sábado, 8 de outubro de 2011

Tres mulheres.

São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2011



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Trio de mulheres vence o Nobel da Paz

"Prêmio reconhece papel das mulheres na revolução", diz ativista

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Protagonista das revoltas árabes que também havia sido indicada ao Nobel da Paz, a egípcia Asmaa Mahfouz diz não ter se decepcionado com a concessão do prêmio à iemenita Tawakkul Karman.
"É muito bom para todas nós, porque reconhece o papel das mulheres na revolução", disse à Folha.
Asmaa, 26, está entre os fundadores, em 2008, do Movimento 6 de Abril, criado inicialmente para apoiar greves de trabalhadores têxteis e que teve papel fundamental nos protestos contra o regime de Hosni Mubarak, deposto em fevereiro passado.
Ela ficou famosa ao divulgar um vídeo em que denunciava a tortura de ativistas e convocava a primeira manifestação na praça Tahrir, no Cairo, em 25 de janeiro.

US$ 1,5 mi serão entregues às liberianas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee e à iemenita Tawakkul Karman

Sirleaf, presidente da Libéria, concorre à reeleição; candidato da oposição afirma que o prêmio é "inaceitável"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Nobel da Paz 2011 foi concedido, ontem, a três mulheres vindas de nações periféricas. Em comum, as três combateram pacificamente a opressão em seus países.
A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, e sua conterrânea ativista Leymah Gbowee irão dividir em três partes iguais o prêmio de US$ 1,5 milhão (R$ 2,7 milhões) com a ativista iemenita Tawakkul Karman.
"Não podemos alcançar democracia e paz duradoura no mundo, a não ser que as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens", afirmou ontem o norueguês Thorbjoern Jagland, presidente do prêmio.
A comunidade internacional reagiu com elogios ao anúncio das vencedoras. Nassir Abdulaziz al Nasser, presidente da Assembleia-Geral da ONU, disse que as três são "heroínas que se sacrificaram, trabalharam duro e mostraram verdadeira liderança para melhorar as condições de milhões de pessoas". Angela Merkel, chanceler alemã, disse esperar que o prêmio "encoraje muitas mulheres ao redor do mundo, e também homens, a fazer campanha por liberdade e democracia e contra injustiças".
Sirleaf é apontada como uma das responsáveis pelo fim da guerra civil na Libéria, que durou de 1989 a 2003.
Outra figura-chave nesse processo é Gbowee, também premiada ontem. Ela ficou famosa ao organizar greves de sexo -tal qual na peça grega clássica "Lisístrata", de Aristófanes- enquanto perdurasse o confronto armado.

POLÍTICA
Apesar dos elogios recebidos ontem, Sirleaf foi também alvo de críticas. Presidente da Libéria, ela concorre à reeleição na próxima terça. Wiston Tubman, considerado o principal oponente de Sirleaf, afirma que o prêmio é "inaceitável e não merecido", além de "uma provocação", por ser atribuído durante a campanha eleitoral.
A organização do Nobel reagiu dizendo que a escolha dos vencedores não leva em conta a política interna, mas a relevância do contemplado.
Em relação ao prêmio da iemenita Karman, no entanto, Jagland afirmou que se trata de um sinal aos ditadores para que protejam os direitos das mulheres na região.
A prisão dela, em janeiro deste ano, intensificou os protestos no Iêmen.
"A não ser que [os líderes] incluam mulheres no desenvolvimento [desses países], eles irão falhar", afirmou.
Nos 110 anos de entrega do Nobel, 15 mulheres receberam o prêmio pela Paz, incluindo as três deste ano. O número de homens é 85.
É a primeira vez em que três mulheres recebem, juntas, o Nobel da Paz.