Aliança entre PT e PP expõe contradições na corrida eleitoral
Depois de ser cotado para vice de Serra, senador do PP Francisco Dornelles anunciou apoio informal a Dilma
Paulo Germano | paulo.germano@zerohora.com.br
Há um desconforto rondando as coligações dos principais candidatos à Presidência. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) colecionam apoios controversos, sempre visando a minutos de TV ou qualquer empurrãozinho nos confins do país. O problema é o constrangimento que a incoerência provoca.
O caso mais recente é o apoio informal que o PP declarou a Dilma, na quarta-feira. Em entrevista a ZH ontem, o presidente nacional do partido, senador Francisco Dornelles (RJ), se recusou a dizer se fará campanha para ela (leia abaixo). Um mês atrás, ele era cotado para ser o vice de Serra. Trata-se de mais um exemplo de uma eleição marcada por alianças desconfortáveis, às vezes para quem concorre, às vezes para quem anuncia o apoio.
Petistas admitem insatisfação com o leque que cerca Dilma. Entre os aliados, estão os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL) – todos envolvidos em escândalos nos últimos anos.
– Alianças são necessárias, mas deveriam ter um limite, considerando diretrizes éticas e programáticas. O PT tinha um compromisso diferente do que vemos hoje – diz o ex-deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).
Não muda muito quando se analisa o palanque de Serra. Entre os maiores entusiastas, estão Joaquim Roriz (PSC-DF) e Roberto Jefferson (PTB-RJ), todos com um passado de suspeitas. Segundo o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), a questão será o quanto um futuro governo abrirá concessões para esses líderes contestados:
O caso mais recente é o apoio informal que o PP declarou a Dilma, na quarta-feira. Em entrevista a ZH ontem, o presidente nacional do partido, senador Francisco Dornelles (RJ), se recusou a dizer se fará campanha para ela (leia abaixo). Um mês atrás, ele era cotado para ser o vice de Serra. Trata-se de mais um exemplo de uma eleição marcada por alianças desconfortáveis, às vezes para quem concorre, às vezes para quem anuncia o apoio.
Petistas admitem insatisfação com o leque que cerca Dilma. Entre os aliados, estão os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL) – todos envolvidos em escândalos nos últimos anos.
– Alianças são necessárias, mas deveriam ter um limite, considerando diretrizes éticas e programáticas. O PT tinha um compromisso diferente do que vemos hoje – diz o ex-deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).
Não muda muito quando se analisa o palanque de Serra. Entre os maiores entusiastas, estão Joaquim Roriz (PSC-DF) e Roberto Jefferson (PTB-RJ), todos com um passado de suspeitas. Segundo o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), a questão será o quanto um futuro governo abrirá concessões para esses líderes contestados:
– Mas imaginar que só o purismo vai prevalecer é difícil. Cada vez mais me convenço de que isso é impossível.
Para o professor de Ética da Unicamp, Roberto Romano, governo algum consegue administrar sem o aval de caciques controversos. Romano acredita que uma mudança deveria passar pelo voto do cidadão.
– Sem o apoio desses oligarcas, verdadeiros donos de suas regiões, ninguém empolga nos Estados. A solução para isso é, em primeiro lugar, o voto. Depois, a pressão popular e a liberdade de imprensa – conclui ele.
Palanque de Dilma |
Veja quem são os aliados mais controversos |
FERNANDO COLLOR |
(PTB-AL) |
- Carrega no currículo o impeachment do primeiro presidente eleito no país pelo voto direto após a ditadura. Teve seus direitos cassados por oito anos pelo Senado e, em 1994, foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal. Eleito senador em 2006, hoje concorre ao governo alagoano. |
JOSÉ SARNEY |
(PMDB-AP) |
- Como presidente do Senado, enfrentou uma onda de denúncias no ano passado. Foi acusado de contratar parentes, encher a Casa de diretores, ser responsável por atos secretos e de receber auxílio-moradia apesar de ter casa em Brasília. Além disso, uma auditoria da CGU identificou um desvio de R$ 129 mil em convênio da Fundação José Sarney com a Petrobras. |
RENAN CALHEIROS (PMDB-AL) |
- Em 2007, o então presidente do Senado foi acusado de receber dinheiro de empreiteiro para bancar pensão e aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, de ajudar uma empresa com problemas no INSS e de ser sócio oculto de empresa de comunicação. Foi absolvido pelos colegas. |
Palanque de Serra |
Veja quem são os aliados mais controversos |
JOAQUIM RORIZ |
(PSC-DF) |
- Apontado como pai do esquema batizado de mensalão do DEM, tenta voltar ao governo do DF. Mas a Procuradoria Eleitoral impugnou sua candidatura. A Ficha Limpa torna inelegível quem renunciou para escapar de processo de cassação. Roriz renunciou ao Senado em 2007, após a divulgação de gravação em que negociava a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões. |
ORESTES QUÉRCIA |
(PMDB-SP) |
- Maior líder do PMDB paulista, é um político sem cargo público há quase 20 anos. Foi vereador, prefeito, deputado, senador, vice-governador e governador. Quando ensaiava voo nacional, em 1994, foi ofuscado por denúncias de corrupção. |
ROBERTO JEFFERSON |
(PTB-RJ) |
- Em 2005, tentou ser o herói do escândalo do mensalão, fazendo denúncias contra o PT e o governo Lula. Disse que o partido distribuía mesada a deputados, mas confessou ter recebido, de forma ilegal, de R$ 4 milhões do PT. Acabou tendo o mandato de deputado federal cassado. É um dos réus no processo do mensalão, que corre no STF. |