terça-feira, 5 de julho de 2011
Sonhos de informática, pt.2
Já tinha mencionado em algum lugar a aparente desconexão que existe entre este eu que escreve agora e o eu que acordou há pouco; quando acordo, parece que sou um ser mais liso, ainda despertando para a consciência, que vou tomando assim quando meu hd (memórias) vai sendo ativado. Em suma, vou tomando consciência de meu eu recente (atual, de ontem e anteontem) assim que o armazenamento vai sendo acessado.
Já havia acontecido lapsos comigo, depois de horas de trabalho no computador, como por exemplo misturar ferramentas virtuais com o mundo real, tão mais desinteressante; modelando na máquina, basta fazer metade de alguma coisa e com um clique criar a outra metade, espelhada. Lembro que estava fazendo personagens em plastilina e, após fazer a parte do x positivo, ainda teria que fazer o -x e por isso acabei engavetando o projeto, depois de desviar meu tempo para a criação de uma goiva criadora de simetrias no eixo zx. Ainda houve outros lapsos como tentar dar Ctrl + z em um modelo fora do plano computacional; lembro a sensação de perda em não poder salvar outras versões de narizes para um modelo que é úníco, diferentemente do que acontece quando o modelo ocorre no espaço virtual do micro com seus infinitos saves. Mas talvez a maior nequice aconteceu quando estava fazendo a barba e após terminar metade, pensei por alguma fração de segundo mínima, mas que aconteceu, sem mesmo passar pelo léxico, que não precisava fazer a outra metade, bastaria espelhar.
Na criação de uma animação que estou trabalhando no momento para a biologia da Unicamp, estou ilustrando a interação cérebro-máquina (link teste youtube). Vendo vídeos do gênero e pesquisando o assunto, encontrei esta fantástica palestra no TED (link) sobre o desvendamento do cérebro, do funcionamento da rede neural e criação de um órgão artificial. Além da idéia que o cérebro projeta uma bolha ao redor dele, dos morphs dos cérebros primatas até o nosso córtex, da animação do cérebro se dobrando em si mesmo para ter mais área de processamento, de como se formam as imagens já que tudo é impulso elétrico, e tudo mais interessante na palestra, pensei novamente nesta possibilidade de extensão do meu eu, talvez até um prolongamento da minha rede neural. Me causou certo enjôo pensar neste assunto novamente, como todo aquele assunto de vida eterna explorado em romances como La Possibilité D'une Île, a ponto de eu ter um estranho sonho esta noite, que eu dava Ctrl + c e Ctrl + v no meu cérebro, duplicando e colando o mesmo, sem muito pensar nas conseqûencias disso.