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Para chegar a essas considerações, Ana Maria buscou na Geografia os subsídios para embasar sua dissertação de mestrado, apresentada no Instituto de Geociências (IG) e orientada pela professora Regina Célia Bega Santos. Durante os anos de 2008 e 2009, a pesquisadora percorreu as ruas dos dois distritos e colheu depoimentos de moradores, empreendedores e visitantes. Em sua pesquisa, Ana Maria detectou que 83% do turismo local refere-se à forma privada. As visitas a fazendas e cachoeiras, por exemplo, são pagas ou estão localizadas dentro das áreas de estabelecimentos comerciais. Apenas 17% são praças públicas e áreas destinadas ao lazer para a população em geral. Ana Maria explica que o fenômeno sempre chamou sua atenção, principalmente a partir dos anos de 1990, quando a questão da natureza começou a ser explorada mais intensamente. “Nasci em Campinas e lembro perfeitamente quando os distritos eram áreas rurais com muitas fazendas e terras. A partir da década de 70, a especulação imobiliária teve início, acirrando-se no começo de 90 com os apelos ambientais e a associação da natureza à qualidade de vida”, avalia.
Em 2009, segundo apontou a pesquisa conduzida no IG, o número de habitantes passava dos 20 mil e o número de estabelecimentos comerciais chegava a 250. Além disso, até 2008, ainda existiam 16 loteamentos fechados aprovados em Sousas e seis, em Joaquim Egídio. Em todos os casos, as paisagens naturais se mostram moldadas para o consumo, considerando que a APA possui 223 quilômetros quadrados, constituindo 27,39% da área total de Campinas. “Nos últimos 20 anos, os distritos tornaram-se alvo de uma especulação imobiliária que só tende a crescer”, acredita. Na opinião da pesquisadora, no caso do lazer a história não é diferente. Caracterizado pelo turismo gastronômico, rural e ecoturismo, que tem como público alvo classes mais abastadas, a privatização e segregação social também ocorrem na região. “Há uma desigualdade social e de acessos marcados por poucos espaços públicos e ainda assim vazios e degradados, além de poucas opções de lazer para a população remanescente que se ressente por não terem acesso. Um almoço para o casal custa, em média, R$ 120. Um lazer que só a classe média alta pode pagar”, analisa Ana Maria. Na pesquisa consta ainda que 60% dos frequentadores dos dois distritos são de Campinas e outros 30% são oriundos da cidade de São Paulo. A principal queixa da população diz respeito ao trânsito intenso aos finais de semana, principalmente. Mas há, também, o incômodo com o lixo deixado nas trilhas, os carros estacionados nas portas das casas e a degradação das áreas verdes. Em tudo isso, Ana Maria, observou falta de investimento em políticas públicas na região. “A participação nos distritos, geralmente, se dá através de denúncias e reclamações feitas por alguns moradores. Outros se organizam e cobram medidas do poder público. Por sua vez, os donos dos estabelecimentos comerciais cobram maior envolvimento da Prefeitura com relação às atividades do distrito. Mas muito ainda tem que ser feito”, avalia. ................................................ |