No ano do falecimento do jornalista e escritor Eustáquio Gomes, a RTV Unicamp lança o videodocumentário Eustáquio.
Trata-se uma homenagem ao profissional que durante três décadas
coordenou a Assessoria de Comunicação da Unicamp e simultaneamente
ajudou a divulgar, documentar, e escrever páginas da história da
Universidade. Com 38 minutos de duração, o vídeo apresenta depoimentos
de 16 docentes e funcionários da Unicamp cuja ligação extrapolava as
relações profissionais. O triste episódio do AVC, a figura humana, a
produção literária, as viagens, o reconhecimento como escritor e a
relação litigiosa com morte imprimem a tônica desse documentário que
será lançado no dia 11 de dezembro (quinta-feira), às 18 horas, na Casa
do Lago, no campus de Barão Geraldo. A entrada é franca.
O vídeo
procura mostrar aspectos que faziam de Eustáquio Gomes, apesar de sua
importância na Universidade e do respeito que desfrutava como escritor,
uma pessoa muito simples. Segundo o diretor do documentário, jornalista e
amigo de longa data, Amarildo Carnicel, Eustáquio, também conhecido
como Tatá, era admirado pela sua simplicidade e reconhecido pelo seu
talento. Destinava às pessoas que admirava, independentemente da posição
que ocupassem na Universidade, igual atenção, como ao jardineiro e
poeta Sebastião Martins Vidal, um dos entrevistados. “Acho que ele
gostava desse meu jeito caboclo”, lembra.
O impacto da notícia do
acidente vascular cerebral, o drama vivido pela família, a
incompreensão por parte dos amigos estão nos depoimentos da secretária
Dulce Bordignon e da neurologista Desanka Dragosavac, que revela que
naquele momento estava diante de uma vítima de AVC bastante severo e, ao
mesmo tempo, diante de um amigo que, se sobrevivesse, passaria a
conviver com sequelas muito graves.
O vídeo também mostra uma
faceta pouco conhecida de Tatá. O jornalista Marcus Vinicius Ozores,
integrante da equipe que estruturou a Assessoria de Comunicação da
Universidade, lembra de momentos agradáveis da convivência com o
escritor. “Histórias da infância, quando vivia em Minas Gerais, de
passagens pelo colégio interno no interior de São Paulo, eram temas que
temperavam nossos almoços na Unicamp”, afirma. Mas foi com o jornalista
Clayton Levy que Eustáquio privou momentos cujo tema era algo que lhe
causava incômodo, apreensão e pavor: a morte. Clayton lembra que numa
oportunidade, em tom jocoso, Eustáquio lançou a seguinte questão: “Como
pode, alguém como eu, com tanta coisa a produzir no campo da literatura,
um dia morrer?”
Segundo o jornalista Amarildo Carnicel, a
direção e o roteiro do vídeo foram pautados pelas relações de amizade
que Eustáquio cultivou durante sua permanência na Unicamp. “Documentário
é sempre uma produção autoral. O recorte é totalmente marcado pela
subjetividade; não há a necessidade de ouvir o outro lado da história,
como numa produção jornalística. Dessa forma, fiquei muito à vontade
para escolher pessoas que, em diferentes oportunidades, o Eustáquio me
revelou esse apreço”. Dentre os entrevistados estão o reitor José Tadeu
Jorge, o matemático João Frederico Meyer, o filósofo Roberto Romano, o
historiador da arte Jorge Coli, o compositor Raul do Valle, o educador
Ezequiel Theodoro da Silva, o antropólogo visual Etienne Samain, o
economista Wilson Cano e os servidores Antônio Félix Duarte, Sandra Caro
Flório e Antônio Faggiani.
Além dos depoimentos, o vídeo conta com trechos de uma entrevista concedida por Eustáquio à RTV sobre o lançamento do livro O Mandarim
e com trechos de crônicas que permitem ao espectador navegar brevemente
pelo universo literário do escritor. Eustáquio Gomes publicou 16 livros
e produziu mais de 800 crônicas. Em junho de 2010 sofreu um AVC que o
obrigou a parar de trabalhar. Em 31 de janeiro de 2014, faleceu em sua
residência, vítima de um infarto do miocárdio.