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A guerra de Chávez
Essa violência, da qual enunciei parte ínfima, ocorre na coletividade. A derradeira forma de luta civil reconhecida, no entanto, ocorreu no levante constitucionalista de São Paulo. Mas quem anda pelas nossas ruas sabe que o ambiente bélico (inclusive com toque de recolher ordenado por quadrilhas) se apresenta sob a capa da normalidade. No plano externo, nossa última presença armada foi na Europa, com os pracinhas que deram a vida para que o fascismo fosse derrotado. No século 19 tivemos várias campanhas civis e internacionais. Em todas as ocasiões, venceu o predomínio do Estado brasileiro sobre fronteiras estabelecidas ao longo de 500 anos.
Hoje, as mesmas fronteiras estão sob ameaça dupla. A primeira vem de focos guerrilheiros que operam o negócio das drogas, as Farc. Eles não respeitam limites e se localizam onde melhor são atendidos os seus alvos. A segunda vem de governos como o de Hugo Chávez. Premido por contradições internas devidas a extremado autoritarismo e incompetência gerencial, que elevam a inflação; pelo pequeno desenvolvimento produtivo e minguadas aplicações de recursos externos; pela carestia, aquele militar tenta a receita tirânica de gerar guerras com países próximos para distrair seus dirigidos e driblar toda oposição. Caso o seu exército tenha sucesso, também nossas fronteiras estarão ameaçadas, seja pelas Farc, seja pela instabilidade gerada nos território limítrofes entre nossas terras e as postas em conflito.
Chávez opera como tirano. A receita que consiste em gerar guerras, ele a encontra na República de Platão. O tirano sorri nos primeiros dias “e dispensa boa acolhida a todos os que encontra, declara que não é tirano, promete muito em particular e em público, adia dívidas, partilha terras entre o povo e seus favoritos, e finge ser brando e afável para com todos (...) Mas depois de se livrar dos inimigos externos, fazendo tratos com uns, arruinando outros, e de ficar tranquilo por este lado, começa sempre provocando guerras, para que o povo sinta necessidade de um chefe. (...) E também para que os cidadãos, empobrecidos pelos impostos, sejam obrigados a pensar nas necessidades cotidianas e conspirem menos contra ele. (...) E se alguns têm o espírito demasiado livre para lhe permitir comandar, ele encontra na guerra pretexto para se livrar deles, entregando-os aos golpes do inimigo. Por todas essas razões é inevitável que um tirano fomente sempre a guerra (...) Mas assim procedendo, torna-se cada vez mais odioso aos cidadãos”. Sábio Platão...