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Só democratizando os partidos
Publicado em 27.03.2011
Algumas medidas já passaram pelos dois colegiados como o fim da reeleição e coligações proporcionais, mandato de cinco anos, mudança da data da posse...Nada que se traduza no substancial de uma verdadeira reforma. Medidas que dão as costas para o começo da reforma necessária que passa obrigatoriamente pela democratização dos partidos políticos.
Professor de Ética e Filosofia da Unicamp de São Paulo, Roberto Romano é taxativo: “Não dá pra acreditar em reforma política que não estabeleça primárias obrigatórias nos partidos, para que os filados pensem com as direções as alianças políticas, os candidatos, os programas eleitorais e etc., e normas que impeçam que um indivíduo permaneça por mais de quatro anos nas direções partidárias”.
Na primeira audiência pública sobre o tema no Congresso Nacional, na última quinta-feira, esse foi o tema que marcou as interferências dos participantes. Todos cobraram mais transparência e democracia nos partidos. Se não começar por aí, por mudanças no funcionamento do instrumento que faz a interlocução entre representante e representado, reforma política no Brasil será sempre a de cada um dos 513 deputados e 81 senadores. Sem consenso e longe de algo possível.
» ALERTA CONTRA A “DEMIZAÇÃO”
Líder do PSDB no Senado, o senador Álvaro Dias (foto) fez um alerta importante ao partido. Observou Dias que o PSDB “corre o risco de se desidratar como o DEM se desidratou”. Ele sugeriu primárias na legenda como solução para revigorar as bases partidárias. Mas parece que não foi ouvido pelo partido. Teve como resposta críticas de uns e silêncio sepulcral de outros.
» As primárias...
Dias chamou a atenção do PSDB para o fato de a legenda está, segundo ele, perdendo sua interlocução nacional. E argumentou que as primárias seriam um caminho no esforço de falar às bases que o PSDB “não é um partido de coronéis”.
» ...como antídoto
O professor de Ética, Roberto Romano (SP), lembra que um dos fundadores da Sociologia, Max Weber diz em “Economia e Sociedade” que as primárias surgiram na Inglaterra do século XIX exatamente para atenuar a força das oligarquias partidárias.
» Serra e Guerra vão para o bate chapa
Parece que não anda nem um pouco pacificado o clima da sucessão interna do PSDB que elegerá o presidente nacional da legenda em maio. Circula nos bastidores que o eterno presidenciável tucano José Serra está mesmo disposto a bater chapa com deputado federal e atual presidente Sérgio Guerra. O ex-governador andou circulando na semana passada pelos corredores e gabinetes do Congresso Nacional e dizem que determinado a conquistar votos para tirar Guerra do cargo.
» A BANCADA E A REFORMA POLÍTICA
“Ainda aguardo a posição do meu partido (PSB) para definir o que defenderemos na reforma política. Fica difícil para a gente falar antes de o partido fechar uma posição que pode bater de frente com o posicionamento do partido. Estamos evitando gerar queixas publicamente” – deputado federal Pastor Francisco Eurico (PSB).
» Habilidoso
O deputado Pedro Eugênio estreou bem, e diferente, na presidência estadual do PT. Tem minado todos os focos de discussão antecipada da sucessão 2012 no Recife. Depois que passou pelo PTB, os trabalhistas juraram silêncio.
» Reeleição
“Sou a favor do fim da reeleição porque quando os ocupantes dos citados cargos atingem o último ano da administração eles deixam de cuidar da gestão para cuidar de suas campanhas” – do leitor José Luiz de Souza, professor.