quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Eustaquio


No ano do falecimento do jornalista e escritor Eustáquio Gomes, a RTV Unicamp lança o videodocumentário Eustáquio. Trata-se uma homenagem ao profissional que durante três décadas coordenou a Assessoria de Comunicação da Unicamp e simultaneamente ajudou a divulgar, documentar, e escrever páginas da história da Universidade. Com 38 minutos de duração, o vídeo apresenta depoimentos de 16 docentes e funcionários da Unicamp cuja ligação extrapolava as relações profissionais. O triste episódio do AVC, a figura humana, a produção literária, as viagens, o reconhecimento como escritor e a relação litigiosa com morte imprimem a tônica desse documentário que será lançado no dia 11 de dezembro (quinta-feira), às 18 horas, na Casa do Lago, no campus de Barão Geraldo. A entrada é franca.

O vídeo procura mostrar aspectos que faziam de Eustáquio Gomes, apesar de sua importância na Universidade e do respeito que desfrutava como escritor, uma pessoa muito simples. Segundo o diretor do documentário, jornalista e amigo de longa data, Amarildo Carnicel, Eustáquio, também conhecido como Tatá, era admirado pela sua simplicidade e reconhecido pelo seu talento. Destinava às pessoas que admirava, independentemente da posição que ocupassem na Universidade, igual atenção, como ao jardineiro e poeta Sebastião Martins Vidal, um dos entrevistados. “Acho que ele gostava desse meu jeito caboclo”, lembra. 

O impacto da notícia do acidente vascular cerebral, o drama vivido pela família, a incompreensão por parte dos amigos estão nos depoimentos da secretária Dulce Bordignon e da neurologista Desanka Dragosavac, que revela que naquele momento estava diante de uma vítima de AVC bastante severo e, ao mesmo tempo, diante de um amigo que, se sobrevivesse, passaria a conviver com sequelas muito graves. 

O vídeo também mostra uma faceta pouco conhecida de Tatá. O jornalista Marcus Vinicius Ozores, integrante da equipe que estruturou a Assessoria de Comunicação da Universidade, lembra de momentos agradáveis da convivência com o escritor. “Histórias da infância, quando vivia em Minas Gerais, de passagens pelo colégio interno no interior de São Paulo, eram temas que temperavam nossos almoços na Unicamp”, afirma. Mas foi com o jornalista Clayton Levy que Eustáquio privou momentos cujo tema era algo que lhe causava incômodo, apreensão e pavor: a morte. Clayton lembra que numa oportunidade, em tom jocoso, Eustáquio lançou a seguinte questão: “Como pode, alguém como eu, com tanta coisa a produzir no campo da literatura, um dia morrer?”  

Segundo o jornalista Amarildo Carnicel, a direção e o roteiro do vídeo foram pautados pelas relações de amizade que Eustáquio cultivou durante sua permanência na Unicamp. “Documentário é sempre uma produção autoral. O recorte é totalmente marcado pela subjetividade; não há a necessidade de ouvir o outro lado da história, como numa produção jornalística. Dessa forma, fiquei muito à vontade para escolher pessoas que, em diferentes oportunidades, o Eustáquio me revelou esse apreço”. Dentre os entrevistados estão o reitor José Tadeu Jorge, o matemático João Frederico Meyer, o filósofo Roberto Romano, o historiador da arte Jorge Coli, o compositor Raul do Valle, o educador Ezequiel Theodoro da Silva, o antropólogo visual Etienne Samain, o economista Wilson Cano e os servidores Antônio Félix Duarte, Sandra Caro Flório e Antônio Faggiani. 

Além dos depoimentos, o vídeo conta com trechos de uma entrevista concedida por Eustáquio à RTV sobre o lançamento do livro O Mandarim e com trechos de crônicas que permitem ao espectador navegar brevemente pelo universo literário do escritor. Eustáquio Gomes publicou 16 livros e produziu mais de 800 crônicas. Em junho de 2010 sofreu um AVC que o obrigou a parar de trabalhar. Em 31 de janeiro de 2014, faleceu em sua residência, vítima de um infarto do miocárdio.