A República de fachada
Fonte: O POVO Online/Colunas/politica
Qual o programa do novo partido? Não precisa. Nem deveriam perder tempo com um conjunto de frases para compor o programa.
10.03.2011| 01:30
A Coluna Política (edição do dia 4) produziu uma crítica à eleição de João Paulo Cunha (foto) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça. Vejam um trecho: “João Paulo Cunha (PT-SP) agora preside a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Definitivamente, o decoro e o bom senso não são qualidades suficientemente presentes em nossa política. É um acinte. Uma ofensa. Cunha é réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Até que seja julgado, deveria se abster de ocupar uma função de referência como é o caso... Agora, temos um deputado que responde processo no Supremo à frente da Comissão que analisa a constitucionalidade dos projetos que tramitam no Parlamento. Que beleza”. Então atentem para o comentário do professor Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia Política da Unicamp. Para ele, a volta de personagens envolvidos em escândalos de corrupção aos holofotes da cena política é um atentado à ideia de República. Um “anacronismo absolutista” da sociedade brasileira, em que há diferenças de direitos entre o cidadão comum e os ocupantes de cargos públicos. Para o professor, tais nomeações, geram uma “ameaça ao Estado democrático de direito”: “A situação mostra a fragilidade da nossa República. É uma República quase de fachada (Globo on Line).”
A LAVANDERIA DE REPUTAÇÕES
O PARTIDO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA
A novidade na política do Brasil é o projeto de criação do PDB, o tal do Partido da Democracia Brasileira. O nome da sigla, por si só, já é uma provocação sem par. “Partido da Democracia” é demais, não? O patrono da maravilhosa sigla é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (foto), que se formou no PFL-DEM e é uma cria do tucano José Serra. Portanto, um político que se formou em um campo oposto ao do petismo. Mas a nova sigla será completamente governista. Isso mesmo. Estima-se que ela pode atrair até 35 deputados federais. Uma parte oriunda da base aliada, mas a maioria será de gente abrigada em partidos de oposição, mas que está com um pé e outro querendo se tornar o mais aguerrido defensor do Governo. E qual o programa do novo partido? Nem precisa. Nem deveriam perder tempo escrevendo um conjunto de frases para compor o programa. O PDB nascerá com o único objetivo de aglutinar gente que quer apoiar o Governo e não pode fazê-lo livremente por causa da regra da fidelidade. O curioso é que o plano seguinte é a fusão com o PSB. Tanto que a movimentação de Kassab tem a benção de Eduardo Campos, o presidente nacional do PSB. Aposta: se nascer com mais de 20 deputados, o PDB vai pensar duas vezes antes de promover essa fusão.
Fábio Campos
fabiocampos@opovo.com.br