PMDB: ex-futuro aliado?
qua, 22/07/09 por adalbertopiotto | categoria Sem CategoriaA reportagem do Jornal O Estado de S. Paulo, baseada em escutas telefônicas da Polícia Federal autorizadas pela Justiça, são de, no mínimo, arranhar qualquer “biografia”.
Nas conversas que você poderá ouvir no link abaixo fica claro o como parentes de Sarney, a neta e um dos filhos, se sentiam à vontade em “arranjar” um emprego no Senado na base do poder do pai-avô e de seus aliados. No Senado, parece, ‘tava’ tudo em casa.
Mas Roseann Kennedy, colunista de política da CBN Brasília, aponta um outro lado dessa história: a Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça comandado pelo petista Tarso Genro. O PT nunca engoliu a eleição de Sarney e o “cala boca” que tomou de Lula ao dizer publicamente que defendia o afastamento provisório de Sarney no início da crise. A decisão dos senadores petistas não durou 24 horas e no dia seguinte protagonizaram constrangidos um recuo.
Na tese de Roseann, esse ingrediente de politização da Polícia Federal, mesmo sendo difícil de provar, poderia ser visto pelo PMDB como uma razão para entornar o caldo da aliança com o PT para o ano que vem, sonho de Lula para bancar a candidatura de Dilma Roussef. Daí a defesa pública que o presidente sempre fez de Sarney nos escândalos e que teve comentário semelhante de sua ministra-candidata. Ou você acha que se fez análise de “biografias”?
Mas tem um outro lado: Se o PT não digere a eleição de Sarney para o Senado (Tião Viana, candidato do partido, foi o adversário) e teve de recuar no anúncio da sugestão de afastamento do presidente do Senado, por que não reclamam com Lula.
Veladamente em alguns momentos e publicamente em outros, Lula sempre apoiou a aliança com o PMDB, bancou Sarney, não bancou Tião e mandou o partido parar com a “bobagem” do pedido de afastamento.
Se teve operação política petista na Polícia Federal, como pode imaginar o PMDB, não dá pra dizer. Mas o PT bater no aliado por isso, sem levar em conta Lula, é só pra galera ver.
Porque o torcedor maior, o presidente, parece não olhar mais pro time dele.
No link, ouça as escutas da PF e o comentário de Roseann Kennedy: http://tinyurl.com/dl2af9
É conselho ou ameaça?
O novo procurador-geral da República Roberto Monteiro Gurgel assumiu o cargo hoje e disse que o Ministério Público vai investigar os escândalos no Congresso. E fez uma observação: “sem estardalhaço”.
Presente à cerimônia, o presidente Lula, aliado público número 1 de Sarney, disse que os procuradores devem agir com serenidade e “tomar cuidado com a biografia dos investigados”.
A frase de é tão eloquente quanto duvidosa.
Na sequência, Lula vai adiante e começa a esclarecer: eventuais exageros podem levar o Congresso a ‘castrar’ o Ministério Público.
O que seriam exageros para Lula? A declaração do ex-procurador que chamou de quadrilha a turma do mensalão? O que seria “tomar cuidado com a biografia os investigados”? Respeitar a Constituição e estabelecer que ninguém é culpado desde que se prove o contrário? Ou tome cuidado com quem mexe porque poderosos são sempre poderosos?
Em nome de sua biografia, Lula precisa deixar isso claro porque igualmente claro é preciso saber o que seria o Congresso Nacional “castrar” o MP? É conselho ou ameaça?