quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vejam, senhores do PT, o grau de abjeção a que vocês chegaram: seu dono, o presidente, apoia isto! E vocês aceitam, apoiam, abençoam. Cambada.

Diálogo mostra zombaria de filho com benesses no Senado

Em conversa com o pai, neto de Sarney admite que, embora estivesse na folha de pagamento da Casa, não costumava aparecer para trabalhar

Rodrigo Rangel, BRASÍLIA


Parte dos diálogos gravados pela Polícia Federal mostra que, em privado, integrantes da família Sarney faziam troça das benesses que tinham no Senado. Numa conversa com o pai, Fernando Sarney, o estudante João Fernando Michels Gonçalves Sarney admite que, embora estivesse pendurado na folha de pagamento do Senado como funcionário do gabinete de Epitácio Cafeteira (PTB-MA), não costumava aparecer para trabalhar.

Às gargalhadas, João conta ao pai que foi chamado por Cafeteira no gabinete para uma conversa. "Fui lá achando que era alguma coisa importante (...) e ele falou: ?Não, pô, eu só queria te ver?."

Filho de Fernando Sarney com a ex-candidata a Miss Brasília Rosângela Terezinha Michels, João, 22 anos, foi nomeado assessor de Cafeteira em 1º de fevereiro de 2007. Ficou no cargo, que lhe rendia salário mensal de R$ 7,6 mil, até 3 de outubro do ano passado. Foi exonerado por força da súmula do Supremo Tribunal Federal que proibiu o nepotismo no serviço público. Como revelou o Estado, no mês passado, a exoneração se deu por ato secreto, para não chamar atenção. Para o lugar do estudante, foi nomeada a mãe dele.

Na conversa gravada pela PF em 25 de março de 2008, Fernando diz ao filho, que mora em Brasília, que tinha passado pela cidade naquele dia, em escala rumo a São Paulo. João aproveita para contar a conversa com Cafeteira. "Depois eu te conto o que o senador me aprontou", diz, em tom de galhofa. "Tu ligou pra ele e perguntou se eu tava indo trabalhar, não foi?", pergunta ao pai. Fernando Sarney diz que sim.

João, então, desfia a história: "Pois é. Eu cheguei de viagem ontem, né, só que eu tava com dor de barriga, né (...) Passei o dia inteiro em casa, não fui nem para a faculdade. Aí me ligou a secretária (de Cafeteira), dizendo ela que era pra eu ir pra lá porque ele queria falar uma coisa comigo". Fernando também gargalha. É quando João relata a "peça" que Cafeteira lhe pregou repetindo o que ouvira do senador: "Teu pai perguntou se você tava trabalhando e eu tinha que te ver pra falar pra ele."

Em outra conversa, gravada pela PF no mês anterior, Fernando Sarney dá um pito em João, que lhe pedira dinheiro para trocar de carro.

O pai diz que o filho não tinha razão para lhe pedir dinheiro. Afirma que, de todos os seus filhos, João é o que põe mais "grana no bolso". E não hesita em incluir o salário que o filho recebia do Senado na conta da mesada: diz que João já recebia "7 mil e pouco" do Senado, "mais cinco mil e tanto".

Quando o Estado revelou o caso de João, Cafeteira, velho aliado de José Sarney, negou que o neto do presidente do Senado fosse funcionário fantasma. Assessores do gabinete, no entanto, disseram não haver nenhum João entre os servidores que davam expediente ali.