sexta-feira, 30 de abril de 2010

O GLOBO

Eleições

Serra, Marina e Dilma: um mês de pré-campanha com tropeços e acertos

Publicada em 30/04/2010 às 23h13m

Gilberto Scofield Jr.

SÃO PAULO - Nestes 30 primeiros dias de pré-campanha, a julgar pelos muitos equívocos e alguns acertos dos três candidatos à Presidência mais bem posicionados nas pesquisas - José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) -, é possível esperar uma disputa presidencial para lá de emocionante e polarizada, na opinião de cientistas políticos e profissionais de marketing.

" Acredito que muitos na cúpula do PT estão dando palpites sobre o que a candidata deva dizer ou fazer, esvaziando o esforço de marketing político "

Por enquanto, a inexperiência de Dilma com os palanques tornou a candidata alvo preferencial de críticas fora e dentro do PT. Um tom excessivamente professoral e tecnocrata foi criticado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu à candidata que interrompesse a campanha para se preparar melhor para debates e entrevistas na TV. Mas as gafes não se limitaram ao tom do discurso, incluindo seu conteúdo.

- Acredito que muitos na cúpula do PT estão dando palpites sobre o que a candidata deva dizer ou fazer, esvaziando o esforço de marketing político desenhado por João Santana (ex-sócio de Duda Mendonça, outro crítico da campanha de Dilma) - diz Roberto Romano, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp: - A influência de estrategistas como Marcelo Branco ou o sociólogo Emir Sader, que são mais ideólogos que marqueteiros, pode atrapalhar mais que ajudar.

Romano cita como exemplo o episódio em que Dilma, num comentário truncado, deu a entender que os exilados teriam fugido da luta contra a ditadura, o que provocou enorme reação. Outro tropeço teria sido a admissão da suposta aliança informal " Dilmasia ", entre a candidata e o atual governador de Minas, Antonio Anastasia, logo desmentido pelo próprio.

Mas o professor de Ciências Políticas da UFRJ Charles Pessanha observa que o que se considera um erro político neste momento pode se revelar um acerto estratégico no futuro, dependendo da evolução do quadro político e da reação popular. E vice-versa.

- A declaração do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, do PSB, dizendo que apoiará a coalizão "Dilmasia" mostra uma dificuldade clara na campanha de José Serra: a montagem de alianças políticas que neutralizem o tamanho da aliança entre Dilma e o PMDB de Michel Temer, especialmente em regiões onde o candidato não é forte, como no Norte e no Nordeste. Sem uma ação forte de Aécio (Neves, o ex-governador), a sugestão de Dilma pode se materializar no futuro - diz Pessanha.

O professor de Jornalismo e Mídia da Universidade de Brasília Paulo José Cunha acha que os equívocos de Serra são a demora da sua entrada na campanha e as indefinições sobre o vice.

- Aécio será vice ou não? Isso ainda não está resolvido. Até a Marina já escolheu seu vice.

" Aécio será vice ou não? Isso ainda não está resolvido. Até a Marina já escolheu seu vice "

Cunha diz que Marina não conseguiu alinhavar uma aliança capaz de guindar sua campanha a outro patamar e mantém a imagem restritiva de ambientalista, mesmo com sua presença no exterior sendo um trunfo bem utilizado. Ele observa que um subproduto da campanha - a ampliação do conhecimento sobre o PV em nível nacional - é usado com inteligência pela candidata, mas o programa de governo continua um amontoado de propostas desconexas.

- A gente conhece o programa de Dilma porque ela é a continuidade do governo de Lula, e manter esta ligação é um dos seus maiores acertos, mas tanto Serra quanto Marina precisam deixar mais claro o que pensam sobre grandes questões nacionais e o que farão para resolver os problemas - diz Cunha.

Muitos consideram Serra e Dilma candidatos de semblantes carregados e perfil autoritário, o que jogaria contra eles, enquanto Marina parece mais simpática. Mas o professor do Instituto de Ciência Política da UnB Antônio Brussi acha que nem esse conceito pode ser considerado demérito, a esta altura:

- Boa parte da população considera Lula um pai, uma imagem positiva do sujeito autoritário que desautoriza quem for preciso na defesa dos interesses do povo. Pois esta é uma imagem aceitável de alguém autoritário. Então, quando se chama Serra ou Dilma disso, a que tipo de autoritário se referem?

Leia mais:

Marta Bellini. Eu me lembro, cara Marta Bellini, havia uma coisa que parecia circo (ah, se fosse circo) para "pensar" ...

Nofa! A Times enlouqueceu!


A TIMES exagerou. Menos TIMES, menos. Lerner, um pensador brasileiro? Nofa! Fui professora na época do governo do lerner (e ainda sou). Nos oito anos de governo Lerner, comemos sopa de água com pedra. Fomos ridicularizados pelo Lerner e seus deputados. Quase as Instituições Públicas de Ensino Superior foram leiloadas pelos empresários do interrior paranaense. E, ainda de quebra, temos, em Maringá, um casa da cultura (sic) dentro do Bosque II (área verde), construída pelo lerner, que está enfiada em um buraco, redondinha, redondinha ... em que nada que se faça lá tem jeito. Os sons vazam por todas as salas. Os macacos entram lá (e estão certos, pois o Bosque é deles) e eu desconfio que muito dinheiro foi gasto naquela porcaria sem uso.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Foi erro da Times, barriga dos jornalistas nacionais ou chaleiragem explícita dos petistas militantes no "jornalismo"? Mistério....

29/04/2010 - 20h01

"Time" nega que tenha escolhido Lula o líder mais influente do mundo

Do UOL Notícias
  • Time divulga lista enumerada de líderes e diz mais tarde que numeração não é ranking

    "Time" divulga lista enumerada de líderes e diz mais tarde que numeração "não é ranking"

A revista "Time" negou no início da tarde desta quinta-feira (29) que tivesse colocado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o primeiro em uma lista de líderes mais influentes do mundo.

Pela manhã, o site da revista norte-americana divulgou uma relação com os nomes dos 25 líderes mais influentes do mundo escolhidos pela publicação. A lista era numerada de 1 a 25, não estava em ordem alfabética, e colocava o presidente brasileiro em primeiro, ao lado do número 1 (veja foto acima). Na edição eletrônica da publicação, ao clicar na sessão "líderes", o internauta era direcionado automaticamente para um perfil de Lula escrito pelo cineasta Michael Moore.

O UOL e outros sites noticiosos brasileiros e internacionais divulgaram a informação que Lula havia sido escolhido o líder mais influente do mundo. A redação do UOL Notícias entrou em contato com o departamento de Relações Públicas da revista "Time", que negou que a lista numerada era um ranking. Segundo a assessoria, "a Time não faz distinção no nível de influência das 100 pessoas que aparecem na lista."

Após os questionamentos do UOL, o site da "Time" retirou os números na lista de líderes mais influentes do mundo.

Perfil de Lula

Grupo de discussão:

Você acha que Lula é um dos líderes mais influente do mundo?

No perfil escrito pelo cineasta Michael Moore, o programa Fome Zero (praticamente substituído pelo Bolsa Família) é citado como destaque no governo do PT como uma das conquistas para levar o Brasil ao “primeiro mundo”. A história de vida de Lula também é ressaltada por Moore, que chama o presidente brasileiro de “verdadeiro filho da classe trabalhadora da América Latina”.

A revista relembra que Lula decidiu entrar para a política quando, aos 25 anos, perdeu sua primeira esposa Maria, grávida de oito meses, pelo fato de os dois não terem acesso a um plano de saúde decente. Ironizando, Moore dá um recado aos bilionários do mundo: “Deixem os povos terem bons cuidados com a saúde, e eles causarão muito menos problemas para vocês”.

Moore afirma que quando os brasileiros elegeram Lula pela primeira vez em 2002, os "barões do roubo", que transformaram o país em um dos locais mais desiguais do planeta, nervosamente verificaram os medidores de combustível de seus jatos particulares.

Entre os líderes em destaque também estão a ex- governadora do Alasca e ex-candidata republicana à Vice-Presidência dos EUA, Sarah Palin; o diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn; os primeiros-ministros japonês e palestino, respectivamente Yukio Hatoyama e Salam Fayyad, e o chefe do Governo da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

A lista mostra os 100 nomes de pessoas mais influentes do mundo em diversas áreas –líderes da esfera pública e privada, heróis, artistas, pensadores, entre outros.

Outras posições de destaque
Lula apareceu no ranking da "Time" pela primeira vez em 2004, dois anos depois de ser eleito pela primeira vez à Presidência. Na ocasião, Lula ganhou destaque pela posição na reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) no México, em setembro passado, quando liderou uma coalizão de nações em desenvolvimento que se recusaram a negociar novas regras de investimento estrangeiro até que os EUA e a União Europeia prometessem o fim dos subsídios agrícolas à exportação.

O perfil do presidente em 2004 afirmava que "ao contrário dos radicais contra a globalização, Lula, 58, insiste que não quer destruir a nova ordem mundial. Ele só quer que funcione de forma mais justa." O texto lembrava também os escândalos de corrupção que caíram sob seu governo, mas ressaltava que, apesar de alegações, ele havia se tornado porta-voz do novo mundo em desenvolvimento.

Líderes mais influentes do mundo:

Luiz Inácio Lula da Silva
J.T. Wang
Almirante Mike Mullen
Barack Obama
Ron Bloom
Yukio Hatoyama
Dominique Strauss-Kahn
Nancy Pelosi
Sarah Palin
Salam Fayyad
Jon Kyl
Glenn Beck
Annise Parker
Tidjane Thiam
Jenny Beth Martin
Christine Lagarde
Recep Tayyip Erdogan
General Stanley McChrystal
Manmohan Singh
Bo Xilai
Mark Carney
Irmã Carol Keehan
Xeque Khalifa bin Zayed al-Nahyan
Robin Li
Scott Brown

Ano passado, Lula ganhou destaque internacional quando foi eleito personagem do ano pelo jornal espanhol El País e pelo francês Le Monde.

Mais categorias
O ex-presidente americano Bill Clinton aparece em destaque na categoria dos “heróis” pelo trabalho realizado no Haiti depois do terremoto de 12 de janeiro por meio da ONU (Organização das Nações Unidas). Segundo seu perfil, escrito pelo cantor Bono Vox, da banda irlandesa U2, “sem ele, o universo não seria tão amigável para os seres humanos.”

Ao lado de Clinton aparecem: a sul-coreana Kim Yu-na, que conseguiu o primeiro ouro em patinação artística para seu país em Vancouver; o opositor iraniano Mir Hussein Musavi, e o ator Ben Stiller por seu trabalho na reconstrução de escolas no Haiti.

A cantora Lady Gaga aparece na categoria “artistas” e recebe elogios da colega Cyndi Lauper, que mostra sua admiração pelo trabalho da nova-iorquina de 24 anos. Lauper destaca que “a arte de Lady Gaga capta o período em que estamos agora” e rasga elogios à postura polêmica de Gaga: “ela mesma é a arte. Ela é a escultura.”

Além disso também aparecem a cantora Taylor Swift, os atores Ashton Kutcher e Neil Patrick Harris, assim como o produtor e popular juiz do programa de talentos "American Idol", Simon Cowell.

Outros que estão na lista artística são: o humorista Conan O''Brien, que abandonou seu programa na rede de televisão americana "NBC"; a cineasta Kathryn Bigelow, primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor direção por seu filme "Guerra ao Terror" e a apresentadora Oprah Winfrey.

Ex-governador do Paraná aparece em lista
Na lista dos “pensadores”, o urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, aparece em destaque por seu “maravilhoso legado de sustentabilidade urbana", destacado pelo prefeito de Vancouver.

A revista "Time" também inclui uma análise de quem de sua lista são os mais influentes na internet, através de uma análise do número de seguidores e de conexões que essas pessoas acumulam nas redes sociais Facebook e Twitter.


Vindo o panegírico de quem vem...está de bom tamanho.

Lula é eleito o líder mais influente do mundo pela "Time"

Do UOL Notícias
Em São Paulo
  • Em perfil assinado por Michael Moore, a história de vida de Lula é ressaltada; cineasta
    chama o presidente brasileiro de "verdadeiro filho da classe trabalhadora da América Latina"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito nesta quinta-feira (29) pela revista americana “Time” como o líder mais influente do mundo. Lula encabeça o ranking de 25 nomes e é seguido por J.T Wang, presidente da empresa de computadores pessoais Acer, o almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o presidente americano Barack Obama e Ron Bloom, assessor sênior do secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

No perfil escrito pelo cineasta Michael Moore, o programa Fome Zero (praticamente substituído pelo Bolsa Família) é citado como destaque no governo do PT como uma das conquistas para levar o Brasil ao “primeiro mundo”. A história de vida de Lula também é ressaltada por Moore, que chama o presidente brasileiro de “verdadeiro filho da classe trabalhadora da América Latina”.

Grupo de discussão:

Você acha que Lula é o líder mais influente do mundo?

A revista lembra quando Lula, aos 25 anos, perdeu sua primeira esposa Maria grávida de oito meses pelo fato dos dois não terem acesso a um plano de saúde decente. Ironizando, Moore dá um recado aos bilionários do mundo: “deixem os povos terem bons cuidados de saúde e eles causarão muito menos problemas para vocês”.

A lista mostra os 100 nomes de pessoas mais influentes do mundo em diversas áreas –líderes da esfera pública e privada, heróis, artistas, pensadores, entre outros.

Entre os líderes em destaque também estão a ex- governadora do Alasca e ex-candidata republicana à Vice-Presidência dos EUA, Sarah Palin; o diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn; os primeiros-ministros japonês e palestino, Yukio Hatoyama e Salam Fayyad, e o chefe do Governo da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

********


Estado de São Paulo

Esta é uma das razões pelas quais me bati contra o desarmamento das pessoas civis. O Estado não consegue manter o monopólio da força, haja vista a soberania de quadrilhas que decretam toque de recolher e são obedecidas por cidadãos apavorados e desassistidos. Além disso, o roubo de armas "privativas" das Forças Armadas, a partir de dentro dos quartéis (vendidas por gente que porta a farda e não punida conforme o rigor necessário, e não venham com as "exceções", um monopólio como o força ou é monopólio ou não é) e quejandos. E não é segredo que as firmas de segurança são geradas justamente pelo...desarmamento dos cidadãos. Enfim, os iluminados estatistas jogaram na bacia das almas o direito de milícia, um direito coessencial ao direito democrático. É por semelhante motivo que os "santos desarmadores" ainda não conseguiram, nos EUA, estabelecer leis anti-democráticas como a que impera (a única coisa que impera, ao lado dos bandidos de todas as espécies, na quadrilha ou na política) no Brasil.
RR

Em 6 anos, 21.240 armas de guardas privados foram para mãos de bandidos

29 de abril de 2010 | 0h 00

Bruno Paes Manso - O Estado de S.Paulo

Das 97.549 armas de fogo que foram registradas em nome de empresas de segurança e de transportes de valores em São Paulo desde 2004, 21.240 (22%) foram furtadas ou roubadas. Ou seja, uma em cada cinco armas do arsenal das empresas de segurança foi parar nas mãos de bandidos.

Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Sou da Paz, como parte da pesquisa Implementação do Estatuto do Desarmamento: do Papel para a Prática. As informações têm por base o Sistema de Segurança e Vigilância Privada (Sisvip) da Polícia Federal e a pesquisa traz um balanço de seis anos do Estatuto do Desarmamento.

"O dado permite diferentes leituras. Uma delas é a de que o porte de armas não parece inibir a abordagem dos ladrões. Outra sugere que os seguranças podem estar sendo procurados porque diminuiu a quantidade de armas nas mãos dos civis", afirma o diretor do Sou da Paz, Denis Mizne. "Mas esses números também revelam que existem problemas no setor que devem ser investigados pela PF." Segundo os pesquisadores, há brechas na fiscalização por parte da PF.

Números da CPI do Tráfico de Armas já apontavam para a gravidade do problema. Conforme dados da Polícia Civil do Rio, das 10 mil armas apreendidas com criminosos entre 1998 e 2003 no Estado, 17% pertenciam a empresas de segurança privada.

Clandestinidade. Existem hoje no Brasil 1,1 milhão de vigilantes - e 350 mil trabalham em empresas de segurança. Só em São Paulo, de acordo com o sindicato patronal (Sesvesp), há 128 mil vigilantes. "Podemos dizer ainda que, para cada funcionário de empresa regularizada, existem dois em empresas irregulares", afirma o empresário Vitor Saeta, diretor do Sesvesp. "As empresas que atuam com segurança externa costumam ser as mais visadas. Em cada ação dos ladrões, podem ser roubadas até cinco armas de uma vez", diz.

Em julho, uma viatura de escolta armada da empresa Pentágono, que Saeta dirige, foi abordada por um desses grupos. A quadrilha estava em dois carros e usava armas longas e fuzis. Os vigilantes acompanhavam um caminhão que transportava um insumo industrial na Grande São Paulo. A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte de São Paulo. "As armas mais usadas pelos vigilantes são os revólveres calibre 38. Quando roubadas, são usadas em crimes comuns. Escoltas externas são as que usam armas longas, que interessam ao crime organizado."

Desastre, ou criminosa imprudência geral?

Outro lado da barbárie. Não sou adepto do ecologismo fanático que pauta discursos e atos imprudentes como se a técnica fosse "pecado". Como diz Leroi-Gourhan, um etnólogo respeitável, somos entes técnicos, o nosso corpo foi produzido tecnicamente por nós em milhares de anos. E vivemos, há milhares de anos, em tecnosfera. Nem por tal motivo o descuido e a falta de compromisso ético e moral com a natureza devem ser justificados. Não existe uma política mundial de transporte seguro para o petróleo e demais matérias tóxicas. Mas é possível, aos Estados que tugo vigiam, até mesmo o íntimo das consciências, vigiar e punir os desacertos de semelhantes vias marítimas.
RR


Monde

Marée noire: la Louisiane à quelques heures d'une catastrophe majeure

Mise en place d'un barrage flottant autour de la nappe de pétrole.

article+infographie


Monde 28/04/2010 à 11h56 (mise à jour à 17h23)

Les Etats-Unis préfèrent brûler la nappe de pétrole pour éviter la marée noire

104 réactions

Photo publiée par les gardes-côtes américains le 22 avril 2010 de la plateforme ayant explosé au

Photo publiée par les gardes-côtes américains le 22 avril 2010 de la plateforme ayant explosé au large de la Nouvelle Orléans (Photo AFP)

Les autorités américaines ont donné leur accord mercredi pour que soit brûlée la nappe de pétrole qui flotte sur les eaux du golfe du Mexique où une plateforme a sombré, une mesure radicale pour tenter d'éviter une marée noire.

Le commandement local des gardes-côtes «a approuvé un plan consistant à brûler sur place» la nappe d'hydrocarbure, et «un incendie pourrait être provoqué de manière contrôlée dès aujourd'hui», a déclaré à l'AFP un porte-parole de cette institution, Tom Atkeson.

La crainte d'une vaste pollution en mer reste vive aux Etats-Unis, les garde-côtes n'excluant pas «une des pires marées noires de l'histoire» si la fuite émanant de la plateforme qui a sombré dans le golfe du Mexique n'est pas colmatée.

«Je vais être franche. Les efforts de BP (le groupe pétrolier britannique qui exploitait la plateforme, ndlr) pour colmater les fuites n'ont pas abouti pour le moment», a dit le contre-amiral Mary Landry lors d'une conférence de presse.

Ecosystème fragile

La responsable des garde-côtes de La Nouvelle-Orléans (Louisiane, sud) s'est refusée à comparer l'accident avec celui du pétrolier Exxon Valdez qui s'était échoué sur les côtes de l'Alaska et avait déversé plus de 40 millions de litres de pétrole sur une distance de 1.300 km. Mais, a-t-elle toutefois assuré, «si nous ne sécurisons pas le puits, oui, ceci constituera une des pires marées noires de l'histoire américaine».

La nécessité d'arrêter la fuite est d'autant plus pressante qu'une nappe de pétrole de 965 km de circonférence se trouvait à une trentaine de kilomètres des côtes de la Louisiane, berceau d'un écosystème fragile composé de nombreux oiseaux aquatiques. Les autorités seraient prêtes en dernier recours à mettre le feu à cette nappe.

Des responsables ont en effet déclaré qu'ils envisageaient de brûler de manière contrôlée le pétrole qui serait contenu par des barrages gonflables pour protéger le littoral bien qu'une telle opération et la pollution atmosphérique qu'elle entraînerait posent elles-mêmes des problèmes environnementaux.

«Enquête complète et approfondie»

La plateforme a coulé jeudi dernier non loin des côtes américaines après une explosion et un incendie survenus le 20 avril au soir. Une semaine après l'accident, onze personnes étaient toujours portées disparues et les chances de les retrouver quasi nulles. Le gouvernement américain a promis une «enquête complète et approfondie».

Selon BP, les fuites libèrent environ 159.000 litres de brut par jour. La plateforme, nommée «Deep Water Horizon», propriété de la société Transocean, contenait 2,6 millions de litres de pétrole et extrayait près de 1,27 million de litres par jour.

BP a tenté à l'aide de quatre bras robotiques de colmater deux fuites à quelque 1.500 mètres de profondeur. Mais ses efforts sont jusqu'ici restés vains et les ingénieurs se démènent pour construire un large couvercle sous-marin destiné à endiguer la fuite.

«C'est un couvercle qui sera placé sur la fuite (au fond de la mer). Au lieu que le pétrole se déverse dans l'eau, il ira dans cette structure», a expliqué à l'AFP un porte-parole des garde-côtes, Prentice Danner.

«Ils viennent tout juste de commencer à travailler à la fabrication de ce couvercle et on estime que sa construction pourrait prendre deux à quatre semaines», a-t-il ajouté. BP envisage également de forer des conduits de secours destinés à injecter un enduit spécial pour boucher définitivement le puits. Mais cela pourrait prendre «deux à trois mois», selon un responsable.

L'arrivée d'une marée noire sur la Louisiane pourrait avoir un «impact énorme», a prévenu une spécialiste de l'environnement de cet Etat, Wilma Subra. «La nappe commencera par toucher les crustacés, les parcs d'huîtres et les poissons», a-t-elle affirmé, soulignant que «40% des fruits de mer consommés aux Etats-Unis» provenaient de Louisiane.

La femme d'un membre d'équipage disparu a porté plainte contre Transocean, BP et une autre compagnie concernée, Halliburton, les accusant de négligence, selon des documents judiciaires consultés mardi.

Dans un message adressé à ses employés, le directeur général Tony Hayward a assuré les proches des onze disparus de son «grand chagrin et sa sympathie».

(Source AFP)

Torcidas proibidas, problema geral.

Trata-se de fenômeno mundial, incluindo o Brasil na barbárie. O futebol é apenas um focalizador da massa de fuga e de perseguição (leia-se Elias Canetti). O fato de as cidades não possuirem mais formas de socialização compatíveis com seu tamanho, delas faz impulsionadoras e geradoras de hordas que, a pretexto de qualquer coisa (no esporte, o pretexto se torna mais forte, dada a bipolaridade, renovada a cada jogo, dos times "inimigos", algo conhecido desde a Roma antiga, com as guerras no Coliseu, de "times" hostís). Temo o instante em que, na Paris das Luzes, os muçulmanos e os cristãos coloquem suas torcidas nas ruas, para vencer em nome de Deus. A polarização binária chegará ao máximo. Se as autoridades forem prudentes o bastante, talvez a coisa se atenue. Mas até lá, visitemos Paris, antes que ela acabe!
RR


Sports 29/04/2010 à 07h33

Football: dissolution de sept associations de supporteurs

111 réactions

Incidents en marge d'un match  PSG/OM le 26 octobre 2002 au Parc des Princes.Liberation

Incidents en marge d'un match PSG/OM le 26 octobre 2002 au Parc des Princes. (© AFP Jack Guez)



Sept associations de supporters de clubs de football de Ligue 1, cinq du Paris Saint-Germain, une de l’OGC Nice et une de l’Olympique lyonnais, ont été dissoutes jeudi pour violences, une mesure sans précédent dans le sport français.

Ces sept décrets du ministère de l’Intérieur, signés du Premier ministre François Fillon et du ministre de l’Intérieur Brice Hortefeux, sont parus au Journal officiel.

Ils visent le PSG avec la dissolution de deux «groupements de fait» «Commando Loubard» et «Milice Paris» de la tribune Boulogne du Parc des Princes et de trois associations «Supras Auteuil 1991», «Paris 1970 la Grinta» et «Les Authentiks» de la tribune Auteuil. Ils concernent également l’OGC Nice («groupement de fait» «Brigade Sud de Nice») et l’Olympique lyonnais (association «Cosa Nostra de Lyon»).

Chaque dissolution est motivée par des actes de violences reprochés à ces associations ou «groupements de fait» au cours du championnat de football de la Ligue 1. Comme ces violents affrontements du 28 février, en marge du match PSG-OM à Paris, entre supporteurs parisiens. Un supporter de la tribune Boulogne avait alors été tabassé par des supporters de la tribune Auteuil et était décédé deux semaines plus tard de ses blessures.

Deux précédents

Le ministre de l’Intérieur a tenu jeudi, dans un communiqué, à «souligner l’importance» de ces décisions en rappelant qu’à ce jour, «cette procédure n’avait abouti qu’à deux reprises, pour les "Boulogne Boys" du PSG et la "Faction Metz" du FC Metz en 2008». Brice Hortefeux relève «l’ampleur sans précédent dans l’histoire du football français de l’action menée aujourd’hui par les pouvoirs publics».

Saisie à la suite «d’actes inadmissibles» poursuit Brice Hortefeux, la Commission nationale consultative de prévention des violences lors des manifestations sportives, créée en 2006, lui «a rendu mardi ses avis». Il a «choisi de les suivre et de présenter au Premier ministre les sept décrets» nécessaires.

Ces sanctions, selon le ministre, «s’inscrivent dans une démarche résolue d’élimination de nos stades de pseudos supporteurs au comportement totalement insupportable».

Interdictions de stade

Après avoir mis en place la division nationale de lutte contre le hooliganisme et les sections d’intervention rapide, il a demandé aux préfets «de recourir systématiquement à des mesures administratives d’interdiction de stade et d’appliquer les mesures prévues dans la +loi anti-bandes+ du 2 mars 2010, qui a fait passer cette interdiction de 3 à 6 mois et à 12 mois en cas de récidive».

654 interdictions de stade (514 administratives et 140 judiciaires) sont en cours, contre 311 au 1er février, selon l’Intérieur, qui note une «réduction très sensible du nombre d’incidents ces dernières semaines, suite aux mesures prises».

En concertation avec la Ligue de football professionnel, la Fédération française de football et les clubs, Brice Hortefeux «entend poursuivre et amplifier les actions engagées pour ramener la sérénité de façon durable lors des rencontres sportives».

Ainsi, «plusieurs mesures législatives seront soumises lors de l’examen de la LOPPSI (loi d’orientation sur la sécurité intérieure, ndlr) par le Sénat en juin: mise en place d’un couvre-feu anti-hooligans, possibilité d’interdire les déplacements de supporteurs dangereux, obligation de pointage pour tous les interdits de stade et allongement de la durée d’interdiction».

Il s’agit, conclut Brice Hortefeux, de «mettre les pseudos supporteurs hors jeu, et permettre aux véritables supporteurs de venir au stade en famille, entre amis et en toute tranquillité».

(Source AFP)

Marta Bellini e a crazy war, basta recordar o Dr. Strangelove...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

General, general ...

Do Leonardo Ferrari, Psicanalista, Curitiba

Fonte: primeira página do The New York Times, 27/4/2010.

Com uma manchete antológica, “We Have Met the Enemy and He Is PowerPoint” [“Nós encontramos o inimigo e ele é o PowerPoint”], Elisabeth Bumiller relata em reportagem no The New York Times de ontem a piada que o general Stanley A. McChrystal, o líder das forças norte-americanas e da NATO no Afeganistão, fez ao observar, no último verão, o slide de PowerPoint que, querendo mostrar a complexidade da estratégia militar norte-americana, revelou-se, sem querer, um enorme prato de spaguetti: “When we understand that slide, we’ll have won the war” [“Quando nós entendermos esse slide, nós venceremos a guerra”]. Genial! O único problema dessa piada é ela errar o alvo, aliás, prática useira e vezeira dos bombardeiros controlados a mais de 10 mil quilômetros de distância por controle remoto – videogame -, de uma base militar em Nevada, a uma hora de Las Vegas, e do quartel-general da CIA, em Langley, onde jovens soldados pilotam virtualmente os aviões de combate Predators e Reapers, cujas bombas, não virtuais, estraçalham e dizimam milhares de civis inocentes em zonas tribais do Paquistão e confins do Afeganistão – não há imprensa por lá para registrar essas atrocidades. O problema aí não é o PowerPoint. É verdade que há um Conteúdo Manifesto presente em jogo que é a babaquice de uma razão que, através de técnicas e metodologias importadas dos cursos sofisticados, “chiques” de Administração, os famigerados “MBAs”, tenta transportar para a guerra aquilo que supostamente “deu certo” no mundo dos negócios – perfeito, aliás, esse casamento entre guerra e negócios! Sai das melhores universidades americanas a NATA intelectual que coordena a guerra – fato já presente na Alemanha nazista: os inventores dos campos de concentração nazistas foram os doutores egressos das melhores universidades da Alemanha! Ao contrário da afirmação de Goya, não é o sono da razão que produz monstros, é o sonho! Porém, o que preocupa é o Conteúdo Latente da piada do general. Ele acredita piamente que essa guerra poderá ser ganha, quando de há muito ela está perdida. O general ri do PowerPoint quando deveria chorar por não conseguir responder a única questão séria dessa piada: o que os Estados Unidos continuam fazendo por lá? Essa pergunta, nunca presente no filme ganhador do Oscar de 2010, o horrível e ridículo “Guerra ao Terror”, um incrível manifesto pró-guerra, cujo final é a síntese dessa América que não é mais América – o “herói”-soldado-operário padrão retorna para o exterior pensando estar salvando o interior de sua pátria de vinte marcas de sucrilhos. Que isso tenha saído da cabeça e das mãos de uma mulher não deixa de causar espanto. Podem falar o que quiserem de Avatar, mas essa canalhice ele não contém. Assim, o general de Cristal rachado ri enquanto seus comandos em ação continuam matando gente inocente lá onde o diabo perdeu as botas. Esse Patton de opereta acredita que vai ganhar a guerra. Senhor general Big Mac, o problema não é o PowerPoint. O problema é como explicar que a maior democracia do mundo mantenha funcionando um campo de concentração chamado Guantánamo, “open” vinte e quatro horas por dia, e faça uma guerra de ocupação, “delivery”, uma guerra de espoliação, uma guerra de genocídio vinte e quatro horas por dia – deve ser da moral protestante esse fascínio pelo trabalho sem parar - contra o povo assassinado do Afeganistão e o povo desmembrado do Iraque. Quando as respostas para essas perguntas não podem ser ditas, senhor general, por vergonha ou medo, é hora de todo homem honrado se revoltar e lutar contra. Faça isso, senhor general. Com PowerPoint, twitter, blog, facebook, msn, google, um dia os Estados Unidos da América voltarão a ser uma democracia. Eu luto para isso, senhor general.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Marta Bellini...é dando, é dando...

Ui, que frisson, ser assediado é bom!


Do Acir Vidal

QUEM DÁ MAIS?

Assediado por Serra, PP continua no governo, mas fica mais longe de Dilma



Além dos tropeços na campanha da pré-candidata Dilma Rousseff (PT), o governo federal deverá amargar a declaração de independência do PP na sucessão presidencial. Alvo do assédio da oposição, que deseja seu apoio para a candidatura do tucano José Serra, a Executiva do PP se reúne hoje para dar o primeiro passo oficial rumo à neutralidade.
A despeito de o PP integrar a base governista e comandar o poderoso Ministério das Cidades, seus dirigentes já avisaram que o partido só formalizará a decisão em junho e tende a dizer não para os dois candidatos. Isso facilitaria a montagem de suas alianças regionais, ora com o PT, ora com o PSDB.
Ontem mesmo, o governo já acusou o golpe. E reagiu. Os recursos federais para bancar as emendas dos parlamentares aliados começaram a ser pagos, numa tentativa de acalmar a base. A liberação da cota de R$ 3 milhões por parlamentar estava atrasada havia um mês.


(*) O Estado de S.Paulo

Reinaldo Azevedo.

NÃO SOU UMA GAVETA PARA GUARDAR BADULAQUES DO SUPOSTO CONSERVADORISMO. CONSERVADORES RESPEITAM INDIVÍDUOS

quarta-feira, 28 de abril de 2010 | 16:41

Sabia, claro, que muitos discordariam do que escrevi sobre o adoção de crianças por parceiros gays. Sabia com base na experiência: já expressei aqui esse ponto de vista e apanhei bastante à época. Não contei, mas creio que a maioria dos comentários publicados é contrária à minha opinião (e já mais um monte esperando moderação). Tive de excluir muitas intervenções. É impressionante! Tal tema desperta a besta que está adormecida no coração de muitas pombas da paz. Acho a militância gay uma chatice. Acho militância negra uma chatice. Acho a militância verde uma chatice. Acho a militância feminista uma chatice. Acho a militância religiosa uma chatice. Acho a militância uma chatice!!! Quando a pessoa vê o mundo apenas segundo o fortalecimento ou o enfraquecimento do grupo a que pertence, perdeu o sentido da universalidade, parou de pensar.

Boa parte dos que me criticaram, alguns com impressionante violência, pergunta: “Oh, mas que conservador é você? Defende o fim do celibato sacerdotal; agora, a adoção de crianças por gays. Isso é incoerente.” Pois é! Sou um indivíduo, não uma gaveta de badulaques do conservadorismo. Uma das razões fundamentais por que deploro os vários esquerdismos é a sua incapacidade de reconhecer a autoridade do indivíduo sobre a manada. Eu não me obrigo, nunca!, a pensar isso ou aquilo para não contrariar o meu público!!! Até porque não tenho “público”, tenho leitores. São autônomos. Pensam com a própria cabeça — freqüentemente contra a opinião do blogueiro. E daí? Isso não é uma igreja, os internautas não são fiéis, e sagrada, aqui, é só a obrigação de pensar. Respondo a algumas questões que apareceram nos comentários:

“Não te leio mais”
Ok. É do jogo. Alguém já me viu aqui a recorrer àquele truque vigarista de estimular os leitores a dizer primeiro o que pensam para que eu, “como cachorro de sarjeta, saia atrás do batalhão”, para lembrar música antiga? No dia em que eu deixar de dizer o que penso porque “vão me levar a mal”, fecho o blog, vou fazer outra coisa. Não tenho milhares de leitores, muitos milhares, porque puxo o saco de pensamentos influentes, de um ou de outro lado. Quem freqüenta o blog na expectativa de que SÓ VAI LER coisas com as quais concorda não quer ler o blog, mas a si mesmo. Recomendo que crie a própria página e passe a adorá-la, todos os dias, como se fosse um altar de verdades reveladas. Comigo, não, violão!

“A militância gay é parte da militância de esquerda”
Pode até ser uma contingência porque os esquerdistas vão sempre se aproveitar de descontentamentos vários para impor a sua agenda. Mas, em si, a tese é furada. Um dos países mais homofóbicos do mundo é Cuba. Se a questão sexual determinar clivagens ideológicas e se, uma opinião não hostil aos homossexuais se confunde com simpatia pela esquerda, os que são críticos severos da homossexualidade porque também críticos da esquerda deveriam aplaudir o governo assassino de Cuba. Afinal, nesse particular, os irmãos Castro seriam bem “conservadores”. Desculpem-me! Isso é uma tolice. Fica parecendo que os gays estão proibidos de ser conservadores em política.

“O gayzismo é uma ameaça”
Lamento não endossar esse ponto de vista. Muitos reagem como se o mundo vivesse uma espécie de assédio “homossexualista”, como se a heterossexualidade estivesse sendo ameaçada… Bem, eu não vejo risco nenhum! Os gays, que devem continuar a ser algo em torno de 10% da humanidade, como sempre, são mais visíveis hoje porque vivemos tempos de afirmação da identidade, o que, em si, não é ruim. Eu luto para que os indivíduos tenham o direito de ser o que são, segundo regras de civilidade que têm como base a liberdade individual.

A imposição do padrão de minorias, pautada pelo pensamento politicamente correto, é que é o problema. Nesse sentido, já escrevi aqui, a tal lei que criminaliza a homofobia tem aspectos autoritários — contrários à sua declarada pretensão. Mas esse é outro problema. Não vejo por que heterossexuais devam temer o “gayzismo”, como dizem alguns. Há gays que falam muita besteira, sustentando que “no fundo, todo mundo é um pouco gay porque Freud etc”??? Há, sim! Mas também há heterossexuais que falam muita bobagem. Eu não sei por que há homossexuais entre mamíferos e aves — existirá entre os répteis, batráquios, insetos? Sei que há. E sei que essas pessoas têm o direito de ser felizes sendo quem são e que compõem parte da nossa precária humanidade.

“Homossexualidade é escolha, é doença, é tentação…”
Os heterossexuais que sustentam que se trata de uma escolha estão afirmando que eles próprios, então, heterossexuais que são, poderiam escolher a homossexualidade. Poderiam? Eu, de fato, não creio.

Os que vêem na homossexualidade uma tentação parecem tratar o assunto mais ou menos como outras tentações viciosas a que estamos todos sujeitos: álcool, droga, jogo - curiosamente, todas elas excitantes a prazerosas enquanto vividas, mas desastrosas depois. Tal raciocínio supõe, então, que todos podem estar sujeitos à “tentação homossexual”. Não acredito nisso e, para ser franco, esta parece ser uma suposição pautada pelo medo. Relaxem os desarvorados! Nesse caso, ninguém será o que já não é.

Os que acusam a “doença”, um ponto de vista que não tem embasamento científico — de qualquer ramo das ciências, das médicas às comportamentais —, talvez imaginem formas de tratamento, não é? Nesse caso, é bem possível que tivéssemos, como civilização, sido privados de algumas das boas contribuições no terreno das artes, da filosofia e da ciência porque pessoas “doentes” estariam tentando curar o seu mal.

“Que católico é você? A Bíblia condena”
Ditas as coisas assim, lembro que a Bíblia também condenada o consumo de certos alimentos e estabelece o tamanho certo dos altares.

Acho, por exemplo, e já apanhei muito por isso também, que a Igreja Católica tem todo o direito de vetar clérigos gays se considera que isso é incompatível com o ministério. Trata-se, de fato, de uma entidade privada. Também tem todo o direito de expressar seu ponto de vista, certamente contrário ao chamado “casamento gay” ou à adoção de crianças por homossexuais. A sociedade e o estado, por meio dos Poderes democraticamente instituídos, fazem as suas escolhas, que nem sempre coincidem com princípios religiosos. “Que católico sou eu”? Um católico comum, que diverge um tanto de seu pastor e procura distinguir o que é matéria de princípio do que é contingência. A Igreja Católica, até hoje, tem reservas ao capitalismo, por exemplo, que eu não tenho. A tensão entre mudança e conservação é saudável. Satanizar a mudança como princípio é uma estupidez reacionária. Satanizar a conservadorismo como princípio é uma estupidez progressista.

“Gays estão mais propensos à pedofilia”
Deve haver “estudos” demonstrando isso, contra, é bom notar, as evidência empíricas. Há “estudos” provando qualquer coisa. Os casos mais escabrosos de pedofilia não estão, como faz crer a militância anticatólica, na Igreja, mas na sociedade, em famílias consideradas “tradicionais”. O que se sabe a respeito indica que a criança é molestada, na maioria das vezes, por parentes próximos — quase sempre, pais ou padrastos. Trata-se de um preconceito estúpido associar a homossexualidade à pedofilia. Mesmo entre os padres, para tratar de um caso momentoso, essas duas questões não estão associadas, não! O que se faz é tomar uma coisa em lugar de outra. Aquele senhor de Arapiraca, por exemplo, filmado fazendo sexo com uma “criança” de 22 anos, não é um pedófilo, mas um gay que usou as facilidades oferecidas por sua condição para exercer a sua sexualidade sem qualquer forma de expiação pública. E por isto defendo o fim do celibato: para que a Igreja não seja armário para homens que gostam de fazer sexo com homem ou com garotões (não com crianças!). ISSO NÃO QUER DIZER QUE O CELIBATO SEJA UM DISFARCE. HÁ CELIBATÁRIOS QUE LEVAM A SÉRIO O SEU VOTO E O SÃO POR CONVICÇÃO.

“Prefiro uma criança no orfanato a viver num lar gay”
Ah, você prefere? É mesmo, é?

Finalmente…
Não sou uma gaveta, reitero, de teses do que alguns imaginam que seja o conservadorismo. E também não me considero o aiatolá desse ou daquele pensamento — nem aceito ser patrulhado por aiatolás. Já os há o bastante na esquerda. Também não inventei o “Emplasto Brás Cubas” — ou “Emplasto Reinaldo Azevedo” — para livrar a nossa pobre humanidade de todos os seus sofrimentos e melancolias. Lido com homens reais, com pessoas reais, com sociedades reais. E tento fazer algumas escolhas que, acredito, nos civilizam, com tolerância, sim, mas com firmeza.

Haverá os que nunca mais porão os “pés” — ou os “olhos” — aqui? Paciência! Não faço blog para adular as idéias, teses, opiniões ou preconceitos de ninguém, a não ser os meus próprios. Há milhares que gostam disso. E há milhares que odeiam. É do jogo. Eu não abro mão da democracia nem por um “valor maior”. Porque, no que concerne à organização social, não há “valor maior”.

Recomendo cuidado com certos ódios. Afinal, sob certo ponto de vista, há gente considerando que Mahmoud Ahmadinejad, por exemplo, é que sabe lidar direito com os gays. Se bem que, segundo ele, não há gays no Irã porque isso é coisa das sociedades decadentes ocidentais…

Na saída, uma quase graça: os muitos desarvorados não se desesperem: “homossexualidade” não é contagiosa, hehe. Quem não for “ameaçado” por tal desejo jamais beijará “a boca de quem não devia”, como na música de Assis Valentes, porque foi “contaminado”… Quanto ao “gayzismo” como parte de um plano macabro das esquerdas (?) ou de um partido (?) para tomar o poder, aí já estamos no terreno da pura e simples paranóia.

Lula, Zé Dirceu e Dilma URSSoef não são gays, hehe.



Se houver investigação de fato, acabará em Palácios.

Doleiros dizem que Igreja Universal enviou R$ 400 milhões ao exterior

Evasão. Revelação de sócios da casa de câmbio Diskline, que aceitaram colaborar com as investigações do Ministério Público no Brasil e da Promotoria de Nova York pela chamada delação premiada, indica que remessas foram feitas entre 1995 e 2001

28 de abril de 2010 | 0h 00

Bruno Tavares e Marcelo Godoy - O Estado de S.Paulo

A Igreja Universal do Reino de Deus é acusada de ter enviado para o exterior cerca de R$ 5 milhões por mês entre 1995 e 2001 em remessas supostamente ilegais feitas por doleiros da casa de câmbio Diskline, o que faria o total chegar a cerca de R$ 400 milhões. A revelação foi feita por Cristina Marini, sócia da Diskline, que depôs ontem ao Ministério Público Estadual e confirmou o que havia dito à Justiça Federal e à Promotoria da cidade de Nova York.

O criminalista Antônio Pitombo, que defende a igreja e seus dirigentes, nega as acusações.

Cristina e seu sócio, Marcelo Birmarcker, aceitaram colaborar com as investigações nos dois países em troca de benefícios em caso de condenação, a chamada delação premiada. Cristina foi ouvida por três promotores paulistas. Ela já havia prestado o mesmo depoimento a 12 promotores de Nova York liderados por Adam Kaufmann, o mesmo que obteve a decretação da prisão do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), nos Estados Unidos - ele alega inocência.

Os doleiros resolveram colaborar depois que a Justiça americana decidiu investigar a atividade deles nos Estados Unidos com base no pedido de cooperação internacional feito em novembro de 2009 por autoridades brasileiras. Em Nova York, eles são investigados por suspeita de fraude e de desvio de recursos da igreja em território americano.

Seus depoimentos foram considerados excelente pelos investigadores. Ela afirmou aos promotores que começou a enviar dinheiro da Igreja Universal para o exterior em 1991. As operações teriam se intensificado entre 1995 e 2001, quando remetia em média R$ 5 milhões por mês, sempre pelo sistema do chamado dólar-cabo - o dono do dinheiro entrega dinheiro vivo em reais, no Brasil, ao doleiro, que faz o depósito em dólares do valor correspondente em uma conta para o cliente no exterior. Cristina disse que recebia pessoalmente o dinheiro.

Subterrâneo. Na maioria das vezes, os valores eram entregues por caminhões e chegavam em malotes. Houve ainda casos, segundo a testemunha, que ela foi apanhar o dinheiro em subterrâneos de templos no Rio.

Cristina afirmou que mantinha contato direto com Alba Maria da Silva Costa, diretora do Banco de Crédito Metropolitano e integrante da cúpula da igreja, e com uma mulher que, segundo Cristina, seria secretária particular do bispo Edir Macedo, fundador e líder da igreja.

De acordo com a testemunha, ela depositou o dinheiro nos EUA e em Portugal. Uma das contas usadas estaria nominada como "Universal Church". Além dela, os promotores e procuradores ouviram o depoimento de Birmarcker. Ele confirmou a realização de supostas operações irregulares de câmbio para a igreja, mas não soube informar os valores.

Os doleiros Cristina e Birmarcker estão na relação de investigados no Caso Banestado (inquérito federal sobre evasão de divisas). Em 2004, foram alvo da Operação Farol da Colina - maior ofensiva da história da Polícia Federal contra crimes financeiros no País. Cristina e Birmarcker foram presos na ação e hoje respondem a processo na 2.ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

No Brasil, Macedo e Alba estão entre os diretores do chamado Grupo Universal processados sob as acusações de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro obtido de fiéis por meio de estelionato. Alba representaria no País as empresas Investholding e Cableinvest, ambas sediadas em paraísos fiscais. A acusação sustenta que elas seriam usadas para a lavagem de dinheiro.

Provas. Os promotores brasileiros têm ainda como prova um relatório financeiro feito pelo Ministério Público Federal que relaciona algumas remessas supostamente ilegais feitas pela Diskline para a Cableinvest. A empresa teria movimentado recursos por meio da conta Beacon Hill, no JP Morgan Chase Bank, de Nova York, mantida pelos doleiros.

As provas sobre essas remessas foram encontradas em um CD apreendido na sede da casa de cambio pela PF. Uma tabela descreve remessas que totalizam R$ 7,5 milhões (em valores da época) feitas entre agosto de 1995 e fevereiro de 1996.

Na esfera estadual, as investigações seguem em duas frentes - uma comandada pela Promotoria do Patrimônio Público e Social e outra pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A primeira pode levar ao bloqueio e à perda dos bens dos diretores da igreja no Brasil. A segunda investigação pode levar à condenação criminal dos acusados.

PARA ENTENDER

Edir e mais 9 são acusados


Em agosto de 2009, a 9.ª Vara Criminal de São Paulo aceitou denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e instaurou ação penal contra Edir Macedo e nove integrantes da Igreja Universal. Eles são acusados de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A denúncia foi resultado de dois anos de investigação conduzida por promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A acusação sustenta que o dinheiro arrecadado com fiéis seguiu para empresas de fachada no exterior e depois foi repatriado por empresas fictícias abertas em nome de dirigentes da igreja.

A causa pela qual, ao criticar a esquerda, não me deixo atrair pela direita.

Estado de São Paulo,
Ariel Palacios.

por Ariel Palacios


27.abril.2010 23:12:11

blogpaulschaefer3

Paul Schaefer, com permanente enigmático meio-sorriso, foi o líder político e espiritual absoluto da Colônia Dignidade durante três décadas

blog1hand-prawo2Paul Schaefer foi enterrado ontem, segunda-feira, em um túmulo sem nome no cemitério Parque Recuerdo de Puente Alto, depois que os habitantes de Villa Baviera, que ele fundou e administrou durante três décadas e meia, recusaram-se a albergar seu corpo para o descanso eterno em suas terras.

Somente cinco pessoas acompanharam seu féretro em Puente Alto, que ao sair da casa funerária Lar de Cristo precisou esquivar uma multidão que lhe arremessou .

Motivos para que Schaefer fosse considerado persona non grata havia de sobra, já que possuía um currículo controvertido. Esse ex-cabo do exército do Terceiro Reich, além de declaradas simpatias (e militância) nazista, era pedófilo. De quebra, participou de torturas a prisioneiros políticos da ditadura militar chilena, com a qual colaborou ativamente com a “Colônia Dignidade”, uma fazenda de 17 mil hectares, que serviu de centro de detenção clandestino. E, além disso, era declarado amigo do general Augusto Pinochet.

Schaefer, que morreu no sábado no hospital da ex-penitenciária de Santiago do Chile, estava preso desde 2005, quando foi detido na Argentina, para onde havia fugido em 1997.

Durante oito anos esteve escondido em território argentino.O motivo: fugir da Justiça chilena, que o havia condenado a 7 anos de prisão por homicídio, a 3 anos por posse ilegal de armamento, outros 3 anos pela aplicação de torturas, além de 20 anos por abusos sexuais a meninos.

A carreira de Schaefer começou em Sieburg, um vilarejo à beira do Reno, próximo a Bonn. Ali, entrou para o partido nacional-socialista de Adolf Hitler. Na sequência, alistou-se nas tropas nazistas que invadiram a França.

Com a derrota germânica em 1945, Schaefer entrou em uma igreja batista na Alemanha. No final dos anos 50, decidiu criar sua própria instituição social, a “Missão Social Privada”. Ali comandava sessões de leituras bíblicas nas quais seus seguidores começaram a acreditar que ele possuía “características divinas”. Mas, o que poucos sabiam é que Schaefer sodomizava os menores de idade levados pelos pais à instituição do ex-cabo nazista.

blogcoloniadignidad

Entrada da Colônia Dignidade

Em 1961, foi denunciado. Schaefer decidiu fugir para o distante Chile. Ali, acompanhado por dezenas de seguidores, criou a “Sociedade Beneficente Dignidade” na região de Maule.

Schaefer fez da “Colônia Dignidade” seu feudo pessoal, um espécie de pequeno país-igreja que continha em suas 17 mil hectares uma escola, padaria, refeitórios, um hospital, moradias, áreas de plantação, cinco empresas (que funcionou fora da legislação trabalhista e tributária do Chile durante décadas), além de uma rede secreta de túneis e bunkers. A colônia, protegida por cercas de arame farpado, havia ficado de fora de todos os censos realizados no Chile. Os habitantes tinham um contato mínimo com o exterior e eram doutrinados constantemente. Todos os colonos provenientes da Alemanha eram proibidos de manter contato com seus parentes na terra natal.

Schaefer determinou que as famílias que residiam na Colônia deveriam ser separadas. Desta forma, sob ordens de seu líder, os pais não podiam falar com seus próprios filhos. As crianças não sabiam que tinham irmãos. As relações sentimentais estavam controladas por Schaefer e só podiam acontecer após sua autorização.

Crianças dos camponeses da área de fora da Colônia eram entregues a Schaefer, que prometia a seus pais que seus filhos teriam “educação gratuita”. Schaefer gostava de ser chamado de “tio permanente” de Dignidade.

A maior parte dos habitantes da Colônia – boa parte deles imigrantes alemães e camponeses chilenos – trabalharam durante anos de graça para Schaefer. “Era um Estado dentro do Estado”, afirmaram juristas, sociólogos e políticos chilenos nos anos 90, quando o funcionamento da sinistra estrutura tornou-se público.

A SERVIÇO DE PINOCHET

blogcoloniadignidadpinochetyluci

O general Augusto Pinochet, acompanhado por sua esposa Lucía, em visita à Colônia Dignidade, centro onde Schaefer praticava a pedofilia sem impedimentos do governo militar

blog1hand-prawo2A partir do golpe de 1973, protagonizado pelo general Augusto Pinochet, a Colônia Dignidade transformou-se também em um centro clandestino da DINA (o serviço secreto do regime de Pinochet). Ali foram detidas e torturadas centenas de prisioneiros do regime.

O estabelecimento de Schaefer também foi usado para a fabricação clandestina de gás sarin, que a ditadura utilizava em pequenas doses para realizar atentados contra exilados políticos no exterior.

O lugar também transformou-se em um estabelecimento de produção de armas. Um dos túneis da colônia os homens de Schaefer copiaram uma sub-metralhadora israelense e a produziram de forma clandestina.

A colônia começou a chamar a atenção em 1985, quando o acadêmico americano Bris Weisfeiler, judeu nascido na Rússia, desapareceu quando estava acampando nas proximidades do feudo de Schaefer. Weisfeiler, cujo corpo jamais foi encontrado, teria sido detido e torturado por Schaefer e outros nazistas do lugar durante três anos, segundo indicam relatórios do Departamento de Estado dos EUA.

Pouco tempo depois foi a vez do turista holandês Marteen Visser, um belo jovem de 18 anos de cabelos loiros encaracolados que teria sido usado por Schaefer para satisfazer seus instintos pederastas. Marteen nunca foi localizado. Mas, diversas testemunhas afirmam que foi prisioneiro de Schaefer durante anos.

Diversas denúncias sobre abusos sexual de crianças e adolescentes foram realizadas na Alemanha ao longo dos anos 80. No entanto, o governo Pinochet ignorou todos os pedidos de investigações.

FIM DE SCHAEFER

blog1hand-prawo2Em 1990 o governo Pinochet acabou. A proteção de Schaefer estava terminada.

Entre 1991 e 1994 a Justiça pressionou Schaefer, que ainda contava com respaldos de setores políticos civis alinhados com o ex-ditador.

Com a volta da democracia começaram a aparecer denúncias contra o líder da Colônia, indicando que havia abusado sexualmente de dezenas de crianças.

Em 1997 a Justiça chilena entrou na Colônia Dignidade para prender Schaefer, o líder da comunidade havia desaparecido. Escondido nos túneis secretos da colônia, ali permaneceu até que conseguiu fugir para a Argentina com a ajuda de velhos amigos ex-integrantes das ditaduras de ambos países.

A Justiça encontrou os restos de diversos automóveis enterrados nos terrenos da Colônia Dignidade. Os carros pertenciam a opositores políticos do regime de Pinochet que haviam sido assassinados.

blogpaul-schaeffer

Schaefer foi detido na Argentina em março de 2005 graças à uma investigação jornalística do Canal Trece, do Grupo Clarín. Sua filha adotiva, Rebeca, foi sua permanente companheira Schafer nunca explicou em quais circunstâncias havia adotado a filha.

Nesse mesmo ano o presidente Ricardo Lagos envia um interventor à Colônia Dignidade. As autoridades chilenas descobrem um colossal arsenal no lugar, incluindo lança-mísseis, granadas, além de armas leves automáticas.

Simultaneamente, centenas de ex-colonos retornam para a Alemanha, enquanto que os 200 habitantes que ficam iniciam uma revisão coletiva do sinistro passado. Com o respaldo da embaixada da Alemanha, os habitantes remanescentes são ajudados por uma equipe de psicólogos.

Segundo um dos psiquiatras, Niels Biederman, somente Schaefer praticava a pedofilia. “Somente ele, mais ninguém…”.

Com o fim do reinado de Schaefer, Colônia Dignidade foi rebatizada de “Vila Baviera”.

Em 2008, a comunidade de Vila Baviera divulgou uma carta aberta na qual expressa o repúdio ao passado do estabelecimento e sobre a “perversidade” de Schaefer e sua intenção de inserir-se na sociedade chilena.

Atualmente, Vila Baviera vive do turismo, dos trekkings, e mantém um dos melhores restaurantes da região, especializado em gastronomia alemã.

Correio Popular de Campinas

Publicada em 28/4/2010


Sobre Gilberto Freire


Lisa Jardine, historiadora que pesquisa a história do Renascimento, publicou tempos atrás um livro sobre Erasmo e a fabricação da fama em proveito próprio, algo banal entre intelectuais (Erasmus, Man of Letters, The Construction of Charisma in Print, 1993). Na trilha de outros que denunciaram os truques usados pelos pioneiros da cultura moderna - para subir na vida acadêmica, política, econômica e social - a autora mostra a via seguida pelo monge agostiniano (como Lutero) que se tornou sinal de contradição na fé (dizem que ele mais destruiu a unidade eclesiástica do que os reformadores), na política, na literatura.

A receita de Erasmo é infalível. Primeiro definir um plano de vida no qual o estudo seja a diretriz, adquirindo fama de inteligência, erudição, refinamento. Depois achar editores que saibam gerar vínculos comerciais e de propaganda, sobretudo entre ricos e poderosos (tolos ou inteligentes), além de induzir vendas e compras sem demasiados escrúpulos éticos. No caminho, reunir companheiros que evocassem seu nome tantas vezes quantas necessárias para convencer o “mundo” da superior maestria ostentada por... Erasmo! Finalmente, atacar instituições e costumes, sejam eles respeitáveis ou não, angariando fama de inovador revolucionário, pois os homens adoram novidades e logo se cansam de velhos estilos e apelidos. Erasmo praticou todas as técnicas indicadas. Ele estudou grego com enorme sacrifício para dominar os manuscritos trazidos à Europa pelo cardeal Bessarion e outros fugidos de Constantinopla. Ele aprendeu de Lorenzo Valla e discípulos (o mesmo ocorreu com Lutero) os mistérios filológicos e históricos, além da irritação com o aristotelismo e suas argúcias metafísicas. Ele encontrou editores capazes de tudo fazer para espalhar livros e obter lucros em todos os mercados. Ao mesmo tempo, ele estabeleceu elos com governantes do Estado e da Igreja, deles entoando o panegírico, pago em dinheiro sonante. Na companhia de Tomás Morus, Erasmo gerou conventículos em universidades e corporações de estudiosos, adquirindo fama de “maior letrado de todos os tempos”. O programa, claro, incluiu zombar dos monges que praticavam charlatanismos, dos professores universitários, dos advogados, médicos e demais convivas da Loucura.

Se a fama lhe trouxe inimigos (e ameaças de fogueiras inquisitoriais) ela legitimou o mito de sua superioridade. Esperto, ele nunca se instalou, como o colega Morus, em gabinetes de poder que trazem ganhos e desgraças aos ocupantes temporários. Sua atividade nunca o levou aos compromissos exigidos pelo Estado, Igreja e demais instituições de mando. Bastava ao escritor, cantado em prosa e verso, o verbo e as verbas extraídas dos cofres públicos ou particulares. Erasmo se tornou o modelo do intelectual “independente” que busca pairar sobre todos os partidos, querendo ser cortejado pela maioria.

Gilberto Freire usou as mesmas astúcias para promover seu nome e influência no mundo oficial e civil. Acaba de ser publicado o livro de Silvia Cortez Silva, Tempos de Casa-Grande, 1930-1940 (São Paulo, Ed. Perspectiva, 2010). Com escrita refinada, a autora oferece um retrato inédito do famoso inspirador dos conservadorismos, de ontem e de hoje, em nosso país e no mundo. A farta documentação colhida por Cortez Silva fundamenta uma diatribe devastadora contra o escritor que se tornou oráculo nas ditaduras, sobretudo no que se relaciona ao racismo, ao antissemitismo e outras mazelas. Não examino passo a passo o livro, porque não quero retirar do leitor o acicate (às vezes, a ojeriza diante de coisas escritas pelo “grande homem”) de refletir sobre a raiz venenosa do preconceito, cujo apelido no Brasil é “ciência”. Acho mais sutil do que os dogmas de Nina Rodrigues, mas com idêntico poder de morte. Freire foi consagrado por usar os mesmos truques movidos por Erasmo e todos os escaladores sociais (grandes ou nanicos) do chamado “reino espiritual do espírito”. O leitor inteligente e honesto descobre, no livro em pauta, boa parcela da miséria do Brasil e de seus lamentáveis intelectuais. Parabéns à autora e seu editor, pela coragem e lucidez evidenciadas em páginas serenas mas candentes. Boa leitura!


terça-feira, 27 de abril de 2010

UOL Esportes.

27/04/2010 - 07h00

Com quinteto de 108 anos, dirigentes ficam ao menos dois ciclos no Brasil olímpico

Bruno Doro e Felipe Munhoz
Em São Paulo

Em ano de eleição presidencial, todo o país discute quem vai assumir o lugar de Luis Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Esse diálogo de sucessão, porém, não existe no cenário esportivo. O maior exemplo disso é o quinteto de cartolas eternos que comandam, há mais de 20 anos, suas confederações.

Somados, Roberto Gesta de Mello, do atletismo, Coaracy Nunes, dos esportes aquáticos, Ricardo Teixeira, do futebol, João Tomasini, da canoagem, e Manuel Luiz Oliveira, do handebol, chegam a 108 anos como dirigentes máximos de suas modalidades por aqui. A média de permanência dos cartolas nas 26 confederações olímpicas do país é de mais de dois ciclos olímpicos. Hoje, a média fica em 8,3 anos. Mas a maioria tem mandato até os Jogos de 2012, quando esse número vai ultrapassar os dez anos.

"PODER POR TEMPO LONGO DE UM SÓ GRUPO VIRA TUMOR", DIZ PROFESSOR

"É preciso que haja uma renovação para que a sociedade seja atingida. Todos nós temos limitações de trato com outras pessoas. Em uma confederação, se fica o mesmo grupo por 20 anos, esta confederação está atenuando as possibilidades, está diminuindo as modalidades e favorecendo setores em detrimento de outros.

Quando um grupo fica por 40 anos no poder, é uma espécie de tumor, que impede algumas células de se desenvolver. A experiência pessoal é absorvida se ela entra em um movimento de renovação. Se o sujeito que fica no cargo repete os mesmos equívocos e acha que está fazendo tudo certo, os erros podem ser irreparáveis. É o que eu vejo no futebol. É fantástico os meninos do Santos estejam encantando o público. Mas se você não aproveitar a juventude deles, eles podem se tornar velhinhos. O que interessa é a movimentação dos cargos."

Depoimento de Roberto Romano, professor de ética e política da Unicamp

Professor de ética e política da Unicamp, Roberto Romano explica que toda entidade comandada há muito tempo por um mesmo grupo é negativo. “Todos nós temos limitações de trato com outras pessoas. Eu, que tenho quase 70 anos, tenho dificuldades de trato com algumas pessoas. Em uma confederação, se fica o mesmo grupo por 20 anos, esta confederação está atenuando as possibilidades, está diminuindo estas modalidades e favorecendo setores em detrimento de outros”, explica.

“Vamos pegar o campo do futebol, por exemplo. O pessoal que fica muito tempo no cargo não consegue perceber que está impedindo que novas ideias apareçam. No Campeonato Paulista, você vê que tudo é feito pela cabeça dos dirigentes”, completa Romano.

Gesta de Mello, recordista brasileiro com 23 anos no cargo, diz que está de saída. Aos 65 anos, ele quer se dedicar mais aos filhos e assumir os negócios da família. “Quando assumi, tive de tirar dinheiro das minhas empresas para pagar a folha salarial. Hoje, os tempos são melhores e vejo a possibilidade de passar o cargo. O grande denominador é o que a comunidade, os atletas, dirigentes e técnicos pensam. E eles estão satisfeitos”.

APÓS 23 ANOS, GESTA DIZ QUE "HOUVE EVOLUÇÃO EM TODOS OS SENTIDOS"

"Quando eu assumi a confederação os tempos eram outros. Não tinha patrocínio como hoje. A gente não tinha dinheiro nem para pagar a folha salarial. Tive que colocar dinheiro de empresas da família. Todas as promessas de não deixar atleta sem viajar foram cumpridas. Houve uma evolução em vários sentidos. A confederação está em Manaus, mas funciona no Brasil inteiro com técnicos internacionais, Grand Prix.

Para ter participação internacional, você tem que ter um reconhecimento e, neste caso, o tempo é muito importante. Por outro lado, talvez provoque estagnação. Mas nós tentamos suprir isso com o fórum de atletas, dirigentes e técnicos.

Hoje os tempos são melhores e vejo a possibilidade de passar o cargo. O que interessa é se a comunidade está satisfeita. Eu não pretendo ficar depois de 2012. Preciso me dedicar a minha vida pessoal, à família, aos negócios da família. Em 2012, quem assumir terá o seu caminho próprio, daí veremos se serão formas mais eficazes e que agradam."

Depoimento de Roberto Gesta de Mello, presidente da CBAt

A imagem da CBAt, aliás, é positiva no meio esportivo. Dirigentes consultados pela reportagem elogiaram Gesta, mesmo criticando o tempo de permanência longo dos “presidentes olímpicos”. “Em quatro anos, é muito difícil conduzir qualquer projeto. Ninguém é dirigente profissional. Nos primeiros quatro anos, você pega o jeito da coisa. Os quatro anos seguintes são os anos produtivos. Eu sou a favor de um limite de reeleições. Mas cada caso é um caso. No atletismo, por exemplo, a maioria dos que falam, elogiam o Gesta. Depende muito do que o presidente fez. Temos exemplo do basquete e do tênis, por exemplo, que tinham gestões longas e foram trocadas”, comenta Celso Wolf Júnior, do badminton, há cinco anos no cargo.

Segundo Paulo César Montaqner, diretor da faculdade de educação física da Unicamp, o sistema político-esportivo brasileiro cria esses cartolas eternos. “Eu pertenço a uma universidade que muda de gestão a cada quatro anos. Fico até maio de 2010. Mesmo que a comunidade queira a permanência, o sistema não permite. No esporte, isso não existe”, diz Montaqner. “Esse não é um modelo produtivo. É limitado, centralizado. Confederações esperam as federações que aguardam os clubes”, completa.

Aos poucos, porém, as mudanças vão acontecendo. No basquete, por exemplo, o gaúcho Carlos Nunes assumiu o lugar de Gerasime Bozikis, o Grego, no ano passado. “Uma das primeiras ações da nova gestão foi pedir a mudança do estatuto, para que o presidente só possa ser eleito para uma reeleição”, fala Nunes.

Movimentos como esse ainda não chegaram ao órgão máximo do esporte olímpico brasileiro. Carlos Arthur Nuzman está no poder desde 1995. O mandato termina em 2012. Com as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016, no entanto, ele pode seguir no comando por mais quatro anos e chegar a 21 anos de poder.