26/08/2005
- 18h56
Professor Roberto Romano encerra seminário sobre Ética e Responsabilidade Social
"As pessoas seriam justas se fossem
invisíveis?". O questionamento foi feito pelo professor de Filosofia
Roberto Romano durante conferência de encerramento do Seminário "Ética e
Responsabilidade Social na Realização da Justiça", no final da tarde
desta sexta-feira (26/8). "O Direito trabalha exatamente com o que é
invisível", observa Romano. Ele explica seu pensamento com a distinção
entre a ciência/teoria e o valor moral. "No plano físico, um fenômeno no
qual um corpo X aciona um corpo Y é algo que pode ser controlado,
medido, calculado. Mas se o corpo X for eu e o corpo Y o meu pai, tudo
muda".
Outra questão que deve ser considerada, ao se tratar de ética e de
responsabilidade, na visão de Romano, é o tempo. "Quanto mais a
tecnologia nos permite ganhar tempo, menos tempo nós temos. Esse é um
grande paradoxo", filosofa. Veículos da mídia, com a TV e a imprensa
escrita, para ele, têm reduzido cada vez mais o tempo das discussões.
"A questão do tempo é essencial quando se fala de responsabilidade",
afirma o filósofo. De acordo com ele, a pesquisa científica tem sofrido
bastante as conseqüências da aceleração do tempo. "O trabalho da
pesquisa é necessariamente lento e precisa de muito tempo. Se esses
requisitos desaparecem, não temos mais ciência", esclarece. No entanto,
ele denuncia, no seu relacionamento com a ciência, o mercado tem exigido
resultados cada vez mais rápidos.
"Têm acontecido coisas graves, que deveriam chamar a atenção do
Ministério Público", adverte o professor. Muitas pessoas, segundo ele,
podem vir até mesmo a morrer devido à forma inconseqüente com que são
conduzidas determinadas pesquisas envolvendo seres humanos.
Concluindo seu pronunciamento, Romano diz que "é preciso ter prudência".
"Devemos analisar todas as partes de uma questão, ainda que isso leve
tempo", finaliza.
O evento, realizado desde ontem no auditório do Ministério Público do
Distrito Federal (MPDFT), está sendo promovido pelo Centro de Estudos
Judiciários do Conselho da Justiça Federal (CEJ/CJF) em parceria com o
MPDFT e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF).
Roberta Bastos
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