sábado, 31 de julho de 2010

Repaginado, PV deixa para trás propostas polêmicas

Agora representado por Marina Silva na corrida presidencial, partido deixou no passado sugestões como a criação da 'ecotaxa'

Ana Paula Prado, IG São Paulo | 31/07/2010 09:00

Doze anos depois de sua última tentativa de lançar um candidato na disputa presidencial, o PV entra na corrida ao Palácio do Planalto com o discurso diferente do que encampou no passado. Se agora o partido investe no tom moderado, em 1998 o discurso do então candidato à Presidência Alfredo Sirkis previa até mesmo a criação de uma taxa para financiar projetos socioambientais.

Foto: Adriana Elias/iG

Marina Silva, candidata do PV à presidência da República

No programa de governo lançado na época, o PV propunha a criação da ecotaxa municipal de 0,5%, que incidiria sobre produtos como tabaco, bebidas alcoólicas e gasolina. Já nas diretrizes do programa de governo de Marina, que ganharam uma nova versão esta semana, a sigla prefere apostar na simplificação da legislação tributária, substituindo impostos, ao invés de criá-los.

“Em 98, havia margem para a criação de novos tributos. Hoje, isso é inviável”, argumenta Sirkis, para quem a mudança de abordagem é resultado do amadurecimento do partido.

Hoje, Sirkis admite que sua candidatura à Presidência em 1998 era apenas “testemunhal”. “Não passava pela nossa cabeça ganhar as eleições, nossa intenção era fazer o partido conhecido. Hoje, nossas diretrizes são factíveis de realização em quatro anos de um governo também factível”, diz o vereador, que disputa este ano um cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro.

No texto das novas diretrizes, protocolado no início do mês de julho no Tribunal Superior Eleitoral, temas como redução dos gastos públicos, combate à corrupção, aprimoramento do ensino básico e acesso à internet banda larga através de projetos de desoneração fiscal, ganham destaque ao lado de questões “verdes”, levantadas como bandeira no pleito anterior.

Ainda que a questão ambiental perpasse todo o plano apresentado por Marina ao lado de sua equipe de colaboradores, aliados da senadora argumentam que o debate ambiental agora está incorporado na mídia, nas escolas, nas empresas e também no embate político. “As questões verdes cresceram mais que nosso partido”, avalia Sirkis.

Para o filósofo Roberto Romano, professor titular do departamento de filosofia da Unicamp (Universidade de Campinas), o PV se distinguia no passado por chamar a atenção para a questão ambiental que - se está longe de ser equacionada junto às empresas e poder público - pelo menos já faz parte de tratados políticos e comerciais internacionais, onde a sustentabilidade é moeda de troca para acordos bilaterais.

“Hoje, os partidos políticos incorporam o discurso ambiental em suas propostas e o PV desponta como o partido da moralidade, lugar ocupado pelo PT quando ainda era oposição”, analisa Romano. Ele destaca que Marina, que ocupou o posto de ministra do Meio Ambiente no governo Lula, manteve-se à margem dos escândalos de corrupção que eclodiram na imprensa nos últimos anos. Para o cientista político Fernando Abrúcio, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o PV se apresenta como opção aos descontentes. “É um processo que tem a ver com a figura da Marina Silva.”

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Marta Bellini...ou...The World Turned Upside Down... ou de ponta cabeça como dizemos em São Paulo!


Marta Bellini: lembrei-me da música que melhor poderia dar conta do que você pensa e sente, neste mundo virado de ponta cabeça...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Contrariando a maré....


O segredo do insucesso é querer agradar a todos. (Provérbio, cap-tirado de um texto lá no Blog do Solda. E como penso que é impossível agradar a todos, o que é igual a mentir a todos...) Taí!

E segue a letra da música, muito irônica e certeira:

The World Turned Upside Down

The text of this ballad is drawn from the Thomason Tracts (669. f. 10 (47)), where it is dated 8 April 1646. In it, the author decries the passing of all the favorite English Christmas traditions which he feels were killed at the Battle of Naseby in 1645.

The World Turned Upside Down

To the Tune of, When the King enioys his own again.
Listen to me and you shall hear, news hath not been this thousand year:
Since Herod, Caesar, and many more, you never heard the like before.
Holy-dayes are despis'd, new fashions are devis'd.
Old Christmas is kickt out of Town.
Yet let's be content, and the times lament, you see the world turn'd upside down.
The wise men did rejoyce to see our Savior Christs Nativity:
The Angels did good tidings bring, the Sheepheards did rejoyce and sing.
Let all honest men, take example by them.
Why should we from good Laws be bound?
Yet let's be content, &c.
Command is given, we must obey, and quite forget old Christmas day:
Kill a thousand men, or a Town regain, we will give thanks and praise amain.
The wine pot shall clinke, we will feast and drinke.
And then strange motions will abound.
Yet let's be content, &c.
Our Lords and Knights, and Gentry too, doe mean old fashions to forgoe:
They set a porter at the gate, that none must enter in thereat.
They count it a sin, when poor people come in.
Hospitality it selfe is drown'd.
Yet let's be content, &c.
The serving men doe sit and whine, and thinke it long ere dinner time:
The Butler's still out of the way, or else my Lady keeps the key,
The poor old cook, in the larder doth look,
Where is no goodnesse to be found,
Yet let's be content, &c.
To conclude, I'le tell you news that's right, Christmas was kil'd at Naseby fight:
Charity was slain at that same time, Jack Tell troth too, a friend of mine,
Likewise then did die, rost beef and shred pie,
Pig, Goose and Capon no quarter found.
Yet let's be content, and the times lament, you see the world turn'd upside down.



It´s about nothing.

Eu tenho TUDO contra Collor, sempre tive e terei, salvo se ele cair do cavalo e se transformar no anti-Collor. E tenho tudo contraos fascistas que, na época, o hostilizavam e hoje o beijam na face ou no traseiro. Tenho vergonha por eles. Mas também tenho TUDO contra eles. O jornalista, ao dizer que não tem nada contra o sujeito das Alagoas, assume a mesma tática das vítimas do nazifascismo: eles cederam. A resposta ao sujeito seria dar o troco, na hora. Cobrir eleições onde pessoas daquele jaez concorrem, é fazer péssimo jornalismo. A tibieza nunca é boa política. RR





sexta-feira, 30 de julho de 2010

The Goodfellas

Fernando Collor de Mello nunca deixou de ser coronel, nem mesmo quando estava ostracizado após o impeachmeant, continuava a dar cartas em Alagoas, voltou a política como senador de Alagoas e com poderes pois é um dos aliados de Lula. O epísódio relatado pelo o Globo mostra como Collor, Lula e 99% da classe política encaram a democracia, eles são os donos e o restante deve se curvar a suas exigências, quando são desafiados, ameaçam. Pelo visto o eleitorado brasileiro também entende que a política deve ser regida desta maneira, não só Collor conseguiu se eleger novamente como Lula e o petismo passaram ilesos diante do eleitorado depois de todos os escândalos nestes últimos oito anos.
Ele é aliado de Dilma, bem eles se parecem muito.

O mais chocante é o jornalista afirmar que não "tem nada" contra Collor. Todo mundo que se preze deveria ter muito contra Collor de Mello.


Collor faz ameaças a jornalista

O Globo

RIO - O senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) voltou a mostrar sua ira. Na tarde desta quinta-feira, o candidato ao governo de Alagoas ligou para a redação da sucursal de Brasília (DF) da revista IstoÉ e ameaçou o jornalista Hugo Marques devido a uma nota publicada na edição de 21 de julho sobre o pedido de impugnação da candidatura do político alagoano.
(Leia também: Collor lança nova versão de jingle de campanha sem Lula e Dilma, depois de proibição do TRE)

"Quando eu lhe encontrar, vai ser para enfiar a mão na sua cara, seu filho da p...", esbravejou Collor, após explicar ao repórter o motivo de sua ligação.


Em entrevista ao Portal IMPRENSA, o jornalista ameaçado declarou que, ao constatar o teor da ligação, preferiu desligar o telefone imediatamente.
- Eu não queria ouvir insultos e nem responder. Fico preocupado dele tentar arrancar alguma agressividade minha. Se eu criar um conflito com ele, fico impedido de cobrir. Então não falei nada - revelou.
O jornalista disse que não vai se manifestar contra o político e que também não pretende acionar entidades de classe, porém considerou "lamentável" a atitude do ex-presidente", já que vivemos num regime democrático.
- Não tenho nada contra ele, mas é lamentável que um sujeito desses ligue para uma redação e ameace uma pessoa. Ele poderia ter mais cautela, poderia respeitar os direitos humanos - concluiu.
O jornalista revelou, ainda, que Collor estaria desgostoso com a revista por conta de outras matérias em que o político é citado, principalmente a respeito de uma entrevista com sua ex-mulher, Rosane Malta, em que é indicado como sonegador de impostos.

O Globo 30/07/2010

RIO - Os quatro policiais militares vão receber diploma, homenagens e passarão o dia dos pais de folga, em casa com a família. Eles foram responsáveis pela prisão, na madrugada desta quinta-feira, de um rapaz de 18 anos que tentou suborná-los, oferecendo R$ 19 para escapar do flagrante por estar dirigindo sem habilitação. A iniciativa foi tomada pelo tenente-coronel Luiz Carlos Leal Gomes, novo comandante do 9º BPM (Rocha Miranda). O coronel quer mostrar à tropa que tais iniciativas são bem-vindas:

- Nossa orientação aqui no 9º BPM, assim como do comando da corporação, é tolerância zero com o crime. Seja ele qual for. Combate ao criminoso respeitando as leis.

O 2º sargento Sidnei Moraes, os cabos Waldemir Martins e Alexandre Vilares e o soldado Alan dos Santos, faziam uma blitz na Travessa da Amizade, na Vila da Penha, na madrugada desta quinta. O local é usado como rota de passagem de traficantes, que costumam assaltar e roubar carros nas região. Os PMs pararam o Peugeot 207 dirigido por Allan Souza Anjos. Sem habilitação, ele teria entregue aos policias sua carteira de identidade juntamente, com R$ 19 escondidos. E, antes de qualquer manifestação dos militares, perguntou: "Tá Bom?"

- Os policiais disseram 'sim, tá bom! Você está preso em flagrante por tentativa de suborno.' Na delegacia (o caso foi encaminhado à 38 DP, no Irajá), o pai do rapaz ainda tentou intimidar os policiais afirmando que era influente e que conhecia muitos outros policiais. Não adiantou: o rapaz ficou preso, acusado de corrupção ativa - lembrou o major André Silveira, subcomandante do 9º BPM.

Propina no caso do skatista teria revoltado a tropa

O batalhão de Rocha Miranda tem cerca de 800 policiais para patrulhar uma área como mais de 90 comunidades carentes. A ideia é reforçar o policiamento em vias usadas como rotas de fuga dos criminosos, principalmente impedindo os chamados "bondes" (caravana de carros roubados com criminosos armados no interior.

Para o tenente-coronel e o major, o caso dos dois policiais militares acusados de cobrar R$ 10 mil de propina de Rafael Bussamra, atropelador do filho de Cissa Guimarães, "respingou em toda a corporação".

A solenidade que irá prestar homenagem aos quatro policiais militares ainda não tem data, mas o comandante do º9 BPM informou que os parentes dos militares serão convidados.

Na opinião de Roberto Romano, professor de ética pública e filosofia política da Unicamp, a polícia é uma instituição em crise, a tal ponto que quem se depara com um policial honesto leva um susto.

Veja entrevista (Veja Multimidia)

Sociedade

Roberto Romano: “Ética é um comportamento coletivo”

Para professor, morte do filho de Cissa Guimarães expõe falta de limites. E comportamento de Felipe Massa pode pôr em risco a credibilidade da F-1

Mirella D'Elia

“A essência do jogo é a obediência à regra. Aquele que é trapaceiro suspende o jogo imediatamente. O esporte passa a ter menor credibilidade popular. Veja a quantidade de pessoas que dizem que não vão mais acompanhar as corridas porque acreditam que se trata de marmelada. Isso prejudica a totalidade do esporte”

A discussão sobre a ética nas relações pessoais e profissionais entrou em pauta por causa de três episódios recentes: a morte do músico Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, atropelado no Rio; a conduta do piloto de Fórmula-1 Felipe Massa, orientado a ceder a vitória para Fernando Alonso; e a não-contratação do técnico do Fluminense, Muricy Ramalho, para treinar a seleção brasileira.

Em entrevista a VEJA.com, o professor de Filosofia Política e Ética da Unicamp, Roberto Romano, diz que a morte do jovem é um exemplo da “péssima ética” que impera na sociedade brasileira. E mostra a falta de limites de autoridades – há suspeitas de pagamento de propina para policiais - e das pessoas envolvidas. “A ética é um comportamento coletivo. A moral é ligada ao comportamento do indivíduo”, afirma.
Credibilidade - O esporte entrou em pauta na segunda parte da entrevista. Na avaliação do especialista, a atitude de Massa pode pôr em risco a credibilidade da F-1. “A essência do jogo é a obediência à regra. Aquele que é trapaceiro suspende o jogo imediatamente. O esporte passa a ter menor credibilidade popular. Veja a quantidade de pessoas que dizem que não vão mais acompanhar as corridas porque acreditam que se trata de marmelada. Isso prejudica a totalidade do esporte”, afirma.
Por fim, Romano diz que Muricy não estaria agindo de forma anti-ética se aceitasse o convite para treinar a seleção brasileira. Desde que a negociação fosse límpida.

30 de Julho de 2010

  • compartilharCOMPARTILHAR

VEJA Entrevista

Roberto Romano: "Ética é um comportamento coletivo"

Roberto Romano, professor de Filosofia Política e Ética da Unicamp, conversa com Mirella D'Elia sobre as discussões éticas presentes na morte de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães. O esporte também entra em pauta: os casos de Felipe Massa, que cedeu a vitória a Felipe Alonso; e a não-contratação de Muricy Ramalho como técnico da seleção brasileira de futebol são abordados


quinta-feira, 29 de julho de 2010



www.sponholz.arq.br
42 mil mortos in loco, fora os que morrem em leitos de hospitais. Mais de 300 mil feridos, incapacitados pelo resto da vida. Um crime de milhares de vítimas e um só culpado; o governo. Governos passados e governo presente.

Do amigo Alvaro Caputo. Um misticismo muito....singular!

Sacerdote que abençoou Evo é preso com cocaína

Valentin Mejillones

Valentín Mejillones foi preso em casa processando a droga vestido com suas roupas cerimoniais


O Estado de S. Paulo/Veja


Valentín Mejillones, o sacerdote aimará que abençoou a posse de Evo Morales em janeiro, foi preso com 240 quilos de cocaína líquido, ao lado de um casal de colombianos, nesta quinta-feira, 29.


De acordo com o diretor do departamento antinarcóticos da polícia boliviana, ele foi detido na noite de terça-feira em sua casa, em El Alto, na Grande La Paz, processando cocaína, vestindo suas roupas cerimoniais. O filho do sacerdote e um casal de colombianos ainda não identificado pela polícia estavam no local do crime.


"Fui enganado pelos colombianos, não tenho nada a ver com isso. Lhes fiz um favor, me disseram que iam fazer pastilhas de ervas e pomadas", disse o acusado.


"Não importa quem seja, a pessoa que cometeu irregularidades deve submeter-se à lei", disse o vice-presidente Alvaro Garcia. "Não foi escolhido pelo presidente, mas pelos religiosos andinos".

O povo "cordial" e sem preconceitos...

Nota de Pesar

A Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo lamenta profundamente o crime de homicídio ocorrido na cidade de Campinas, no último domingo, dia 25 de julho, tendo vitimado a militante travesti Camille Gerin.

Camille tinha destacada atuação no movimento LGBT do Estado de São Paulo, tendo sido integrante do Grupo E-Jovem e da organização não governamental Identidade – Grupo de Luta pela Diversidade Sexual.

Como instrumento de promoção de políticas para a população LGBT do Estado, repudiamos com veemência todos os crimes de natureza homofóbica. Neste sentido, empenhando os esforços para a total elucidação dos fatos, já acionamos os órgãos competentes para investigação e acompanhamento judicial, bem como para o devido amparo aos familiares da vítima.

O respeito aos direitos da diversidade sexual deve ser assegurado como pressuposto à afirmação da cidadania de todos, independentemente da orientação sexual e identidade de gênero de cada pessoa.

Apresentamos aos familiares, militantes, colegas e amigos enlutados nossos sentimentos de pesar e consternação.

São Paulo, 28 de julho de 2010.

Dimitri Sales

Coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual

Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania

Governo do Estado de São Paulo

Cara Marta Bellini: "nós éramos os leopardos, os leões, agora chegaram as hienas" (O Gatopardo)...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Leoninos

Agosto, mês do cachorro louco. Mês dos leoninos. Minhas irmãs (três, Marilza, Teresa e Maria Helena) diziam que eu era do mês do cachorro louco. Provocação. Eu sabia que era de leão. rau! Rau! rau! Filha mais velha, primogênita (predileta do avô Joaquim). Nasci com pai e mãe (não se assustem, há muitas crianças que nascem sós). Ambos com 24 anos. No século passado era assim. Fui adotada pelo meu avô Joaquim. Grande avô. Quando eu nasci ele disse para minha avó Benedita: "A Rosinha teve uma filha linda. A mais bonita que eu já vi". Minha mãe era a dileta de meu avô. Ela me contou. Eu me lembro do avô Joaquim pela serenidade. Cada vez que me visitava em Porto Ferreira (morava em Descalvado, terra em que morou também Ligia Fagundes Telles, segundo o Drumond), ele levava uma caneca de presente; levava jaboticabas em uma cesta feita a mão. Na pequena cozinha de minha mãe ele fazia bolinha de pão para eu comer. Tirava o miolo e fazia bolinhas. Paciência de Jó. Morreu aos 62 anos com câncer de estômago. Eu tinha 6 anos. E nunca mais tive um companheiro daqueles. Voltei para a casa de minha mãe. Cheia de irmãos (o povo irmão, me desculpem!). Sem Joaquim. Sem caneca, sem jaboticaba. Mas, leonino não desiste. Fui à luta. Encontrei muitos joaquins e joaquinas na vida. Viver é bom.
Hoje o querido Santiago me ligou. Convite: aniversário dia 14 de agosto! Uau! Santiago! bem-vindo ao Clube do cachorro louco! Fundado em 1955.
Há mais um amigo (ainda virtual) que nasceu em agosto: o SOLDA. 22 de agosto, quase virgem.
Viva agosto
A-gosto
Com gosto
Vivemos
A encher o saco dos outros.
E leonino que é bom mesmo, penteia a juba, faz franja nos pelos. Dorme o sono dos justos. Não ataca senão quando necessário. Gosta de paz. Leoninos fêmeas detestam machistas. Por isso, brigam muito com chimpanzés, conhecidos por seus ataques às fêmeas. Gostam mais dos bonobos. Os BOM-nobos são primatas civilizados. heheheeh. Taí, quem trabalha em zoológico dos espíritos (frase do hegel que aprendi com Roberto Romano) acredita em signos. E não me venham com discursos científicos. Estou falando de mitos. MITOS! OK, galera!?



quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ao reler esta artigo, lembrei o encontro socialista/socialite da Dra. Dilma com senhoras chiquééeeerrrimas, ocorrido recentemente...nada munda, nada..

Correio Popular de Campinas, 15/11/2005, na coluna de Roberto Romano
Publicada em 15/11/2005


De como o PT virou saco de risada

Roberto Romano


Peça em um ato. O ambiente se divide em dois: sala de redação e mesa de restaurante chic. Duas falsas loiras, com ar de peruas, trocam cumprimentos pela eleição presidencial.

“- Oi Elite, tá boa? Saudade... - minhum, minhum…

- Tô boa imprensa e você? Saudade... minhum, minhum…

- Então, contentinha com a eleição do Lula? Que chic, mulher! Gracinha o presidente, terninho Ricardo Almeida e tudo tudo! Mudaram a imagem dele, o Lula não parece mais tão agressivo. Desde que eleito, tranquilizou muito as pessoas. Tá todo mundo torcendo para que dê certo. Também, querida, a situação é complicada. Se a gente não entrega os anéis, os dedos vão embora... não se pode mais ter o carro desejado ou sair com a jóia de que se gosta nem de dia. Sempre houve pobre na rua, mas agora chegou a um ponto que incomoda. Tinha um, agora tem dez. Eu vou ao McDonalds e não consigo comer, de tanta criança pedindo dinheiro. Me embrulha o estômago.

- Certo! Você não pode mais ser feliz. Na rua, é degradante ver pais de família desesperados pedindo esmola. No trânsito, não dá nem para paquerar. Com esses vidros pretos, ninguém se vê...

- Agora a coisa melhora. Com o Lula, os pobres encontrarão o seu lugar. Nada como a gente ter ajuda de alguém que veio de lá... Espera um pouco, tá passando helicóptero. Oi? O Lula veio de lá, conhece as necessidades dessa gente. Ao mesmo tempo, pode-se dizer que circula no poder há 20 anos. É o melhor mediador que a gente podia ter nesse momento. Tenho muita fé nele.

- Claro, segundo a minha analista, as pessoas que tinham horror a esse personagem passaram a acreditar nele como mediador entre o Brasil que eles conhecem e o Brasil de que eles têm medo. Minha analista é chiquérrima!

- Ela é in !

- Mas a vida não tá fácil. A gente não pode ceder aos desejos... outro dia, no jantar do nosso people ao PT, senti um tesão tão grande de estar perto do Lula, que, não fosse meu marido me tirar dali, ficaria até de madrugada. Pedi, depois, as fotos da festa, porque queria pendurar na parede de casa.

- Comigo não é assim, cê sabe o quanto sô seletiva. Votei no Serra, mas agora, chique é apoiar Lula. É dele que o Brasil precisa. Estou muito otimista.

- Cê tem razão quanto à seletividade, também sou assim! Mas o Lula melhorou muito o visual e as idéias, deixou aquela pose de assustar criancinha e as idéias... humm, que limpeza! Eu o vi de longe no Gallery em 1980, quando ainda era metalúrgico. Tive simpatia pela pessoa, mas, na época, não votaria nele nem para síndico de prédio.

- É, infelizmente, a gente dele não muda. Veste mal, fala errado, tudo muito podre! Lula vai resolver a questão da pobreza, mas tem de quebrar ovos para fazer omelete. O problema das crianças pedintes, por exemplo, só se resolve com rigoroso controle da natalidade, mas a igreja não vai gostar nada disso. A verdade é que as pessoas colocam filhos no mundo porque rendem esmolas.

- É minha filha, mas nesse governo tucano, todo mundo perdeu. Mesmo os ricos estão inadimplentes. Você vai ao Harmonia e vê uma porção de gente com sapatinho gasto. Horror!

- A gente precisa apoiar o Lula, porque ele mostrou ser capaz de mudar. O Ricardo Almeida é detalhe. Mudou muito, muito, muito. Você sabe, não quero baixar o padrão, quero que todo mundo suba.”

Corte rápido: numa CPI qualquer, Silvio Pereira estapeia Delubio e lhe arranca fios de barba, doido pelo sumiço do sonhado Land Rover, penhor de subida na escala social. Deputados petistas acusam a imprensa e a oposição: “golpismo, golpismo, golpismo... ismo, ismo, ismo, ismo...”. Baderna geral, surras e palavrões na “Casa do Povo”.

Baixa o pano. Entra a voz de Lula evocando rigorosas investigações, invencionices jornalísticas, denuncismo. Uma turma de idiotas repete o coro, nela, incluindo-se filósofos e donos da ética na política, tranformada em frangalhos obscenos. Entram assessores com dinheiro na cueca, outros vestidos apenas com fraldas infantis, jurando inocência pura. Cheiro de cachaça no ar, espargida sobre a platéia por militantes petistas. Surge, devagar, uma voz cantando Adoniran Barbosa: “... saudosa maloca, maloca querida, dindindonde nós passemo, dias feliz da nossa vida…”.

Nota: todas as falas acima são absolutamente verídicas. Para tristeza dos que ainda têm vergonha na cara.

Veja on line.

PT e as Farc

Garcia se ofereceu como “ponte” entre Brasil e Farc

Atual assessor especial da presidência pediu audiência no Itamaraty em 1999

Fernando Mello

O encontro ocorreu no gabinete do então ministro, Luiz Felipe Lampreia, que relatou ter recusado a oferta

No final de 1999, o hoje assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia pediu uma audiência oficial no Ministério das Relações Exteriores. O encontro ocorreu no gabinete do então ministro, Luiz Felipe Lampreia. Garcia se ofereceu ao governo brasileiro para atuar como “ponte” com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Nos últimos dois dias, VEJA.com colheu relatos sobre o encontro.

Nesta quarta-feira, procurou o ex-ministro Lampreia, que confirmou a audiência. Servidor de carreira, com mais de 40 anos de Itamaraty, o ex-ministro não tem filiação partidária. “A proposta era de promover um encontro, uma relação, uma conversa”, afirmou.

Na última semana, o candidato a vice na chapa do tucano José Serra, Indio da Costa (DEM-RJ), provocou reações do PT ao dizer que o partido tem ligações com as Farc. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, chamou Indio de “desqualificado” e “medíocre”.

Em 1999, Garcia era o responsável pela área de assuntos internacionais do PT. Lampreia confirmou a conversa. “Ele pediu uma hora oficialmente, está na agenda”, relata. “Ele me fez essa oferta. Eu agradeci o espírito com que ele fez a oferta, um espírito respeitoso. Mas disse que não aceitava. Como chanceler não tinha nenhum interesse em ter contatos com representantes das Farc. A organização estava combatendo um governo constitucional, amigo do Brasil.”

Lampreia disse a VEJA.com que, recusada a oferta, Garcia não apresentou mais detalhes, nem disse qual seria o representante das Farc escalado para falar com o governo brasileiro. Naquele ano, as Farc tinham muito mais força do que hoje. Seus guerrilheiros se aproximavam da capital, Bogotá, e tinham chances de tomar o poder.


It´s about nothing.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O petismo e a realidade...

Alguém se lembra dos discursos raivosos do Sapo barbudo, antes deste assumir a presidência (off course), contra os bancos e seus lucros? Alguém se lembra do petista ao lado demonizando instituições financeiras até hoje? Pois bem, os bancos nunca lucraram tanto quanto no governo Lula, mas o que isto tem de errado? Nada se este lucro não fosse à custa de um endividamento e empobrecimento cada vez maior de pessoas físicas e jurídicas. O grande lucro bancário no Brasil se deve a um juros astronômico bancário que chegam a 6% ao mês e juros de cheque especial e cartões de crédito que ultrapassam os 9% ao mês segundo dados do Procon de São Paulo em contrapartida a um rendimento de 1% nas cadernetas de poupança ao mês e 1,25% em fundos de investimento como CDB e RDB. Esta imoralidade é a política aplicada pelo governo petista nestes oito anos.
A economia maravilhosa é realizada a base de crédito de pessoas físicas e jurídicas cada vez mais endividadas neste sistema dispare de valores de juros entre rendimento e endividamento em bancos, tanto é verdade que a própria candidata a presidência do governo Lula prefere guardar dinheiro vivo em casa, pois sabe que lhe é mais vantajoso do que aplicar ou mantê-lo na conta corrente sujeito a taxas de serviços bancários, como a mesma declarou em entrevista recente.
Tudo isto é corroborado pela matéria que segue extraída do Jornal Estado de S. Paulo. Não é necessário ser um economista e tão pouco um gênio da matemática para desvendar o panorama econômico atual do Brasil: Um 4,58 Bilhões apenas no primeiro semestre de 2009, sendo que as operações de crédito bancário, ou seja, bancos emprestando dinheiro a juros para empresas e pessoas físicas, somaram 244,8 bilhões resultando em um aumento de quase 7% neste tipo de operação, ou seja, mais empresas e mais pessoas precisaram ir aos bancos buscar empréstimos e não significa que todas foram para investir o dinheiro, muito pelo contrário já que há uma estagnação econômica, significa que as operações no país das maravilhas estão sendo feitas na base do empréstimo bancário.


Lucro do Bradesco no 1º semestre é o 2º maior da história, diz consultoria

Ganhos do banco no período, de R$ 4,50 bilhões, só perdem para o verificado pelo Itaú Unibanco, com lucro de R$ 4,58 bilhões no 1º semestre de 2009

Altamiro Silva Júnior, da Agência Estado

SÃO PAULO - O lucro do Bradesco no primeiro semestre, que somou R$ 4,508 bilhões, foi o segundo maior já registrado no período por bancos brasileiros de capital aberto, segundo a consultoria Economatica. O primeiro lugar é do Itaú Unibanco, com lucro de R$ 4,586 bilhões no primeiro semestre de 2009.
A rentabilidade sobre o patrimônio foi de 22,8% no semestre. Se considerado o lucro líquido ajustado (pela inflação), de R$ 4,602 bilhões, o banco teria o maior lucro da história para o primeiro semestre. O Bradesco ocupa a segunda e a terceira posições, com os resultados do primeiro semestre de 2010 e 2008, respectivamente. O lucro no primeiro semestre de 2008 foi de R$ 4,105 bilhões. O Itaú Unibanco, o Bradesco e o Banco do Brasil ocupam as sete demais posições do ranking, com resultados obtidos entre 2006 e 2009.
Nesta quarta-feira, 28, o Bradesco anunciou lucro líquido no segundo trimestre, de R$ 2,405 bilhões, 4,7% acima do resultado de R$ 2,297 bilhões no mesmo período do ano passado. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, a alta foi de 14,4%.
O setor de seguros e previdência continuou com peso relevante dentro dos resultados do banco, respondendo por 31% do lucro líquido do segundo trimestre, ou seja, R$ 1,404 bilhão. O restante (R$ 3,198 bilhões) veio das atividades financeiras.
Os ativos totais do banco chegaram em junho a R$ 558,1 bilhões, alta de 15,7%. Já o patrimônio líquido em junho somou R$ 44,295 bilhões, 18,8% superior ao saldo do mesmo período de 2009. O índice de Basileia alcançou 15,9%, acima dos 11% exigidos pelo Banco Central. O Basileia mede quanto o banco pode emprestar no crédito sem comprometer seu capital.

Crédito tem expansão

As operações de crédito somaram R$ 244,8 bilhões no segundo trimestre, alta de 4,1% ante o primeiro trimestre de 2010. O avanço foi reflexo da evolução de 6,7% da carteira de micro, pequenas e médias empresas, de 4,2% da pessoa física e de 1,7% das grandes empresas. As operações com pessoas físicas totalizaram R$ 89,648 bilhões, enquanto as operações com pessoas jurídicas atingiram o montante de R$ 155,141 bilhões.
Em comparação com o segundo trimestre de 2009, as operações de crédito tiveram alta de 15%. De acordo com relatório divulgado pelo banco, o avanço no ano foi de 21,4% nas micro, pequenas e médias empresas, 20,7% na pessoa física e 5% nas grandes empresas.
No segmento de pessoa física, os produtos que apresentaram maior evolução nos últimos doze meses foram o crédito pessoal consignado, o cartão de crédito (impactado pela aquisição do Banco Ibi em outubro de 2009), os repasses do BNDES/Finame e financiamento de veículos. No segmento de pessoa jurídica, os principais destaques foram os repasses do BNDES/Finame, o financiamento imobiliário, capital de giro e operações no exterior.

Inadimplência cai pelo 3º trimestre consecutivo

Mesmo com o forte aumento das operações de crédito, o Bradesco apresentou queda na inadimplência pelo terceiro trimestre consecutivo. O índice total do banco, para atrasos superiores a 90 dias, fechou o segundo trimestre em 4%, ante 4,4% no período anterior e 4,6% em junho do ano passado. O banco atribui a melhora do indicador ao crescimento da economia, que trouxe expansão do emprego e da renda. Como reflexo, houve melhora também da qualidade dos ativos da instituição.
A inadimplência caiu tanto para pessoa física como para pessoa jurídica e o banco ainda prevê espaço para novas quedas, porém em menor nível que o registrado até agora, segundo os comentários que acompanham o balanço do Bradesco. O pico do indicador foi em setembro, quando chegou a 5,1%.
Na pessoa física, a inadimplência terminou o segundo trimestre em 6,3%, ante 6,7% no período anterior e 7,5% no mesmo período de 2009. Na pessoa jurídica (pequenas e médias empresas) o índice ficou em 3,8%, menor que os 4,4% no primeiro trimestre e 4,5% há 12 meses.
Com a melhora do índice de inadimplência, a despesa de provisão para devedores duvidosos (PDD) continuou apresentando queda no segundo trimestre, quando somou R$ 2,161 bilhões, ante R$ 3,118 bilhões no mesmo período de 2009, uma queda de 30,7%. O comparativo entre o primeiro semestre de 2010 e o mesmo período do ano anterior, a despesa de PDD registrou queda de 26%, enquanto as operações de crédito cresceram 15,0% no mesmo período.

Texto atualizado às 9h50

De Rerum Natura... Um pequeno erro de digitação, na cronologia: o filme é de 1968, não 1978 como escrito no texto. Muito interessante aliás.

quarta-feira, 28 de Julho de 2010

2001 ODISSEIA NO ESPAÇO


Do meu livro (esgotado, ao que julgo saber) "A coisa mais preciosa que temos" (Gradiva) recupero o texto sobre "2001 Odisseia no espaço", escrito precisamente em 2001, vai fazer dez anos:

Foi em 1978 que se estreou o filme de Stanley Kubrick “2001 Odisseia no Espaço”. Passou muito tempo. Mas chegou, ao fim de 33 anos, o ano de 2001, aquele que decorre a acção escrita por Arthur Clarke e Stanley Kubrick. Já em 1984 tinha chegado o ano em que George Orwell colocou o seu romance com o mesmo título. O futuro, anunciado pelo cinema e pela literatura, continua pontualmente a chegar.

Que semelhanças há entre a ficção científica e a acção científica? Muitas. Não esqueçamos que o físico inglês Sir Arthur Clarke, residente desde há muito no Sri Lanka, participou na construção do primeiro radar, integrado numa equipa da Royal Air Force, durante a Segunda Guerra Mundial. Na sua imensa produção bibliográfica equilibram-se as obras de ficção e as de ensaio. No filme “2001” uma nave com astronautas a bordo começa por se deslocar à Lua. A mesma viagem espacial não demorou praticamente nada depois da estreia do filme a acontecer na realidade. Os astronautas da “Apollo 8”, que foram os primeiros a efectuar uma viagem em órbita da Lua, em Dezembro de 1978, já tinham visto o filme quando partiram para o espaço. Disseram mais tarde que estiveram quase a anunciar para a Terra a descoberta de um monólito no solo lunar, numa brincadeira sugerida pelo filme... Em 1969, o norte-americano Neil Amstrong pisou o solo lunar sem ter encontrado nenhum monólito.

No filme, o monólito acaba por indicar o caminho para Júpiter (na novela de Clarke, para o outro gigante do sistema solar, Saturno). E, se o leitor se bem recorda -- se não se recorda, ponha a cassete vídeo ou o DVD no aparelho de leitura --, é nessa altura que o computador HAL (repare-se que as iniciais são as que seguem alfabeticamente às de IBM), perante uma avaria na antena, procura tomar o comando da nave, revoltando-se contra os humanos. Diz o robô para um dos astronautas: “Sorry to interrupt the festivities, but we have a problem” (“Desculpem interromper a festa, mas temos um problema”). Em 1970, sabemos o que aconteceu com a “Apollo 13” (a falha deu, de resto, um outro filme). Um astronauta real transmitiu por rádio para a sala de controlo: “Houston, we have had a problem” (“Houston, tivemos um problema”). Coincidência ou não, o módulo de comando chamava-se “Odisseia” e, pouco tempo antes do acidente, a tripulação tinha estado a ouvir o famoso tema do filme, “Also Sprach Zarathustra”, de Richard Strauss. Clarke comenta no epílogo a uma reedição do livro “2001” que se sentiu quase co-responsável pela situação real de crise...

As luas de Júpiter e de Saturno seriam fotografadas pela sonda “Voyager 2”, lançada em 1977, nas vésperas do filme. Em 1979, essa sonda, não tripulada (como se o robô HAL tivesse razão ao querer tomar conta sozinho dos destinos da nave ficcional), passava pelas quatro luas mais próximas de Júpiter: Iô, Europa, Ganímedes e Calisto. Em 1981, a “Voyager 2” chegava a Júpiter e às suas luas: Mimas, Iapetus, Titã, etc. (são muitas e parece que ainda não acabou a sua conta). Em 1995, a sonda “Galileo”, lançada em 1989, chegava a órbita de Júpiter, apesar de uma avaria numa das suas antenas. Hoje, a nave “Cassini”, lançada em 1997, vai a caminho de Saturno e das suas luas, onde chegará em 2004. Os sete longos anos da viagem, depois de usar a ajuda gravitacional de Vénus (um efeito que Clarke incluiu premonitoriamente nos seus escritos), indicam-nos que Clarke e Kubrick tinham razão quando colocaram os seus astronautas a hibernar enquanto não chegavam a Júpiter.

As missões de exploração do sistema solar exterior não são tripuladas. Só são tripuladas missões orbitais perto da Terra, como a estação espacial internacional, que está a ser construída num esforço conjunto de americanos, russos e europeus. Nos anos 80, a estação espacial norte-americana “Skylab” colocada em órbita da Terra, tinha uma forma circular que não era muito diferente da nave “Discovery”, inventada por Clarke para “2001”. Ao contrário desta, porém, não rodava constantemente para manter uma gravidade artificial. Mas isso não impediu os astronautas a bordo de filmarem uma sequência de corrida na “Skylab” bastante parecida com um “take” do filme 2001. As imagens foram, evidentemente, sonorizadas com a música retumbante de Richard Strauss.

O filme de Kubrick é praticamente perfeito. Há só um pequeno erro: um amigo físico e cinéfilo contou-me que o líquido no interior da palhinha de um dos astronautas cai no filme, apesar de as condições serem supostamente de imponderabilidade... O rigor do guião de Clarke e da câmara de Kubrick encontra inspiração no rigor com que a NASA planeia e executa as suas missões. Ou não será antes ao contrário: que os engenheiros da NASA se inspiraram em Clarke e Kubrick?

Stanley Kubrick, entretanto falecido, habituou-nos a realizar uma e uma só obra-prima de um dado género cinematográfico e, depois da realização de “2001”, abandonou de vez o género de ficção científica. Mas Clarke insistiu no tema, e escreveu “2010 Odisseia 2”, que foi passado ao cinema pelo realizador norte americano Peter Hyams (a película estreou-se em 1984). A correspondência electrónica entre o escritor no Sri Lanka e o realizador em Los Angeles, feita em computadores pessoais primitivos, está registada em livro (“The Odyssey File”, Arthur Clarke e Peter Hyams, Panther Books, 1985). Em “2010” continua a acção de “2001”: tratava-se agora de colonizar Júpiter. Mas o tempo é de guerra fria. Os russos lançaram a nave “Leonov”, atrás da “Discovery” (há, na realidade, um marechal Alexei Leonov, cosmonauta e herói da ex-União Soviética). A “Leonov” chega à “Discovery” (o que faz lembrar os encontros entre a “Soyuz” e a “Apollo”, em que o astronauta Leonov participou). As duas expedições acabam, depois de várias peripécias, por cooperar. No final, Júpiter, por acção dos estranhos monólitos, acaba por se transformar numa estrela, um segundo sol (de facto, se Júpiter fosse bastante maior do que realmente é o sistema solar teria duas estrelas, o que não seria nada favorável para a estabilidade da órbita da Terra e, portanto, para o desenvolvimento de vida no nosso planeta). Uma enigmática mensagem chega entretanto aos russos e americanos: “Todos estes mundos serão vossos excepto Europa: usai-os em conjunto, usai-os em paz”. Os russos tinham recebido sinais da lua Europa que pareciam indicar a presença de vida e fica-se na dúvida sobre a existência ou não de vida nessa lua.

Vida numa lua de Júpiter? Nada mais actual, numa altura em que é anunciada, a partir de registos recolhidos e enviados pela sonda Galileo, a possibilidade de haver água líquida, e hipoteticamente vida, em Ganímedes, uma lua de Júpiter. A realidade é, por vezes, mais estranha do que a ficção. Claro que falta ainda um contacto com seres extraterrestres, construtores de monólitos ou não. Mas isso poderá acontecer em qualquer altura. Lembremos as palavras avisadas do padre, cientista e filósofo, Teilhard de Chardin: “À escala do cósmico, só o fantástico tem probabilidade de ser verdadeiro”.

2 comments:

Um pormenor apenas, "Also sprach Zarathustra" é de Richard... mas com o apelido "Strauss", não se foi lapso do livro ou do post. De resto gostei muito do post, pois o livro não li.

Obrigado, já emendei o lapso.
Carlos Fiolhais

Pelo que pressinto, o julgamento será adiado até o Dia do Juízo Final.

Justiça adia julgamento da morte de Celso Daniel; promotor será o mesmo do caso Isabella Nardoni
Especial para o UOL Notícias
Em São Paulo

Acolhendo pedido do Ministério Público de São Paulo, o juiz da 1ª Vara de Itapecerica da Serra, Antonio Augusto Galvão Hristov, determinou o adiamento do júri de Marcos Roberto Bispo dos Santos, um dos acusados da morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André. O júri, que estava marcado para 3 de outubro, deve ser realizado em 18 de novembro, logo após o segundo turno das eleições.

Irmão de Celso Daniel reclama da demora do julgamento

O julgamento dos outros seis acusados ainda não tem data prevista. Cinco deles ingressaram com recurso contra a sentença que os leva a júri. A Justiça entende que pesam contra eles indícios suficientes de autoria para que sejam submetidos ao conselho de sentença.

O MP paulista publicou designação para que o promotor de justiça Francisco Cembranelli, que atua no 2º Tribunal do Júri da Capital, atue no julgamento de todos os réus no caso. Cembranelli se notabilizou depois da condenação do casal Nardoni pela morte da menina Isabella.

A Procuradoria-Geral de Justiça trata o julgamento do caso Celso Daniel como um dos mais importantes na esfera criminal. Por causa disso indicou uma “tropa de choque” que, além de Cembranelli, terá na tribuna de acusação outros promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do ABC paulista. A tese a ser sustentada é a de que o crime nada tem a ver com latrocínio (roubo seguido de morte) ou extorsão, mas que foi planejado e executado por motivação política.

Entenda o julgamento
O MP denunciou oito pessoas por envolvimento no crime – mas apenas sete vão a júri. Para a promotoria, o assassinato do prefeito foi encomendado por motivo torpe (por promessa de recompensa) e o juiz reconheceu que houve essa motivação.

Estarão no banco dos réus Ivan Rodrigues da Silva, José Edson da Silva, Itamar Messias dos Silva Santos, Marcos Roberto Bispo dos Santos, Rodolfo Rodrigues dos Santos Oliveira e Elcyd Oliveira Brito.

O júri será comandado pelo juiz Antonio da França. Os acusados serão julgados pelo crime de extorsão seguido de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa da vítima). A pena máxima é de 30 anos.

No entanto, o principal suspeito apontado pelo Ministério Público como mandante do crime, Sérgio Gomes da Silva, não irá a julgamento. O processo contra ele foi desmembrado e o andamento da acusação depende da entrega de provas solicitadas pela defesa. Sérgio Gomes nega participação no crime.

O caso
O ex-prefeito foi encontrado morto em 2002, numa estrada de terra de Juquitiba (SP), com marcas de tortura e alvejado por oito tiros. Ele estava sequestrado havia dois dias. Celso Daniel e Sérgio Gomes da Silva haviam jantado em um restaurante em São Paulo e voltavam para Santo André em uma Pajero blindada.

No caminho, o carro foi interceptado e o prefeito foi levado por sete homens armados. Para o Ministério Público, o sequestro foi simulado pelo empresário, que encomendou a morte do amigo. Gomes da Silva, que responde em liberdade, nega com veemência a acusação e afirma também ter sido vítima no caso.



Correio Popular de Campinas


Publicada em 28/7/2010


A guerra de Chávez




O Brasil vive uma guerra não declarada. Além da estranha simbiose entre quadrilhas e grupos policiais (que no Rio e em outros Estados gerou milícias secretas) temos a matança como rotina. Peço licença para citar a conferência que fiz no Sesc, em seminário internacional (www.sescsp.org.br/sesc/images/upload/conferencias/70.rtf). “No Brasil, mulheres e crianças, no seu próprio lar, são espancadas e submetidas a violências físicas covardes. Os dados estatísticos ferem a consciência moral das pessoas retas.(...) No Brasil, mesmo pobres pagam ‘justiceiros’ para matar seus semelhantes acusados de bandidagem, de estupro, em rixas sem maior importância. Nota-se que no Brasil a Justiça faz-se com as próprias mãos. É a lógica e a ética da vingança sem passar pelos tribunais. No Brasil, homossexuais, negros, índios são mortos (com revólveres, facadas e até mesmo o fogo ateado em suas carnes). E isto é visto como normal, ninguém é punido salvo quando os assassinos ultrapassam os limites mesmo de uma sociedade conivente. No Brasil, quem ocupa cargo público julga-se acima dos demais cidadãos, forma uma sociedade política separada do universo social. (...) No Brasil, a sonegação fiscal é a regra. Poucos empresários cumprem seu dever. Grande parte deles não investe em suas empresas. O Brasil é país onde empresas ficam pobres e seus donos aumentam o patrimônio pessoal e familiar. A sonegação brasileira acompanha a concentração da renda. Em ambas, o Brasil possui recorde mundial. Assim como recorde mundial de miséria, falta de segurança, etc."

Essa violência, da qual enunciei parte ínfima, ocorre na coletividade. A derradeira forma de luta civil reconhecida, no entanto, ocorreu no levante constitucionalista de São Paulo. Mas quem anda pelas nossas ruas sabe que o ambiente bélico (inclusive com toque de recolher ordenado por quadrilhas) se apresenta sob a capa da normalidade. No plano externo, nossa última presença armada foi na Europa, com os pracinhas que deram a vida para que o fascismo fosse derrotado. No século 19 tivemos várias campanhas civis e internacionais. Em todas as ocasiões, venceu o predomínio do Estado brasileiro sobre fronteiras estabelecidas ao longo de 500 anos.

Hoje, as mesmas fronteiras estão sob ameaça dupla. A primeira vem de focos guerrilheiros que operam o negócio das drogas, as Farc. Eles não respeitam limites e se localizam onde melhor são atendidos os seus alvos. A segunda vem de governos como o de Hugo Chávez. Premido por contradições internas devidas a extremado autoritarismo e incompetência gerencial, que elevam a inflação; pelo pequeno desenvolvimento produtivo e minguadas aplicações de recursos externos; pela carestia, aquele militar tenta a receita tirânica de gerar guerras com países próximos para distrair seus dirigidos e driblar toda oposição. Caso o seu exército tenha sucesso, também nossas fronteiras estarão ameaçadas, seja pelas Farc, seja pela instabilidade gerada nos território limítrofes entre nossas terras e as postas em conflito.

Chávez opera como tirano. A receita que consiste em gerar guerras, ele a encontra na República de Platão. O tirano sorri nos primeiros dias “e dispensa boa acolhida a todos os que encontra, declara que não é tirano, promete muito em particular e em público, adia dívidas, partilha terras entre o povo e seus favoritos, e finge ser brando e afável para com todos (...) Mas depois de se livrar dos inimigos externos, fazendo tratos com uns, arruinando outros, e de ficar tranquilo por este lado, começa sempre provocando guerras, para que o povo sinta necessidade de um chefe. (...) E também para que os cidadãos, empobrecidos pelos impostos, sejam obrigados a pensar nas necessidades cotidianas e conspirem menos contra ele. (...) E se alguns têm o espírito demasiado livre para lhe permitir comandar, ele encontra na guerra pretexto para se livrar deles, entregando-os aos golpes do inimigo. Por todas essas razões é inevitável que um tirano fomente sempre a guerra (...) Mas assim procedendo, torna-se cada vez mais odioso aos cidadãos”. Sábio Platão...


terça-feira, 27 de julho de 2010

Existem canalhas pobres ? Existem. Existem canalhas: ricos, pobres e de classe média. As suas mulheres são suas vítimas, depois os filhos...

27/07/2010 - 17h08

Mulher é morta por companheiro em abrigo para vítimas das enchentes em AL

Publicidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma mulher de 34 anos foi morta na manhã de domingo (25) em um abrigo para pessoas que ficaram sem casa após as enchentes em Alagoas. Segundo a polícia, ela foi esfaqueada por seu companheiro, com quem vivia há um ano.

Após enchentes, vítimas de tragédia em Alagoas vivem em situação precária

Uma filha da vítima, de dez anos, presenciou o crime. Outras duas testemunhas, que também estavam abrigadas, ainda serão ouvidas pela polícia. No abrigo, uma escola pública de Rio Largo (29 km de Maceió), estavam outras sete famílias.

De acordo com as investigações, o companheiro da vítima, embriagado, começou uma discussão, dizendo que ela o estava traindo. Durante a briga, atingiu o peito da mulher com uma faca de cozinha.

Conforme depoimento da filha à polícia, a lâmina ficou cravada no corpo da vítima, que mesmo ferida conseguiu arrancá-la. O companheiro fugiu após o ataque. Um carro de polícia que passava pelo local levou-a ao hospital, mas ela morreu antes de ser atendida.

Segundo a polícia, a mulher dizia à família que era constantemente agredida pelo companheiro e que ele a ameaçava de morte. O suspeito está foragido.

Um artigo "antigo", de 2004. Nele, constato o quanto ainda era ingênuo, tolo mesmo, ao acreditar que o PT podia seguir a ética, apesar de tudo...

Casa de Estudos e Retiros Padre Reuter Creche Ana Proveller Paslestras e Conferências Contato LInks


Roberto Romano, 57, é professor titular de ética e filosofia política na Unicamp e autor de "Moral e Ciência - a Monstruosidade no Século XVIII" (ed. Senac/São Paulo), entre outras obras.

C o m u n i c a ç ã o
d e C i ê n c i a e F é


O n l i n e
Janeiro de 2004

Opinião
Ética na política!

Roberto Romano

Muitos petistas afirmavam que a ética morava só no PT. Arrogância é letal em política

Certa feita , na biblioteca da Unicamp, eu lia os pensadores antigos, como recomenda Maquiavel. Toca o telefone. Era o responsável pelo boletim periódico do PT, de circulação interna. Após os salamaleques veio o pedido: "Queremos um artigo seu sobre ética na política".


Estranhei o convite: "Não sou filiado ao partido, melhor falar com acadêmicos militantes". Réplica: "Desejamos que o texto seja feito por alguém exterior aos quadros partidários, para maior isenção". Fui levado, na sede do partido, para uma sala cheia de papéis, jornais antigos etc. No meio do aposento, majestosa pilha na qual se equilibravam pastas de tamanhos variados. Pediram-me que abrisse qualquer uma delas.


Fi-lo e percorri o conteúdo da maior parte. Estupefato, segui a ladainha das cartas enviadas por militantes: "Nunca pensei que no PT ocorressem tais coisas". E seguiam denúncias em administrações petistas. Uma pasta reunia casos de Santo André. Nada contra Celso Daniel, pela primeira vez na prefeitura, mas denúncias sobre integrantes de seu governo.


Escrevi um texto amplo, no qual afirmava que agremiações humanas erram. Mesmo no PT poderia existir falta de ética. O artigo suscitou interesse e foi citado por Carlito Maia para potenciar sua crítica de outros militantes. Muitos petistas afirmavam que a ética morava só no PT. Os demais partidos? "Farinha do mesmo saco." Arrogância é letal em política. Publiquei vários textos nesta Folha advertindo contra o angelismo do partido.


Logo depois ocorreu o seminário "O PT e o Marxismo". Os organizadores, após o evento, levaram-me para o almoço. Aproveitei para lhes perguntar sobre as denúncias que li. "Não peço explicações de ordem sociológica, digam apenas o que imaginam ser a causa do fenômeno." A resposta foi honesta e forneceu algum sentido lógico: "Veja, professor, muitos de nossos políticos têm origem humilde, recebem salários pequenos, não possuem casas próprias. De repente, encontram-se nos cargos, recebem o título de Excelência, carros são postos ao seu dispor, o pagamento triplica etc. No primeiro mandato, normalmente, recusam meios errados para se reeleger. Mas perdem as eleições, recaem na penúria. Aprendem".


Essa conversa ocorreu bem antes do poder abençoar o PT . Muitos "aprenderam a lição". A pista ajuda a identificar a origem dos que hoje ascendem na escala social usando o antigo Partido dos Trabalhadores, hoje "Partido dos Cargos em Comissão". E também a definir o que Francisco de Oliveira indicou como o "ornitorrinco". O aparelhamento do Estado serve aos fins dos atuais governantes, mas favorece os arrivistas que ontem foram operários, bancários etc. A sua voracidade foi potenciada ao máximo com o controle dos palácios.

Se eles constituem uma nova classe é incerto. Mas o tamanho de sua goela mede-se pela violência dos atos que protagonizam.O Brasil não tem mobilidade social. O "andar de cima" (sigo Elio Gaspari) é hermético. O governo oferece vias de acesso. O poder gera insensibilidade aos sofrimentos deixados nas periferias. O escalador social age pior do que os antigos palacianos. As medidas recentes contra idosos centenários, obrigando-os às filas para exibir sua existência, provam a anestesia ética dos nossos poderosos com alma de Barry Lindon em figura de Macunaíma.


Extenso número de petistas neófitos, velhos partícipes da vida pública brasileira, engrossam (em todos os sentidos) a "base aliada". Se militantes heróicos escreviam cartas contra a quebra da ética em administrações do PT, hoje a tendência segue o rumo do pior. Existem na agremiação pessoas honradas que ocupam cargos em governos e Legislativos e operam na cúpula partidária. Conheço várias delas pessoalmente.

Mas é impossível olvidar (e não por moralismo) as zonas cinzentas que obnubilam o vermelho do partido. As reações, nos inquéritos sobre a morte de Celso Daniel, são melancólicas. Ministério Público e Justiça devem ser incentivados pelos líderes partidários. Caso oposto, ficaremos no lugar-comum: "o medo venceu a esperança".

Mas ainda acredito na esperança que levou o eleitorado a votar nas mudanças éticas prometidas pelo PT.

Publicado na Folha de São Paulo, 22/01/04