Aumento dos vereadores é um "atentado", afirma professor
Para Roberto Romano, da Unicamp, sem fé pública não existe democracia, já que este sistema político resiste pela confiança que o cidadão tem em seus representantes
13/12/2011 - 17h02 . Atualizada em 13/12/2011 - 18h29
Glaucia Santinello | AGENCIA ANHANGUERA DE NOTÍCIAS | ||
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(Foto: Rogério Capela/AAN)
“É um atentado à fé pública”. É desta forma que o professor de Ética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, definiu a forma como os vereadores aprovaram o aumento de 126% dos próprios salários com 28 votos favoráveis, na penúltima sessão da Casa de Leis.
Para o professor, sem fé pública não existe democracia, já que este sistema político resiste pela confiança que o cidadão tem em relação aos seus representantes públicos. “A aprovação foi um procedimento antidemocrático, que passou pela técnica da dissimulação, escondendo o verdadeiro teor do decreto. É lamentável a falta de transparência”.
Para o professor, no momento delicado que Campinas atravessa – considerado um dos mais graves da história política do Poder Executivo – os vereadores deram mais um tiro contra o próprio pé.
Para Romano, a Câmara fecha o ano reforçando a imagem desgastada por escândalos. “Diante de todas estas crises, o que efetivamente se constata é a total desesperança da população”, aponta. Além deste clima, uma das consequências apontadas por ele é desestruturação dos poderes.
Durante a sessão, 16 GMs faziam a segurança do plenário. Após verem o projeto do reajuste salarial ser aprovado, dois estudantes atiraram ovos contra o presidente da Casa, Pedro Serafim (PDT).
Os jovens foram imobilizados no chão pelos guardas, que utilizaram armas de choque, as Tasers, e gás de pimenta para conter a manifestação. Um jornalista e quatro manifestantes tiveram queimaduras provocadas pelas armas.
“Nada justifica a ação exagerada da Guarda Municipal. O que aconteceu é que, sem legitimidade, os vereadores apelaram para a força física. E quando isto acontece, os gestores públicos se colocam à margem da sociedade. Na verdade, eles se transformaram em inimigos da cidade.”
Outro lado
Em nota oficial enviada através da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Campinas explica 'que o Poder Legislativo solicitou a presença da GM cinco minutos antes do início da sessão e os guardas foram orientados a cumprir seu papel legal de zelar pelo patrimônio público e garantir a segurança de cidadãos e vereadores. A possibilidade de ter havido abusos por parte de algum guarda será apurada e, se houver constatação de ações fora da norma, a Secretaria de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública aplicará as punições devidas.'