Papa condena ataques na França, mas critica insultos a religiões
O Estado de S. Paulo
15 Janeiro 2015 | 12h 23
Pontífice afirmou que as pessoas não têm o direito de 'zombar' da fé dos outros, mas ressaltou que não se pode matar em nome de Deus
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O papa Francisco, ao falar sobre os ataques da semana passada
em Paris, defendeu a liberdade de expressão, mas disse ser errado
provocar os outros insultando sua religião e por isso se pode "esperar”
uma reação a esse tipo de abuso.
"Você não pode provocar, você não pode insultar a fé dos
outros, você não pode zombar da fé", disse ele a jornalistas nesta
quinta-feira, 15, a bordo de um avião que o levava do Sri Lanka para as
Filipinas, no início da segunda etapa de sua turnê asiática.
O pontífice, que condenou os ataques em Paris, foi questionado
sobre a relação entre liberdade de religião e liberdade de expressão.
"Eu acho que a liberdade religiosa e liberdade de expressão são ambos
direitos humanos fundamentais", disse ele, acrescentando que estava
falando especificamente sobre os assassinatos de Paris.
"Todo mundo tem não só a liberdade e o direito, mas a
obrigação de dizer o que pensa para o bem comum. Nós temos o direito de
ter essa liberdade abertamente, sem ofender", disse.
Para ilustrar seu ponto de vista, ele se virou para um
assessor e disse: "É verdade que você não deve reagir violentamente, mas
apesar de sermos bons amigos, se ele diz um palavrão contra minha mãe,
ele pode esperar um soco, é normal”, disse.
"Você não pode fazer das religiões dos outros um brinquedo",
acrescentou. "Essas pessoas provocam e, em seguida, (algo pode
acontecer). Liberdade de expressão tem limites."
Dezessete pessoas, incluindo jornalistas e policiais, foram
mortas em três dias de violência iniciada com um ataque a tiros ao
jornal satírico Charlie Hebdo, conhecido por suas sátiras ao islamismo e outras religiões.
"Vamos considerar nossa própria história. Quantas guerras de
religião tivemos? Mesmo que fôssemos pecadores, você não pode matar em
nome de Deus. Isso é uma aberração", disse o papa, referindo-se a
guerras religiosas do passado, como as Cruzadas, sancionadas pela Igreja
Católica contra o Islã. /REUTERS