terça-feira, 22 de março de 2011
Avacalhadores....ôps, avaliadores....
Da MARY, sempre fantástica aqui
É assim. Você entra no site do MEC. Daí vai no INEP e preenche um formulário. E eles te chamam lá em Brasília. E te dão um cursinho meia boca. Te ensinam a fazer parecer técnico. E falam sobre ética. E sobre procedimentos. E aí você vai pra casa. E um belo dia é sorteado. Porque você é Avaliador do MEC e então é escalado pra ir numa faculdade longe fazer avaliação. Você não é funcionário. Você não toma decisões. Você é apenas um chato de galochas com uma vida de merda. Sua vida é uma bosta tão grande que você acha uma grande coisa ser isso. E aí você vem aqui, encher o MEU saco. E tem que andar e ver as instalações da faculdade. Ler o projeto pedagógico. Fazer reuniões. Primeiro com os professores, depois com os alunos, com os funcionários e, finalmente, com a direção. Eu não respeito você de cara. Porque eu não gosto desse ministério e considero a política para ensino superior um equívoco. E acho que o Fernando Haddad é um incompetente. Etc. Daí na semana passada vieram dois tontos aqui. Um gaúcho e um mineiro. E eles resolveram implicar com a carga horária do curso que eles vieram fiscalizar. É o curso de Letras. Pra quem não sabe, era um curso de 4 anos e o MEC autorizou que passasse a durar só 3 anos. Aí todas as faculdades privadas tiveram que diminuir a carga horária. Porque o aluno quer se qualificar rapidamente e escolhe os cursos mais curtos. Quando o MEC autorizou isso, os professores se chatearam. Alguns pelo curso. Outros pelo bolso. TODOS XINGARAM O MEC. E pois bem. O avaliador gaúcho resolveu implicar com a carga horária. E na reunião ficou questionando. Como é possível ensinar isso só com tantas horas? E assim por diante. Os professores tentaram defender o trabalho que faziam, alguns suspiraram. Eu resolvi bater boca. E disse que quem tinha autorizado o curso com 2800 horas (3 anos) era o MEC e que agora o MEC estava cobrando isso. Que quando o MEC autorizou/sugeriu* nós ficamos tão contra, mas que com Portaria do MEC não tem como discutir. Então, eu falei pro gaúcho, o senhor não acha que o Ministério é um tanto esquizofrênico?. Ele ficou mega macho, o gaúcho. Como era de se esperar. E começou a ser grosso comigo. Assim. Grosso. No sentido de me dar patada. E falou que o MEC também exigia que os alunos lessem INTEGRALMENTE os três livros indicados na bibliografia básica** e leu os livros da MINHA bibliografia. E tinha lá. Roque Laraia. Gilberto Velho. E putz. Marcel Mauss. Aí ele falou Mauss? e olhou pra minha cara. Tipo me gozando. Duvido que seu aluno leia o livro inteiro do Marcel Mauss. E não lê mesmo. Meu aluno lê Técnicas Corporais e nem cai na prova. Só porque eu acho uma das coisas mais geniais escritas por um humano na Terra. Então eu sugiro. Pra alunos e amigos. Que é pra quem eu devo satisfação nessa vida. Já que o MEC nem sabe o que fala tampouco o que faz. Nessa hora do Marcel Mauss, o professor de Latim interrompeu*** e disse que nós usávamos muitos textos que estavam disponíveis na internet. E começou um blábláblá sobre novas tecnologias e educação. O cara deu uma patada nele. Dessa vez o mineiro. Posso entrar na sua sala de aula e perguntar se seus alunos leram ou estão lendo esses três livros? E apontava e lia alto a bibliografia básica do professor de latim. Tipo. Vontade de devolver, né? E na SUA sala de aula, eu posso entrar?
É assim. Você entra no site do MEC. Daí vai no INEP e preenche um formulário. E eles te chamam lá em Brasília. E te dão um cursinho meia boca. Te ensinam a fazer parecer técnico. E falam sobre ética. E sobre procedimentos. E aí você vai pra casa. E um belo dia é sorteado. Porque você é Avaliador do MEC e então é escalado pra ir numa faculdade longe fazer avaliação. Você não é funcionário. Você não toma decisões. Você é apenas um chato de galochas com uma vida de merda. Sua vida é uma bosta tão grande que você acha uma grande coisa ser isso. E aí você vem aqui, encher o MEU saco. E tem que andar e ver as instalações da faculdade. Ler o projeto pedagógico. Fazer reuniões. Primeiro com os professores, depois com os alunos, com os funcionários e, finalmente, com a direção. Eu não respeito você de cara. Porque eu não gosto desse ministério e considero a política para ensino superior um equívoco. E acho que o Fernando Haddad é um incompetente. Etc. Daí na semana passada vieram dois tontos aqui. Um gaúcho e um mineiro. E eles resolveram implicar com a carga horária do curso que eles vieram fiscalizar. É o curso de Letras. Pra quem não sabe, era um curso de 4 anos e o MEC autorizou que passasse a durar só 3 anos. Aí todas as faculdades privadas tiveram que diminuir a carga horária. Porque o aluno quer se qualificar rapidamente e escolhe os cursos mais curtos. Quando o MEC autorizou isso, os professores se chatearam. Alguns pelo curso. Outros pelo bolso. TODOS XINGARAM O MEC. E pois bem. O avaliador gaúcho resolveu implicar com a carga horária. E na reunião ficou questionando. Como é possível ensinar isso só com tantas horas? E assim por diante. Os professores tentaram defender o trabalho que faziam, alguns suspiraram. Eu resolvi bater boca. E disse que quem tinha autorizado o curso com 2800 horas (3 anos) era o MEC e que agora o MEC estava cobrando isso. Que quando o MEC autorizou/sugeriu* nós ficamos tão contra, mas que com Portaria do MEC não tem como discutir. Então, eu falei pro gaúcho, o senhor não acha que o Ministério é um tanto esquizofrênico?. Ele ficou mega macho, o gaúcho. Como era de se esperar. E começou a ser grosso comigo. Assim. Grosso. No sentido de me dar patada. E falou que o MEC também exigia que os alunos lessem INTEGRALMENTE os três livros indicados na bibliografia básica** e leu os livros da MINHA bibliografia. E tinha lá. Roque Laraia. Gilberto Velho. E putz. Marcel Mauss. Aí ele falou Mauss? e olhou pra minha cara. Tipo me gozando. Duvido que seu aluno leia o livro inteiro do Marcel Mauss. E não lê mesmo. Meu aluno lê Técnicas Corporais e nem cai na prova. Só porque eu acho uma das coisas mais geniais escritas por um humano na Terra. Então eu sugiro. Pra alunos e amigos. Que é pra quem eu devo satisfação nessa vida. Já que o MEC nem sabe o que fala tampouco o que faz. Nessa hora do Marcel Mauss, o professor de Latim interrompeu*** e disse que nós usávamos muitos textos que estavam disponíveis na internet. E começou um blábláblá sobre novas tecnologias e educação. O cara deu uma patada nele. Dessa vez o mineiro. Posso entrar na sua sala de aula e perguntar se seus alunos leram ou estão lendo esses três livros? E apontava e lia alto a bibliografia básica do professor de latim. Tipo. Vontade de devolver, né? E na SUA sala de aula, eu posso entrar?
****. Aí a professora de literatura infantil interferiu. E falou que nossos alunos não conseguiam ler tanto. Porque são 20 anos de PSDB no estado de SP, não sei se vocês sabem o que isso significa. Rapaz. Pensa num homem bravo. O gaúcho deu um murro na mesa. E começou a falar que isso não era culpa desse ou daquele partido. Que no Rio Grande do Sul o governo era do PT e a educação era muito ruim também. Aí quem levantou fui eu. Ele deu na mesa. Eu ia dar na cara do filho do puta. E minha irmã, que também é professora do curso, me segurou. E disse que eu não podia discutir PT x PSDB com a comissão do MEC. E eu não ia. Eu só ia dizer só se a pilanta da Yeda Crusius mudou de partido. Enfim o mineiro desconversou e encaminhou o fechamento da reunião. Eu fiquei vermelha e com o coração acelerado. A gente saiu da sala e ninguém queria nem ir embora, de tanta vontade de falar mal do gaúcho. Mas a Tonton tava no veterinário e a gente tinha buscar. Fiquei bem a fim de procurar a Ouvidoria do MEC. Por causa do comportamento do gaúcho NA REUNIÃO.
Pois bem.
Ontem eu encontro a professora de Didática no corredor. E ela pergunta se eu tô sabendo que a Comissão do MEC falou mal da gente na reunião com os diretores administrativos. Eu não tava. Assim. Uma das características dessas reuniões é o sigilo. E os avaliadores repetem demais isso pra gente. Aí eu fui hoje falar com o diretor, né? Porque tô superafim de usar a ouvidoria mesmo. Quero que esse gaúcho se foda. Aí o diretor me contou tudo. Ela sabia de tudo. Que eu tinha chamado o MEC de esquizofrênico. E que fulano tinha falado aquilo outro. E me contou mais um monte de merda do gaúcho. E eu falei que ia fazer a denúncia como cidadã e ele disse. E se tudo der certo e a denúncia for aceita e considerada? Eles anulam essa comissão e mandam outra. E falou do stress que é etc. E a coordenadora de Letras é minha amiga. E ela não merece fazer tudo de novo. Blábláblá. E se não for aceita ele fode a gente no relatório.
Enfim. Só pra dizer mesmo. Que quando você pensa que esse ministério está no fundo do poço, aparece alguém cavando. E que a comissão do MEC vai nas faculdades particulares fazer isso agora. "Dedar" professor. E que essa situação é inédita pra mim. Nunca achei MESMO que o MEC fosse me "ameaçar" e que os diretores fossem ter que me proteger. Pensei que era o contrário.
*É uma espécie de sugestão. Porque tem pouco professor e o ministério quer acelerar a "capacitação" e o caralho.
**São sete disciplinas. Então, o MEC exige a leitura de 21 livros teóricos por semestre. O que é uma piada. E que todo mundo sabe que é uma piada. Inclusive o gaúcho.
***Eu já falei dele aqui. Ele é católico e faz tempero pronto pra colocar em cesta básica de pobre. E eu vou chamá-lo de professor de latim. Porque ele já deu essa matéria no passado e sempre fica bem triste quando há diminuição de carga horária, porque vê o latim sumir cada vez mais no século XX etc. E ele falou isso na reunião. Que morre de saudades do Latim. E ele é velhinho e gay e como eu amo esse professor. Puta que o pariu. (depois ele falou assim pra mim. que nunca achou que eu ficasse tão brava. que muda meu olhar, que treme minha boca. que ele estava impressionado. nós trabalhamos na mesma sala. ele é uma pessoa que acha que pode sensibilizar o MEC em relação ao latim. embora saque que a questão é formar professor em larga escala)
****Ele é professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Sem comentários. Mas nem na USP. Não tem aluno lendo os 3 livros inteiros das bibliografias básicas porque NÃO É ASSIM que funciona o ensino superior. Funciona com texto. A gente dá textos de diversos livros. E seleciona 3 que considera relevantes pra por na básica. Porque o MEC obriga você a colocar 3 livros. O MEC não aceita que você coloque os textos que realmente usa. Se eu colocar MAUSS, Marcel. Técnicas Corporais. In Sociologia e Antropologia. O MEC NÃO ACEITA. Me obriga a tirar a referência ou fazer o aluno ler o livro inteiro
Pois bem.
Ontem eu encontro a professora de Didática no corredor. E ela pergunta se eu tô sabendo que a Comissão do MEC falou mal da gente na reunião com os diretores administrativos. Eu não tava. Assim. Uma das características dessas reuniões é o sigilo. E os avaliadores repetem demais isso pra gente. Aí eu fui hoje falar com o diretor, né? Porque tô superafim de usar a ouvidoria mesmo. Quero que esse gaúcho se foda. Aí o diretor me contou tudo. Ela sabia de tudo. Que eu tinha chamado o MEC de esquizofrênico. E que fulano tinha falado aquilo outro. E me contou mais um monte de merda do gaúcho. E eu falei que ia fazer a denúncia como cidadã e ele disse. E se tudo der certo e a denúncia for aceita e considerada? Eles anulam essa comissão e mandam outra. E falou do stress que é etc. E a coordenadora de Letras é minha amiga. E ela não merece fazer tudo de novo. Blábláblá. E se não for aceita ele fode a gente no relatório.
Enfim. Só pra dizer mesmo. Que quando você pensa que esse ministério está no fundo do poço, aparece alguém cavando. E que a comissão do MEC vai nas faculdades particulares fazer isso agora. "Dedar" professor. E que essa situação é inédita pra mim. Nunca achei MESMO que o MEC fosse me "ameaçar" e que os diretores fossem ter que me proteger. Pensei que era o contrário.
*É uma espécie de sugestão. Porque tem pouco professor e o ministério quer acelerar a "capacitação" e o caralho.
**São sete disciplinas. Então, o MEC exige a leitura de 21 livros teóricos por semestre. O que é uma piada. E que todo mundo sabe que é uma piada. Inclusive o gaúcho.
***Eu já falei dele aqui. Ele é católico e faz tempero pronto pra colocar em cesta básica de pobre. E eu vou chamá-lo de professor de latim. Porque ele já deu essa matéria no passado e sempre fica bem triste quando há diminuição de carga horária, porque vê o latim sumir cada vez mais no século XX etc. E ele falou isso na reunião. Que morre de saudades do Latim. E ele é velhinho e gay e como eu amo esse professor. Puta que o pariu. (depois ele falou assim pra mim. que nunca achou que eu ficasse tão brava. que muda meu olhar, que treme minha boca. que ele estava impressionado. nós trabalhamos na mesma sala. ele é uma pessoa que acha que pode sensibilizar o MEC em relação ao latim. embora saque que a questão é formar professor em larga escala)
****Ele é professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Sem comentários. Mas nem na USP. Não tem aluno lendo os 3 livros inteiros das bibliografias básicas porque NÃO É ASSIM que funciona o ensino superior. Funciona com texto. A gente dá textos de diversos livros. E seleciona 3 que considera relevantes pra por na básica. Porque o MEC obriga você a colocar 3 livros. O MEC não aceita que você coloque os textos que realmente usa. Se eu colocar MAUSS, Marcel. Técnicas Corporais. In Sociologia e Antropologia. O MEC NÃO ACEITA. Me obriga a tirar a referência ou fazer o aluno ler o livro inteiro