domingo, 28 de agosto de 2011

Marta Bellini...obrigado pela dica !!

domingo, 28 de agosto de 2011

Stone: sublime!








I. F. Stone. O Julgamento de Sócrates. Cia de Bolso. R$25,50.


Comprei um livro pelo título. O Julgamento de Sócrates. I. F. Stone ou Izzy, o autor. E descobri uma pérola, um diamante ... Fantástico livro. Estou terminando d eler, mas não consigo controlar minha vontade de falar e recomendar o livro de Stone. A apresentação, de Sérgio Augusto, logo fornece quem é Stone. Ou foi. Estudante de filosofia, deixou o curso no terceiro ano e tornou-se jornalista. Mas JORNALISTA e não comensal de patrões. Ironizado pelos colegas que tinham diploma, excuído do Clube dos puxa-sacos dos donos de jornais, Stone, aos 45 anos, pediu demissão do Daily Compass e fez seu próprio jornal. Stone ou como diz Sérgio Augusto, no prefácio do livro, a "pedra no caminhos dos poderosos”, desconfiava das verdades do governo dos EUA. Foi em busca das mentiras sociais dos EUA e revolveu casos de corrupção e abuso de autoridade dos governos e por isso sempre ficando à margem das redações, zombado pelos colegas. Com a indenização do Daily Compass criou uma newsletter: até agora o que ele fez nada se compara na imprensa do mundo. Era o I. F. Stone’s Weeklyque saiu em 17 de janeiro de 1953. "Pouco antes de virar quinzenal, em 1968, o alternativo mais bem informado do planeta ultrapassou a barreira dos 40 mil leitores” segundo Sérgio Augusto. Entre seus assinantes e leitores nada mais nada menos que Bertrand Russel, Albert Einstein e Eleanor Roosevelt. O I. F. Stone’s Weekly fechou quando Stone teve um enfarto. Sua despedida:

“Tenho podido viver de acordo com minhas convicções. Politicamente, acredito que não pode existir uma sociedade decente sem liberdade de crítica: a grande tarefa do nosso tempo é uma síntese de socialismo e liberdade. Filosoficamente, creio que a vida do homem se reduz, em última análise, a uma fé – cujos fundamentos estão além de qualquer prova – e que esta fé é uma questão estética, um sentimento de harmonia e beleza. Acho que todo homem é o verdadeiro Pigmalião de si próprio. E em recriando a si próprio, bem ou mal ele recria a raça humana e o futuro”.

O livro foi escrito no período de sua aposentadoria. Após aposentar dedicou-se aos estudos do grego e de pesquisas sobre a Grécia. Nada preguiçoso. Stone me deixou de queixo caído: mostra um Sócrates que não conhecemos. Sócrates que criticou os sofistas é apresentado como um sofista. Um homem que nunca tomou partido em Atenas, nem dos tiranos, nem dos democratas. Ainda não terminei de ler, mas aquele Sócrates apresentado por Platão e Xenofonte não é o Sócrates de Stone. O Sócrates de Stone tratava os homens comuns e a democracia com desprezo.
O que interessa a Stone é discutir a liberdade de expressão. Até a página que li a questão de Stone é a defesa de expressão, da liberdade. Para ele, Sócrates não fez sua defesa porque não queria comprometer sua crença na não liberdade de expressão. Não quis usar a democracia que tanto combateu, escolhendo, assim, a morte física, mas a imortalidade de seu pensamento.

I. F. Stone, “Izzy”, faleceu em 1989. Era uma lenda viva, como diz Sérgio Augusto. Izzy afirmava:
“Não consigo me acostumar com o lado dos vencedores”.

É esse espírito de Izzy que amei. São poucos homens e mulheres que me atraem. Stone agora é mais um da minha vida e esperança. Nem todos os homens se vendem por alguns dinheiros.




Integra da entrevista e da matéria no Blog Corrupção no Poder.

O LIMITE ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO


POLÍTICOS NOS ARES. Casos de autoridades que utilizam aeronaves de empresas se repetem, levando a um debate sobre a ética das relações de poder - VIVIAN EICHLER, ZERO HORA 27/08/2011

Repetidos casos de autoridades viajando em jatinhos de empresários levantam dúvidas sobre os limites de caronas como essas. Especialistas ouvidos por Zero Hora consideram que episódios assim colocam em xeque a conduta ética e legal de quem ocupa cargos públicos.

Em meio a uma avalanche de suspeitas de mau uso das funções públicas, o ex-ministro Wagner Rossi admitiu como natural ter voado “três ou quatro vezes” no avião de uma empresa que dependia de sua pasta para vender produtos agropecuários. O casal de ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann teria viajado na campanha eleitoral dela ao Senado na aeronave de uma empresa com contratos do PAC no Paraná.

Outro caso notório este ano terminou em tragédia. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e sua família embarcaram no avião do empresário Eike Batista, que presta serviços ao governo do Rio. A história só veio à tona porque parte do grupo usou, também, um helicóptero que caiu, matando sete pessoas. Constrangido, o governador prometeu rever os limites entre as amizades e o cargo que ocupa e criou comissões de ética.

Para o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, o homem público, em geral, é “tragado pela cultura de que pode tudo”.

– Esse tipo de conduta não é permitido pelo princípio da moralidade que a Constituição determina – alerta.

No caso do Executivo federal, há regras bem específicas. Aceitar transporte pago por particulares fere o Código de Conduta da Alta Administração. O texto veda presentes de qualquer natureza, acima de R$ 100. Uma sanção nesse nível, no entanto, só tem consequências políticas.

– Mas se a carona estiver relacionada a algum tipo de negócio irregular, aí já não tem nada a ver com o código de ética. É usar o cargo para auferir um benefício para si ou para terceiro – ressalta o advogado Piquet Carneiro, ex-presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência.

A Lei de Improbidade Administrativa também é clara. Por ela, parlamentares e gestores estão sujeitos a perder o cargo se obtiverem vantagem em razão da função que exercem – e voar de graça no conforto de um jatinho pode ser interpretado como tal. O problema é colocar a lei em prática nesses casos, lamenta o professor de Direito da FGV, Carlos Sundfeld:

– Como é algo muito disseminado, há compadrio e quase ninguém denuncia.

Na maior parte dos casos, evidências de conflito de interesse já começam nas campanhas eleitorais. Em geral, os mesmos empresários que oferecem viagens, também fazem doações e obtêm contratos.

– Se o candidato usa um avião particular, como bom princípio, deveria constar esse transporte na prestação de contas como doação – recomenda o advogado especializado em Direito Eleitoral, Torquato Jardim.

Benesses como viagens são só a “ponta do iceberg”, sustenta o ex-corregedor Nacional de Justiça, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Gilson Dipp, que vê na impunidade o principal fertilizante para a corrupção e o favorecimento ilícito:

– A carona é mera consequência. Pelo menos, dá visibilidade a assuntos muito graves.


ENTREVISTA. “Não existe favor gratuito quando se trata da coisa pública”. Roberto Romano, professor de Filosofia da Unicamp

Quando se trata de ética dos homens públicos, o professor Roberto Romano é categórico ao condenar autoridades que aceitam benesses. A síntese da entrevista:

Zero Hora – Autoridades podem aceitar carona de empresários?

Romano – Não é preciso que esteja consignado em lei uma proibição nesse sentido. É uma base ética fundamental a questão do conflito de interesses. Um gestor público é um árbitro. Se um árbitro aceita um favor de uma parte, está prejudicando outra, mesmo que essa outra parte não apareça naquele momento.

Zero Hora – Mesmo que ele não favoreça esse empresário e diga ter apenas relação de amizade?

Romano – O Estado é coisa pública. O árbitro da coisa pública não tem direito de ter amigos ou inimigos. Não existe favor gratuito quando se trata da coisa pública. Quando você recebe um brinde de uma empresa significa que você está sendo agraciado por alguém.

Zero Hora – A gestão desse homem público fica comprometida mesmo que não se comprovem favorecimentos?

Romano – Fica comprometida sim. Quando você escolhe uma carreira pública, você tem de abrir mão de todo lampejo familiar, de toda a relação de amizade ou inimizade.

Zero Hora – Receber benesses como essa é antiético ou é ilegal?

Romano – É antiético, e conforme o que for feito posteriormente, ilegal. É um vício, é algo que não deveria ser aceito no regime republicano.

Zero Hora.

28 de agosto de 2011. | N° 1233

A ÉTICA DOS JATINHOS

“Não existe favor gratuito”

Entrevista/Roberto Romano, filósofo

Autoridades podem aceitar carona de empresários?

Roberto Romano – Não é preciso que esteja consignado em lei uma proibição nesse sentido. É uma base ética fundamental a questão do conflito de interesses. Um gestor público é um árbitro. Se um árbitro aceita favor de uma parte, está prejudicando outra, mesmo que essa outra parte não apareça naquele momento.


Mesmo que ele não favoreça esse empresário?

Romano – O Estado é coisa pública. O árbitro da coisa pública não tem direito de ter amigos ou inimigos. Não existe favor gratuito quando se trata da coisa pública. Quando recebe um brinde de uma empresa significa que está sendo agraciado. Quando se escolhe a carreira pública, é preciso abrir mão de relação de amizade ou inimizade.


sábado, 27 de agosto de 2011

Veja.

27/08/2011

Política

O lobby ficha limpa

Há mais de duas décadas o Brasil discute regulamentação de uma profissão legítima que, muitas vezes, é usada como fachada para negócios escusos

Carolina Freitas
Lembra, com razão, Mendes Ribeiro: "Lobista é uma coisa, ladrão é outra"

Lembra, com razão, Mendes Ribeiro: "Lobista é uma coisa, ladrão é outra" (Antonio Cruz/ABr)

No Brasil, a discussão a respeito do lobby amadurece junto com a democracia. Por enquanto, não há nada institucionalizado acerca do assunto, o que dificulta o controle

Não há ninguém tão mal falado em Brasília quanto ele. Acusado de corrupto, interesseiro e mal intencionado, o lobista ganhou fama de vilão. Pudera. Os exemplares de que se tem notícia são aqueles que usam a profissão - legítima - como fachada para fechar negócios escusos. Há mais de duas décadas a regulamentação do lobby é discutida no Congresso Nacional, sem resultados.

Após dois anos parado, um projeto de lei do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), de 2007, parece finalmente prestes a desencantar: será discutido pela primeira vez em uma audiência pública nesta quarta-feira. Um dos maiores entusiastas da ideia é o novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro - que, por ironia do destino, assumiu o cargo após a revelação, feita por VEJA, de que o lobista Júlio Fróes montara um balcão de negócios na pasta, alimentado por farta distribuição de propina. Um mau exemplo.

“Lobista é uma coisa, ladrão é outra”, bem lembrou Mendes Ribeiro pouco depois de ser indicado para a equipe da presidente Dilma Rousseff. Ele está correto. Na falta de regulamentação, no entanto, os papéis se confundem. “O problema começa quando se faz lobby com pressão do dinheiro”, diz o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer. A regulamentação vem justamente para barrar esses casos e punir os bandidos que se disfarçam de lobistas para praticar crimes de corrupção e de tráfico de influência.

Leia também: “As pessoas confundem corrupto com lobista”

O lobby nasceu junto com a política e significa nada mais do que a defesa dos interesses de um grupo ou setor com o objetivo de influenciar as decisões de autoridades públicas. “A atuação do lobby é necessária dentro da democracia e a regulamentação faz com que ela seja pautada por critérios de transparência e integridade”, afirma Luiz Alberto dos Santos, doutor em Ciências Sociais e subchefe de Análise e Acompanhamento de Políticas Públicas Governamentais da Casa Civil. “O lobby tem a função essencial de prover a parlamentares e governantes informação qualificada para que eles tomem uma decisão.”

Tanto é assim que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou em 2010 recomendação aos países membros para que regulamentem a prática e convidou os não-membros a aderirem às diretrizes. “Hoje, a regulamentação do lobby integra o que chamamos de cardápio de medidas pró-integridade e transparência”, explica Santos.

No lobby do hotel – Por aqui, o lobby se notabilizou durante a Assembleia Constituinte, em meados dos anos 80. Da tanga à toga, ou seja, do índio ao juiz, todos queriam ser ouvidos para compor a nova Carta brasileira depois de anos de ditadura militar. “A Constituição de 1988 é fruto do lobby. Como o Brasil começava a viver uma democracia participativa, todos os setores queriam, de fato, participar. E a participação em uma democracia se dá por meio de grupos de interesse”, diz a doutora em Direito Constitucional, Samantha Meyer-Pflug, professora das Faculdades Alfa Fadisp, de São Paulo.

Os primeiros relatos sobre o lobby no mundo datam de nada menos que 1840. Uma das versões para a adoção do nome remonta aos Estados Unidos de 1870. O presidente Ulysses Grant (1869-1877) frequentava o Hotel Willard em Washington para beber uísque e fumar charutos. Quando souberam dos hábitos do presidente, representantes de interesses comerciais passaram a aguarda-lo para conversas no único local permitido pela gerência, o lobby do hotel.

Confira abaixo as experiências de regulamentação do lobby em outros países:

«
»

Estados Unidos

A fachada do Capitólio, em Washington

A legislação americana tem critérios rígidos para o lobby. O profissional precisa comprovar, por exemplo, que o lobby representa 20% ou mais de suas atividades em um período de três meses. Há dois tipos de lobistas: o chamado in-house, que promove os interesses de organizações ou empresas para quem trabalha e o outside, responsável por contratos com empresas ou organizações. O lobista, indepentendemente do tipo, deve ser registrado em até 45 dias após o primeiro contrato sob pena de multa e até mesmo sanção criminal em caso de fraude.

Regras frouxas – No Brasil, a discussão a respeito do lobby amadurece junto com a democracia. Por enquanto, não há nada institucionalizado acerca do assunto, o que dificulta o controle. Na Câmara, cada sindicato ou entidade de classe de âmbito nacional pode credenciar um representante para acompanhar o trabalho das comissões e as votações em plenário. O registro vale durante o mandato da Mesa Diretora ou até o fim do mandato da diretoria da entidade que fez o credenciamento.

Também existe um credenciamento para assessores parlamentares de órgãos públicos federais. Cada órgão pode cadastrar uma equipe de até dez pessoas e o registro vale até a troca da Mesa Diretora. Empresas privadas não têm direito ao cadastro, mas qualquer um que frequente os bastidores de Brasília sabe: os representantes delas estão por toda a parte e nenhum deles carrega no peito qualquer identificação – uma exigência básica em países onde o lobby é regulamentado. “A credencial de representação de interesses precisa ser clara. Quando procura um parlamentar, o lobista precisa se identificar como lobista e dizer quais interesses ele está representando”, afirma Luiz Alberto dos Santos, da Casa Civil.

O projeto de lei de Carlos Zarattini delega à Controladoria-Geral da União (CGU) a responsabilidade de cuidar do cadastro de lobistas autorizados a atuarem no Congresso e de punir aqueles que abusem dos limites éticos da profissão. Para especialistas, a proposta é um bom ponto de partida para a discussão, mas alguns conceitos e critérios para prestação de contas precisam ser revistos. A prestação de contas é um dos conceitos fundamentais para se disciplinar o lobby. É ele que garante o principio da accountability, ou seja, a possibilidade de qualquer cidadão checar que influências levaram a autoridade a tomar determinada decisão.

Além disso, os parlamentares poderiam aproveitar a oportunidade para discutir o lobby dentro dos poderes Executivo e Judiciário. A atuação dos lobistas hoje é livre de regras – e cada vez mais frequente – também nessas esferas. No Executivo, o então presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a criar regras de acesso ao Palácio do Planalto, depois que um caso de lobby sujo veio à tona, nos anos 90. O caso, assim como a regra, acabaram esquecidos.

No Judiciário, uma norma prevê que os chamados amici curiae (amigos da corte), representantes de entidades interessadas em determinada causa, sejam ouvidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo que não sejam parte do processo, para apresentar sua visão sobre o tema julgado. Não há, no entanto, critério oficial para a escolha dos representantes que falarão à Corte. Na votação sobre o aborto dos fetos anencéfalos, por exemplo, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ficou de fora da discussão por decisão do relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello.

Pós-graduação em lobby – A Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira e até agora a única universidade brasileira a oferecer um curso de especialização em lobby, sob o elegante nome de Assessoria Parlamentar. Aberto em 1986, por solicitação do chefe de gabinete do então presidente José Sarney – que queria melhorar a relação com o Congresso –, o curso de pós-graduação teve nove edições e formou cerca de 500 pessoas. O perfil dos alunos veio se transformando ao longo dos anos: começou com os funcionários do Congresso, agora é formada majoritariamente por representantes de empresas privadas. A última turma concluiu o curso em 2004 e, apesar da enorme demanda, ainda não há previsão de quando a próxima classe será aberta.



Veja. Poderiamos enviar os amigos do alheio, sobretudo do Congresso Nacional, para lá, não ?

26/08/2011 - 15:27


Espaço

Cientistas descobrem 'planeta de diamante'

Com 60.000 km de diâmetro, astro orbita pulsar a 4 mil anos-luz da Terra

Concepção artística do pulsar e do 'planeta diamante' em órbita
Concepção artística do pulsar e do 'planeta diamante' em órbita (Divulgação/Swinburne Astronomy Productions)

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um planeta provavelmente formado por diamantes, orbitando um pulsar (veja glossário) a quatro mil anos-luz da Terra. A novidade foi anunciada nesta sexta-feira pela Organização para a Pesquisa Industrial e Científica da Comunidade da Austrália (CSIRO).

Glossário


  1. Pulsares – Estrelas de nêutrons de pequeno tamanho, alta densidade e forte campo gravitacional (2 x 10¹¹ maior que o da Terra). São os resultados de explosões de supernovas. Quando uma estrela com massa entre quatro e oito vezes a do Sol termina de queimar o seu ‘combustível’, ela explode. Como resultado, a região central entra em colapso, de forma que prótons e elétrons se combinam para formar nêutrons. Os pulsos de ondas de rádio emitidos por elas podem ser captados pelos telescópios
  2. Sistemas binários – São pares de corpos celestes (podem ser planetas, estrelas, ou qualquer outro corpo) ligados gravitacionalmente, que orbitam um centro de massa comum. Astrônomos se interessam especialmente por sistemas binários de estrelas porque a influência que uma exerce sobre a outra pode revelar fenômenos que não seriam observáveis em estrelas isoladas

O planeta parece ser composto principalmente por carbono e oxigênio, além de hidrogênio e hélio. Com 60.000 quilômetros de diâmetro, aproximadamente cinco vezes o da Terra, o astro tem uma característica muito particular: densidade ligeiramente maior que a de Júpiter. Segundo os pesquisadores, liderados pelo professor Matthey Bailes, da Universidade Swinburne, na Austrália, boa parte do planeta pode ser similar a um diamante, que é a forma que o carbono assume sob alta pressão.

A descoberta do planeta ocorreu depois que a equipe avistou o pulsar com a ajuda do radiotelescópio da CSIRO, a 357 quilômetros de Sydney, na Austrália. Os pesquisadores continuaram a investigação com os telescópios de Lovell (Grã-Bretanha) e Keck (Havaí, EUA) e notaram que os sinais do pulsar eram sistematicamente alterados pelo que podia ser a força da gravidade de um planeta.

O planeta de diamante forma um sistema binário (veja glossário) com um pulsar, orbitando a estrela de nêutrons (batizada PSR J1719-1438) a cada duas horas e dez minutos. Os objetos estão separados por cerca de 600.000 quilômetros e estão localizados na Constelação da Serpente. "Apesar de raro, este planeta comprova o que já sabemos sobre como estes sistemas binários funcionam", afirma Michael Keith, astrônomo do CSIRO.

(Com agência EFE)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Thiago Coser...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011



Passei a madrugada programando este visualizador de imagens, pensando que poderia ser uma maneira interessante para apresentar alguns trabalhos, inclusive aqui no blog. A lógica do sistema é simples, o que gerou alguma dificuldade foi a tentativa de criar um design intuitivo para ele e agora fazer ele funcionar nos navegadores padrões. Para utilizá-lo, basta clicar na imagem. O mousewheel serve para aumentar ou diminuir a lupa, enquanto o botão direito pressionado aumenta ou diminui o foco.

Ele está testado no Chrome e no Firefox. O IE continua sendo um atraso social. Caso não esteja funcionando no seu navegador, tente o link da fonte aqui.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

UOL Noticias.

26/08/2011 - 15h33 / Atualizada 26/08/2011 - 16h03

Fraude em construções pode causar maior rombo da história da Prefeitura de São Paulo

Janaina Garcia
Do UOL Notícias*
Em São Paulo
  • Prédio no Tatuapé, zona leste de São Paulo, cuja autorização foi fraudada

    Prédio no Tatuapé, zona leste de São Paulo, cuja autorização foi fraudada

O prejuízo nos cofres públicos causado por um esquema de fraudes em autorizações para a construção de prédios em São Paulo pode ultrapassar R$ 100 milhões, o maior rombo da história da cidade, segundo informou o corregedor-geral do município, Edílson Bonfim.

O esquema consistia na fraude ou falsificação das guias de recolhimento de outorga onerosa --taxa que permite construir prédios com alturas acima do permitido em São Paulo-- para forjar pagamentos à prefeitura. Segundo o governo municipal, donos de construtoras, engenheiros, arquitetos e despachantes participaram do esquema.

Operação realizada nesta sexta-feira (26) pela prefeitura, policiais civis e promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) prendeu quatro pessoas e cumpriu 20 mandados de busca e apreensão. Até agora, o prejuízo calculado com as três guias em que a fraude foi confirmada é de R$ 3 milhões. Segundo o corregedor, há pelo menos 900 guias sob suspeita.

"O tamanho desse iceberg ainda é impossível de imaginar. Estamos correndo contra o relógio, porque sabemos que o crime organizado trabalha com rapidez. Vamos até as raízes desse que se afigura ser um grande prejuízo aos cofres públicos.”

Bonfim afirmou ainda que a partir da semana que vem diversas obras serão embargadas. Três das falsas guias --com valores de R$ 3 milhões, R$ 800 mil e R$ 586 mil-- tiveram pagamento autenticado em um banco "fantasma", mas a prefeitura só divulgou detalhes da terceira guia, que deu início à investigação.

A Corregedoria começou a apuração em junho, após a vice-prefeita, Alda Marco Antônio, receber denúncia de que uma guia no valor de R$ 586.266,15, usada para construir um prédio de alto padrão no Tatuapé, na zona leste, era falsa.

O documento havia sido emitido pela Secretaria Municipal de Habitação em novembro do ano passado, como comprovação de suposto pagamento feito pela Marcanni Construtora e Incorporadora Ltda.

De posse da guia, a construtora pôde começar a levantar o empreendimento residencial Porto Santo. A construção do condomínio de 72 apartamentos (de 87 m² e 110 m²), espalhados por 18 andares, foi paralisada anteontem, com a suspensão do alvará da obra.

O corregedor-geral já disse ter ouvido seis envolvidos no caso, incluindo o dono da construtora.

A Marcanni admitiu que comprou por R$ 350 mil a guia falsa de R$ 586 mil de um prestador de serviços contratado para legalizar o empreendimento na prefeitura, por meio do pagamento de precatórios. A empresa alega que não sabia que se tratava de uma guia fraudulenta.

*Com informações da Agência Estado



Estado.

Início do conteúdo
photo

Illustration for John Milton’s “Paradise Lost“ by Gustave Doré, 1866.

Nêumanne e os termidorianos

26 de agosto de 2011 | 0h 00

Roberto Romano - O Estado de S.Paulo

O livro de José Nêumanne Pinto O que Sei de Lula ajuda a reflexão ética e política. As suas páginas ultrapassam a figura do suposto pai da Pátria. Elas narram, em surdina, o golpe político encenado pelos que se abrigam no Partido dos Trabalhadores e em agremiações similares. Nêumanne traça um retrato fiel do proprietário no condomínio petista. Os fatos brotam diante de nossos olhos e têm como base a experiência pessoal do autor e documentos ou testemunhos de pessoas que seguiram a carreira do líder. O seu relato segue o preceito de Tucídides e Tácito: nada adiantar sem provas e, sempre, manter a isenção de ânimo.

O livro narra as agruras, as idiossincrasias, as matreirices do personagem que, ainda hoje, governa o Brasil. A cada instante fica bem claro que a cadeira da Presidência da República é ocupada por certa personalidade vicária, à espera de um retorno triunfal, em 2014, do verdadeiro dono. Tudo indica a prática de um império de tipo cesarista: populismo, propaganda, cargos e recursos públicos em favor de um homem. Temos aí a face visível da tragédia. A escondida indica o oportunismo das esquerdas, que, para chegarem ao poder, jogaram às urtigas ideologias, programas, posturas éticas.

Na história política moderna, este não é o primeiro golpe da esquerda para garantir aos seus líderes as benesses palacianas. Um intelectual insuspeito, porque fiel à ideologia, Alain Badiou prova que o Termidor, quando acabou a Revolução Francesa, se deveu aos jacobinos. "Os termidorianos históricos não são aristocratas, restauradores, ou mesmo girondinos. São as pessoas da maioria robespierrista na Convenção" (1). Os partidários do Incorruptível - apelido de Robespierre - aboliram as teses revolucionárias. "Meditar sobre a corrupção", adianta Badiou, "com certeza não é inútil hoje. (...) Sylvain Lazarus mostrou que "corrupção" designa inicialmente a precariedade política, ligada ao seu princípio real subjetivo (a virtude, os princípios). E depois, como resultado, vemos a corrupção material. Um termidoriano, em sua essência política, é um corrompido. O que significa: um aproveitador da precariedade das convicções (e das vontades). Aliás, os termidorianos históricos são, o dossiê é claro, corrompidos no sentido usual". Primeiro os valores éticos são alardeados, depois eles se transformam, na metamorfose ambulante, em "bravatas".

Após anos proclamando a virtude, a facção jacobina decidiu melhorar sua vida rifando os antigos ideais? Negativo. A corrupção não caiu nas hostes da esquerda de repente. A historiografia da Revolução Francesa evidencia, com documentos e relatos de vida, a maneira como líderes "puros" e "inflexíveis", que usavam a guilhotina contra adversários, se foram apropriando desde cedo da riqueza pública em proveito pessoal. Quem deseja se informar leia o dossiê, publicado por Michel Benoit, 1793, A República da Tentação, um Caso de Corrupção na Primeira República (2). O autor narra a odisseia de Claude Bazire e seus pares, todos da ala radical esquerdista. Um caso basta: em 1792 foi roubado o armário com joias da antiga Coroa francesa. "O ministro Roland, ao informar a Assembleia sobre o roubo, tinha apontado com o dedo os verdadeiros responsáveis: a Comuna Insurrecional e o Comitê de Vigilância, do qual Bazire e Chabot eram integrantes, mas ele não denunciou os verdadeiros culpados, por insuficiência de provas..." (3). As estripulias dos "puros" aumentaram com a impunidade, até que eles foram condenados por corrupção.

O exemplo francês teve antecedentes de corrupção e voracidade de poder na Revolução Puritana da Inglaterra, no século 17. Os radicais exigiam que os governantes e juízes prestassem contas à cidadania dos recursos humanos e materiais sob sua responsabilidade. Falamos da famosa accountability. No entanto, com o avanço do movimento, a morte do rei, os cargos de mando serviram como aperitivo saboroso para os que se designavam santos incorruptíveis. John Milton, o poeta revolucionário, bem antes que morresse a República ditatorial inaugurada por Cromwell, desencantou-se com os líderes corrompidos. E veio a trama do monumental poema O Paraíso Perdido. Os comandantes revolucionários são retratados como anjos caídos. Em vez de libertar os ingleses, eles, radicais, fizeram o contrário de Moisés, pois instalaram um pandemônio de servidão como se levassem o povo eleito de volta ao Egito... Maiores informações podem ser lidas no insuspeito historiador, porque marxista, Christopher Hill (4).

Quem se corrompe e renega ideais costuma apelar para o realismo político. Mas o cacoete maquiavélico é confissão de algo sinistro: a hipocrisia disfarçava, sob os rostos imaculados e as falas virtuosas dos supostos jacobinos, o vulgar oportunismo. A traição dos militantes e líderes da esquerda ao seu discurso anterior não muda o fato brutal, a ganância pelo poder a qualquer custo. Sem a corrupção ética da esquerda, o sr. da Silva não teria a força que lhe garantiu o Planalto duas vezes e, mesmo, o conduzirá à Presidência em 2014. Lúcido Elias Canetti: "Nunca vi um homem vituperando contra o poder sem o secreto desejo de possuí-lo". Os hipócritas jamais perdoarão a José Nêumanne Pinto o seu ato, corajoso ao extremo, de rasgar a máscara da virtude ostentada no passado por quem, hoje, elogia a desfaçatez como artifício político. Ler as páginas desse livro é um exercício de lucidez histórica.

(1) O que é um termidoriano?, no livro editado por C. Kintzler A República e o Terror (Paris, Kimé, 1995).

(2) Paris, L"Armançon Ed., 2008.

(3) Benoit, página 61.

(4) Milton e a Revolução Inglesa (Penguin, 1979).



FILÓSOFO, PROFESSOR DE ÉTICA E FILOSOFIA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP), É AUTOR, ENTRE OUTROS LIVROS, DE ''O CALDEIRÃO DE MEDEIA'' (PERSPECTIVA)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011



Marta Bellini, ao lado dos alunos, porque este é o lado dos professores.






Os alunos dormirão na Reitoria. Trouxeram vários colchões e estão reivindicando: aumento do refeitório para estudantes porque depois do aumento de cursos (cerca de 17 cursos) tudo ficou pequeno. As filas na hora do almoço são enormes. Mais banheiros (o departamento de psicologia não tem nem banheiro para os estudantes, nem salas d e aula).

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O que falar quer dizer!



Mídias da Má-ringa: os alunos invadiram a reitoria


LEIA-SE: os estudantes ocuparam a reitoria


Mídias da Má-ringa: os estudantes não deixaram o PM entrar na reitoria


LEIA-SE: o PM soube que não devia entrar sem ordem da administração ou do governador.




De um amigo muito prezado, Alvaro Caputo, a excelente sugestão.



Marta Bellini. Fiz o curso de Estética com Orides. A professora era mediocre, foi divertido seguir os protestos da poeta contra as tolices da mestra..

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Orides ...

Meu irmão Beto apresentou-me à Orides Fontela. Fui em busca. E encontrei.


ORIDES FONTELA DAQUI
(1940 — 1998)
Nasceu em São João da Boa Vista (SP), em 24 de abril de 1940, e faleceu num sanatório de Campos do Jordão (SP), em 2 de novembro de 1998. Começa a escrever em 1946, após ser educada por sua mãe. Em 1955, cursa a Escola Normal de São João da Boa Vista. Seus primeiros versos são publicados em 1956 no jornal “O Município” daquela cidade. Em 1967, vai para São Paulo (SP), onde ingressa no curso de Filosofia da Universidade de São Paulo – USP, formando-se em 1972. Trabalha como professora primária e bibliotecária em várias escolas da rede de ensino São Paulo. Após ter sido despejada do apartamento onde vivia, passa viver na Casa do Estudante, um velho prédio na Avenida São João daquela capital. De personalidade difícil, isolou-se dos amigos. Morreu na miséria e, se não fosse a atenção de um médico que a atendia no sanatório, teria sido enterrada como indigente. Há um longo depoimento de Orides Fontela sobre a sua formação e sua obra no livro ARTES e ofício da poesia, organizado por Augusto Massi, publicado em Porto Alegre pela editora Artes e Ofícios

Bibliografia: Transposição, 1969, Instituto de Espanhol da USP, coordenada por Davi Arrigucci Jr.; Helianto, 1973, Duas Cidades; Alba, 1983, Roswitha Kempf, Prêmio Jabuti; Rosácea, 1986, Roswitha Kempf; Trevo, 1988, Coleção Claro Enigma, organização de Augusto Massi; Teia, 1996, Marco Zero, Prêmio concedido pela APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte; Poesia Reunida, 2006, Cosac Naif/7 Letras; Trèfle (Trevo), tradução Emmanuel Jaffelin e Márcio de Lima Dantas - Paris: L'Harmattan, 1998; Rosace (Rosácea), tradução Emmanuel Jaffelin e Márcio de Lima Dantas - Paris: L'Harmattan, 2000.

Orides Fontela, em Teia, se apresenta fiel à tríade dos grandes poetas brasileiros (Drummond, Cabral e Bandeira); prova disto são os poemas que ressaltam a importância do cânone brasileiro, usando como recurso a metalinguagem como para reafirmar que a inquietação drumondiana (“Para C.D.A” e “Perdi o Bonde”), a precisão geométrica cabralina (“João” e “O pássaro- operário”) e a reinvenção do cotidiano de Bandeira (dada em Teia através do dito popular e da constatação súbita de uma realidade lírica) são elementos chave para criação de uma poética singular.

Eduardo Harau

São poemas imbuídos de investigação, mas que não recorrem à confissão ou a um tom de suspiro e enlevo. Íntimos, passando a largo de intimistas. Duros, críveis, laboriosos, destinado à lâmina da pedra mais do que à maciez do musgo. Orides Fontela conceitua a poesia como uma gramática. Poucos adjetivos, uma conduta de observação pura e imanente, protegida da transcendência. Com um repertório coloquial, nunca perde a realeza ou esbarra em facilidades expressivas. É comunicativa dentro de sua densidade, urde a complexidade das mais simples figuras.

Fabrício Carpinejar

Página construída por Salomão Sousa, publicada em agosto de 2007.

******************************
TEXTOS EM PORTUGUÊS

DESAFIO

Contra as flores que vivo

contra os limites

contra a aparência a atenção pura

constrói um campo sem mais jardim
que a essência.


AURORA III

Instaura-se a forma
num só ato

a luz da forma é um único
ápice
o fruto é uma única forma
instaurada plenamente

(o amor é unicamente

quando in-forma)


... mas custa o Sol a atravessar o deserto

mas custa a amadurecer a luz

mas custa o sangue a pressentir o horizonte

quarta-feira, 24 de agosto de 2011



Rádio Estadão.

Clique aqui :

Tirania no Brasil massacra as esperanças de uma democracia real, diz professor

Jornal O Estado de São Paulo – Rádio Estadão ESPN



Professor de Ética da Unicamp, Roberto Romano, fala sobre o caso do presidente do Senado, José Sarney, que diz ter direito a transporte do Estado para viagens particulares.

Você está em Rádio Estadão ESPN > Áudios

Tirania no Brasil massacra as esperanças de uma democracia real, diz professor

Professor de Ética da Unicamp, Roberto Romano, fala sobre o caso do presidente do Senado, José Sarney, que diz ter direito a transporte do Estado para viagens particulares.


1 comentários

jpcfire
seguir

Sarney representa o que há de pior no Brasil e na política brasileira. Não é a toa que ele sempre ganha a presidência do Senado, pois, traz consigo um resumo da incompetência, imoralidade, enriquecimento ilícito, incapacidade e descompromisso com o povo brasileiro tão presentes em nossos políticos.


Marta Bellini.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

oh, Meu Deus, vejam o que os bolcheviques fizeram àquele cavalo!



leituras, polémicas e iluminações / um blogue de rui bebiano
A Terceira Noite AQUI

Riso soviético

Contada ao longo de décadas nos países do «socialismo real», a anedota supostamente antisoviética que há dias aqui transcrevi acabou por servir de mote a uma cadeia que tem feito circular pela blogosfera portuguesa historietas de idêntico teor. Em casos isolados, elas activaram também o ressentimento de pessoas inaptas, nos momentos de transmissão do seu credo político vertidos sempre em solenes liturgias, para aceitarem a dimensão do humor e do nonsense como exercícios de ginástica da crítica e até da elevação da sua qualidade de vida. «Com certas coisas não se brinca» é um mote velho, velho de muitos séculos, que sempre exprimiu a primeira etapa da repressão do humor e da dimensão sardónica e crítica do riso. E o esquecimento da afirmação que Beaumarchais deixou n’O Barbeiro de Sevilha: «Faço por rir de tudo e de todos, com medo do dia em que for obrigado a chorar.»

Essa é também uma das marcas consistentes da ortodoxia marxista-leninista, com raízes históricas que pontuaram igualmente, ainda que com a integração de outros factores, uma parte significativa da ética vivencial que certos movimentos radicais – como os maoístas da linha dura, os adeptos do terrorismo urbano, os nacionalistas irredutíveis ou os fundamentalistas religiosos – recuperaram e desenvolveram. Tal como, aliás, é possível aferir ainda hoje pela análise dos seus padrões de discurso e pelo modelo de propaganda que alguns continuam a exibir. Pode dizer-se, sem grande margem de erro, que parte dessa recusa da dimensão lúdica da sociabilidade humana e da actividade política se radicou numa concepção da luta pelo poder como combate de extremos, em cujo contexto a utilização do riso enquanto instrumento de crítica interna poderia ser interpretada como atitude pusilânime ou de traição.

No campo comunista, a origem do trajecto pode ser examinada. Logo após a Revolução de Outubro, proliferaram, num ambiente de efervescência revolucionária, novas técnicas de agitação e de propaganda. Elas incluíram o uso instrumental do humor na crítica da velha sociedade mas também na detecção das contradições, erros e possibilidades da nova, que se acreditava estar em vias de ser erguida. Um bom exemplo desse ambiente pode ser dado pela obra de Mikhail Koltsov, comunista de origem judaica, membro o conselho editorial do Pravda e fundador de várias revistas satíricas, como a Krokodil, que se dedicava à sátira política e, entre outros alvos que usava no seu trabalho, escarnecia do oportunismo político de muitos intelectuais e quadros soviéticos. Em 1932, Koltsov abriria a sua intervenção no decurso do I Congresso dos Escritores Soviéticos contando uma anedota sobre os burocratas sindicais. A maioria dos delegados presentes riu-se, mas o gesto teve imediatamente vozes contra. Estas argumentaram que «zombar do Estado proletário por meio dos velhos dispositivos satíricos e, assim sendo, abalar-lhe os alicerces (…) é, no mínimo, uma insensatez e uma desconsideração.» Pouco tempo depois Koltsov partiria para Espanha, onde iria trabalhar como correspondente durante a Guerra Civil. De regresso, foi preso logo em 1938, no âmbito dos Processos de Moscovo, sendo executado dois anos depois.

Entretanto, o avanço da dogmatização, da colectivização da opinião, da censura e da imposição do pensamento único, iria deixando as suas marcas também neste domínio. A vitória naquele Congresso, instaurador formal dos princípios do Realismo Socialista, fora a dos adversários de Koltsov. Um tal Panteleimon Romanov, levantou-se após a sua intervenção e falou do futuro do riso sob a ditadura do proletariado: «Gostaria de exprimir o desejo de que, quando terminar o Plano Quinquenal, a necessidade de haver sátira tenha desaparecido da União Soviética, deixando apenas lugar para um humor de grande precisão, que é o das gargalhadas de júbilo.» Ao «homem novo» deveria assim corresponder um «humor positivo» que exprimisse «o riso dos vencedores, um riso tão refrescante quanto o exercício matinal, um riso evocado não pela zombaria do herói mas sim pela alegria por ele».

Um passo importante na construção de uma disjunção entre um «humor» oficial, público, que era essencialmente propaganda, e um humor oficioso, privado, por vezes rebelde, impossível de controlar apesar da censura e do trabalho incansável dos informadores da polícia, que pertencia ao domínio essencial da vida colectiva traduzido no recurso à sátira e mesmo à zombaria. No ambiente maniqueísta vivido sob a extensão da luta de classes a todos os campos do real, o humor informal, expresso através de anedotas do domínio da cultura popular, foi rapidamente empurrado para uma classificação como acto contra-revolucionário, equiparável ao boato. Milhares de pessoas foram presas, exiladas e até mortas por contarem essas anedotas ou por não denunciarem quem o fazia. São os herdeiros, conscientes ou não, do valor excludente desse «humor positivo», sempre sectário, que ainda hoje consideram intolerável a crítica do sistema soviético morto e enterrado ou a dos seus discípulos.

Termino com outra anedota, uma das mais antigas da história da URSS, que talvez possa ter uma receptividade mais unânime.
Uma velha camponesa está de visita ao jardim zoológico de Moscovo, onde vê um camelo pela primeira vez na vida. «Oh, meu Deus», diz a velhota, «vejam só o que os bolcheviques fizeram àquele cavalo.»

Marta Bellini.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Lá como cá!



A novela.
por Luís M. Jorge do Blog Delito de Opinião aqui


Em dois meses de Governo muita coisa mudou em Portugal. Os impostos aumentaram, mas só para quem trabalha. O projecto do TGV foi recuperado, mas só para mercadorias. Um ministro tentou intervir na televisão pública, mas só informalmente. A RTP vai ser privatizada, mas só no Canal 2. A Caixa Geral de Depósitos tem mais administradores, mas só por causa do mérito. Um comunista foi trabalhar para a direita, mas só para ganhar dinheiro. Os órfãos de José Sócrates chamaram filhos da puta e nojentos aos adversários políticos, mas só estavam a brincar.



É uma nova pátria, um novo desígnio, enfim, uma coisa nunca vista.