23/07/2009 - 07h00
Apoio de Lula a Sarney é vergonhoso, diz presidente do PT do Maranhão
Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Do UOL Notícias
Em São Paulo
"Deixado de lado", o presidente do PT no Maranhão, deputado federal Domingos Dutra, acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de privilegiar o ex-rival José Sarney (PMDB-AP) desde o início de sua passagem pelo Palácio do Planalto em detrimento do fortalecimento do partido no Estado. Em entrevista ao UOL Notícias, ele afirmou também que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, possível candidata à Presidência em 2010, não precisa do apoio da oligarquia local nem da "banda podre do PMDB que ela representa".
Dutra não faz parte da corrente de Lula no PT
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O presidente do PT maranhense integra o grupo Movimento PT, centrista e muitas vezes aliado interno da Construindo um Novo Brasil, de nomes próximos a Lula
"As lideranças nacionais estão evitando fazer críticas ao presidente Lula. Mas não tem como dizer de outro jeito: esse apoio é uma vergonha", disse Dutra em entrevista por telefone. "Temos um presidente com 80% de popularidade. Temos um partido com 30% de preferência, o segundo colocado tem 8%. E aí, depois de sete anos de governo bem avaliado, a gente tem de pedir esmola para o Sarney? Não tem."
Dutra lamentou o fato de Lula ter feito apenas uma visita com sua comitiva a São Luís desde que foi eleito, em 2002. Em maio deste ano, depois da cassação do governador Jackson Lago (PDT) e da substituição dele por Roseana Sarney (PMDB), o mandatário fez uma breve passagem pela capital maranhense por conta das pesadas chuvas na região.
"Só nas últimas semanas uns dez ministros passaram por aqui. Nos governos de dois adversários do Sarney, o Jackson e o Zé Reinaldo [Tavares, PSB] não vinha ninguém. E estão esperando para as próximas semanas a primeira visita do Lula a São Luís, com Dilma, comitiva, todo mundo. Eles vão é jogar peso na eleição do PT para facilitar a reeleição da Roseana em 2010. É isso que eles querem", afirmou.
Dutra lamentou o fato de Lula ter feito apenas uma visita com sua comitiva a São Luís desde que foi eleito, em 2002. Em maio deste ano, depois da cassação do governador Jackson Lago (PDT) e da substituição dele por Roseana Sarney (PMDB), o mandatário fez uma breve passagem pela capital maranhense por conta das pesadas chuvas na região.
"Só nas últimas semanas uns dez ministros passaram por aqui. Nos governos de dois adversários do Sarney, o Jackson e o Zé Reinaldo [Tavares, PSB] não vinha ninguém. E estão esperando para as próximas semanas a primeira visita do Lula a São Luís, com Dilma, comitiva, todo mundo. Eles vão é jogar peso na eleição do PT para facilitar a reeleição da Roseana em 2010. É isso que eles querem", afirmou.
O governo já deu seis ministérios para eles. O Sarney tem os cargos nos Estados, nas agências. O governo tem credibilidade e a gente ainda tem de ficar de joelhos para eles? É claro que não tem
O Palácio do Planalto não respondeu aos comentários do presidente do PT do Maranhão.
Dutra afirmou que teme pelo uso das máquinas estadual e federal em favor de Roseana para que ela se reeleja em 2010, já que "parte do PT no Estado é assumidamente a favor de Sarney" e acha que a vitória de Dilma passa por uma passagem pelo palanque da atual governadora.
Na disputa pela Prefeitura de São Luís no ano passado, a ministra apoiou o deputado federal Flávio Dino (PCdoB) contra João Castelo (PSDB), que acabou vencedor.
Reverência
Desde que assumiu o cargo, Lula visitou o Maranhão com sua comitiva apenas em 5 de maio de 2003, para uma cerimônia em Balsas, cerca de 800 km ao sul da capital. Em 2006, como candidato à reeleição, foi a Timon, na divisa com o Piauí, para subir no palanque de Roseana, a quem chamou de "aliada fiel". A senadora perdeu a disputa para Jackson por estreita margem e se tornou líder do governo Lula no Congresso em seguida.
Poucas décadas depois de tê-lo chamado de "ladrão", o presidente usa o mesmo vocativo para o pai dela.
Sarney, hoje alvo de uma série de denúncias de irregularidades, consegue o que deseja do petista desde a campanha que o elegeu para o Palácio do Planalto em 2002. Indicações e demonstrações de apoio político tem faltado ao presidente do Senado, agora pressionado por denúncias de favorecimento a parentes e assessores e que corre risco de ser forçado a deixar o cargo.
Dois aliados do ex-presidente da República ocupam o Ministério das Minas e Energia (Silas Rondeau, derrubado por denúncias de corrupção, e o atual, Edison Lobão). Há muitos outros em autarquias e postos de segundo e terceiro escalões. Essa reverência para com Sarney e a proximidade com outros peemedebistas alvos de denúncias de corrupção nos últimos anos, como Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Jader Barbalho (PA) não se justifica com a defesa da governabilidade, de acordo com Dutra.
"O governo já deu seis ministérios para eles. O Sarney tem os cargos nos Estados, nas agências. O governo tem credibilidade e a gente ainda tem de ficar de joelhos para eles? É claro que não tem", afirmou.
No Estado, o filho de uma petista participa do secretariado de Roseana, o que gera polêmica entre os membros do partido que enfrentam o grupo do senador, hegemônico na política local há mais de 40 anos.
Dutra afirmou que teme pelo uso das máquinas estadual e federal em favor de Roseana para que ela se reeleja em 2010, já que "parte do PT no Estado é assumidamente a favor de Sarney" e acha que a vitória de Dilma passa por uma passagem pelo palanque da atual governadora.
Na disputa pela Prefeitura de São Luís no ano passado, a ministra apoiou o deputado federal Flávio Dino (PCdoB) contra João Castelo (PSDB), que acabou vencedor.
Reverência
Desde que assumiu o cargo, Lula visitou o Maranhão com sua comitiva apenas em 5 de maio de 2003, para uma cerimônia em Balsas, cerca de 800 km ao sul da capital. Em 2006, como candidato à reeleição, foi a Timon, na divisa com o Piauí, para subir no palanque de Roseana, a quem chamou de "aliada fiel". A senadora perdeu a disputa para Jackson por estreita margem e se tornou líder do governo Lula no Congresso em seguida.
Poucas décadas depois de tê-lo chamado de "ladrão", o presidente usa o mesmo vocativo para o pai dela.
Sarney, hoje alvo de uma série de denúncias de irregularidades, consegue o que deseja do petista desde a campanha que o elegeu para o Palácio do Planalto em 2002. Indicações e demonstrações de apoio político tem faltado ao presidente do Senado, agora pressionado por denúncias de favorecimento a parentes e assessores e que corre risco de ser forçado a deixar o cargo.
Dois aliados do ex-presidente da República ocupam o Ministério das Minas e Energia (Silas Rondeau, derrubado por denúncias de corrupção, e o atual, Edison Lobão). Há muitos outros em autarquias e postos de segundo e terceiro escalões. Essa reverência para com Sarney e a proximidade com outros peemedebistas alvos de denúncias de corrupção nos últimos anos, como Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Jader Barbalho (PA) não se justifica com a defesa da governabilidade, de acordo com Dutra.
"O governo já deu seis ministérios para eles. O Sarney tem os cargos nos Estados, nas agências. O governo tem credibilidade e a gente ainda tem de ficar de joelhos para eles? É claro que não tem", afirmou.
No Estado, o filho de uma petista participa do secretariado de Roseana, o que gera polêmica entre os membros do partido que enfrentam o grupo do senador, hegemônico na política local há mais de 40 anos.