A proteção das famílias aos delinquentes mostra de onde vem a sua ética: do berço. Razões ponderáveis apresentam Platão e Rousseau, quando advertem contra as formas éticas passadas pelos pais aos filhos. Tiranos engendram tiranos. A justiça formal venceu. Eles, os que deveriam cuidar dos pacientes, jogaram rojões sobre os enfermos. E os xingaram. Espero que a UEL não tenha usado o juramento de Hipócrates na formatura dos garotos privilegiados e desumanos. Seria um tapa no rosto, não apenas do sábio grego, mas da Humanidade. Vergonha é o que sentimos, quando percebemos quem e o que a universidade oferece à sociedade. Deus proteja os adoecidos que tombarem nas garras daqueles mercenários.
Roberto RomanoSão Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008
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Alunos de medicina gritam "justiça" durante formatura Reitor da Universidade Estadual de Londrina criticou estudantes, flagrados ao invadir hospital durante festa
Alunos da UEL conseguiram na Justiça o direito de se formar; colegas blindaram formandos para evitar que eles fosse identificados
JOSÉ MASCHIO DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
"Blindados" por familiares e pelos colegas do curso, os 14 estudantes de medicina da UEL (Universidade Estadual de Londrina) que haviam sido suspensos após promoverem uma farra no hospital universitário se formaram ontem em uma cerimônia rápida, que terminou com gritos de protesto. Antes mesmo da entrada dos estudantes no anfiteatro do Hospital Universitário, onde ocorreu a diplomação, a preocupação em "blindar" os formandos era evidente. Os estudantes conseguiram na Justiça o direito de se formarem. A coordenadora do Colegiado de Medicina, Evelin Muraguchi, se desculpava com amigos e parentes dos estudantes pela presença da imprensa. "É uma cerimônia pública. Vamos tentar que seja a mais indolor possível", dizia aos estudantes. Outra estratégia foi a de que a beca não fosse usada na formatura, já que os alunos que haviam se formado uma semana antes não estavam com elas. A maioria dos 82 formados no dia 12 compareceu ao ato em solidariedade aos 14 formandos. A cerimônia de formatura durou menos de 15 minutos. No momento do juramento, parentes, amigos e estudantes já diplomados se levantaram na tentativa de evitar que os 14 formandos fossem identificados pelos jornalistas. Na entrega dos diplomas, um médico, não identificado, chamou parentes e amigos para uma aglomeração. "Vamos embolar. Todo mundo embola junto", gritava. Outros parentes se colocavam na frente das câmeras dos cinegrafistas. Constrangido, o reitor Wilmar Marçal encerrou o ato na entrega dos diplomas. A turma de formandos resolveu comemorar aos gritos de "justiça". A comemoração irritou o reitor. "Houve justiça na ótica deles, mas não na da sociedade, que condenou e condena atitudes desse tipo", disse Marçal. O reitor afirmou que a decisão do juiz Mário Nini Azzolini, da 5ª Vara Cível, de permitir a colação acabou com o processo administrativo disciplinar contra os estudantes. "Mas que os 14 identificados fiquem alertas. Se ingressarem em residência médica ou em pós-graduação na UEL, os processos serão automaticamente reabertos." Marçal aumentou o tom de voz ao falar com a imprensa para ser ouvido pelos estudantes. Ele reiterou que ainda há um boletim circunstanciado registrado pelo diretor-clínico do Hospital Universitário, Marcos Camargo, na Polícia Civil. "Acabou o processo administrativo, mas a queixa na polícia pode virar inquérito. Espero que a vida os ensine a ser profissionais. Espero também que eles reflitam sobre o que fizeram. Falta ainda o arrependimento público e o pedido de perdão aos pacientes do HU, coisa que nenhum deles ainda fez", disse Marçal. No dia 20 de novembro, para comemorar o fim do curso, um grupo de estudantes invadiu o saguão do HU. Com rojões, sprays de espuma e bebidas alcoólicas, os alunos causaram pânico no local. No fim, 14 foram identificados por câmeras. Nenhum dos formandos quis falar com a reportagem.
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