No Rio, Ahmadinejad se encontra com intelectuais do Brasil
Reunião indica apoio ao presidente iraniano
21 de junho de 2012 | 21h 40
         
          
Lourival Sant’Anna - O Estado de S. Paulo
RIO DE JANEIRO - O presidente iraniano, 
Mahmoud Ahmadinejad, reuniu-se ontem com cerca de 60 intelectuais 
brasileiros de esquerda, numa manifestação de apoio ao mais 
controvertido dos 94 chefes de Estado e de governo presentes na Rio+20.
Victor R. Caivano/AP
Ahmadinejad em reunião da Rio+20
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"Hoje de manhã me reuni com um grupo de intelectuais da 
elite brasileira", afirmou Ahmadinejad, durante entrevista coletiva. 
"Apresentaram opiniões sobre os temas do mundo. Pessoas que lutaram por 
estabelecer a justiça na sociedade; uma longa luta. Alguns passaram mais
 de 20 anos na prisão para poder concretizar seus objetivos."
Dentre os que se reuniram com Ahmadinejad estava o 
sociólogo Emir Sader, influente conselheiro para assuntos internacionais
 no PT; Carlos Zarattini, outro petista de São Paulo; o comunista 
Haroldo Lima, presidente da Agência Nacional do Petróleo no governo 
Lula; o brizolista Fernando Peregrino, que foi candidato a governador 
pelo PR em 2010, ficando em terceiro lugar; e João Vicente Goulart, 
filho do ex-presidente João Goulart. Na coletiva, em um hotel da zona 
sul do Rio, sob forte esquema de segurança, Ahmadinejad garantiu que, 
apesar do acirramento das sanções econômicas, o Irã seguirá adiante com 
seu programa nuclear.
"Com seu pensamento materialista, eles acham que, rompendo 
as relações econômicas, podem atingir seus objetivos", disse o 
presidente iraniano, que como sempre fez uma rápida oração antes da 
coletiva, e disse que falava "em nome de Deus". "Estão errados. É nosso 
desejo cortar os laços de dependência dos países ocidentais."
"Graças aos esforços de nossos especialistas e 
profissionais, grande parte das necessidades do país tem sido atendida 
(sem ajuda externa)", disse. "O Irã já é a 17.ª economia do mundo, e em 
breve será a 15.ª, sem apoio do Ocidente. Acho que o Irã é um bom modelo
 para demonstrar que sem apoio dos colonialistas é possível progredir", 
disse o presidente.
Apoio brasileiro. Ahmadinejad lembrou que o Irã aceitou a 
solução mediada em maio de 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula 
da Silva e pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. "Eles (as
 potências ocidentais) responderam com uma nova resolução no Conselho de
 Segurança contra nós", recordou Ahmadinejad.
"Continuamos com nossa paciência e procuraremos negociações
 em vez de enfrentamentos. Mas seguramente defenderemos nossos 
direitos."
O líder iraniano, no entanto, descartou uma resposta 
militar a uma escalada do conflito na Síria, seu aliado estratégico no 
Oriente Médio. Respondendo a uma pergunta do Estado, ele disse que o 
envio de armas ou uma intervenção militar apenas agravariam a situação, e
 defendeu uma saída negociada.