sábado, 4 de julho de 2015

J. R. Guedes de Oliveira




Imigração Norte-Americana ao Brasil



                                                                                   J. R. Guedes de Oliveira



            Neste 2015, lembramos do 150º aniversário do final da Guerra da Secessão Norte-Americana (1861-1865).

           Em homenagem ao povo americano, pelo que representa no contexto das nações,  pela sua firmeza de decisões em prol da democracia,  pela sua capacidade de unir os povos para o  convívio salutar entre todos e pela sua luta incessante contra os tiranos e déspotas, realizamos este vídeo histórico.
          
          Portanto, segue anexo documentário que trata da história da "Imigração Norte-Americana ao Brasil", ocorrida a partir do ano de 1866, especialmente para os locais onde hoje estão as cidades de Santa Bárbara d’Oeste e Americana, na atual região metropolitana de Campinas, interior do Estado de São Paulo. Mas há registros da chegada desses imigrantes em Iguape-SP, Santarém, Rio de Janeiro, Natal, Fernando de Noronha, porém, como o grupo de Santa Bárbara foi bem sucedido, imigrante estabelecido em outras regiões migrou-se para lá.

          Durante os anos de 1861 a 1865, os Estados Unidos experimentaram uma das piores guerras da sua história: a “Guerra da Secessão” como foi chamada, onde, por motivos abolicionistas, 11 estados do sul dos Estados Unidos queriam se tornar independentes e assim formar um novo país, que seria chamado de "Estados Confederados da América". Em 12 de abril de 1861, às 04h30minh da manhã, para cumprir esse intento, os Estados Confederados atacaram o Forte de Sumter, um posto militar americano na Carolina do Sul. Só ali soltaram nesse ataque mais de 3 mil bombas.

         Os Estados Confederados já trataram de designar sua capital - Richmond - e eleger para o governo provisório o presidente Jefferson Davis.

          Os estados do norte reagiram dizendo que os estados do sul não tinham o direito de separar-se e criar um novo país. Assim começou a Guerra da Secessão, uma guerra civil que durou 4 anos e que terminaria somente em 28.06.1865, com a rendição das últimas tropas remanescentes dos Estados Confederados e devastação total dos estados do sul. O saldo de mortes chegou a quase 1 milhão de pessoas.

          Nos estados do sul a atividade principal era a agricultura de algodão, com significativo volume de exportações, muito dependentes da mão-de-obra escrava. Possuíam apenas 10,5 dos 31,0 milhões de habitantes norte-americanos, e ainda quase 4 milhões deles eram escravos.  O sul tinha apenas uma fábrica de armamentos. Já o norte possuía 3 fábricas de armas muito mais modernas, extensa rede ferroviária, e contava com 2/3 da população total. Evidentemente, os estados do sul iniciaram uma batalha com larga desvantagem humana, de armamentos e de recursos.

          Para fortalecer os estados do norte, tentando assim enfraquecer os do sul e acabar com a guerra, o então presidente americano Abrahan Lincoln, um republicano contrário à escravidão, em plena Guerra da Secessão, assinou o "Emancipation Proclamation" no dia primeiro de janeiro de 1863, libertando todos os escravos. Mas os escravos eram analfabetos e ainda proibidos de aprender ler e escrever, e, portanto, não tomaram conhecimento dessa lei na ocasião.

          Em 15.04.1865, praticamente no final da Guerra da Secessão, o presidente Abrahan Lincoln foi assassinado pelo fanático ator sulista John Wilkes Booth.

          Durante essa guerra foi interrompida a produção e o fornecimento de algodão nos estados do sul, tanto às empresas têxteis dos Estados Unidos, como para empresas do resto do mundo, e evidentemente, o preço do produto disparou no mercado internacional.

          A Guerra de Secessão foi considerada a primeira guerra moderna da história, fazendo surgir os fuzis de repetição e as trincheiras, que irão marcar, de forma mais acentuada, a Primeira Guerra Mundial entre 1914 e 1918. As novas técnicas tornaram obsoletos o sabre e o mosquete, fazendo da luta corpo a corpo uma forma de combate cada vez mais inútil.

          Um dos combatentes sulistas, o Coronel Willian Hutchinson Norris, insatisfeito com a derrota e com as condições a que teriam que se submeter, e agora sem poder contar com a mão-de-obra escrava em suas lavouras, lidera um movimento migratório para outro país. O Brasil foi o país escolhido, por possuir grandes extensões de terras férteis, por ainda poder contar com o trabalho escravo e pela acolhida com que o governo imperial brasileiro, liderado por D. Pedro II oferecia. Tanto D. Pedro II, como o Cel. Norris eram ligados à Maçonaria, o que facilitou muito essa aproximação. O Coronel Norris foi Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Alabama e senador por este estado americano.

          E, então, o Cel. Willian H. Norris lidera esse movimento de imigração para o Brasil, trazendo para cá intelectuais, profissionais liberais e pessoas com larga experiência na agricultura, na medicina, na geologia, professores, dentistas, a grande maioria deles já fazendeiros nas localidades de origem. O processo de imigração desses norte-americanos ao Brasil iniciou-se em 1866, mas culminou em 1868.

          O local escolhido para a fixação da maioria deles foi onde hoje estão situadas as cidades de Santa Bárbara d’Oeste e de Americana, na região metropolitana de Campinas, interior do Estado de São Paulo. Isto se deveu à fertilidade do solo, às facilidades e abundância de água e disponibilidade de terras para a lavoura. A pequena Villa de Santa Bárbara já existia, fundada em 04.12.1818, por Dona Margarida da Graça Martins, e viveu uma euforia de progresso com a chegada desses imigrantes norte-americanos.

          Chegando, imediatamente cuidaram de construir suas casas, formar as vilas e começar o plantio do algodão, que estava com altos preços no mercado internacional.

          A prosperidade chegou à região. Logo depois, apoiada por fazendeiros de café do interior de São Paulo, chegou a ferrovia tendo uma estação na Villa de Santa Bárbara e se estendendo até o local onde hoje se localiza o município de Rio Claro. Criou-se a primeira indústria têxtil na região, a histórica "Indústria Têxtil Carioba". A industrialização de Americana se deveu a essa fábrica, que vendia suas máquinas obsoletas aos funcionários, e estes abriam pequenas fábricas têxteis de fundo de quintal em suas casas.

          O progresso não parou mais, tanto que Americana ganhou a carinhosa denominação de a “Princesa Tecelã”, por conta da qualidade do tecido fabricado ali e do volume de indústrias têxteis na cidade, fato que se nota até hoje.

          Uma história bonita de progresso, de trabalho, de determinação e acima de tudo, de união das famílias em prol do desenvolvimento, que acabou culminando no surgimento e no desenvolvimento das cidades de Americana e de Santa Bárbara d’Oeste, hoje dois pólos de desenvolvimento no interior de São Paulo, podem ser sentidas visitando essas cidades.

          Mas eles expandiram seus horizontes. Várias cidades na região também sofreram a influência e o benefício dessa imigração. Em Piracicaba-SP, vizinha de Santa Bárbara d’Oeste, a missionária Martha Watts fundou, em 13.09.1881, a primeira escola metodista do Brasil: o "Colégio Piracicabano", sendo referência em instituição de ensino até os dias atuais.

          As músicas inseridas nesta apresentação são as seguintes:

          - StarsStripes Forever – USSMA Regimental Band
          - National Emblem March – The Boston Pops Orchestra

         Agradeço a contribuição de informações prestadas pelos amigos Sr. José Roberto Guedes de Oliveira, historiador de Indaiatuba-SP (guedes.idt@terra.com.br), Dr. Marcus Vinícius, de São Paulo e Dr. Tito Sobrinho, de Augusta, na Geórgia, Estados Unidos, que foram de extrema valia para a elaboração e complementação deste trabalho. Agradeço, também, ao Museu da Imigração de Santa Bárbara d’Oeste, pela cessão das imagens antigas (em preto e branco) exibidas nesta apresentação.

          Abra o arquivo anexo, ligue o som e conheça um pouco da história desses desbravadores norte-americanos, que um dia escolheram o Brasil como sua segunda pátria e para cá trouxeram o progresso.

          Edison Piazza – Piracicaba, SP. (organizador)
            José Roberto Guedes de Oliveira – Indaiatuba, SP. (historiador).