domingo, 25 de março de 2012

Jornal do Terra.

Prévias do PSDB devem confirmar candidatura de Serra em SP
25 de março de 2012 08h52


Serra quer ser o candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB nas eleições de outubro. Foto: Ricardo Matsukawa/Terra

Serra quer ser o candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB nas eleições de outubro
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra



Hermano Freitas
Direto de São Paulo

As prévias do PSDB devem confirmar neste domingo a candidatura do ex-governador José Serra para prefeito de São Paulo. A votação será direta, secreta e, de acordo com estimativas da legenda, reunirá de 6 a 8 mil militantes. A maioria dos delegados municipais do partido manifestou apoio a Serra, que entra como postulante tucano após negar por meses a intenção de concorrer, como fez nas últimas eleições presidenciais, em que perdeu para a atual presidente da República, Dilma Rousseff (PT).

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Sua candidatura foi posta por meio de uma carta à direção municipal do partido, na qual dizia que a decisão de concorrer não havia sido pessoal, mas resultado de apelos de diversos quadros tucanos. "Para mim, a política não é uma atividade privada, objeto apenas da vontade e do desejo pessoal, ou fruto de ambição íntima", escreveu. Mais tarde, em outra oportunidade, disse que até o governador Geraldo Alckmin, que divide com ele a posição de maior destaque no partido em âmbito estadual desde a morte de Mario Covas, tinha sido uma destas pessoas.

Governador do Estado na época, Serra disse em uma entrevista ao apresentador José Luiz Datena, em março de 2010, que seu nome estava confirmado como candidato à Presidência da República. Pareceu um descuido, após meses de negativas. O doutor em filosofia e especialista em política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, acredita que a relutância de Serra em se posicionar sobre a candidatura pode ser apenas "seu estilo", mas também aventa a hipótese de cautela estratégica. "Todo político tem seus momentos de indecisão, ele transforma isso em técnica de sondagem e captação de apoio. Sem dizer que é candidato, ele pode tirar um termômetro dentro do partido sobre quem apoiará ou não", diz o professor.

Durante meses, os outros candidatos, Ricardo Tripoli e José Anibal, trabalharam para fortalecer suas candidaturas e não receberam a decisão de última hora com o mesmo entusiasmo que Andrea Matarazzo e Bruno Covas, pré-candidatos que se retiraram imediatamente com a chegada de Serra. O presidenciável foi alvo de hostilidade de militantes em pelo menos duas ocasiões públicas e há quem diga que o partido não se une em torno de sua candidatura após as prévias.

Prognóstico
Para ao menos uma pessoa a candidatura de última hora, colocada poucos dias antes da data prevista anteriormente para as prévias, não foi uma surpresa. Em uma manhã de sábado do dia 26 de março do ano passado, na capital paulista, a ex-ministra do Turismo Marta Suplicy (PT) fez o que parecia ser um alerta do partido em torno de sua candidatura, que considerava a mais forte. "O candidato é o Serra. Fará exatamente o que sempre fez: na última hora ele sai candidato. O PSDB não vai brincar, vai colocar o quadro mais forte que tem na capital, que é o Serra, e tem como característica não se colocar neste momento, como fez na outra eleição", disse a senadora em 2011. A declaração coincidiu com o início do flerte que o prefeito Gilberto Kassab (PSD) fez ao PT.

Marta foi frustrada pela indicação de Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma, que preferiram colocar o ex-ministro da Educação Fernando Haddad na disputa. As mesmas forças políticas que polarizam as eleições nacionais desde 1994 devem pautar as de 2012 na capital paulista, de acordo com outra pré-candidata, Soninha Francine (PPS). As urnas devem mostrar em outubro se a agremiação que fez prévias ganhou mais força do que a que optou por lançar um nome por indicação.