terça-feira, 29 de março de 2011

Para pensar. E pensar e pensar. Brasil...



Brickmann & Associados Comunicação Brickmann & Associados Comunicação - B&A - 29/03/2011 - www.brickmann.com.br




"Decoro, senhores, decoro", Coluna Carlos Brickmann

Coluna de Quarta-feira, 30 de março

Incitação ao racismo? Sim. Homofobia? Sim. Ofensa a pessoas de bem? Sim. O deputado federal Jair Bolsonaro, do PP fluminense, já tinha sido responsável por alguns desses malfeitos; agora, em rede nacional de TV, ampliou a gama de ofensas a parcelas ponderáveis da população. O deputado Jair Bolsonaro pode pensar o que quiser (como talvez exista quem ache que os problemas do mundo estariam resolvidos se todas as mulheres casassem virgens); mas incitar ao crime é outra coisa. A Câmara Federal, que o abriga, tem de cuidar do decoro parlamentar; do comportamento de seus integrantes. Tem de cuidar de Bolsonaro.

Jair Bolsonaro, falando ao programa CQC, da Rede Bandeirantes, disse que seus filhos "não correm o risco" de namorar uma mulher negra, "porque foram muito bem educados"; também não correm o risco de "virar gays". Em seguida, fez uma acusação pesada à cantora Preta Gil (e aos artistas em geral): "Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o seu".

O ambiente de Bolsonaro tem seus momentos de, digamos, leveza. Fotos em poder desta coluna mostram, por exemplo, que ele tem o hábito de se depilar. O caro leitor já imaginou o que alguém maldoso diria de macho que se depila?

Bolsonaro disse, em outra ocasião, que o pai cujo filho manifestar "tendências gays" deve espancá-lo, até que mude de idéia. Como ninguém se importou, voltou a propagar idéias desse tipo. Alô, Comissão de Ética! Vocês ainda existem?

O depilado

Ninguém é obrigado a aprovar o comportamento dos outros. Ninguém é obrigado, seja por que motivo for, a gostar de alguém, mas é obrigado a respeitá-lo. Dizer que um rapaz não namoraria uma negra por ser bem educado é desrespeitoso. Todos podem pensar o que quiserem, mas não precisam ser idiotas.

O homem invisível

No show de truculência proporcionado pela segurança de Barack Obama no Brasil, um ministro escapou ileso: Pedro Novaes, do Turismo. Ninguém o revistou. Explica-se: esqueceram de convidá-lo. Nem o Governo lembrou dele. O caro leitor se lembra? É aquele que gastou um monte de verba pública no motel.

A bola rola

Atenção: uma lei que passou meio despercebida muda muito a relação entre jogadores de futebol, clubes e empresários, reforçando o poder dos clubes. Veja em www.brickmann.com.br o artigo do excelente portal jurídico Espaço Vital.

A ponte que partiu

A notícia não foi publicada e a Infraero a nega. Mas Cláudio Humberto, um dos mais bem-informados colunistas do país (www.claudiohumberto.com.br), dá a informação - e ele merece crédito: "Após um estalo, a operadora da ponte de embarque do Terminal 1 do aeroporto de Guarulhos (SP) empurrou uma mãe e filha, salvando-as da tragédia: a geringonça, conhecida por finger, despencou, segundo testemunhas. E levou junto a porta do Boeing 777 da United.

Ocorrido há um mês, o caso foi mantido sob sigilo e indica falta de manutenção na Infraero, que nega até o desabamento. Por sorte, ninguém se feriu. O prejuízo ficou com a United, cujo avião foi retido por três dias para consertar a porta e ainda voou aos EUA, vazio, para fazer manutenção".

Genro? Não, uma mãe

Depois de passar toda a campanha eleitoral criticando os gastos da governadora Yeda Crusius, o novo governador Tarso Genro, do PT, já criou em três meses 500 novos empregos públicos no Rio Grande do Sul. Destes, 330 podem ser preenchidos sem concurso. A festa da companheirada gaúcha não é acompanhada pelo Governo Federal: a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, baixou portaria suspendendo a nomeação de novos funcionários já concursados e adiando a realização de novos concursos. Motivo: economia. Pelo jeito, o Governo Federal é mais pobre que o Governo do Rio Grande do Sul.

Crime premiado

Não há nenhuma dúvida sobre o fato nem sobre a autoria. Um adolescente de 17 anos, sem habilitação, guiando o carro do pai, atropelou três pessoas em Guarulhos, SP. Duas morreram: uma menina de 11 anos, uma moça de 18. A terceira vítima, uma mulher de 44 anos, teve fratura nas duas pernas e foi internada, em estado grave. Dois dias depois do atropelamento, o adolescente e o pai se apresentaram à Polícia. O garoto, réu confesso; o pai, que segundo o carona do filho autorizou-o a pegar o carro, mesmo sem habilitação, foram ouvidos e liberados. Devem responder aos processos em liberdade.

Alguém acredita que o rapaz ficará algum dia sem dirigir? Ele escapou, com o pai, de ser privado da liberdade. Duas meninas, que foram privadas da vida, mais suas famílias, privadas das filhas, ficam esperando - até quando?

Relembrando

Para que não haja dúvidas quanto aos prazos, o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, réu confesso do assassínio a sangue frio de sua ex-namorada Sandra Gomide, já condenado à prisão, continua livre, dez anos depois do crime.