Iniesta diz não entender protestos no Brasil: "o povo deveria celebrar"
João Henrique Marques
Do UOL, em Barcelona
Do UOL, em Barcelona
Iniesta, meia da Espanha Best Photo Agency & C / Pier Gia
Destaque da campeã mundial Espanha, Andrés Iniesta vem ao Brasil sem
entender a razão das manifestações populares previstas para o período da
Copa do Mundo. O meia admite que não conhece a realidade brasileira e
evita criticar os protestos da população, mas deixa claro seu pensamento
que as ruas do país deviam ser tomadas unicamente pela celebração. "É a
Copa no país do futebol, e nada é mais bonito que isso. Todos deveriam
festejar", disse.
Iniesta falou ao UOL Esporte
em Barcelona durante evento de um de seus patrocinadores, realizado
pouco antes do início da preparação da seleção espanhola para a disputa
da Copa do Mundo. Os campeões mundiais estreiam em 13 de junho, contra a
Holanda, em Salvador.
O meia carrega a responsabilidade de,
hoje, ser o principal nome de sua seleção. Iniesta já tem o nome marcado
na história do torneio como autor do gol do título em 2010, na África
do Sul. Quatro anos depois, ele afirma que tal sucesso não mudou em nada
seu futebol e personalidade. Confira a entrevista:
UOL
Esporte: Você chega para a Copa do Mundo como o autor do gol do título
na edição passada. Isso te traz alguma sensação diferente. Sente uma
pressão maior?
Iniesta:O meu foco é em
título e contribuição com a seleção espanhola. E isso é exatamente a
mesma coisa com que convivia na edição passada. Nada é diferente e não
me sinto maior por ter feito o gol do título.
Fazer o gol do título não mudou nada em sua vida?
Sou a mesma pessoa, tenho a mesma personalidade e me relaciono com os
outros da mesma forma. O que mudou é o nascimento da minha filha
(Valeria nasceu em 2011). Isso sim pode me fazer ser uma pessoa
diferente. Não sinto nada de especial que mude o rumo da minha vida com o
gol da Copa.
E como jogador, atualmente, é um Iniesta diferente?
Também não. A minha função dentro do Barcelona e da Espanha segue sendo
a mesma. Ainda consigo fisicamente ajudar, mas tenho sempre que estar
em alto nível. A preparação com muito empenho nunca vai faltar de minha
parte.
Você está consciente que algumas manifestações vão ocorrer no Brasil durante a Copa? O que pensa disso?
Estou sim! Na Copa das Confederações já percebemos um cenário desses.
Não tenho propriedade para ficar opinando pelos outros, em especial os
problemas do Brasil. Eu só acho que é algo que me parece raro, soa dessa
forma.
Como raro?
É, veja bem: É a
Copa no país do futebol. Nada é mais bonito que isso. Todos deviam
festejar. É desta maneira que eu penso, daqui de longe.
E ganhar essa Copa no Brasil tem um significado especial?
Na verdade, o que penso é que ganhar o Mundial no Brasil, vindo com
duas Euros (Eurocopa) e um Mundial, seria o encerramento perfeito de um
ciclo. Algo de ouro. Vamos em busca disso.
A Espanha é a favorita para ganhar a Copa?
Temos uma chave complicada, com Holanda, Chile, não é coisa simples.
Brasil, Alemanha, Argentina, Itália, todas essas carregam o mesmo
favoritismo que o nosso.
Muitos comentam que a rivalidade entre Barcelona e Real Madrid atrapalha a seleção. Isso acontece?
Nós sempre convivemos com essa rivalidade. Só que na hora que chegamos à
seleção somos todos bem relacionados. Aqui somos todos amigos fora de
campo. Ganhar a Copa para a Fúria é o objetivo que nos une.
O que achou da temporada de Neymar no Barcelona?
A temporada foi boa, como esperávamos. Ele demonstra enorme talento,
mas acima de tudo um potencial para crescer cada vez mais. A
responsabilidade que já carrega por aqui é grande, só que ele está
acostumado com isso. Superou isso na própria seleção.