sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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Governo que se deixa capturar pela corrupção é 'altamente ineficiente', afirma Dilma

Em entrevista à revista Carta Capital, presidente comenta sequência de escândalos em ministérios e volta a negar que só tome atitude quando pautada pelas denúncias da mídia

12 de agosto de 2011 | 14h 00
Jair Stangler, do estadão.com.br

Em entrevista à revista Carta Capital, a presidente Dilma Rousseff afirmou que além das razões éticas, é uma questão de eficiência combater a corrupção. "Um governo que se deixa capturar pela corrupção é altamente ineficiente. É inadmissível diante de tão pouco dinheiro que temos para fazer as coisas. Então, por uma questão não só ética e moral, mas de eficiência, você é obrigado a tomar providência", declarou.

Leonardo Soares/AE - 10.08.2011
Leonardo Soares/AE - 10.08.2011
'Você é obrigado a tomar providência', diz Dilma sobre demissões em ministérios

A entrevista foi concedida na terça-feira, 9, mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou uma operação que levou à prisão de 36 pessoas por desvio de dinheiro no Ministério do Turismo. Aparentemente, a informação ainda não era conhecida no momento da entrevista, pois o novo escândalo só é abordado no texto de abertura da entrevista. A revista informa ainda que a segunda parte da entrevista será publicada na próxima edição.

Por outro lado, a presidente voltou a negar que o governo se paute pelas denúncias publicadas na mídia e afirmou ainda que as demissões nos Ministérios do Transporte e da Agricultura não foram decididas a partir do noticiário.

"Afastamos as pessoas quando achamos que o caso era grave. Não acho que somos pautados pela mídia em nenhum desses casos. Nem na história dos Transportes, nem da Agricultura ou de qualquer outro caso que por ventura ocorra, não temos o princípio de ficar julgando as pessoas, fazendo com que elas provem que não são culpadas", disse.

Troca na Defesa. A saída de Nelson Jobim do Ministério da Defesa e a entrada de Celso Amorim em seu lugar também foi abordada. Quando perguntada sobre suposta irritação da caserna com a escolha de Amorim, ela perguntou se isso era mesmo relevante. Os entrevistadores devolveram a pergunta.

"Não acho", respondeu ela. "Primeiro, porque não estamos mais na época das vivandeiras. As Forças Armadas são disciplinadas, hierarquizadas e cumprem seus preceitos constitucionais. Estão subordinadas ao Poder Civil e é assim pelo fato de a sociedade brasileira ter evoluído nessa direção. Não é uma conquista do governo ou da mídia, é da sociedade brasileira. Agora, se há setores, absolutamente minoritários, entre os militares ou na mídia que assim pensam, é irrelevante, faz parte do passado, de uma visão atrasada da História. Outra coisa muito grave, aquém da realidade, é achar alguém insubstituível, a gente descobre isso quando criança, principalmente se você perde algum parente importante, como o pai ou a mãe, cedo" completou.

Dilma afirmou ainda ter "certeza" de que "o Celso Amorim vai demonstrar uma grande capacidade de gestão, vai levar à frente a nossa Política Nacional de Defesa e vai fortalecer e modernizar as Forças Armadas".