Quinta-feira, 20 de Outubro de 2011
Era o presidente dum país
Morreu ontem um homem que era presidente duma república. Durante mais de quatro décadas esse homem foi visto de muitas maneiras, por último era visto como ditador. Não li as notícias, mas presumo que numa boa parte do mundo tenha acontecido o que era previsível que acontecesse quando morre um ditador, que se reconhe como tal: mostram-se repetidamente as imagens do cadáver, qual troféu, as pessoas alegram-se e vão para a rua festejar.
Mas, ainda há tão pouco tempo o mundo ocidental o aceitava como membro de pleno direito num organismo internacional de direitos humanos, o deixava montar a sua enormíssima e luxuosíssima tenda nos sítios mais nobres dos países que visitava, sorria com as suas “excentricidades”, entre as quais estava a guarda feminina que não o largava de vista, sempre muito bem maquilhada e arranjada. Chefes de estado e ministros recebiam-no com a pompa e circunstância que o seu cargo reclamava, pousavam com ele para a fotografia num aperto-de-mão ou num abraço, sempre muito sorridentes. Fazia questão de falar em universidades, tinha público e era cumprimentado por académicos.
Nada de novo, nada de estranho. Em tantos casos recentes se passou assim.