Domingo, 1 de Maio de 2011
O grande político
As «soluções à portuguesa» propostas ao País por Paulo Futre são excelentes, adequadas e vão ao fundo do sentir português. Não trazem, é certo, nada de novo, ou que não se conheça já, mas são convictas (repare-se na pose), estimulantes, (vibra como um grito, aquele amarelo), e assentam numa tradição (garantia Licor Beirão). E quanto a agilidade, quem as poderia produzir melhor que ele? Ou seja, são propostas com uma sedução que hoje nenhum político dispensa, mas com uma força que nenhum dos atuais tem.
As mensagens são claras. Para o problema do desemprego, propõe «cunhas para todos». O que vai ao nosso jeito, mas é sobretudo justo. Por que razão é que só os próximos do poder, ou dos influentes, têm direito a cunha? Havendo democracia, deve haver cunhas para todos. E a partir do momento em que todos tenham direito à cunha, acabam-se as injustiças. O facto, porém, de haver cunhas fortes e fracas, e isso poder produzir novas injustiças, terá que ser ponderado. Mas mais tarde, nem tudo se pode resolver à primeira. Agora fica assim, depois se avaliarão as consequências.
Outra proposta muito interessante para acabar de vez com a nossa incapacidade de competir (em produtividade, porque na improdutividade não tem havido problemas) é «um diploma de engenheiro para todos os portugueses». Não esquecer que, por motivos sociopolíticos hoje um pouco tolos, se acabou em tempos com o ensino técnico. E que os atuais cursos, ditos técnicos, segundo consta sofrem de falta dela. Ora, para grandes males, grandes remédios: dá-se um diploma de engenheiro a todos e pronto. Haverá assim oportunidade para todos e qualquer dia estamos a produzir como ninguém.
Aliás, a experiência já teve sucesso com muitos, mas terá que se alargar a todos, pois estamos num regime democrático. Desde universidades que ensinam engenharia sem precisar da matemática, a diplomas de feriado e dia santo, de cursos de formação caça-ao-subsídio, a novas oportunidades, para oportunistas profissionais, já quase tudo se experimentou com sucesso. Mas os bons resultados devem chegar a todos para acabar com injustiças. Não esquecer, repito, estamos em democracia. E será também uma maneira de acabar com a má-língua. Todos falam destes diplomas de domingo por causa do Primeiro-Ministro, mas esquecem-se que deve haver milhares de diplomados como ele, e andam todos muito satisfeitos por aí, e se calhar com bons lugares, e ninguém os ataca nos jornais. Não se pode ser político. Os cursos seriam fracos, mas o Governo legalizou, está legalizado, diria Futre.
E está cheio de razão. E quanto a tachos, temos também que acabar com eles, claro; até porque, sendo só para alguns, não é democrático. Acabem pois os tachos. Mas temos que resolver o problema a todos, claro; dê-se, portanto, um woc a cada português. Com nomes novos para as coisas velhas temos as reformas estruturais necessárias. Todos falam mas ninguém se atreve a fazer. Com Futre é diferente: é fácil e de um dia para o outro.
Eis pois o grande político de que precisamos, com estratégias de desenvolvimento que vão certeiras ao coração dos portugueses. Daí o sucesso que prevejo para estas propostas. São soluções despachadas, fáceis de entender, e mais fáceis de aplicar, tal é a prática que temos. Haja coragem, que o sucesso está garantido.
As mensagens são claras. Para o problema do desemprego, propõe «cunhas para todos». O que vai ao nosso jeito, mas é sobretudo justo. Por que razão é que só os próximos do poder, ou dos influentes, têm direito a cunha? Havendo democracia, deve haver cunhas para todos. E a partir do momento em que todos tenham direito à cunha, acabam-se as injustiças. O facto, porém, de haver cunhas fortes e fracas, e isso poder produzir novas injustiças, terá que ser ponderado. Mas mais tarde, nem tudo se pode resolver à primeira. Agora fica assim, depois se avaliarão as consequências.
Outra proposta muito interessante para acabar de vez com a nossa incapacidade de competir (em produtividade, porque na improdutividade não tem havido problemas) é «um diploma de engenheiro para todos os portugueses». Não esquecer que, por motivos sociopolíticos hoje um pouco tolos, se acabou em tempos com o ensino técnico. E que os atuais cursos, ditos técnicos, segundo consta sofrem de falta dela. Ora, para grandes males, grandes remédios: dá-se um diploma de engenheiro a todos e pronto. Haverá assim oportunidade para todos e qualquer dia estamos a produzir como ninguém.
Aliás, a experiência já teve sucesso com muitos, mas terá que se alargar a todos, pois estamos num regime democrático. Desde universidades que ensinam engenharia sem precisar da matemática, a diplomas de feriado e dia santo, de cursos de formação caça-ao-subsídio, a novas oportunidades, para oportunistas profissionais, já quase tudo se experimentou com sucesso. Mas os bons resultados devem chegar a todos para acabar com injustiças. Não esquecer, repito, estamos em democracia. E será também uma maneira de acabar com a má-língua. Todos falam destes diplomas de domingo por causa do Primeiro-Ministro, mas esquecem-se que deve haver milhares de diplomados como ele, e andam todos muito satisfeitos por aí, e se calhar com bons lugares, e ninguém os ataca nos jornais. Não se pode ser político. Os cursos seriam fracos, mas o Governo legalizou, está legalizado, diria Futre.
E está cheio de razão. E quanto a tachos, temos também que acabar com eles, claro; até porque, sendo só para alguns, não é democrático. Acabem pois os tachos. Mas temos que resolver o problema a todos, claro; dê-se, portanto, um woc a cada português. Com nomes novos para as coisas velhas temos as reformas estruturais necessárias. Todos falam mas ninguém se atreve a fazer. Com Futre é diferente: é fácil e de um dia para o outro.
Eis pois o grande político de que precisamos, com estratégias de desenvolvimento que vão certeiras ao coração dos portugueses. Daí o sucesso que prevejo para estas propostas. São soluções despachadas, fáceis de entender, e mais fáceis de aplicar, tal é a prática que temos. Haja coragem, que o sucesso está garantido.
João Boavida