Ações policiais equivocadas costumam ser amplamente divulgadas pela imprensa, que muitas vezes comete abusos em suas publicações, fazendo julgamentos precipitados ou mesmo omitindo informações imprescindíveis para o perfeito entendimento do fato. Neste ambiente, o papel da grande mídia na questão da segurança pública sempre é questionado por policiais, que se vêem sempre desfavorecidos e desabonados.
É preciso que se diga que é ilegítima qualquer tentativa por parte das polícias (institucionalmente) ou dos policiais (individualmente) de esconder abusos cometidos por nós, de novo, institucional ou individualmente. As polícias são instituições públicas, DEVEM satisfação à população, e se cometem erros, eles precisam ser demonstrados com a devida clareza, ou retornaremos aos tempos em que o controle social sobre o Estado era quase nulo, não obstante não possuirmos o melhor dos cenários neste sentido.
Por outro lado, precisamos de iniciativas que diminuam e eliminem os casos em que as sensações superam o fato, ou que o fato é desviado e escondido. Não se pode admitir que existam semi-verdades na imprensa. Quando existem questões por esclarecer em uma informação, é perfeitamente possível que ela seja divulgada admitindo esta carência. Mas muito se vê a ânsia pelo “furo” pautando as matérias.
Outro ponto é a perda do foco por parte da imprensa. Exibir questões cotidianas da incidência da criminalidade é necessário e admissível, se há responsabilidade, sem exaltação do sangue, como muitos folhetins fazem, com larga audiência dos que procuram a morbidez hollywoodiana em suas realidades. Com isso, adia-se a discussão séria das causas, e os efeitos continuam intactos.
Mas nem esses desvios cometidos pela imprensa justificam a sonegação de informação, ou a defesa irracional de algum tipo de controle coercitivo. A existência da imprensa é indispensável à democracia, não obstante, algumas vezes, se preste ao cometimento de ditaduras, tratando de causas empresariais ou governamentais de acordo com seus interesses.
Os policiais militares sabem bem o quanto é incômodo se submeter a limitações à liberdade de expressão, de modo que a defesa da extensão desse cerceamento aos demais cidadãos passa a ser inaceitável. Antes, cabe lutar para que os princípios que devem nortear a atividade da imprensa cheguem às instituições policiais, ao tempo em que discutimos como tornar a imprensa cada vez mais um vetor de regulação responsável da segurança pública no Brasil.