sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Excertos do discurso que Slavoj Zizek fez em Nova Iorque, em visita a «Occupying Wall Street:»:
 «Deixem-me contar uma piada maravilhosa dos velhos tempos comunistas. Um  fulano da Alemanha Oriental foi mandado para trabalhar na Sibéria. Ele  sabia que o seu correio seria lido pelos censores, por isso disse aos  amigos: “Vamos estabelecer um código. Se receberem uma carta  minha escrita em tinta azul, será verdade o que estiver escrito; se  estiver escrita em tinta vermelha, será falso”. Passado um mês, os amigos recebem uma primeira carta toda escrita em tinta azul. Dizia: “Tudo  é maravilhoso aqui, as lojas estão cheias de boa comida, os cinemas  exibem bons filmes do ocidente, os apartamentos são grandes e luxuosos, a  única coisa que não se consegue comprar é tinta vermelha.”
 É assim que vivemos – temos todas as liberdades que queremos, mas  falta-nos a tinta vermelha, a linguagem para articular a nossa ausência  de liberdade. A forma como nos ensinam a falar sobre a guerra, a  liberdade, o terrorismo e assim por diante, falsifica a liberdade. E é  isso que estamos a fazer aqui: dando tinta vermelha a todos nós. (…)
 Do que precisamos é de paciência. A única coisa que eu temo é que algum  dia vamos todos voltar para casa, e vamos voltar a encontrar-nos uma vez  por ano, para beber cerveja e recordar nostalgicamente como foi bom o  tempo que passámos aqui. Prometam que não vai ser assim. Sabem que  muitas vezes as pessoas desejam uma coisa, mas realmente não a querem.  Não tenham medo de realmente querer o que desejam.»
(Na íntegra aqui.)
