IBGE corrige Pnad 2013 e diz que desigualdade registrou leve queda
O Estado de S. Paulo
19 Setembro 2014 | 18h 17
Ao contrário dos resultados apresentados na véspera, o índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu de 2012 para 2013, indicando uma leve melhora na desigualdade
O Gini medido pela renda do trabalho recuou de 0,496 para
0,495 - antes, a Pnad apontava alta para 0,498. Já o Gini que considera
todas as rendas recuou de 0,504 para 0,501 (o dado anterior mostrava
avanço para 0,505). Em outras palavras, houve desconcentração de renda
em 2013, ainda que pequena, segundo Cimar Azeredo, coordenador de
Trabalho e Rendimento do IBGE. Segundo ele, a falha foi humana. "Quando a
pessoa foi selecionar a planilha, selecionou a errada", disse.
Segundo o órgão, as alterações ocorreram em sete Estados:
Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande
do Sul. "A pesquisa continha erros extremamente graves. Nos cabe pedir
desculpas a toda sociedade brasileira", disse a presidente do instituto,
Wasmália Bivar. Questionado, o diretor de pesquisa do IBGE, Roberto
Olinto, negou interferência política para a correção dos dados. Para
Olinto, "seria surrealista você divulgar um dado para depois corrigi-lo
sob pressão."
Em nota, o órgão diz que os erros ocorreram no processo de
expansão da amostra da Pnad. "A Pnad é uma pesquisa por amostragem
probabilística, deste modo, para a geração dos resultados, é necessário
definir fatores de expansão ou pesos que são associados a cada unidade
selecionada para a amostra", diz o texto.
O IBGE ainda corrigiu outras informações da pesquisa. O
rendimento mensal do trabalho, por exemplo, foi reduzido de R$ 1.681
para R$ 1.651. Já a taxa de analfabetismo também foi corrigida e subiu
de 8,3% para 8,5%.
Ipea. Em abril deste ano, a correção de outra
pesquisa nacional também causou grande repercussão no País. O dado mais
comentado de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) sobre a violência contra as mulheres estava errado e foi
corrigido.
Uma semana após a divulgação do estudo levar a uma avalanche
de reações desde a presidente Dilma Rousseff até a funkeira Valesca
Popozuda, o órgão informou que 26% dos brasileiros, e não 65%,
concordam, total ou parcialmente, com a afirmação de que "mulheres que
usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". O Ipea publicou
uma errata, e o diretor do Departamento de Estudos e Políticas Sociais,
Rafael Osório, pediu exoneração.
Veja abaixo a nota do IBGE:
"O IBGE vem a público, por meio desta nota, informar que
foram verificados erros nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD) 2013, após a sua divulgação, ontem (18/09/2014).
Os erros ocorreram no processo de expansão da amostra da
PNAD 2013, o que provocou alterações nos resultados de sete estados:
Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande
do Sul.
A PNAD é uma pesquisa por amostragem probabilística, deste
modo, para a geração dos resultados, é necessário definir fatores de
expansão ou pesos que são associados a cada unidade selecionada para a
amostra (domicílios e seus moradores).
Estes pesos são obtidos através do plano amostral da
pesquisa, que leva em conta as probabilidades de seleção dos municípios,
setores e domicílios da amostra e são calibrados pelo total
populacional oriundos da projeção de população nos diferentes níveis
geográficos de divulgação.
A PNAD divulga resultados para cada Unidade da Federação
(UF) e para nove Regiões Metropolitanas, a saber, Belém, Fortaleza,
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e
Porto Alegre. Nas UFs dessas nove Regiões Metropolitanas, a calibração é
feita considerando a projeção de população para a Região Metropolitana
da capital e para o restante da UF, separadamente.
No Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo,
Paraná e Rio Grande do Sul existem outras Regiões Metropolitanas, além
daquelas que contêm os municípios das capitais.
No processo de expansão da amostra da PNAD 2013, foi
utilizada, equivocadamente, a projeção de população referente a todas as
áreas metropolitanas em vez da projeção de população da Região
Metropolitana na qual está inserida a capital.
Ao constatar esse erro o IBGE tomou imediatamente as
seguintes providências: recalculou os novos fatores de expansão; as
estimativas de indicadores; e refez o plano tabular, com suas
respectivas precisões.
Os resultados da PNAD 2013 e os microdados referentes às
variáveis dos pesos foram substituídos e estão disponíveis no portal do
IBGE na internet."