É bom ter na lembrança que na India os indianos não podiam andar pela calçada, porque ela era reserva dos "superiores"e na China os clubes inglêses tinham na porta cartazes dizendo ser proibida a entrada de cães e chineses. No mesmo passo do racismo mais do que escancarado, veio a pilhagem dos bens culturais e artísticos dos "inferiores". A ladroagem é evidente, basta visitar o Louvre, o Museu Britânico e outros redutos muito civilizadores da bela Europa.
Ridículo o viúvo do grande costureiro exigir que, para devolver o fruto da ladroeira européia, a China aceite o retorno do Dalai Lama. Uma coisa é a gana de poder dos dirigentes chineses atuais, o seu virulento imperialismo de Estado. Outra coisa é dizer que o governo teocrático do Lama seria algo com remotos matizes de democracia. Outra coisa ainda mais diferente é exigir algo só realizável em longos recursos diplomáticos ou guerra, para entregar o fruto de roubo.
O viúvo quer dar aparência de dignidade a algo nada digno de louvor. Recordo a anedota contada por Millor Fernandes, em tempos passados : um juiz recebe petição de certo advogado, na qual o causídico pouco instruído (é a regra) chama o magistrado de Meretríssimo. O juiz nega a medida solicitada e ainda explica : "meritíssimo vem de mérito. Meretríssimo vem de algo que não tem nenhum mérito". A "exigência" do viúvo é meretríssima. Nada mais.
São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice foco Colecionador chinês faz oferta falsa e sabota venda de peças pilhadas da China
DA REDAÇÃO O colecionador de arte chinês Cai Mingchao se identificou ontem como o comprador de duas estátuas de bronze originalmente saqueadas na China pelos Exércitos francês e britânico ao final da Segunda Guerra do Ópio (1856-60). As peças foram vendidas na semana passada em leilão de objetos de arte pertencentes ao estilista Yves Saint Laurent (1936-2008). Com agências internacionais |