Imigração Norte-Americana ao Brasil
J. R. Guedes de Oliveira
Neste 2015, lembramos do 150º aniversário do final da Guerra da Secessão Norte-Americana (1861-1865).
Em homenagem ao povo americano, pelo que representa no contexto das
nações, pela sua firmeza de decisões em prol da democracia, pela sua
capacidade de unir os povos para o convívio salutar entre todos e pela
sua luta incessante contra os tiranos e déspotas, realizamos este vídeo
histórico.
Portanto,
segue anexo documentário que trata da história da "Imigração
Norte-Americana ao Brasil", ocorrida a partir do ano de 1866,
especialmente para os locais onde hoje estão as cidades de Santa Bárbara
d’Oeste e Americana, na atual região metropolitana de Campinas,
interior do Estado de São Paulo. Mas há registros da chegada desses
imigrantes em Iguape-SP, Santarém, Rio de Janeiro, Natal, Fernando de
Noronha, porém, como o grupo de Santa Bárbara foi bem sucedido,
imigrante estabelecido em outras regiões migrou-se para lá.
Durante os anos de 1861 a 1865, os Estados Unidos experimentaram uma
das piores guerras da sua história: a “Guerra da Secessão” como foi
chamada, onde, por motivos abolicionistas, 11 estados do sul dos Estados
Unidos queriam se tornar independentes e assim formar um novo país, que
seria chamado de "Estados Confederados da América". Em 12 de abril de
1861, às 04h30minh da manhã, para cumprir esse intento, os Estados
Confederados atacaram o Forte de Sumter, um posto militar americano na
Carolina do Sul. Só ali soltaram nesse ataque mais de 3 mil bombas.
Os Estados Confederados já trataram de designar sua capital - Richmond -
e eleger para o governo provisório o presidente Jefferson Davis.
Os estados do norte reagiram dizendo que os estados do sul não
tinham o direito de separar-se e criar um novo país. Assim começou a
Guerra da Secessão, uma guerra civil que durou 4 anos e que terminaria
somente em 28.06.1865, com a rendição das últimas tropas remanescentes
dos Estados Confederados e devastação total dos estados do sul. O saldo
de mortes chegou a quase 1 milhão de pessoas.
Nos estados do sul a atividade principal era a agricultura de algodão,
com significativo volume de exportações, muito dependentes da
mão-de-obra escrava. Possuíam apenas 10,5 dos 31,0 milhões de habitantes
norte-americanos, e ainda quase 4 milhões deles eram escravos. O sul
tinha apenas uma fábrica de armamentos. Já o norte possuía 3 fábricas de
armas muito mais modernas, extensa rede ferroviária, e contava com 2/3
da população total. Evidentemente, os estados do sul iniciaram uma
batalha com larga desvantagem humana, de armamentos e de recursos.
Para fortalecer os estados do norte, tentando assim enfraquecer os do
sul e acabar com a guerra, o então presidente americano Abrahan Lincoln,
um republicano contrário à escravidão, em plena Guerra da Secessão,
assinou o "Emancipation Proclamation" no dia primeiro de janeiro de
1863, libertando todos os escravos. Mas os escravos eram analfabetos e
ainda proibidos de aprender ler e escrever, e, portanto, não tomaram
conhecimento dessa lei na ocasião.
Em 15.04.1865, praticamente no final da Guerra da Secessão, o
presidente Abrahan Lincoln foi assassinado pelo fanático ator sulista
John Wilkes Booth.
Durante essa guerra foi interrompida a produção e o fornecimento de
algodão nos estados do sul, tanto às empresas têxteis dos Estados
Unidos, como para empresas do resto do mundo, e evidentemente, o preço
do produto disparou no mercado internacional.
A Guerra de Secessão foi considerada a primeira guerra moderna da
história, fazendo surgir os fuzis de repetição e as trincheiras, que
irão marcar, de forma mais acentuada, a Primeira Guerra Mundial entre
1914 e 1918. As novas técnicas tornaram obsoletos o sabre e o mosquete,
fazendo da luta corpo a corpo uma forma de combate cada vez mais inútil.
Um dos combatentes sulistas, o Coronel Willian Hutchinson Norris,
insatisfeito com a derrota e com as condições a que teriam que se
submeter, e agora sem poder contar com a mão-de-obra escrava em suas
lavouras, lidera um movimento migratório para outro país. O Brasil foi o
país escolhido, por possuir grandes extensões de terras férteis, por
ainda poder contar com o trabalho escravo e pela acolhida com que o
governo imperial brasileiro, liderado por D. Pedro II oferecia. Tanto D.
Pedro II, como o Cel. Norris eram ligados à Maçonaria, o que facilitou
muito essa aproximação. O Coronel Norris foi Grão Mestre da Grande Loja
Maçônica do Alabama e senador por este estado americano.
E, então, o Cel. Willian H. Norris lidera esse movimento de imigração
para o Brasil, trazendo para cá intelectuais, profissionais liberais e
pessoas com larga experiência na agricultura, na medicina, na geologia,
professores, dentistas, a grande maioria deles já fazendeiros nas
localidades de origem. O processo de imigração desses norte-americanos
ao Brasil iniciou-se em 1866, mas culminou em 1868.
O local escolhido para a fixação da maioria deles foi onde hoje estão
situadas as cidades de Santa Bárbara d’Oeste e de Americana, na região
metropolitana de Campinas, interior do Estado de São Paulo. Isto se
deveu à fertilidade do solo, às facilidades e abundância de água e
disponibilidade de terras para a lavoura. A pequena Villa de Santa
Bárbara já existia, fundada em 04.12.1818, por Dona Margarida da Graça
Martins, e viveu uma euforia de progresso com a chegada desses
imigrantes norte-americanos.
Chegando, imediatamente cuidaram de construir suas casas, formar as
vilas e começar o plantio do algodão, que estava com altos preços no
mercado internacional.
A prosperidade chegou à região. Logo depois, apoiada por fazendeiros de
café do interior de São Paulo, chegou a ferrovia tendo uma estação na
Villa de Santa Bárbara e se estendendo até o local onde hoje se localiza
o município de Rio Claro. Criou-se a primeira indústria têxtil na
região, a histórica "Indústria Têxtil Carioba". A industrialização de
Americana se deveu a essa fábrica, que vendia suas máquinas obsoletas
aos funcionários, e estes abriam pequenas fábricas têxteis de fundo de
quintal em suas casas.
O progresso não parou mais, tanto que Americana ganhou a carinhosa
denominação de a “Princesa Tecelã”, por conta da qualidade do tecido
fabricado ali e do volume de indústrias têxteis na cidade, fato que se
nota até hoje.
Uma história bonita de progresso, de trabalho, de determinação e acima
de tudo, de união das famílias em prol do desenvolvimento, que acabou
culminando no surgimento e no desenvolvimento das cidades de Americana e
de Santa Bárbara d’Oeste, hoje dois pólos de desenvolvimento no
interior de São Paulo, podem ser sentidas visitando essas cidades.
Mas eles expandiram seus horizontes. Várias cidades na região também
sofreram a influência e o benefício dessa imigração. Em Piracicaba-SP,
vizinha de Santa Bárbara d’Oeste, a missionária Martha Watts fundou, em
13.09.1881, a primeira escola metodista do Brasil: o "Colégio
Piracicabano", sendo referência em instituição de ensino até os dias
atuais.
As músicas inseridas nesta apresentação são as seguintes:
- StarsStripes Forever – USSMA Regimental Band
- National Emblem March – The Boston Pops Orchestra
Agradeço a contribuição de informações prestadas pelos amigos Sr. José
Roberto Guedes de Oliveira, historiador de Indaiatuba-SP (guedes.idt@terra.com.br),
Dr. Marcus Vinícius, de São Paulo e Dr. Tito Sobrinho, de Augusta, na
Geórgia, Estados Unidos, que foram de extrema valia para a elaboração e
complementação deste trabalho. Agradeço, também, ao Museu da Imigração
de Santa Bárbara d’Oeste, pela cessão das imagens antigas (em preto e
branco) exibidas nesta apresentação.
Abra o arquivo anexo, ligue o som e conheça um pouco da história desses
desbravadores norte-americanos, que um dia escolheram o Brasil como sua
segunda pátria e para cá trouxeram o progresso.
Edison Piazza – Piracicaba, SP. (organizador)
José Roberto Guedes de Oliveira – Indaiatuba, SP. (historiador).