sábado, 4 de agosto de 2012
Em 2015, professor doutor federal irá receber menos do que USP paga hoje
Do portal IG:
Em 2015, professor doutor federal irá receber menos do que USP paga hoje
Proposta do governo cria mais níveis na carreira dos doutores e salário para dedicação exclusiva começa em R$ 8.639. Hoje, estaduais paulistas pagam R$ 8.715
O salário dos professores doutores com dedicação exclusiva às 
universidades federais será, em 2015, menor do que o pago atualmente nas
 universidades estaduais paulistas – USP, Unicamp e Unesp – aos docentes
 com mesma titulação e regime de trabalho.
Leia também: Racha entre professores facilita acordo do governo
Sindicato nacional: Greve de universidades federais vai continuar, diz Andes
Hoje, as estaduais de São Paulo pagam R$ 8.715,12 para os professores 
doutores que ingressam nas instituições em regime de dedicação integral à
 docência e à pesquisa (40 horas). Nas federais, docentes nas mesmas 
condições recebem R$ 7.627,02 e ingressam na carreira como professor 
adjunto 1. Com a mudança na carreira proposta pelo governo federal, os 
professores doutores vão ingressar como professores assistentes e 
receber, em 2015, R$ 8.639,50.
Tabela mostra salários atuais de professores doutores federais e propostos para 2015
A carreira dos professores das universidades federais é atualmente 
dividida em classes auxiliar, assistente, adjunto e associado, cada uma 
com quatro níveis. O último nível é de professor titular, com ingresso 
por concurso público, totalizando em 17 níveis. A proposta do governo 
diminuiu os níveis para 13, reduzindo para dois os níveis nas classes 
iniciais: auxiliar e assistente. Essas etapas, no entanto, não existiam 
para os professores doutores. Para estes profissionais, a carreira 
aumentou de nove para 13 níveis.
“Com o salário inicial que o governo oferece realmente é uma perda”, 
avalia Virgínia Junqueira, presidente da Associação de Associação dos 
Docentes da Unifesp (Adunifesp). A professora destaca como positiva a 
redução total do número de níveis e a inclusão do cargo de professor 
titular na carreira (sem a necessidade de prestar concurso), mas critica
 a criação de grupos de trabalho para padronizar os critérios de 
promoção. “Não queremos isso de uma maneira centralizada, que não 
considera as especificidades dos locais. Nós temos critérios e processos
 internos. Isso fere a autonomia das universidades.”
Giorgio Ronano, professor de Economia e Relações Internacionais da 
Universidade Federal do ABC (UFABC), avalia que a proposta do governo 
apenas recompõe perdas salariais. “Não há nenhum aumento. E uma 
estrutura de progressão salarial lógica, sequer foi discutida”, opina. 
Ele defende a proposta de se estabelecer um piso e porcentagens de 
aumento para cada um dos níveis.
Para tentar manter atraente o ingresso na carreira, o governo prevê uma 
“aceleração da promoção” para o professor com o título de doutor ou 
mestre. De acordo com o Ministério da Educação, os docentes poderão 
passar para a classe de adjunto (salário de R$ 10.007,24, em 2015), após
 três anos de efetivo exercício. O MEC também destaca a perspectiva de 
chegar ao final da carreira em menos de 20 anos e ter acesso a classe de
 titular, com remuneração de R$ 17.057,74 (também prevista para 2015).
Outros salários
No ranking das 200 melhores da América Latina da QS,
 a USP aparece em 1º, Unicamp em 3º e Unesp em 17º. As outras 
brasileiras bem posicionadas são as PUCs do Rio, São Paulo e Rio Grande 
do Sul, as estaduais de Maringá (UEM), Londrina (UEL) e do Rio de 
Janeiro (UERJ) e as federais de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do 
Sul, Universidade de Brasília (UnB), do Paraná, Fluminense e de Santa 
Catarina.
As estaduais oferecem salários iniciais inferiores aos das federais. A 
UEM, com R$ 7.452,38, e a UEL, com R$ 7.040,00, estão próximas dos 
vencimentos dos professores federais. Já a UERJ, oferece R$ 5.497,00, de
 acordo com editais de concursos para professores. A PUC-SP e a PUC-RS 
se recusaram a informar os dados. A PUC-Rio alegou que não teria tempo 
hábil para fazê-lo.
Impasse
Na última quarta-feira, três das quatro entidades que representam os docentes federais de ensino superior se recusaram a firmar acordo com o governo.
 Apenas a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições 
Federais de Ensino Superior (Proifes), que representa apenas sete 
universidades, aceitou a proposta, que prevê reajustes de 25% a 40% e 
redução do número de níveis de carreira de 17 para 13.
Em comunicado publicado na sexta-feira, o sindicato nacional dos 
professores, o Andes, indicou a continuidade da greve. A entidade indica
 a radicalização da greve, em conjunto com estudantes e funcionários 
técnicos e administrativos, que também estão em greve, para pressionar o
 governo a retomar as negociações.
A entidade sugere pressionar os reitores para que intercedam junto ao 
governo pela reabertura das negociações, e elaborar carta de 
esclarecimentos aos estudantes sobre as razões da continuidade da greve,
 entre outras medidas.
Os professores da Unifesp e da UFABC farão assembleias no início da 
próxima semana para avaliar a situação da greve. Os docentes da 
Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) aceitaram a proposta do 
governo.