terça-feira, 14 de dezembro de 2010
It’s a Madhouse
Trapped, in this nightmare
I wish I’d wake
As my whole life begins to shake”
“Madhouse” – Anthrax
Muito para fazer em cada vez mais pouco tempo... sobra menos tempo ainda para este blog tresloucado. Também soa-me um pouco estranho ultimamente fazer comentários sobre o que ocorre no Brasil, uma vez que estou de partida, mas como continuo por aqui até o final de janeiro ainda faço parte (de maneira bem forçada) da realidade nacional, embora realize um esforço tremendo para ficar à parte de tudo isto.
Parece que todas as análises e percepções dos críticos (onde me incluo) do governo petista (Lula e futuro governo Dilma) estão se concretizando. Não é obra de nenhum talento prodigioso ou dom extraordinário, mas de pura e simples observação e raciocínio básico.
O governo Dilma avançará ferozmente contra a imprensa, continuará sua postura militante de cumprir as agendas do partido tanto na política interna quanto na externa e trará recessão, inflação como nos anos Sarney (aliás, este se tornou um neopetista convicto). Quem dizia que a economia do país vivia de crédito ruim, juros alto e bugigangas chinesas era amaldiçoado pelos governistas e pela imprensa. Quem ousava a dizer que a inflação era muito superior aos números maquiados do governo se tornava inimigo público número um. A farsa governista atingia até mesmo as publicações mais críticas ao governo como Estadão e Revista Veja, as matérias de economia catapultavam o país como futura potência ao lado de matérias triunfalistas que comemoravam o “fim” da economia americana.
Muitos analistas econômicos se referiam aos Estados Unidos em tom de chacota como um império falido dando seu último suspiro em contraste com o milagre econômico brasileiro. Hoje estes mesmos analistas são obrigados a reconhecer que a inflação é muito mais alta do que mostram os índices oficiais e que teremos anos muitos duros pela frente. O cerne do “milagre” econômico está com os dias contados: o crédito fácil dado a qualquer um. As carroças brasileiras que custam entre 20.000,00 e 40.000,00 não serão mais financiadas sem entrada em 60 ou 80 parcelas.
O BNDES a mãe do empresário incompetente e companheiro não poderá mais sustentá-los com empréstimos milionários e juros camaradas.
O governo nesta semana fez novas cédulas de 50 e 100 reais, é um jeito “esperto” de emitir mais papel moeda sem dizer que está fazendo isto, já que as antigas continuam em circulação, sinal claro de inflação e arrocho no já minguado poder de comprar do assalariado brasileiro.
Este texto não é uma espécie de “I told you so”, ou “cem melhores razões para deixar o Brasil”, tão pouco é tripudiar sobre a desgraça nacional já que estou de saída, mas uma constatação de algo amplamente anunciado por quem não esteve entorpecido com o ‘oba-oba’ e o triunfalismo lulo-petista dos últimos anos. A petezeda até pouco estava em polvorosa por conta da eleição, mas agora permanece quietinha, pouco fala, pouco escreve em seus blogs ou twitters, pois sabe o que virá.
Aposto que Lula sairá de cena quando a coisa realmente ficar feia, pois ainda estamos olhando a presa da fera, ela não nos engoliu ainda. Quando este momento chegar Lula se comparará com Dilma e dirá que ele faria tudo de outro jeito, faz parte do plano petista para que o mito sobreviva e ele “volte triunfante” em 2014 como o salvador e redentor.
Acompanharei isto de longe é bem verdade, embora não nutra muita coisa por este país, tenho bons amigos aqui e muita gente boa, portanto estarei torcendo para quem sabe, dentro do estômago da fera, a população acorde e aprenda com seus erros e omissões e que as coisas melhorem. É um pensamento muito otimista de minha parte, mas creio que é preciso mantê-lo.
Não compreendo o Brasil e o brasileiro. Analisar povos e culturas nacionais é um exercício temerário e pouco produtivo, embora a massa se comporte de maneira similar em vários lugares e períodos históricos, ainda assim é algo muito ingrato. O Brasil é uma incógnita que resiste a qualquer prognóstico.