quinta-feira, 5 de maio de 2011

No blog de Marta Bellini...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Nadeau



Nadeau vezes cem por Rui Bebiano, Blog A terceira noite, Portugal AQUI
Publicado às 2:17 de Quinta-feira, 5 de Maio de 2011


Maurice Nadeau está quase a fazer cem anos. Parisiense de quatro costados, filho de um merceeiro morto na batalha de Verdun, antigo militante do PCF tornado trotskista, foi e continua a ser muitas coisas, quase sempre ao mesmo tempo: professor, escritor, crítico literário, director de colecções e de revistas, militante, e, talvez acima de tudo, editor. Foi próximo de Benjamin Péret e de André Breton – com quem viria a romper em 1945 após publicar uma Histoire du Surrréalisme da qual o poeta não gostou – e depois responsável pela página literária do Combat, o jornal da Resistência dirigido por Albert Camus. Fundou e ainda dirige o bimensário La Quinzaine Littéraire. Descobriu e acompanhou os primeiros movimentos na edição de Céline, Dagerman, Bataille, Barthes, Michaux, Miller, Sciascia, Quenaeau, Gombrowicz, Koestler, Perec, Leiris… Chega? Só lamenta, diz ainda hoje, ter um dia recusado… Samuel Beckett. Quando olhamos trajectos destes corremos sempre o risco de nos tomarmos por pessoas pouco úteis e com uma vida um tanto ou quanto aborrecida.


O instinto por Rui Bebiano, Portugal, Blog A TERCEIRA NOITE AQUI
Publicado às 1:03 de Quinta-feira, 5 de Maio de 2011


É nas épocas difíceis que mais facilmente caem as máscaras. Quando tudo se complica e a dúvida se instaura, é mais fácil mostrar aquilo que realmente somos. Nus, sem a protecção das aparências que se cultivam com maior facilidade em tempos menos rudes e opacos, tornamo-nos mais genuínos, o que geralmente significa que cresce a imprevisibilidade e o perigo diante do que somos capazes de fazer. Solitários ou em bando, é preciso que se diga. E isso percebe-se muito bem quando vemos como a maquilhagem democrática de muitos de nós se transvestiu logo que as dificuldades aumentaram dramaticamente e o rumor da legítima revolta, moral ou física, impotente ou indignada, se afigurou no horizonte.

Em quase todo o espectro partidário saltaram os disfarces. A direita que temos, «democrática» e pluralista, deixou cair a verborreia antieuropeísta e os ímpetos «nacionalistas» e ultraliberais que ainda há pouco tempo sobejavam no seu vocabulário. Activamente ou por omissão, tornou-se radical na defesa do intervencionismo externo.

A esquerda à esquerda retomou alguns devaneios, queixando-se da crise mas olhando-a ao mesmo tempo como antecâmara da tomada do poder em nome revolta das massas. Por ela, aceita mesmo associar-se àqueles que da democracia apenas têm uma concepção instrumental. Pelo meio, os socialistas tornam-se ainda mais pragmáticos, tudo fazendo, sem disfarce, para conservar o seu núcleo identitário mais essencial: aquele que gere a conservação do poder pelo poder. Lá atrás, e como sempre, só os comunistas permanecem iguais a si próprios, uma vez que nunca procuraram enganar ninguém com apologias de uma «Europa europeia» fundada numa democracia não adjectivada.

Nesta paisagem, a dificuldade está em nos mantermos lúcidos, na claridade, e não nos deixarmos levar pelos ímpetos. Uma vida melhor, mais digna e mais democrática jamais se construirá tomando a linguagem do instinto como princípio de comunicação.

Paixão, peão

Charge um pouquinho mais antiga do Paixão

Frase da semana:


Ademir Paixão, cartunista querido, Curitiba


O mundo está parecendo jogo de xadrez:

Sexta-feira só falavam do rei e da rainha;

Domingo beatificaram o bispo de Roma;

Depois deram xeque-mate em quem derrubou as duas torres...

E eu aqui, peão, trabalhando que nem um cavalo...