiosa, ele publica o clássico Considerações 
Políticas Sobre o Golpe de Estado (1640). 
Diz ele que encontrou certo dia o padre Melchior Inchofer, jesuíta 
que escreveu o livro intitulado Veritas Vindicata (“A Verdade 
Defendida”). Vários panfletos da época traziam tal título, dada a 
discórdia na Igreja Católica e a guerra de religião que atingia a fé 
mística e a confiança pública, arruinando reputações de intelectuais.
Pois bem, o bom padre Inchofer defendia a veracidade de uma carta 
remetida diretamente pela Virgem Maria às pessoas da Sicília. Naudé 
apresentou ao padre razões pelas quais a missivista não poderia ser a 
mãe de Jesus. E ficou espantado (ou fingiu espanto) quando o autor 
declarou saber perfeitamente que se tratava de uma fraude. Mas escrevera
 assim mesmo o texto “para agradar e obedecer os superiores que lhe 
haviam mandado fazer tal coisa e, ademais, ele nada acreditava de tudo o
 que estava contido na referida carta”. Medita Naudé : “Eis como se 
espalham no mundo os erros e os abusos; eis como os espíritos simples 
são enganados todos os dias”. Quantos intelectuais de hoje, ao se 
tornarem militantes, escrevem ao modo do padre Melchior! 
O nome completo do livro escrito por Maquiavel, perdão, pelo jesuíta,
 é o seguinte: Epistolae B. Virginis Mariae ad Messanenses Veritas 
Vindicata (Messina, J. Matarozii Ed., 1619). Outra informação valiosa: o
 padre embusteiro é membro da Comissão que examina o Diálogo Sobre os 
Dois Sistemas do Mundo, de Galileu. Ele justifica a condenação do 
pensador e de seu livro num opúsculo intitulado Tractatus Syllepticus 
(1633). Mentira em dose dupla, no caso da Virgem e da ciência. Numa 
instituição milenar que cometera tantas fraudes – a Doação de 
Constantino foi uma delas – o engodo a mais seria “normal”.
Termino: as falas sobre a “normalidade institucional” no Brasil são 
tão verazes quanto a carta da Virgem aos sicilianos. Entre a fé pura e a
 mistificação, não raro, a distância é pequena. Cabe à prudência julgar e
 bem agir.
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       A Semana > Entrevista
      
     
     
      
       
       
        |  N° Edição:   2382 
       
      
       |  24.Jul.15 - 20:00
      
       
        
         |  Atualizado em 25.Jul.15 - 18:05  
           
       
      
     
ROBERTO ROMANO
"O governo Dilma é um desastre"Professor da Unicamp diz que o Estado brasileiro funciona à base da corrupção e considera grave a situação da presidente
por Ludmilla Amaral (ludmilla@istoe.com.br)
REIS SEM COROA
Para o filósofo Roberto Romano, negociadores
designados por Dilma agem de forma imperial
Doutor em filosofia e professor de Ética 
Política na Unicamp, Roberto Romano mostra ceticismo em relação ao 
futuro do País. Para ele, a crise política é estrutural e remonta ao 
processo de criação de um Estado de modelo absolutista. “No princípio 
absolutista, os governantes estão acima do cidadão comum e, portanto, 
não têm de prestar contas a ninguém. Há o controle do poder no plano 
central, mas não há autonomia dos municípios e dos Estados. Um País onde
 70% dos impostos vão direto para o cofre do poder central é um país de 
exército vencido”, critica.
"O Lula adota um modo muito antigo de governar o País. Ele atua na
base do caciquismo. O Lula é um cacique"
Na avaliação de Romano, a crise se agrava 
quando uma presidente, no caso Dilma Rousseff, encontra sérias 
dificuldades para dialogar com a sociedade e escala auxiliares tão ou 
mais inábeis quanto ela. “Se somar a incapacidade de dialogo notório que
 a presidente tem com a incapacidade de seus auxiliares, você tem um 
governo que é esse desastre”.  Para um partido que vendeu esperança, na 
eleição de Lula, o quadro é grave, avalia. Na opinião do professor da 
Unicamp, equivoca-se quem diz que as instituições operam normalmente. 
Ele considera a intervenção estatal no BNDES uma prova de que a 
democracia ainda capenga no Brasil. 
Desde que assumiu a Câmara, Eduardo Cunha tem defendido uma
pauta que não é do interesse geral, e sim de facções
                               Istoé -
                                      O senhor disse uma vez 
que “a inflação é um desagregador político muito forte”. A crise no 
governo Dilma se dá por conta da alta dos preços?
 
                                  
                                   
            ROBERTO ROMANO - 
           
           
          
                                     
 A inflação é um 
ingrediente complicador. Ela quebra a capacidade que o ser humano tem de
 confiar. Esse fenômeno desagregador da inflação é o ponto essencial, 
mas não é o único ponto da crise política.
 
                               Istoé -
                                      Quais são os outros pontos?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 O fato de o nosso Estado 
ser ainda gerado para combater a democracia moderna. Dom João VI trouxe 
para cá um Estado contra revolucionário. O modelo trazido para cá é um 
modelo absolutista. Tanto que na primeira Constituição independente do 
Brasil há a figura de irresponsabilidade do chefe de Estado. No 
princípio absolutista, os governantes estão acima do cidadão comum e, 
portanto, não têm de prestar contas a ninguém. Há o controle do poder no
 plano central, mas não há autonomia dos municípios e dos Estados. Nós 
não temos municípios até hoje. É uma ficção. Um País onde 70% dos 
impostos vão direto para o cofre do poder central é um país de exército 
vencido. O poder central age em relação aos estados e municípios como um
 poder invasor, que controla tudo.
 
                               Istoé -
                                      Como esses pontos influenciam na crise do governo Dilma?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 O problema não é só essa 
questão da estrutura do Estado que é obsoleta. Você tem essa figura do 
chefe de estado que possui prerrogativas de imperador. Em vez de a 
preocupação ser com a estrutura da máquina do Estado, a preocupação é 
com as pessoas. Se a pessoa está distribuindo favores e as políticas 
sociais são transformadas em favores, quando a fonte dos favores diminui
 evidentemente que a popularidade também diminui. Eu sempre digo que o 
presidente brasileiro é um gigante de pé de barro. É um gigante, mas 
precisa da base aliada, dos acordos com as oligarquias, do dinheiro das 
empresas. Então, você tem um presidente que, ao invés de mandar no 
sentido absolutista, ele é mandado. E se ele tiver capacidade política, 
diplomática, ele pode se sair razoavelmente bem. Infelizmente a 
presidente Dilma não tem essa capacidade política e diplomática. Para 
piorar, ela escolheu muito mal os seus auxiliares.
 
                               Istoé -
                                      De quem o sr. está falando especificamente?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 Veja os chefes da Casa 
Civil escolhidos pela Dilma: Erenice Guerra, Gleisi Hoffmann e Aloízio 
Mercadante. Eles não sabem conversar. Eles sabem mandar. E são 
desastrados. Então, se somar a incapacidade de dialogo notório que a 
presidente tem com a incapacidade de seus auxiliares, você tem um 
governo que é esse desastre.
 
                               Istoé -
                                      Na semana passada, o 
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciou o  rompimento com a 
presidente Dilma Rousseff. A crise se agrava na opinião do sr.?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 Enquanto presidente da 
Câmara e também como deputado, ele não pode dizer que está rompendo em 
caráter pessoal. Ele está cometendo um atentado à Constituição e isso é 
gravíssimo porque ele não é do Executivo. Um técnico do Executivo até 
pode cometer erros constitucionais assim, mas quem elabora as leis em 
nome do povo como pode dizer que decidiu pessoalmente uma coisa que não 
pode ser decidida pessoalmente?
 
                               Istoé -
                                      Como o sr. vê a atuação dele como presidente da Câmara?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 Desde que assumiu a 
presidência da Câmara, ele tem defendido uma pauta que não é do 
interesse geral, e sim de facções. Hoje ele é líder de uma facção. Como 
deputado ele tem direito de liderar uma facção, mas como presidente da 
Câmara, não.
 
                               Istoé -
                                      O sr. acha que o PMDB realmente terá candidato próprio em 2018?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 É uma situação muito 
interessante, porque na época do Sarney, o PMDB era quem decidia tudo no
 governo. Passado esse período, eles têm só suportado governos. Na 
ditadura, o MDB tinha presença em todo o Brasil, e ampliou suas bases 
municipais. Isso faz com que sempre em toda eleição eles consigam uma 
base parlamentar, tanto de deputados como de governadores, bem razoável.
 O PSDB e o PT não aproveitaram seus oito anos de governo para ampliar 
suas bases municipais, então eles continuam dependendo muito do PMDB 
para ter a famosa base parlamentar de apoio.  No entanto, os 
peemedebistas ganham cargos, mas do ponto de vista macro, eles continuam
 coadjuvantes, o que não interessa. Isso, ao que parece, mudou. O 
problema é quem será o candidato deles. Existe a possibilidade de ser o 
Eduardo Paes, prefeito do Rio. O Cunha, antes cotado, se isolou no 
próprio PMDB, além de ter rompido com o Ministério Público e o Supremo. 
Foi um pulo mortal sem rede. Um ato de imprudência política.
 
                               Istoé -
                                      E o papel do vice-presidente Michel Temer nesse momento?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 O Temer é uma garantia de 
que a presidente não vai continuar fazendo impolidez ou falta de tato 
maior. Por enquanto ela está afastadinha e eu acho que é o mínimo que 
ela pode fazer. Não porque quando ela fala toca panela, não. É porque 
efetivamente a situação dela é muito grave.
 
                               Istoé -
                                      O senhor enxerga alguma semelhança entre as situações de Collor, em 1992, e a de Dilma agora?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 O Collor conseguiu muita 
impopularidade com o golpe que ele deu nas poupanças. Ele confiou demais
 na sua popularidade e arruinou o seu relacionamento com todas as 
classes brasileiras. Ele pertencia a um partido minúsculo que dependia 
vitalmente de outros partidos também, mas ele nunca teve, por exemplo, a
 base sólida do PMDB. Já a Dilma recebeu do Fernando Henrique e do Lula 
essa capacidade de aliança com grandes partidos. Mas Dilma não levou 
adiante isso graças a inabilidade de seus negociadores que agiram de 
forma imperial. Boa parte dessa erosão que a Dilma está vivendo já foi 
eclodida no segundo governo de Lula, quando essa aliança com o PMDB já 
começou a periclitar.
 
                               Istoé -
                                      Mas os escândalos também
 começam a se aproximar do gabinete da presidente... Inclusive há uma 
outra CPI em gestação, a do BNDES, que pode ser arrasadora para o 
governo. Há quem diga que os estragos podem ser maiores do que o 
Petrolão.
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 Há um mantra entre meus 
colegas de que as instituições estão operando normalmente. Isso é 
conversa mole para boi dormir. Não estão operando normalmente e nunca 
estiveram operando normalmente. Não foram resolvidos os problemas de 
estrutura do Brasil em termos democráticos. O BNDES é uma instituição 
pública que tem dinheiro da população e que operava de maneira sigilosa 
até agora. Como isso pode ser normal numa democracia? Pega-se bilhões da
 população e coloca-se na mão de Eike Batista. Isso é normal? Não se 
justifica a atitude de gerir o BNDES no sigilo. É preciso, sim, fazer 
uma investigação das contas do BNDES, do Banco do Brasil, de todas as 
estatais para se constatar quanto está sendo subtraído dos planos 
propriamente econômicos.
 
                               Istoé -
                                      Num capítulo do livro 
“Uma Oveja Negra al Poder” diz-se que Lula teria dito ao presidente 
uruguaio que ele teve de lidar com “coisas imorais, chantagens.” Esse é o
 cenário da política brasileira?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 O Estado brasileiro 
funciona à base da corrupção. Em todo o Estado do mundo ocorre essa 
negociação e essa tomada de cargos, mas tal como existe no Brasil é uma 
coisa absolutamente delirante. Não há outra saída, porque não houve o 
parlamentarismo. A Presidência da República é quase irresponsável e o 
Parlamento não é responsável. Não há o princípio da responsabilidade. O 
Congresso não assume a plena responsabilidade pela governança do País, 
ele ou chantageia o Executivo ou é subserviente a ele. Isso vem 
acontecendo desde a morte do Getúlio.
 
                               Istoé -
                                      Em uma de suas colunas, o
 senhor disse que “usar utopia, como faz Luiz Inácio Lula da Silva, é 
pintar cinza sobre cinza.”O que o senhor quis dizer com isso?
 
                                  
                                   
           
            ROBERTO ROMANO - 
           
          
                                     
 Em 1987, eu escrevi um 
artigo chamado “Lula, o senhor da razão”, e eu mostrava claramente que 
ele tinha posição extremamente conservadora, muito carismática e muito 
ligada a sua pessoa, ele era o dono da razão. Isso não coaduna com um 
País democrático e com um partido democrático. Desde a greve do ABC, o 
Lula sempre é o protegido, nunca se pode criticar o Lula, o que faz com 
que ele seja uma continuidade de personalidade como Getúlio Vargas, 
Perón, e etc. Ele não tem a característica de um líder colegiado, tanto é
 verdade que hoje o PT só tem o Lula. Todas as tentativas de lideranças 
regionais do PT foram cortadas em favor do Lula. Hoje, se o Lula faltar,
 o PT está sem uma alternativa. O Lula adota um modo muito antigo de 
governar o País. Ele atua na base do caciquismo. O Lula é um cacique.
 
                               Istoé -
                                      As investigações da 
Lava-Jato têm chegado cada vez mais perto de Lula. O que isso pode 
significar para a história do ex-presidente e para o futuro do PT?
 
ROBERTO ROMANO - 
 Vamos supor que seja 
provado que ele fez lobby e tudo mais. Vai ser mais uma decepção para a 
população brasileira. Desde Getúlio Vargas nós vendemos pais do Brasil e
 o Lula sempre dizia que era o pai do Brasil. O caudal de tristeza e da 
perda de fé pública em termos de perda de confiança nos líderes vai ser 
algo muito grave. Um slogan muito usado na campanha do Lula era “a 
esperança venceu o medo”. O que está acontecendo é que o medo está 
voltando e a esperança chegando a ponto mínimo. A popularidade de Dilma 
ilustra o índice da diminuição do nível da esperança. Eu diria que o 
povo brasileiro tem 7,7% de esperança na sua sobrevivência. E isso é 
muito grave.
domingo, 19 de julho de 2015
terça-feira, 14 de julho de 2015
terça-feira, 7 de julho de 2015
segunda-feira, 6 de julho de 2015
sábado, 4 de julho de 2015
J. R. Guedes de Oliveira
Imigração Norte-Americana ao Brasil
                                                                                   J. R. Guedes de Oliveira 
            Neste 2015, lembramos do 150º aniversário do final da Guerra da Secessão Norte-Americana (1861-1865).
          
 Em homenagem ao povo americano, pelo que representa no contexto das 
nações,  pela sua firmeza de decisões em prol da democracia,  pela sua 
capacidade de unir os povos para o  convívio salutar entre todos e pela 
sua luta incessante contra os tiranos e déspotas, realizamos este vídeo 
histórico.
          Portanto,
 segue anexo documentário que trata da história da "Imigração 
Norte-Americana ao Brasil", ocorrida a partir do ano de 1866, 
especialmente para os locais onde hoje estão as cidades de Santa Bárbara
 d’Oeste e Americana, na atual região metropolitana de Campinas, 
interior do Estado de São Paulo. Mas há registros da chegada desses 
imigrantes em Iguape-SP, Santarém, Rio de Janeiro, Natal, Fernando de 
Noronha, porém, como o grupo de Santa Bárbara foi bem sucedido, 
imigrante estabelecido em outras regiões migrou-se para lá.
         
 Durante os anos de 1861 a 1865, os Estados Unidos experimentaram uma 
das piores guerras da sua história: a “Guerra da Secessão” como foi 
chamada, onde, por motivos abolicionistas, 11 estados do sul dos Estados
 Unidos queriam se tornar independentes e assim formar um novo país, que
 seria chamado de "Estados Confederados da América". Em 12 de abril de 
1861, às 04h30minh da manhã, para cumprir esse intento, os Estados 
Confederados atacaram o Forte de Sumter, um posto militar americano na 
Carolina do Sul. Só ali soltaram nesse ataque mais de 3 mil bombas.
        
 Os Estados Confederados já trataram de designar sua capital - Richmond -
 e eleger para o governo provisório o presidente Jefferson Davis.
      
    Os estados do norte reagiram dizendo que os estados do sul não 
tinham o direito de separar-se e criar um novo país. Assim começou a 
Guerra da Secessão, uma guerra civil que durou 4 anos e que terminaria 
somente em 28.06.1865, com a rendição das últimas tropas remanescentes 
dos Estados Confederados e devastação total dos estados do sul. O saldo 
de mortes chegou a quase 1 milhão de pessoas.
         
 Nos estados do sul a atividade principal era a agricultura de algodão, 
com significativo volume de exportações, muito dependentes da 
mão-de-obra escrava. Possuíam apenas 10,5 dos 31,0 milhões de habitantes
 norte-americanos, e ainda quase 4 milhões deles eram escravos.  O sul 
tinha apenas uma fábrica de armamentos. Já o norte possuía 3 fábricas de
 armas muito mais modernas, extensa rede ferroviária, e contava com 2/3 
da população total. Evidentemente, os estados do sul iniciaram uma 
batalha com larga desvantagem humana, de armamentos e de recursos.
         
 Para fortalecer os estados do norte, tentando assim enfraquecer os do 
sul e acabar com a guerra, o então presidente americano Abrahan Lincoln,
 um republicano contrário à escravidão, em plena Guerra da Secessão, 
assinou o "Emancipation Proclamation" no dia primeiro de janeiro de 
1863, libertando todos os escravos. Mas os escravos eram analfabetos e 
ainda proibidos de aprender ler e escrever, e, portanto, não tomaram 
conhecimento dessa lei na ocasião.
         
 Em 15.04.1865, praticamente no final da Guerra da Secessão, o 
presidente Abrahan Lincoln foi assassinado pelo fanático ator sulista 
John Wilkes Booth.
         
 Durante essa guerra foi interrompida a produção e o fornecimento de 
algodão nos estados do sul, tanto às empresas têxteis dos Estados 
Unidos, como para empresas do resto do mundo, e evidentemente, o preço 
do produto disparou no mercado internacional.
         
 A Guerra de Secessão foi considerada a primeira guerra moderna da 
história, fazendo surgir os fuzis de repetição e as trincheiras, que 
irão marcar, de forma mais acentuada, a Primeira Guerra Mundial entre 
1914 e 1918. As novas técnicas tornaram obsoletos o sabre e o mosquete, 
fazendo da luta corpo a corpo uma forma de combate cada vez mais inútil.
         
 Um dos combatentes sulistas, o Coronel Willian Hutchinson Norris, 
insatisfeito com a derrota e com as condições a que teriam que se 
submeter, e agora sem poder contar com a mão-de-obra escrava em suas 
lavouras, lidera um movimento migratório para outro país. O Brasil foi o
 país escolhido, por possuir grandes extensões de terras férteis, por 
ainda poder contar com o trabalho escravo e pela acolhida com que o 
governo imperial brasileiro, liderado por D. Pedro II oferecia. Tanto D.
 Pedro II, como o Cel. Norris eram ligados à Maçonaria, o que facilitou 
muito essa aproximação. O Coronel Norris foi Grão Mestre da Grande Loja 
Maçônica do Alabama e senador por este estado americano.
         
 E, então, o Cel. Willian H. Norris lidera esse movimento de imigração 
para o Brasil, trazendo para cá intelectuais, profissionais liberais e 
pessoas com larga experiência na agricultura, na medicina, na geologia, 
professores, dentistas, a grande maioria deles já fazendeiros nas 
localidades de origem. O processo de imigração desses norte-americanos 
ao Brasil iniciou-se em 1866, mas culminou em 1868.
         
 O local escolhido para a fixação da maioria deles foi onde hoje estão 
situadas as cidades de Santa Bárbara d’Oeste e de Americana, na região 
metropolitana de Campinas, interior do Estado de São Paulo. Isto se 
deveu à fertilidade do solo, às facilidades e abundância de água e 
disponibilidade de terras para a lavoura. A pequena Villa de Santa 
Bárbara já existia, fundada em 04.12.1818, por Dona Margarida da Graça 
Martins, e viveu uma euforia de progresso com a chegada desses 
imigrantes norte-americanos.
         
 Chegando, imediatamente cuidaram de construir suas casas, formar as 
vilas e começar o plantio do algodão, que estava com altos preços no 
mercado internacional.
         
 A prosperidade chegou à região. Logo depois, apoiada por fazendeiros de
 café do interior de São Paulo, chegou a ferrovia tendo uma estação na 
Villa de Santa Bárbara e se estendendo até o local onde hoje se localiza
 o município de Rio Claro. Criou-se a primeira indústria têxtil na 
região, a histórica "Indústria Têxtil Carioba". A industrialização de 
Americana se deveu a essa fábrica, que vendia suas máquinas obsoletas 
aos funcionários, e estes abriam pequenas fábricas têxteis de fundo de 
quintal em suas casas. 
         
 O progresso não parou mais, tanto que Americana ganhou a carinhosa 
denominação de a “Princesa Tecelã”, por conta da qualidade do tecido 
fabricado ali e do volume de indústrias têxteis na cidade, fato que se 
nota até hoje.
         
 Uma história bonita de progresso, de trabalho, de determinação e acima 
de tudo, de união das famílias em prol do desenvolvimento, que acabou 
culminando no surgimento e no desenvolvimento das cidades de Americana e
 de Santa Bárbara d’Oeste, hoje dois pólos de desenvolvimento no 
interior de São Paulo, podem ser sentidas visitando essas cidades.
         
 Mas eles expandiram seus horizontes. Várias cidades na região também 
sofreram a influência e o benefício dessa imigração. Em Piracicaba-SP, 
vizinha de Santa Bárbara d’Oeste, a missionária Martha Watts fundou, em 
13.09.1881, a primeira escola metodista do Brasil: o "Colégio 
Piracicabano", sendo referência em instituição de ensino até os dias 
atuais. 
          As músicas inseridas nesta apresentação são as seguintes:
          - StarsStripes Forever – USSMA Regimental Band 
          - National Emblem March – The Boston Pops Orchestra
        
 Agradeço a contribuição de informações prestadas pelos amigos Sr. José 
Roberto Guedes de Oliveira, historiador de Indaiatuba-SP (guedes.idt@terra.com.br),
 Dr. Marcus Vinícius, de São Paulo e Dr. Tito Sobrinho, de Augusta, na 
Geórgia, Estados Unidos, que foram de extrema valia para a elaboração e 
complementação deste trabalho. Agradeço, também, ao Museu da Imigração 
de Santa Bárbara d’Oeste, pela cessão das imagens antigas (em preto e 
branco) exibidas nesta apresentação.
         
 Abra o arquivo anexo, ligue o som e conheça um pouco da história desses
 desbravadores norte-americanos, que um dia escolheram o Brasil como sua
 segunda pátria e para cá trouxeram o progresso.
          Edison Piazza – Piracicaba, SP. (organizador)
            José Roberto Guedes de Oliveira – Indaiatuba, SP. (historiador).
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Sobre Eduardo Cunha, maquete de ditador.
http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/07/03/manobras-de-cunha-enfraquecem-processo-politico-dizem-especialistas.htm
  
 
 
 
    
                
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As decisões do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha 
(PMDB-RJ), de reverter decisões da Casa sobre duas PECs (Propostas de 
Emendas Constitucionais) no dia seguinte à votação original, como 
ocorreu em maio no financiamento privado em campanhas eleitorais, e na última quarta-feira (1º) na redução da maioridade penal para 16 anos, poderão ter repercussões que enfraquecerão o processo político brasileiro, dizem cientistas políticos ao UOL.
Para conseguir a reversão dos resultados, Cunha empregou uma interpretação própria do regimento da Câmara (que regulamenta as votações no plenário) e o agendamento urgente de propostas de lei similares às que foram derrotadas. Dessa forma, conseguiu burlar o trecho da Constituição que determina que a matéria seja rediscutida apenas no ano seguinte à votação anterior. Juristas e parlamentares criticaram severamente a atitude de Cunha e prometem recorrer ao STF para reverter as manobras.
Os professores de ciência política ouvidos pela reportagem se dividiram sobre considerar um "golpe" as "pedaladas regimentais" de Eduardo Cunha, como falaram alguns deputados.
  
 
  
 
 
  
 
 
  
  
 
  
 
  
No entanto, o próprio Cunha poderá se dar mal por conta de sua postura, no entender de Romano. "Ele não percebe que esse instrumento de poder é complexo e poderá se voltar contra ele mais tarde, se por acaso ele se candidatar a presidente em 2018, como andam dizendo, e ele perca a eleição. Fora das eventuais alinaças do PT e do PSDB, ele com certeza vai perder essa hegemonia e sentir as dores do parto", especula o professor.
 
Manobras de Cunha são 'golpe' no processo político? Especialistas avaliam
   Márcio Padrão
Do UOL, em São Paulo
 Do UOL, em São Paulo
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-  Pedro Ladeira/Folhapress2.jul.2015 - Com uma manobra regimental, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, colocou em votação novo texto da PEC que reduz a maioridade penal 
 
Para conseguir a reversão dos resultados, Cunha empregou uma interpretação própria do regimento da Câmara (que regulamenta as votações no plenário) e o agendamento urgente de propostas de lei similares às que foram derrotadas. Dessa forma, conseguiu burlar o trecho da Constituição que determina que a matéria seja rediscutida apenas no ano seguinte à votação anterior. Juristas e parlamentares criticaram severamente a atitude de Cunha e prometem recorrer ao STF para reverter as manobras.
Os professores de ciência política ouvidos pela reportagem se dividiram sobre considerar um "golpe" as "pedaladas regimentais" de Eduardo Cunha, como falaram alguns deputados.
"Apesar de um exagero na palavra, a Ordem dos Advogados do Brasil já vai pedir ao Supremo analisar essas manobras se forem aprovadas. A sugestão de golpe é apropriada" Wanderley Reis, do departamento de ciência política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
"Não diria que é golpe, mas um procedimento golpista. Quando ele impõe a pauta, está agindo como líder da facção que está momentaneamente no poder da presidência da Câmara" Roberto Romano, professor de ética e filosofia política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
"Golpe é um pouco exagerado, mas acho importante o Supremo Tribunal se pronunciar sobre o assunto" Leonardo Avritzer, do departamento de Ciência Política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
Crise política enfraquece Dilma
Os especialistas são unânimes, porém, em afirmar que a situação é reflexo do momento político vivido pelo país. A formação de um parlamento mais conservador após as eleições de 2014, que por sua vez está levando ao enfraquecimento da presidente reeleita Dilma Rousseff, permitiram a ascensão de Cunha e de sua postura mais agressiva à frente do Congresso."Outros líderes da Câmara já realizaram manobras regimentais antes, mas não a ponto de causar uma resposta considerável, como ocorreu com Eduardo Cunha. Sinto que ele está usando o interesse próprio para marcar a presença dele e aumentando a insatisfação no plenário" Argelina Cheibub Figueiredo, professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro)
"As bancadas não obedecem a liderança de ninguém e e fácil cooptá-las. Isso ocorre por causa do troca-troca entre deputados. É uma das formações mais fisiológicas que já vi" Michel Zaidan Filho, cientista político da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)
Futuro
Tal situação poderá ser o início de uma crise de Estado mais profunda. "Quando se tem uma presidência falha, um Judiciário que se preocupa com as próprias benesses, como esses 78% de aumento salarial, e um Legislativo que age sob os atos de um dirigente ocasional, são sintomas que indicam que a soberania do Estado está em xeque", declarou Romano.No entanto, o próprio Cunha poderá se dar mal por conta de sua postura, no entender de Romano. "Ele não percebe que esse instrumento de poder é complexo e poderá se voltar contra ele mais tarde, se por acaso ele se candidatar a presidente em 2018, como andam dizendo, e ele perca a eleição. Fora das eventuais alinaças do PT e do PSDB, ele com certeza vai perder essa hegemonia e sentir as dores do parto", especula o professor.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
A boçalidade em quatro patas, se "manifesta"na viagem de Dilma Roussef aos EUA
A emergência do fascismo, com pessoas cujo nível latrinário supera a raia do insuportável. Não votei em Dilma Roussef, não apoio o PT. Mas me recuso a avalizar uma linguagem de bandido analfabeto como o do vídeo em questão.  
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/nos-eua-brasileiro-se-infiltra-em-comitiva-e-xinga-dilma
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/nos-eua-brasileiro-se-infiltra-em-comitiva-e-xinga-dilma
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