quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Thiago Coser...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sobre modelagem


Já faz algum tempo que não posto nada neste blog e gostaria de começar por agradecer a todos que mandam e-mails com diversos assuntos, alguns tão amigáveis a respeito dos trabalhos. Drenado por um milhão de projetos hipotéticos e bifurcações, encontro uma justificativa para o privilégio das imagens neste lugar (apesar de haver também um lugar para o léxico) em Leonardo, que se auto denominava omo sanza lettere [homem sem letras]. Pode-se justificar que o grande atormentado do renascimento hierarquizava a imagem em relação às outras formas de conhecimento, sendo sua famosa frase la pittura è cosa mentale [a pintura é coisa mental] um elogio do saber através desta construção. Culminado, desde o romantismo, em uma atividade interpretada como puro ato de expressão de um autor, tantas vezes em tom catártico, alguma coisa foi retomada com a crítica da pintura retiniana em Duchamp, mas até aí a massa (e isto inclui pessoas de diversos níveis sociais) continua sendo uma força destruidora porque não tem acesso à educação e às Artes e tudo se achata no percurso dos meios.

Gostaria de pedir desculpas já de princípio, porque este post vai servir mais como uma libertação de um trabalho do que qualquer outra coisa mais útil à sociedade. Drama este no qual artistas lúcidos ou ambientados talvez compartilhem. Neste exato momento pessoas como eu pegam em armas na Líbia, para derrubar um regime imposto; as fotos dos jornais sobre a Somália são de perder o sono; governantes saqueiam cofres públicos e acompanho o drama de muita gente (ocasionado por desperdício) de perto. O que pensar ao se pintar, numa tarde bonita uma tela à óleo com girassóis? Sei quem me inspira, qual arte é mais válida socialmente, quais são caprichos, mas enfim, acabamos criando.

Modelar com amigos é uma das recompensas do métier. Esta pequena escultura de plastilina foi feita em conjunto com meu querido amigo Leonardo Steinberg durante um final de semana. Afinal, estávamos ali, todo o material estava ali e o resultado final importava tanto quanto as conversas sobre a posição dos músculos e dos ossos, as proporções, formas, o processo e toda a diversão de modelar algo em massa, à quatro mãos. Depois de fazer tantos e tantos modelos direto no computador, relembro o quanto a luz real é assombrosa e que observar os volumes da massa em posições diferentes é um prazer que havia deixado de lado já há algum bom tempo.

A plastilina (massa de modelar quase escolar, à base de óleo) acabou se revelando uma massa indócil, difícil de alisar e detalhar. Não a recomendo para este tipo de trabalho. Acho que o principal problema é que ela não é mole nem dura, sendo que é preciso certa rigidez do material para fazer pequenos detalhes, como dedos ou unhas e até tirar o molde depois iria dar algum pepino. Acabo de comprar uma outra massa profissional que pode ser trabalhada macia e dura ao mesmo tempo, o que possibilita uma modelagem muito precisa com métodos diversos. Além de modelar, ela pode ser desbastada ao mesmo tempo, revolucionário. Já comecei a trabalhar um projeto nela, para ser fundido em bronze. É minha representação da festina lente. Pretendo fazer umas 30 cópias, logo publico alguma coisa aqui.

O processo todo deste pequeno projeto se encerra aqui, com este post. Assim saio do problema da plastilina, do emperro para escolher uma postura verossímil para um personagem sem contexto. Fico insatisfeito, mas livre para fazer o próximo projeto, e melhor. Talvez gostaria de ter anotado ou fotografado todos os nuances do processo, em como este pequeno duende com cara de justificativa era antes uma bruxa com cara de sapo, em como ela teve um chapéu da Frígia clássica antiga (para mim, o chapéu mais simples e elegante de todos os tempos); em como encontrei o que as bijuteiras chamam de "olho grego" para colocar no modelo; em todas as tentativas para deixá-lo estrábico; nas analogias do termo 'modelagem' com outras áreas. Sobre como tentei dar alguma justificativa para o drama acima, pensando em histórias e poses absurdas para o duende. Em um deles, a criatura está indignada comigo. Em outro está se justificando para o rei, sobre alguma cagada que fez, que pegou dinheiro do cofre reservado para obras públicas para fim pessoal. Por isso tem suas orelhas baixas: vai ter sua cabeça decepada. Projeção por desejar que semelhantes tivessem o mesmo tratamento nessas terras corroídas. Mas a cena toda continua incompleta, fragmentada e se perderá.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Justino Teixeira: Pássaros do meu sítio




Disco novo do meu avô. Justino Teixeira nos prestigia com a narrativa de um dia em seu sítio em Capela do Alto (SP), baseada no horário de aparição dos pássaros que habitam por lá. Intercalado à narrativa, Justino nos mostra sua incrível habilidade (que vem desenvolvendo ao longo de muitos anos) de imitar os sons das aves utilizando sua própria boca e também com o auxílio de apitos especiais. Muitos dos pássaros aqui narrados já não existem mais na região, extintos pela urbanização rápida que o local vem sofrendo nos últimos anos, ameaçando a mata nativa que ainda circula o pequeno paraíso de Justino. Abaixo o vídeo no youtube.
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