quinta-feira, 2 de julho de 2009

Por sugestão de Paulo Araújo, análises muito importante sobre os golpes e golpistas

http://nuevacostarica.blogspot.com

miércoles 1 de julio de 2009

La crisis constitucional en Honduras

Dr.Fernando Zamora Castellanos

Con ocasión de mis labores de profesor universitario, me correspondió dirigir una investigación académica en derecho comparado centroamericano, que me permitió la oportunidad de estudiar la constitución política hondureña, de la cual hoy extraigo conclusiones interesantes de compartir en relación a su actual crisis institucional. La quiebra constitucional en Honduras, -cuyas consecuencias políticas hemos conocido por medio de la prensa-, puede analizarse en dos visibles etapas de ruptura. Una primera etapa en este proceso de quebrantamiento al orden constitucional hondureño, se da cuando el Presidente Zelaya, en expresa violación al artículo quinto, doscientos treinta y nueve, y trescientos setenta y cuatro de dicha Constitución, ordena realizar, dentro del proceso electoral previsto para el domingo pasado, un referéndum sobre un tema que está absolutamente proscrito por el texto constitucional hondureño, como es el de la reelección presidencial. En los artículos constitucionales citados, se establece claramente que, en materia de reelección y en materia de duración del período presidencial, el referéndum está absolutamente prohibido. Aún más, en los artículos aludidos, la constitución hondureña además de impedir expresamente la realización de referéndum alguno en relación al tema, deniega claramente la posibilidad de reformar la Constitución en esa materia, adjudicándole a la norma antireeleccionista un carácter pétreo. Tan contundente es la norma constitucional al respecto, que el numeral doscientos treinta y nueve constitucional, determina que quien proponga la reforma a favor de la reelección presidencial, “o quienes la apoyen directa o aún indirectamente, cesarán de inmediato en el desempeño de sus respectivos cargos y quedarán inhabilitados por diez años para el ejercicio de toda función pública”. El texto de este precepto constitucional citado, refleja la gravedad que el constituyente otorgó a la defensa del principio antireeleccionista y las graves consecuencias que se le endilgan a quien pretenda su reforma. Así las cosas, y de acuerdo a lo expuesto, resulta claro que, -en una primera instancia-, el Presidente Zelaya incurrió en un abierto e indiscutible quebrantamiento del orden constitucional hondureño al utilizar los recursos del poder ejecutivo para imponer y financiar una consulta oficial en esa materia. Sin embargo, si lo que se debía era reprochar la transgresión del Presidente Zelaya, el ordenamiento constitucional hondureño preveía un procedimiento legal correspondiente, y por supuesto que NO consiste en la barbarie de allanarle su hogar, secuestrarlo y expulsarlo del país, lo que de por sí está expresamente prohibido por el numeral ciento dos de la constitución hondureña, que impide expatriar a un hondureño. La solución jurídica del entuerto ocasionado por Zelaya, debía resolverse de conformidad con lo contemplado en los artículos doscientos ocho, trescientos trece, y trescientos dieciséis de esa Constitución Política. En dichos procedimientos son los poderes legislativo y judicial los que resultan protagonistas. En el Poder legislativo, es la Comisión permanente del Congreso, al que según el ordenamiento, le corresponde recibir las denuncias por violaciones a su Constitución. Por otra parte es a la Corte Suprema de Justicia, al poder que le corresponde conocer los procesos incoados contra los más altos funcionarios del Estado, y un tercer protagonista es el Tribunal Constitucional hondureño. Este último, según aquella ley fundamental, dirime los conflictos entre los poderes estatales. Todo dentro del marco del debido proceso y con el implícito respeto de sus correspondientes etapas. Así las cosas, resulta que la respuesta frente a la conducta arbitraria e inconstitucional en la que incurrió el Presidente Zelaya, no fue la que preveía el ordenamiento, sino por el contrario, fue una reacción aún más atávica y brutal contra el orden constitucional establecido, lo que tristemente refleja el alto grado de inmadurez política de esa noble nación hermana. fzamora@abogados.or.cr

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Correio da Cidadania, 2 de julho de 2009, entrevista com Roberto Romano sobre o Senado, partidos, etc.

Crise do Senado reflete profunda ‘coronelização’ dos partidos políticos
Escrito por Valéria Nader e Gabriel Brito

Em meio às barbaridades republicanas, os brasileiros se perguntam o que mais será necessário para que tenhamos instituições minimamente respeitáveis. Em entrevista ao Correio da Cidadania, o filósofo Roberto Romano procura destrinchar as origens do que se chama democracia no país. Para ele, proceder a uma autêntica reforma política, cuja condição essencial seria democratizar os partidos políticos, é questão de ‘salvação nacional’, único modo de acabar com a onda de despolitização e descaracterização da própria prática política A única maneira de não vermos, como nas palavras do próprio, obscenidades como a imagem de Lula, Collor, Sarney e Calheiros em risos de bons confrades.







Afundando num mar de lama e barbaridades republicanas, os brasileiros se perguntam, sem conseguir respostas, o que mais será necessário acontecer para que um dia tenhamos instituições minimamente respeitáveis. Em entrevista ao Correio da Cidadania, o filósofo Roberto Romano procura destrinchar aspectos que moldaram o perfil e os costumes do que se chama democracia no país.

Romano lembra que um fator preponderante para a decadência dos parâmetros éticos é a peculiar confluência brasileira entre burocracia e relações de favor, em tese campos opostos da vida cotidiana. O professor da Unicamp ressalta que, após o engessamento causado por nossas ditaduras do século 20, o público ainda vive um lento processo de tomada de consciência, que ao menos vem servindo para elevar o nível de indignação das pessoas. Ademais, coloca na berlinda o atual papel do Senado, que num regime bicameral poderia se tornar menos representativo, com apenas um eleito por estado.

Para ele, proceder a uma autêntica reforma política, cuja condição principal seria democratizar os processos decisórios internos de cada partido, é questão de ‘salvação nacional’, único modo de acabar com a onda de despolitização e descaracterização da própria prática política A única maneira de não vermos, como nas palavras do próprio, obscenidades como a imagem de Lula, Collor, Sarney e Calheiros em risos de bons confrades.

Correio Cidadania: Já foram tantos os escândalos no Senado que o atual parece até assumir ares de insignificância. A seu ver, o que revela do país nesse momento atual? Há uma séria crise política, uma crise institucional, o que estamos vivendo de fato?

Roberto Romano: Estamos vivendo uma crise do Estado e essa crise tende a se agravar cada vez mais, dado o desequilíbrio muito grande entre a cidadania e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Temos a cidadania caminhando para um lado e a instituição estatal para outro, esse é o primeiro ponto.

O segundo é que os três poderes não se entendem, e assim não temos uma harmonia, mas, como sempre, uma imposição do poder Executivo, que é respondida com uma permanente chantagem do Legislativo, além da entrada do Judiciário em campos que não são propriamente os seus. Uma situação muito complicada.

Ficamos a discutir qual é o modelo de Estado e sociedade que queremos. Se nós queremos uma sociedade republicana, democrática e livre, temos de repensar a estrutura do Brasil, país que dificilmente pode ser definido como federação, e justamente esse é um ponto para a crise do Senado. Se o Brasil fosse de fato uma federação, o Senado seria muito relevante, pois nele estariam sendo discutidas as diferenças dos estados autônomos e haveria uma necessidade premente da intermediação dos senadores para resolver problemas de autonomia e inter-autonomia.

No entanto, como não é uma federação, como disse muito bem o jurista Fábio Comparato, mas um Império, há ainda hoje uma prática de poder do Executivo federal que age junto aos estados e municípios como se fosse um exército vencedor impondo regras aos vencidos.

Esse é um ponto importante: na ausência de relevância do Senado para questões de magnitude, vemos essa transformação da casa numa agência que busca conseguir recursos federais para as regiões, e ao mesmo tempo chantageia o Executivo, requerendo vantagens para aprovar aquilo que é recusado pela Câmara ou mesmo pela sociedade.

CC: Os atuais escândalos têm motivado discussões acerca do fim do Senado. O jurista Dalmo Dallari, por exemplo, que vem estudando o assunto, argumenta que o Senado no Brasil, por sua origem, é "um anteparo a excessos democratizantes", e ademais já teríamos a Câmara como um representante mais proporcional da população. O senhor, em entrevista ao Correio no final de 2007, por ocasião do escândalo Renan Calheiros, também já argumentava quanto ao teor conservador do Senado desde seu nascimento até os dias de hoje, uma vez incapaz de trabalhar em torno de uma verdadeira autonomia para os estados. O que pensa hoje disto, o bicameralismo não está mesmo se demonstrando prescindível?

RR: Creio ser um pouco cedo para definir assim. O que ficou muito claro com essa crise no Senado é que ele, enquanto instituição, não responde nem às necessidades da cidadania e nem às do próprio Estado. Foi reduzido a uma agência de empregos para parentes dos senadores, foi tragado pelo nepotismo, pelo controle dos funcionários...

Aliás, esse é um ponto que considero importante: Max Weber, em ‘Economia e Sociedade’, analisando a burocracia, mostra que, seja no poder de um grande rei ou de um parlamento – digno, sério, como o parlamento francês ou inglês -, essas instituições da chefia de Estado ficariam praticamente indefesas diante da burocracia. Isso porque a burocracia tem o ‘segredo do cargo’. O burocrata é aquele que conhece os procedimentos, como colocar um processo, como obter e guardar informações, como abri-las só para quem considera ‘digno’ etc. Além disso, funciona de forma hierárquica, vertical. Assim, a burocracia tem uma força que muitos exércitos não possuem. E Weber dizia que o destino dos Estados e da sociedade ocidentais seria a burocracia.

O que aconteceu aqui no Brasil? Aqui tivemos duas coisas: em primeiro lugar, a burocracia, que nesse caso do Senado fica evidente, com os burocratas agindo segundo o segredo do cargo e de maneira hierárquica. É só ver que foi o chefe dos burocratas que determinou os procedimentos errôneos e ilegais. No entanto, tem o segundo fator que piora as coisas por aqui: as relações de favor. Elas existem em todas as sociedades, mas aqui no Brasil fazem parte de sua essência. É o favor do coronel ao agregado, do político-coronel ao seu colega coronel, dos empresários para os políticos e vice-versa... Como diz a professora Maria Sylvia Carvalho Franco, o favor é a mediação universal da sociedade brasileira (dito em ‘Os homens livres na ordem escravocrata’).

Dessa forma, ocorreu no Brasil algo muito estranho: a junção da burocracia com o favor. A burocracia deveria funcionar sem favor, pois ela trabalha impessoalmente, uma de suas regras é a racionalidade impessoal; o que vale é o número do processo, e não o nome. Aqui a burocracia serve justamente para alicerçar as relações pessoais e as de favor. Isso traz um problema quase insolúvel, porque pode se tentar resolver o poder da burocracia, o que é muito complicado (como mostraram Weber, Lukács e outros), mas por outro lado é muito difícil encaminhar essa junção de dois elementos que deveriam ser opostos: a impessoalidade da burocracia com a pessoalidade do exercício dos cargos.

Isso mostra que nós, efetivamente enquanto país, entramos na modernidade pela porta errada. Somos um país onde tudo que há de mais racional se torna irracional imediatamente, tendo em vista as relações de poder. São as mesmas oligarquias que mandam na sociedade, no Estado e favorecem a entrada de novas oligarquias, desde que essas paguem o pedágio, na base do ‘é dando que se recebe’.

CC: De toda forma, uma medida como a extinção do Senado obviamente só faria sentido se inserida em um espectro de uma reforma política mais ampla, não?

RR: Exatamente. Acho que já falei até ao Correio sobre isso. É necessário, mais que urgentemente, por ser tema de salvação nacional, que a cidadania exija uma reforma política e também a democratização dos partidos políticos. É preciso que estes deixem de ser propriedade de pequenos grupos de oligarcas, ou que pequenos partidos de indivíduos donos de siglas deixem de servir às oligarquias e se transformem em instrumento de posição política dos aderentes, dos militantes.

Um partido conservador, de direita, tem militantes de direita. Sendo assim, deve ouvir seus militantes de direita. Um partido socialista tem militantes socialistas, e por isso precisa ouvir sua militância socialista. Se não for assim, qualquer partido perde a legitimidade, e é o que assistimos hoje. Os partidos servem tão somente para cumprir os desejos de ascensão social de seus dirigentes, ou de preservação social dos mesmos; ou você sobe na vida justamente através do partido ou o utiliza para se manter na elite - economicamente, politicamente etc.

Gosto de comparar os partidos brasileiros aos times de futebol nacionais. São as mesmas direções no poder há décadas, não há renovação e elas mandam no caixa, no técnico, deixando a torcida como última a apitar alguma coisa. No caso do partido político é a mesma coisa, o mais importante dentro dele é o militante, é a alma do partido. No entanto, nos partidos brasileiros, ele não manda nada. Sequer é chamado para as eleições primárias, como nos EUA e na França. São meia dúzia de oligarcas que escolhem e impõem os candidatos, manipulam a verba, a propaganda do partido e tudo mais.

Portanto, se queremos democratizar o Estado brasileiro, um passo fundamental é democratizar os partidos políticos.

CC: O que seriam, neste sentido, pontos essenciais em uma reforma política a seu ver?

RR: Bom, esse ponto que acabei de destacar é condição sine qua non. O segundo passo é recuperar a paridade nas eleições para o Legislativo federal. Temos essa condição equivocada na Constituição, pois o voto de um eleitor da Bahia vale metade do eleitor do Acre, o que faz a vontade geral ser desobedecida. Deve-se obedecer, inclusive do ponto de vista quantitativo, ao desejo da maioria e à vontade geral. E no nosso caso não temos uma representação correta na Câmara Federal. E tampouco no Senado. São três senadores por estado, o doutor Fabio Comparato propõe dois e eu diria que um já seria ótimo. Isso porque o partido que tenha um senador eleito já poderia ficar bem representado. Não é necessário tanto senador assim.

Já o terceiro ponto se refere a aspectos mais técnicos, e que assim precisariam ser discutidos mais pela racionalidade que pela passionalidade. Essa questão do voto distrital, por exemplo, tem posições válidas em favor e contra. Existem argumentos que sugerem que assim vai se ‘paroquializar’ as eleições. Por outro lado, há o argumento de que garantiria maior fiscalização dos eleitos por parte dos cidadãos. Por isso que é muito difícil definir numa tacada. Não que eu tenha uma panacéia, mas volto a insistir que todas essas determinações de votações e escrutínio precisam passar primeiramente pela democracia nos partidos. Desviar uma eleição por meios técnicos é tão possível quanto por outro método qualquer.

CC: O grande ‘porém’, no entanto, é que uma reforma política dependeria justamente da aprovação dos atuais componentes do Congresso.

RR: Por isso já se aventou a possibilidade de se convocar uma Assembléia Nacional Constituinte. Aliás, é interessante, pois o que aconteceu em 88? Tivemos um Congresso que se autodeterminou como constituinte, mas não ocorreu uma Assembléia Nacional Constituinte. E me parece que boa parte de todas as confusões e equívocos na interpretação da Constituição se originam disso. Por prudência, pelo fato de se ter saído há pouco do regime militar, não se deu esse passo radical em termos de criação de uma nova Carta.

Manteve-se dentro do Congresso personalidades que agora até dirigem o Senado, que eram profundamente eivadas de autoritarismo e subserviência ao Executivo. Essas pessoas estão dirigindo o país ainda... Só pra ficar mais notório, cito José Sarney. Fez toda sua carreira na sombra da ditadura, era um dos mais importantes líderes da ARENA. E por sentido de oportunidade mudou de barco na última hora. Tudo aquilo com o que ele se acostumou em termos de subserviência ao Executivo e, ao mesmo tempo, pressão para conseguir recursos para sua região, ele faz.

Não por acaso no período Sarney foi instituído o chamado centrão, o ‘é dando que se recebe’.

CC: Há, assim, contexto social e político para proceder a tal reforma hoje no país?

RR: Se nós ficarmos apenas nessa constatação de que os donos do Legislativo, do Executivo e do Judiciário são eternos donos do Estado, evidentemente não há possibilidade nenhuma de mudança. Por aí ainda estaríamos na época do escravismo brasileiro. Aliás, nem isso, mas do escravismo na Grécia, na Itália... Não acho válido o argumento de que não é possível conseguir mudanças só porque as pessoas que estão no poder se aproveitam para criar regras em seu favor.

É plenamente possível que a cidadania se mobilize com todos os instrumentos de hoje – rádio, TV, internet – e é perfeitamente possível notar que o cidadão está cada vez mais consciente. É interessante que ele esteja mais consciente, mas impotente também.

Eu não gosto de metáforas clínicas, porque têm um ranço autoritário muito grande, mas digo sempre que o corpo social brasileiro no século 20 ficou engessado por duas ditaduras. Quando uma perna fica muito tempo engessada, perde sua força, seu vigor, tende a se tornar mais frágil. E estamos há 20 e poucos anos fora do gesso, portanto, começando a nos revigorar. Estamos no período da fisioterapia, começando a sair da fraqueza. Acho perfeitamente possível seguir na linha do fortalecimento da vontade geral da população, que deve cobrar cada vez mais e também votar cada vez melhor.

Mas não sou ingênuo e sei que, conforme a regra instituída, a tendência de fato é de se favorecer quem está lá, como na última reforma política, que foi um escândalo, porque começava com eles próprios na questão da lista, por exemplo. É preciso que não se aceitem gessos espirituais. A ditadura de Vargas, dos militares, foram um gesso material, com uso da propaganda e da força física para impor seus autos, no nosso caso tortura, exílio, cassação, mortes. Não podemos aceitar que, com essa força física afastada – só em parte, pois quem é pobre e preto sabe bem como a força física do Estado está contra ele –, o gesso físico dos tempos da ditadura permaneça em termos intelectuais. E, além disso, temos de procurar soluções, pois uma cabeça que começa a quebrar seu gesso tem condições de imaginar maneiras de ação para confrontar os supostos donos do poder.

CC: Mas não há uma indiferença maior da população desta vez? Por que estaria mais indiferente?

RR: Bom, participei de um debate em Curitiba e fiz o papel do pessimista, enquanto um professor de Direito fez o de otimista. E ele, com certa razão, dizia que essas relações de favor, medidas ilegais, o ‘é dando que se recebe’ eram a normalidade há 30 anos, aconteciam a céu aberto. Hoje, viraram coisa secreta. Não que eu tenha muito entusiasmo com essa alegoria, mas de fato ela é real. A população, cada vez mais informada, tem ficado cada vez mais brava e vem discutindo mais também.

No entanto, o gesso funciona nessa questão do partido, na forma de organização. O partido, ao invés de ser um instrumento flexível de expressão das vontades da população, se torna uma espécie de aparelho ortopédico que impede a ação do povo. É nisso que acho importante focar.

Vejamos o Lula: mesmo recebendo aprovação de 200%, certas expressões usadas por ele não funcionam. Tenho conversado e visto muita gente brava com esse negócio de dar dinheiro ao FMI e com a história de dizer que o Sarney é um homem comum. Ou seja, mesmo em relação a alguém com esses índices fantásticos, a população começa a distinguir melhor o que é correto ou não em termos de práticas democráticas e republicanas.

CC: Há, no entanto, como se pensar em uma séria reforma política, sem mudar a cultura política, o que obviamente implica em um outro sistema educacional, por exemplo?

RR: Sim, essa é uma questão fundamental. Como falávamos dessa questão da votação e do escrutínio, é preciso ficar atento a que muitas vezes a eleição não é democrática. Ainda mais sem saber como os votos são contados!

Para isso, o grande pensador democrático do século 18, Condorcet, matemático também, se preocupou tanto com tais questões das eleições. Ele tem um tratado imenso sobre as eleições e também criou o ‘Paradoxo de Condorcet’. Estudos sobre ele cresceram muito depois das eleições que o Bush fraudou na Flórida, o que fez os EUA discutirem muito o paradoxo de Condorcet. Não vamos fazer uma revisão técnica, mas, grosso modo, consiste em: se temos uma eleição plural, com quatro candidatos, e se o escrutínio for simples e não pensado, teremos eleito aquele que não foi o preferido da maioria – daí o paradoxo. Mas se fizermos uma eleição com A, B, C e D e depois inverteremos a posição, obter-se-á uma triagem muito mais de acordo com a maioria que numa eleição de maioria absoluta ou simples.

É um paradoxo muito interessante porque supõe que o eleitor tem uma grande capacidade de fazer o cálculo da probabilidade. Uma das propostas dele é ensinar cálculo de probabilidade, matemática, ao eleitor. Porém, isso pode acontecer selvagemente: se, por exemplo, eu votar nesse senhor, ele me dá uma dentadura; é uma probabilidade, simples e selvagem. Mais um cálculo: se eu votar nesse outro, ele fará uma ponte no meu rio; é mais complexo, com mais variáveis a se analisarem. Outro: se eu votar nesse, sua política econômica, educacional e de segurança de Estado será muito mais eficaz; o cálculo já fica muito mais complicado. E se eu votar nesse último, a política do país, do ponto de vista científico, tecnológico etc., será mais equânime; bem complexo também.

Quer dizer, é preciso, segundo ele, que se ensinem os cálculos matemáticos, de probabilidade, para que o eleitor tenha capacidade de julgar com sua própria cabeça. É uma fé na inteligência humana. Até o século 18, como até hoje se vê, existia o pensamento de que negros não podiam aprender matemática. Mas Condorcet lutou pra mostrar que eles tinham condições de serem até mais geniais nessa área.

Essa formação educacional e de cidadania é importantíssima. Por exemplo, em teoria política temos a idéia de Kant de que o importante é o cidadão ser virtuoso; que não roube, não mate, obedeça às leis, seja republicano, em suma, a educação da cidadania, à qual não seria necessário um aprendizado letrado, em ciências e tal, que por sua vez seriam coisas para meia dúzia de gente. A proposta de Condorcet vai no sentido exatamente contrário, bem de acordo com as luzes francesas do Iluminismo. Para que haja um regime de liberdade, para que haja democracia, é necessário o povo poder pensar cientificamente. Por isso que uma das variantes de seu pensamento é justamente Augusto Comte, com o positivismo.

E de fato, a performance do Brasil em matemática comparativamente ao mundo é de assustar, pois nossa população realmente não tem essa nutrição no pensamento matemático.

CC: O senhor acredita que o ‘caso Sarney’ seja o fundo do poço da política nacional, ou podemos descer ainda mais?

RR: Olha, o inferno sempre é mais profundo. Eu não conheço limite nem para o céu e nem para o inferno. Realmente o Brasil vive cada vez mais, desde sua descoberta, esse inferno do absolutismo, da corrupção trazida pelo absolutismo, da não responsabilização trazida pelo absolutismo, da extração violenta de impostos sem devolução, enfim, um regime de concentração de poderes que o absolutismo trouxe.

E é bom lembrar que o Estado brasileiro nasceu contra-revolucionário. Nasceu contra a revolução francesa, contra a revolução inglesa e contra a revolução norte-americana. D. João VI, vindo para cá fugido de Napoleão, que ele entendia como expressão da revolução francesa, quis fazer no Brasil um Estado onde não ocorressem aquelas desgraças das revoluções democráticas, instaurando um Estado conservador. E quando o Império se instala aparece aquela idéia ditatorial do Poder Moderador, com o chefe do Estado podendo mandar nas três esferas e na sociedade.

Temos assim um Estado absolutista, extemporâneo, anacrônico, feito expressamente para ir contra as revoluções democráticas. E que permanece até hoje.

CC: Considerando o lamaçal atual, e mesmo sabendo que esta não é absolutamente a solução para a grave crise moral e política em nosso país, Sarney deveria renunciar? Este não seria somente mais um procedimento pra sanar a ‘sede por justiça’, para que tudo volte a ser como antes?

RR: Eu acho que ele deveria renunciar, mas também acho que não deveria ter sido eleito. E nesse ponto podemos perfeitamente fazer uma cobrança sobre o PT, sobre uma responsabilidade histórica gravíssima. Durante o processo de impeachment do Collor, estive em várias e várias manifestações promovidas pelo PT contra ele e o processo demagógico e corruptivo que representava. Hoje, quando sabemos que sua presença é saudada pela ministra Dilma, por ser chefe de uma comissão de infra-estrutura no Senado, vemos bem o passo que foi dado.

Logo depois da eleição do Sarney, a imprensa divulgou uma foto das mais obscenas da história da política moderna brasileira: Renan Calheiros rindo-se às escâncaras junto de Collor e Sarney, sendo que tenho certeza, pois houve declarações nesse sentido, de que o presidente da República também se ria às escâncaras. Acho muito grave essa acolhida do Collor na base governista, um retrocesso. Não é cobrar do presidente por um dia ter chamado Sarney disso ou daquilo; é o mínimo de proposição política.

No caso, houve uma espécie de descaracterização das posições políticas, ideológicas etc., que não são propriamente táticas, e sim estratégicas. E efetivamente estamos chegando a uma situação de impossibilidade de se ter qualquer plano de andar para adiante. O Collor é saudado pela ministra, que perguntava aos outros se já o tinham cumprimentado... Esse convívio respeitoso da possível futura presidente com quem o seu partido lutou para botar pra fora do poder já teve o seu troco: agora sabemos que ele usou a verba indenizatória para fazer a segurança da Casa da Dinda.

Tais posições, todo esse pragmatismo político, me parecem muito pouco saudáveis para a vida social, democrática e republicana brasileira.

Gabriel Brito é jornalista; Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania.

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O inevitável em todos os golpes, o que torna todos os golpe inaceitáveis. UOL News.

O Congresso de Honduras aprovou na tarde desta quarta-feira (1) uma restrição "parcial" das garantias constitucionais por 72 horas, medida que havia sido proposta pelo governo interino do presidente Roberto Micheletti. A informação foi dada por parlamentares que participaram da sessão.

Roberto Micheletti, presidente interino

  • EFE

    Roberto Micheletti ressaltou que Honduras é um país soberano, voltou a defender a legalidade da situação política e acusou o governante venezuelano, Hugo Chávez, de intromissão. O presidente interino pediu "a Deus" que o mundo não isole seu país, apesar de ter afirmado que tem "a fortaleza" para enfrentar a situação

"A medida autoriza a prisão de pessoas por mais 24 horas e suspende garantias como a liberdade de associação e reunião, e o direito de livre circulação", declarou a deputada Doris Gutiérrez, do partido Unificación Democrática, de esquerda.

Marcia Villeda, do partido Liberal, acrescentou que a iniciativa apresentada pelo presidente interino "é basicamente uma restrição parcial, que estará vigente junto com o toque de recolher".

Micheletti assumiu a presidência depois que o então chefe de governo Manuel Zelaya foi deposto por por um golpe de Estado apoiado por militares e enviado ao exterior.

Zelaya, cujo apoio popular havia caído para níveis de 30% em meio à crise econômica, foi deposto quando promovia uma consulta não-vinculante sobre a reeleição presidencial. Essa consulta tinha a oposição da Justiça, dos militares e de setores do empresariados, dos políticos e da Igreja. (...)

The New York Times, e Notícias 24 (Venezuela), artigo de Vargas Llosa sobre o golpe. Sugestão de Paulo Araújo.

Notemos os processos de tradução empregados na Venezuela, para indicar a pessoa do ditador Chavez. No texto de Llosa, ele é apenas Mr Chavez. Na notícia dos aduladores e do adulado venezuelano, ele é El Primer Mandatario venezolano...e assim por diante. A lingua ditatorial munda tudo, sobretudo os títulos...RR

En las semanas previas al golpe de estado que sacaría de su puesto como gobernante al presidente de Honduras, Manuel Zelaya, éste sabía exactamente lo que estaba haciendo. Pues al tratar de imponer un cambio constitucional que le permitiese la reelección, Zelaya estaba tendiendo una trampa para los militares, en la cual estos cayeron, convirtiendo a un presidente impopular en una celebridad internacional.

Aunque el golpe de estado cuenta con el apoyo popular en Honduras, éste también le ha dado la oportunidad al Presidente Hugo Chávez para tomar una posición moralista al respecto. Los líderes del golpe, quienes trataban de prevenir que el Presidente Chávez tuviese una mayor influencia en Honduras, le podrían terminar cediendo más fuerza en la región.

El Primer Mandatario venezolano apoyó inmediatamente al Presidente Zelaya. Hasta el punto en que amenazó a Honduras con acciones militares y fue a Nicaragua, donde se estaba llevando a cabo la reunión del ALBA, la cual sirvió como la oportunidad perfecta para apoyar los esfuerzos de Zelaya.

La Organización de Estados Americanos también condenó el golpe de estado y su secretario general fue a Nicaragua donde se estableció un encuentro para discutir este punto. Por su parte, el Presidente Chávez envió un avión para que transportara a Zelaya al encuentro, además de recibirlo en el aeropuerto de Managua.

En los medios de comunicación hispanos la información que se ha manejado en los últimos dos días es que el Presidente Chávez y sus aliados están trabajando por la democracia de Honduras. La equilibrada respuesta de los Estados Unidos y el bajo perfil que han mantenido algunos de los gobiernos de los países latinoamericanos se han perdido detrás de la campaña emprendida por el Primer Mandatario venezolano.

Lo que está sucediendo actualmente en Honduras no es lo que se esperaba alcanzar con el derrocamiento del Presidente Zelaya. A la vez que todo esto ha sorprendido a aquéllos que seguían de cerca la carrera del entonces presidente hondureño. Zelaya era miembro de la oligarquía de Honduras y llegó al poder en 2006 como el líder del Partido Liberal, organización la cual era de derecha.

Sin embargo, hacia la mitad de su mandato, Zelaya tuvo una aparente epifanía ideológica y se convirtió en un admirador del Presidente Chávez. Hasta el punto de firmar un generoso acuerdo de subsidio petrolero con Venezuela y el año pasado Honduras pasó a formar parte del ALBA. Pronto el poder se le subiría a la cabeza.

Al acercarse paulatinamente las elecciones generales de noviembre, Zelaya decidió llevar a cabo un referéndum con el propósito de darle la oportunidad de ser reelecto. Esta acción violaba ciertos artículos de la Constitución que no permiten cambios para el límite del período presidencial de cuatro años por presidente. A la vez que propuso procedimientos legales para enmendar la Constitución. La corte electoral, la Corte Suprema, el Fiscal General del Estado, el Congreso y los miembros de su propio partido catalogaron a las intenciones de Zelaya como ilícitas. Luego, el domingo pasado, los militares tomaron cartas en el asunto.

La solución ideal sería que Zelaya volviese a ejercer su cargo de presidente y saliese del mismo el próximo año, cuando su sucesor fuese elegido. No obstante, es improbable que los líderes del golpe de estado se retracten. A su vez, resulta muy improbable también que si Zelaya es restituido en su puesto, éste desista de su idea de ser reelegido. Todo esto garantiza un período de mandato ilegal en Honduras y de una incesante explotación de la situación por parte del Presidente Chávez.

The Winner in Honduras: Chávez

Published: June 30, 2009

IN the weeks leading up to Honduras’s coup, President Manuel Zelaya, an ally of Hugo Chávez of Venezuela, knew what he was doing. In pushing the limits of democracy by trying to force a constitutional change that would permit his re-election, he set a trap for the military. The military fell for it, turning an unpopular president who was nearing the end of his term into an international cause célèbre.

Although the coup has popular support in Honduras, it has also allowed Mr. Chávez, who is leading the international response, to claim the moral high ground. The coup leaders, who were trying to prevent Mr. Chávez from bringing Honduras into his fold, may end up giving him more strength in the region.

Mr. Chávez quickly came out in support of Mr. Zelaya. He threatened Honduras with military action and went to Nicaragua, where a meeting of the Bolivarian Alternative for the Americas, the Caracas-led alliance born as an alternative to the American-led Free Trade Area of the Americas, was the perfect opportunity to take charge of the Latin American pro-Zelaya effort.

The Organization of American States later condemned the coup (other Latin American governments followed suit) and its secretary general flew to Nicaragua, where a wider regional meeting was arranged. Mr. Chávez sent an airplane to fly Mr. Zelaya to that gathering, even welcoming him at the airport in Nicaragua’s capital, Managua.

Across the Spanish-language news media, the recurring image of the last two days has been that of Mr. Chávez and his allies working furiously for Honduran democracy. The United States’ more measured response, and the low-profile stance taken by some South American governments, have been lost amid the high-stakes campaign launched by Venezuela’s caudillo.

This is not what Honduras’s establishment, horrified by Mr. Chávez’s increasing influence, intended when it got rid of Mr. Zelaya. It is also a pretty surreal turn of events for those who followed the career of the deposed president. A member of Honduras’s landed oligarchy, Mr. Zelaya came to power in 2006 as the leader of the Liberal Party, a center-right organization. He was a product of the establishment: an heir to the family fortune, he had devoted decades to his agriculture and forestry enterprises, supported the Central America Free Trade Agreement with the United States, and ran for president on a conservative platform, promising to be tough on crime and to cut the budget.

Around halfway into his term, however, Mr. Zelaya had an apparent ideological epiphany and became an admirer of Mr. Chávez. He signed a deal for a generous oil subsidy from Venezuela; last year he incorporated Honduras into the Bolivarian Alternative for the Americas. Soon enough, power went to his head.

As the general elections scheduled for November began to creep up, Mr. Zelaya decided to hold a referendum with the ultimate aim of allowing him to seek re-election. The move violated articles of the Constitution that forbid changes to the presidential limit of one four-year term and establish the legal procedure for constitutional amendments. The electoral court, the Supreme Court, the attorney general, Congress and members of his own party declared Mr. Zelaya’s intention unlawful. Then, on Sunday, the military stepped in.

The ideal solution would be for Mr. Zelaya to return to power and leave office next year, when his successor takes over. However, it is doubtful that the coup leaders will back down. It is also unlikely that, if he were triumphantly reinstated, Mr. Zelaya would give up his re-election scheme. All of this almost guarantees a period of illegitimate rule in Honduras — and of incessant exploitation of the situation by Mr. Chávez, the unlikely champion of Jeffersonian democracy in Latin America.

Álvaro Vargas Llosa is a senior fellow of the Independent Institute and the editor of “Lessons from the Poor.”

Entrevista de Roberto Romano à História Viva, sobre a genese da corrupção no Brasil.

História Viva
edição 69 - Julho 2009
edição 69 - Julho 2009
DOSSIÊ

POMPEIA

Em 79 d.C., uma típica cidade do Império Romano foi varrida do mapa pelo vulcão Vesúvio, para ser redescoberta só em 1748. Mesmo escassos, havia registros de sua existência, o que torna inexplicável tantos séculos de esquecimento. Hoje, porém, os historiadores já conseguem montar quase uma “reportagem” sobre a destruição de Pompeia e a agonia de seus habitantes

Às vésperas da catástrofe

Chuva de pedras sobre o mercado

Pânico na caserna dos gladiadores

Asfixia no templo de Ísis

Agonia nos lares

Redescoberta da cidade

ARTIGOS

BIOGRAFIA
GÊNGIS KHAN, O INVENCÍVEL

Enquanto o mongol viveu, seu exército não sofreu uma só derrota e seu império tomou a Ásia e parte da Europa

EGITO
MIRAGEM DO ORIENTE

Através dos séculos, o Egito histórico foi sendo substituído por um país fantástico no imaginário do Ocidente

DE LINCOLN A OBAMA
MARCHA PARA A LIBERDADE

A abolição da escravatura nos EUA foi só o começo de mais de um século de luta dos afro-americanos por respeito a seus direitos

BRASIL

PEABIRU
DO ATLÂNTICO AO PACÍFICO

Mais que uma estrada, o Peabiru foi um complexo de rotas indígenas, pelas quais era possível viajar muito bem pela América

PUBLICIDADE E MENTALIDADE
O LADO PERVERSO DA PERSUASÃO

A publicidade de cigarros atraiu homens e mulheres para o vício usando bebês encantadores,

SEÇÕES

CARTAS

HISTÓRIA EM CARTAZ

A Biblioteca Digital Mundial da Unesco promete apostar não na quantidade de acervo digitalizado, mas na qualidade

ENTREVISTA
O filósofo Roberto Romano mapeia as origens da corrupção no Brasil e no mundo

DE ONDE VEIO
Conheça a história do Parlamento desde a Antiguidade

DESTINOS
Castelos franceses: o roteiro dos sonhos

LIVROS
Estrangeiros que andaram pelo Brasil à revelia de Portugal

DOCUMENTO
O laudo necrológico de Santos Dumont é uma fraude

CRUZADA HISTÓRICA

PONTO FINAL

médicos, dentistas e até Papai Noel
lar doce lar

Blog Marta Bellini...

Unafisco Sindical, Seminário sobre a Lei Geral de Transações.

01 e 02 de Julho
Faculdade Getúlio Vargas, São Paulo - SP
1º e 2 de Julho
Bourbon Convention Ibirapuera
São Paulo - SP


O Unafisco Sindical - Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil - promove, nos dias 01 e 02 de julho no Bourbon Convention Ibirapuera em São Paulo/SP, o Seminário: LGT - Lei Geral de Transações: Auditores-Fiscais e Sociedade debatendo o PL 5.082/09 e o PLP 469/09.

Contando com a participação de personalidades do campo jurídico, tributário e acadêmico, o seminário tem como objetivo discutir questões relativas ao Projeto da Lei Geral de Transação Tributária.

1º DE JULHO | TARDE
14h às 14h30
Solenidade de Abertura
14h30 às 16h
1º Painel Visão Geral do PL 5.082/09
Lei Geral de Transações
Palestrantes:
Luiz Tadeu Matosinho Machado
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e
Coordenador-Geral de Tributação da Receita
Federal do Brasil
Prof. Eurico Marcos Diniz de Santi
FGV/SP
16h às 16h15
Coffee-Break
16h15 às 17h30
2º Painel Pontos de Críticos do PL 5.082/09
e do PLP 469/09
Palestrantes:
Nei Gallois
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Simone Anacleto Lopes
Procuradora da Fazenda Nacional no RS

17h30 às 18h30
Debates
2 DE JULHO | MANHÃ
9h às 10h30
3º Painel Visão da Sociedade sobre
Transações Tributárias
Palestrantes:
Prof. Dr. Oswaldo Othon Saraiva Filho
Professor da Universidade Católica de Brasília
Prof. Dr. Roberto Romano.
Professor do Departamento de Filosofia da Unicamp
Prof. Dr. Ronaldo Porto Macedo Junior
Professor da FGV-SP, Promotor de Justiça do
Governo do Estado de São Paulo
10h30 às 12h
4º Painel Visão Parlamentar do PL 5.082/2009
e do PLP 469/09
Palestrantes:
Paulo Rubem Santiago
Deputado Federal pelo PDT/PE
João Paulo Cunha (a confirmar)
Deputado Federal pelo PT/SP
Geraldo Brinckmann
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e
Presidente da 1ª Turma de Julgamento da DRJ/POA
12h às 12h30
Debates

Correio da Cidadania, outra posição de esquerda que não é conivente com o Itamaraty de hoje.

O péssimo e o pior PDF Imprimir E-mail
Escrito por Gilvan Rocha
01-Jul-2009

Manda o princípio mais elementar do bom senso que, na contingência de termos unicamente de escolher entre o péssimo e o pior, escolha-se o péssimo. Essa orientação de conduta se aplica à vida diária e não são poucas as vezes que se apresenta no mundo político.

O exemplo maior dessa opção deu-se por ocasião da Segunda Grande Guerra mundial. Naquele cenário, uma vez que o socialismo (no caso, o bom) não se apresentava como saída viável, ficamos com o dilema: ou o imperialismo nazi-fascista ou o imperialismo anglo-norte-americano. O mais radical de todos os socialistas não vacilou, um minuto, em aliar-se ao imperialismo anglo-norte-americano contra a extrema-direita exacerbada representada pelo nazi-fascismo. Essa era a posição mais sensata diante daquele imperativo histórico.

Em noventa anos de hegemonia stalinista, o anticapitalismo não foi a bandeira central de luta. O povo, os trabalhadores ao redor do mundo não foram estimulados a abominar esse vil sistema. O mundo, segundo o stalinismo, não tinha como contradição maior os interesses das classes e camadas sociais distintas. Para eles, a contradição principal estava no choque de interesses entre nações opressoras e nações oprimidas. O nacionalismo, que sempre foi a bandeira maior da extrema-direita, converteu-se na principal postulação dos partidos ditos socialistas e comunistas de maiores relevâncias.

O anti-americanismo universalizou-se para se transformar em bandeira única de luta diante desse vesgo olhar. Em conseqüência de tão estreito raciocínio, toda postura de natureza antiamericana deveria ser festejada, jogando-se na cesta do lixo o princípio básico de distinguir o péssimo do pior. Assim, o fascismo do Irã, da Síria, do Talibã e até do facínora fundamentalista Bin Laden passou a ser visto com simpatia por uma certa esquerda de matriz stalinista.

Por razões ainda menores, o presidente Lula não se furtou de vir a público para apoiar a fraude dessa excrescência que é o governo teocrático do Irã, no último embate eleitoral ali havido. Isso é lastimável!

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividade e Estudos Políticos (CAEP)

THE NEW YORK TIMES

Contra ou a favor do golpe hondurenho (sou contra todos os golpes, preventivos ou post festum) é preciso no entanto aceitar que o discurso do idiota ditador da Venezuela, com o velho realejo anti-EUA, não cala mais nos ouvidos democráticos. O automatismo que reza ser a culpa de tudo na América dos EUA ainda é dominante em mentes toscas do PT e similares nanicos. Mas o ridículo começa a ser visto. E quando isto ocorre... RR

News Analysis

Obama’s Stance Deflects Chávez’s Finger-Pointing

Miraflores Palace, via Reuters

Manuel Zelaya, left, and Hugo Chávez talked Monday at a regional meeting in Nicaragua

Published: June 30, 2009

CARACAS, Venezuela — From the moment the coup in Honduras unfolded over the weekend, President Hugo Chávez had his playbook ready. He said Washington’s hands may have been all over the ouster, claiming that it financed President Manuel Zelaya’s opponents and insinuating that the C.I.A. may have led a campaign to bolster the putschists.

But President Obama firmly condemned the coup, defusing Mr. Chávez’s charges. Instead of engaging in tit-for-tat accusations, Mr. Obama calmly described the coup as “illegal” and called for Mr. Zelaya’s return to office. While Mr. Chávez continued to portray Washington as the coup’s possible orchestrator, others in Latin America failed to see it that way.

“Obama Leads the Reaction to the Coup in Honduras,” read the front-page headline on Tuesday in Estado de São Paulo, one of the most influential newspapers in Brazil, whose ties to Washington are warm.

In recent years, Mr. Chávez has often seemed to outmaneuver Washington on such issues. He exploited the Bush administration’s low standing after the Iraq war and its tacit approval for the brief coup that toppled him in 2002, and blamed the United States for ills in Venezuela and across the region.

Now such tactics may get less traction, as the Obama administration presses for a multilateral solution to the crisis in Honduras by turning to the Organization of American States. In doing so, Mr. Obama is moving away from policies that had isolated the United States in parts of the hemisphere.

“With Honduras, the Obama administration has taken the mainstream road that is more in sync with other countries in the region,” said Peter DeShazo, director of the Americas program at the Center for Strategic and International Studies in Washington.

Honduras, which has long had close ties to Washington, has more recently emerged as a proxy for the interests of both Venezuela and the United States. With subsidized oil, Mr. Chávez lured Honduras into his leftist alliance, the Bolivarian Alternative for the Americas. Meanwhile, the United States did not cut off development and military aid to Honduras, in an attempt to maintain influence there.

But while Mr. Chávez has allies in Bolivia and Ecuador who succeeded in changing constitutions to stay in office longer — following his example in Venezuela — his intervention in Honduras heightened tension in that country. Reports that Venezuela sent a plane to Honduras last week with election material for a referendum at the heart of Mr. Zelaya’s clash with the Supreme Court stirred considerable unease there.

Mr. Chávez portrays his support for Mr. Zelaya as another example of championing his brand of democracy, which often centers on strong presidencies at the expense of other branches of government. But some countries in Latin America are resisting the trend of allowing leaders to extend their stay in office.

In Colombia, for instance, President Álvaro Uribe, a conservative populist and an American ally, is facing difficulties in a push to allow him to run for a third term. And in Argentina, the once popular former president, Néstor Kirchner, admitted defeat this week in congressional elections, throwing into doubt hopes for him and his wife, President Cristina Fernández de Kirchner, to extend their dynasty in the next presidential election.

Meanwhile, Mr. Obama is seeking to engage Brazil more deeply, reportedly floating the appointment of Luiz Inácio Lula da Silva, Brazil’s leftist president, as head of the World Bank. The move, if it materializes, would break the tradition of nominating an American to the post and could bolster support for Washington-based multilateral institutions while blunting Mr. Chávez’s attempts to create his own rival institutions.

Doing this while largely ignoring Mr. Chávez’s taunts holds risks for Mr. Obama, particularly if information comes to light showing that there is some truth in Mr. Chávez’s claims.

The Venezuelan president will not forget that the C.I.A. had knowledge of the coup that ousted him in 2002 yet did nothing to prevent it, and that Washington has a recent history of providing aid to groups that are critical of his government, opening the United States to charges of destabilization.

Moreover, Mr. Chávez’s antiestablishment rhetoric, aimed at elites in Washington and elsewhere, still resounds among many people here in Latin America.

But for now, at least, Mr. Obama’s nonconfrontational diplomacy seems to have caught Mr. Chávez off balance. “Chávez is beginning to understand that he’s dealing with someone with a very different approach than his predecessor,” said Michael Shifter, vice president of the Inter-American Dialogue, a Washington policy research group.

Mr. Chávez’s outsize role in the Honduras crisis, which involved threats of war if Venezuela’s Embassy in Honduras were searched, belies the limits of Venezuela’s influence in the hemisphere as the United States recalibrates its policies in a way that evokes the pragmatic diplomacy of the region’s other power, Brazil.

After the dust settles in Honduras, Mr. Chávez’s alliance will still include some of the region’s poorest and most conflict-ridden nations, like Bolivia and Nicaragua, with larger countries choosing other development paths.

Meanwhile, Mr. Chávez’s threats of belligerence in Central America led one opposition party here, Acción Democrática, to issue a statement on Monday that was full of irony: “Hugo Chávez has become the George Bush of Latin America.”



São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009





TENDÊNCIAS/DEBATES

Chávez e o golpe em Honduras

JORGE ZAVERUCHA


O presidente deposto esticou a corda em demasia, crendo na "neutralidade política positiva" dos militares a seu favor


BOA PARTE da literatura acadêmica definia Honduras como sendo uma democracia consolidada. Afinal, são cerca de 25 anos ininterruptos de eleições. Mas eleição é condição necessária, e não suficiente, para medir a solidez das instituições de um país.

Essa mesma literatura assegurava não haver espaço para golpes de Estado clássicos: tanques tomando o palácio presidencial. Inexistiria clima internacional; os militares latino-americanos não seriam mais os mesmos (e os civis o são?) e outras litanias.Está aí o golpe hondurenho para contrariar tais argumentos.
Em Honduras, as elites políticas civis não conseguiram resolver suas divergências pelos canais democráticos institucionais. Diante do impasse, surgem as "vivandeiras de quartéis".As Forças Armadas, então, aceitaram o convite do Legislativo e do Judiciário para "garantir a lei e a ordem".

Esse foi o grande erro de cálculo do presidente deposto Manuel Zelaya.Esticou a corda em demasia, acreditando na "neutralidade política positiva" dos militares a seu favor.

Muito se escreverá, sob o ponto de vista jurídico/constitucional, sobre como se deve salvar de pseudodemocratas a democracia. Até porque há brechas legais passíveis de serem exploradas por qualquer um dos lados.

A Constituição hondurenha estabelece em seu artigo 272: "As Forças Armadas de Honduras são uma instituição nacional de caráter permanente, essencialmente profissional, apolítica, obediente e não deliberante.Constituem-se para defender a integridade territorial e a soberania da Republica, manter a paz, a ordem pública e o império da Constituição, dos princípios do livre sufrágio e da alternância no exercício da Presidência da República".

Como podem as Forças Armadas de Honduras ser apolíticas e, simultaneamente, garantir a Constituição, a paz e a ordem pública? Como é possível que as Forças Armadas se submetam e garantam algo concomitantemente? Em outras palavras, o soberano, tendo o poder legal de suspender a lei, coloca-se legalmente fora da lei.

Trata-se de uma versão mitigada do artigo 142 da Constituição brasileira, que concede às Forças Armadas o papel de garantidoras dos poderes constitucionais, da lei e da ordem.De fato, o artigo 278 da Constituição de Honduras afirma: "As ordens dadas pelo presidente da República às Forças Armadas, por intermédio do chefe das Forças Armadas, deverão ser acatadas e executadas".

Ora, a tentativa de Zelaya de fazer uma consulta popular para reformar a Constituição, no sentido de permitir-lhe um novo mandato, foi declarada ilegal pelo Tribunal Supremo Eleitoral. A quem constitucionalmente devem os militares obedecer? Há um vazio institucional.

Ante o impasse jurídico, surge a solução autoritária. O Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Ministério Público e o próprio partido de Zelaya decidiram por sua defenestração. Um típico golpe civil-militar.

Contudo, diferentemente de Chávez, Zelaya não era um militar de ofício, mas um grande empresário do setor agropecuário que se elegeu pelo Partido Liberal. Mudou de lado, mas não foi acompanhado pela cúpula militar hondurenha. Qual o cimento que une os membros dessa aliança civil-militar? Sem dúvida, a desconfiança da crescente aproximação de Zelaya do projeto de poder chavista. Com efeito, Honduras filiou-se à Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), que é um modelo de integração socialista em contraponto ao modelo de livre mercado da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).

A busca de Zelaya por um novo mandato, de duvidosa legalidade, foi a oportunidade encontrada pelos seus opositores para se livrarem do neochavista. E o fizeram rapidamente, para evitar uma possível contrarreação como a que ocorreu em 2002, quando Chávez foi golpeado e retomou o poder na Venezuela.

A correria para criar o fato consumado foi de tal ordem que Zelaya foi conduzido de pijamas para a Costa Rica. E o Congresso, sem mais delongas, designou como presidente interino Roberto Micheletti, rival de Zelaya no Partido Liberal.


JORGE ZAVERUCHA, 53, doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é coordenador do Núcleo de Estudos de Instituições Coercitivas e da Criminalidade da Universidade Federal de Pernambuco. É autor de "FHC, Forças Armadas e Polícia: Entre o Autoritarismo e a Democracia", entre outras obras.

Atenção patrulheiro do petismo: o artigo abaixo é de alguem da esquerda, e não da ex-querda como você.

CORREIO DA CIDADANIA

Irã: a esquerda insensível



Escrito por Luis Leiria
30-Jun-2009

Um clima de terror está sendo imposto nas ruas das principais cidades do Irã. Polícia, Guarda Revolucionária, milícias Basij patrulham as ruas, auxiliadas por helicópteros, e atacam com a máxima violência qualquer ajuntamento de pessoas que possa dar origem a uma manifestação de protesto.

Há um número indeterminado de mortes, que certamente já ultrapassam a vintena - mas podem ser muitos mais, já que todos os dias chegam à Internet novos vídeos documentando mortes ou feridos graves. Há um número indeterminado de presos, seguramente na casa dos milhares.

Um estado de exceção reina nas ruas de Teerã. Todas as manifestações estão proibidas, a censura impera na imprensa, há dezenas de jornalistas presos, correspondentes estrangeiros são expulsos do país e outros são impedidos de trabalhar. Os SMS dos telemóveis não funcionam e a Internet está sob a vigilância do mais sofisticado sistema de censura e rastreamento, instalado no Irã pela Siemens e a Nokia.

Há estádios desportivos transformados em quartéis da polícia e outros em prisões. O governo apresenta presos "arrependidos" na televisão que afirmam terem sido manipulados por potências estrangeiras, terem tido como objetivo apenas roubar e incendiar, e nem sequer terem votado nas eleições - um espetáculo degradante que nos traz tristes recordações.

Mas, apesar de tudo isto, a resistência ao regime de Khamenei/Ahmadinejad continua. Todos os dias há notícias de batalhas campais entre o s manifestantes desarmados e as formidáveis forças repressivas. Todas as noites os gritos de "Deus é Grande", evocando uma forma de luta usada para derrubar o Xá em 1979, ecoam nas ruas das principais cidades.

A descrição que fizemos acima baseia-se em fatos que são conhecidos e ninguém contesta. É uma descrição que evoca um clássico golpe de Estado de direita, que evoca o Chile de 1973, a Indonésia de 1965, ou até o Irã de 1953. Todo aquele que se diz de esquerda não deveria ter dúvidas sobre o lado da trincheira onde deveria estar.

E no entanto...

E no entanto, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, promotor do "socialismo bolivariano", foi o primeiro a congratular o mentor da repressão, Mahmoud Ahmadinejad, pela sua "grande vitória" eleitoral , "muito importante para os povos que lutam por um mundo melhor". Será que os iranianos, duas semanas depois das palavras de Chávez, estão a viver "um mundo melhor"?

Lula da Silva, presidente do Brasil, e do Partido dos Trabalhadores, não só felicitou Ahmadinejad, como confirmou a intenção de em breve visitar o país, disse que "não há provas" de que tenha havido fraude nas eleições, e desvalorizou os protestos dizendo que "é apenas, sabe, uma coisa entre flamenguistas e vascaínos".

Há quem em Portugal afine por este diapasão e diga que não há quaisquer provas de fraude.

Não há?

Mas não foi o próprio Conselho de Guardiães que reconheceu que em 50 cidades houve mais votos que eleitores inscritos? Então isto não conforma uma gigantesca fraude? Ou só em Portugal ou na Europa seria fraude - no Irã é transparência democrática?

Há quem diga que os protestos são obra da CIA. Mas será que não se dão conta do que estão a dizer? Que esse sempre foi e sempre será o argumento de todas as ditaduras contra os seus opositores? Aliás, o regime Khamanei/Ahmadinejad chama agora aos protagonistas dos protestos "terroristas". Este termo não é familiar a vocês?

Além disso, mais uma vez se passa um atestado de menoridade aos iranianos e se sobrevaloriza a CIA - então a CIA tem capacidade de mobilizar dois milhões de iranianos (foi este o tamanho da mobilização de dia 15)?

O povo iraniano está exigindo respeito pela sua vontade, respeito pelo seu voto. No bojo deste movimento vêm outras reivindicações democráticas e sociais - e há notícia de sindicatos e organizações de trabalhadores se juntando aos protestos com as suas reivindicações. Moussavi é um candidato do regime, mas durante a campanha evocou alguns princípios da revolução de 1979 que derrubou o Xá e que foram abandonados. É por isso que o povo, que se sentiu defraudado, usa muitos métodos e formas de luta daqueles tempos. O apoio a Moussavi canalizou os anseios democráticos de milhões. Ser de esquerda é identificar-se com estes anseios e apoiá-los, mesmo que com críticas. E, sobretudo, não pôr-se ao lado da repressão, dos assassinatos, das prisões, das milícias Basij - tão parecidos à Legião Portuguesa.

Ser de esquerda é ter memória. É, pelo menos, não ser insensível.

Luis Leiria é jornalista, membro da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda de Portugal e editor do site esquerda.net

Generación Y ...expressa, em Cuba, tudo o que penso, em elegantes poucas linhas.

De gorilas y caudillos

fragilidadNueve años han pasado desde que escribí las últimas líneas de una tesis sobre la figura del dictador en la literatura latinoamericana. Aunque mi estudio señalaba la existencia aún de varios caudillos que servían de magníficos referentes para escribir novelas, en el fondo yo creía que se trataba de seres en extinción. Poco tiempo después, comencé a dudar si los tiranos no estarían en incubación para volver a brotar sobre nuestras tierras americanas. De un tiempo a esta parte ya no me quedan dudas: los dictadores –o aspirantes a serlo- están aquí, aunque ahora visten jeans, guayaberas o camisas rojas.

Tampoco se extinguió el otro peligro: el militar que se toma la justicia por su mano; el uniformado que imponen su voluntad por las armas. A los brazos de unos y de otros nos seguimos lanzando, porque una tradición de personalismos y demagogos no se erradica tan fácilmente. En Honduras, ahora mismo, toda una nación puede arrojarse al espinoso abrigo de los soldados o hipnotizarse ante el regreso “triunfal” –al estilo de Chávez- de quien ha sido depuesto por la fuerza. De ese dilema, pocas veces salimos bien parados los ciudadanos.

No me gustan los golpes militares, ni los presidentes que intentan reelegirse infinitamente. Le tengo la misma desconfianza a quien baja de una montaña con las armas por delante, que al elegido en las urnas que administra su país como una hacienda; como si de la vieja finca de sus padres se tratara. De ahí que esté preocupada por Honduras. Tengo el temor que lo ocurrido prepare el camino para el surgimiento de otra figura investida de plenos poderes. ¡Cuidado! en la amplia gama que exhiben los sátrapas, la peor combinación es cuando convergen -en una misma persona- la figura del caudillo y del gorila armado.

Ainda no Marta Bellini...

Nos EUA trambiqueiro é preso....

Foto: Reuters, do Blog do Toinho da Passira Leia mais lá.
Condenado há 150 anos o trambiqueiro USA, Madoff
O financista e golpista norte-americano Bernard Madoff foi condenado nesta segunda-feira a 150 anos de prisão, por ser culpado de uma série de fraudes financeiras por meio de um esquema de pirâmide que atingiu investidores em todo o mundo.
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COMENTÁRIO: E aqui no Braziuu, os senATORES estão livres, livríssimos....

Roque Sponholz e também no Blog de Marta Bellini...

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Correio Popular de Campinas, 1/07/2009

Publicada em 1/7/2009


Mario Simas, um homem


Roberto Romano

“Contrário ao cristianismo é quem persegue homens de vida honesta e amigos da Justiça, só porque sua opinião é diferente e não se apegam aos mesmos dogmas ou artigos de fé. Pois sabemos que amar a Justiça e a Caridade bastam para ser fiel, e perseguir fiéis é ser contrário ao cristianismo” (Spinoza, Tratado Teológico-Político, 14). Spinoza toma como fundamento da ética, em todos os seus escritos, a mais rigorosa obediência à justiça. Como filósofo avisado, ele sabe que a condição essencial do convívio político encontra-se no respeito justo às liberdades de todos e de cada um. Nenhuma desculpa pode ser apresentada pelos que, em nome de condições ditas importantes, como a segurança da Igreja e do Estado, desejam tutelar indivíduos e grupos sociais. Seguindo neste aspecto o mais clássico pensamento grego, ele une ética e justiça num só campo. Não podemos esquecer que a mais bela obra sobre a política, A República, tem como título Sobre a Justiça. É a partir de tal paradigma que os movimentos revolucionários modernos (na Inglaterra do século 17, nos EUA e na França do século 18) elaboraram Constituições e políticas de Estado tendo em vista defender os despossuídos do poderio econômico, político, militar, religioso.

É bom que recordemos o seguinte: a noção de “paradigma” surge no campo da língua grega unido a deiknumi, cujo sentido é “mostrar”, “indicar”. Quando acrescido da partícula “para”, significa “mostrar, fornecer um modelo”. A raiz deik, refere-se ao ato de, mediante a palavra, mostrar o que deve ser seguido. Daí na noção de paradigma ser estratégica a união com a Dike (a lei) a regra. (Cf. Chantraine, P. Dictionnaire étymologique de la langue grecque, Paris, Klincksieck, 1983, p. 257). A justiça, vista como paradigma ou modelo, vai além do aspecto legal. Ela envolve a existência coletiva, tendo em vista o bem de todos e de cada um. No diálogo intitulado justamente “As Leis”, Platão proclama que um Estado somente pode ser forte, se nele “as dores e alegrias da comunidade forem as dores e alegrias dos indivíduos, e vice versa”. Num coletivo sem justiça, grassa a tristeza, o ódio, a insegurança, a voracidade universal.

Alegria e justiça, palavras que podem resumir os anseios políticos modernos, sempre contrários às barreiras de ódio e arbítrio. Contra os abusos dos poderosos, Spinoza repete a lição platônica. Com alegria, diz ele na Ética “a alma segue para uma perfeição maior. A tristeza faz a alma seguir para uma perfeição menor”. E no Tratado Teológico Político (cap. 20), o filósofo entoa um hino à liberdade, contra toda censura e repressão estatal. A ordem política, diz ele, não tem como fim a dominação; não é para manter o homem pelo medo e fazer com que ele pertença a um outro homem que o Estado é instituído; pelo contrário, é para liberar o indivíduo do medo, para que ele viva o quanto possível em segurança e conserve, sem danos aos outros, seu direito natural de existir e de agir. Não, repito, o fim do Estado não é o de reduzir os homens ao estatuto das bestas feras ou dos autômatos, mas, pelo contrário, ele é instituído para que sua alma e corpo façam com segurança todas as suas funções, para que eles mesmos usem a razão livre, para que eles não lutem enraivecidos, coléricos ou com astúcias, para que eles suportem uns aos outros sem perversões. O fim do Estado é a liberdade”.

As ditaduras que dominaram o Brasil no século 20 quiseram reduzir o povo ao estatuto de besta fera, ou de autômato. Alguns homens foram contra tal projeto, cuja base era o mais triste ódio. Sobral Pinto, Evandro Lins e Silva, Hermes Lima, e uma plêiade de varões dignos, trouxeram um pouco de alegria aos brasileiros. Entre eles, Mario Simas, de quem comentarei nos próximos artigos um livro precioso para a vida e a memória democrática: Gritos de Justiça, Brasil 1963-1979 (SP, FTD Ed). Nada mais ligado à mais sublime filosofia, do que o anseio de justiça presente em tal escrito. Apresentarei o autor e o livro, no instante em que a triste desesperança ameaça as almas de nossa gente.