Sábado, 1 de Dezembro de 2012
Bagão Félix: Discutir o Estado social é fácil porque atinge pessoas sem voz
"Portugal é um país é um país em que tudo tende à ruína num país em ruínas" (Eça de Queiroz, 1845-1900).
Sem comentários, transcrevo, com a devida vénia, esta
excelente análise de Bagão Félix publicada no “Jornal de Negócios”( 30/11/2012):
O conselheiro
de Estado Bagão Félix criticou hoje a discussão política do Estado social,
considerando-a "estúpida" e "fácil" por atingir "pessoas
que não têm possibilidade de erguer a sua voz", como os idosos, os
desempregados ou os doentes."
"O Estado
social discute-se porque é a parte do Estado que tem mais a ver com as pessoas
que são velhas, reformadas, desempregadas, estão doentes, estão sós, têm
incapacidades, pessoas que não têm voz, não têm 'lobbies', não abrem
telejornais, não têm escritórios de advogados, não têm banqueiros", disse
o conselheiro, na abertura de uma conferência sobre a crise promovida hoje, em
Lisboa, pela Fundação Liga.Para Bagão Félix, a vulnerabilidade destas pessoas é
que faz com que seja "relativamente fácil" discutir esta reforma, que
na sua opinião está a ser conduzida de uma forma "estúpida" porque é
colocada como se fosse uma questão de estar a favor ou contra essa reforma do
Estado social, quando "infelizmente o filme não é a preto e branco",
mas tem coloridos.
"Custa-me
ver a discussão sobre a sustentabilidade do Estado social, quando não vejo ser
discutida a sustentabilidade das outras funções do Estado", afirmou,
salientando que não se assiste a discussões sobre a sustentabilidade das
infra-estruturas do Estado ou das Forças Armadas.
Bagão Félix criticou ainda o uso do princípio da subsidiariedade em Portugal, para dizer que é "constantemente pervertido": "Temos uma sociedade muito condicionada e subsidiada junto do Estado e isso reduz a nossa capacidade de autonomia, de prevenção, de conseguirmos resolver os problemas por nós próprios, sem sempre nos socorrermos do Estado".