Quase nada sabemos, pois esse assunto não é abordado pela imprensa brasileira, sobre o que pensam e querem os palestinos a respeito da paz com Israel como o meio mais seguro e eficiente de conquistar a sonhada coexistência pacífica de dois Estados, vivendo lado a lado. Para além das retóricas inflamadas, que chegaram a prognosticar uma nova e inevitável intifada, o que se observa nesse episódio é o comportamento zeloso por parte da Autoridade Palestina e, comentam alguns analistas israelenses, inclusive de setores do Hamas.
É digno de nota, embora menos mediática do que a retórica antissemita ativada pela cineasta Yara Lee ("soldados atirando corpos no mar"; “telefones celulares e blackberries foram roubados pelos nazistas"), que a manifestação de protesto (“The day of rage") contra a ação de Israel convocada na Cisjordânia tenha transcorrido em relativa calma, ao contrário do que previram ou queriam alguns analistas.
Na ocasião da visita de Lula à Palestina, Mahmoud Abbas concedeu entrevista ao ESP, a qual, aliás, não foi objeto de mínima atenção dos nossos “analistas e especialistas” em Oriente Médio. Perguntado sobre se Fatah e Hamas poderiam chegar a um acordo neste ano, Mahmoud respondeu: “Isso depende do Hamas porque nós já expressamos nossa convicção de alcançar a reconciliação nacional. Atores influentes da região dificultam a reconciliação nacional, particularmente o Irã, que não se mostra interessado no diálogo palestino com base em uma agenda palestina” (''Lula ajudará se pedir ao Irã que se afaste do Hamas.''. ESP, 18/03/2010) http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100318/not_imp525831,0.php
Na contramão do que proclamam certos "amigos" dos palestinos, e de acordo com a Rádio do Exército de Israel (Galei Tzahal), Abbas reconheceu no Egito que a segunda intifada foi um erro e reafirmou o que dissera a respeito do Irã na entrevista ao ESP à rede de egípcia Nile TV: “Este foi um dos piores erros [a intifada] de nossas vidas”. [...] “O povo palestino é como um avião seqüestrado. As decisões não estão em nossas mãos, mas nas mãos do Irã. É por isso que a unidade palestina, como um avião, foi tomada”
http://www.aurora-israel.co.il/articulos/israel/Palestinos/29403/
Eis aí alguns os fatos que ajudam bastante na consolidação do entendimento de que a única saída possível na região é a paz e a coexistência de dois Estados, vivendo lado a lado. Aproveito para enviar o link para mais um artigo do Haaretz, de autoria de quem conhece bem sobre o que escreve, com novos e importantes elementos para o conhecimento do que ocorreu durante a operação militar, bem como os prováveis desdobramentos políticos dessa ação.
Hubris on the high seas
Inadequate intelligence, poor planning and a taste for showiness all played a part in the failed flotilla operation this week. The higher the investigation ascends from the level of the Naval Commandos, the further it will get from being transparent and accurate.
By Avi Issacharoff and Amos Harel
http://www.haaretz.com/blogs/mess-report/hubris-on-the-high-seas-1.294070