terça-feira, 21 de julho de 2009

Blog do Noblat

Os feitos narrados abaixo são de menor intensidade, comparado ao fato de ter a Une se vendido, a preço vil mas sempre saído do nosso bolso, ao suposto governo brasileiro. Digo, porque sempre repito, para quem quiser ou não quiser ouvir, o que ocorreu na Unicamp, ainda na década de 90 (no século passado...). A UPES (União Paulista dos Estudantes) solicitou ao IFCH (Instituto de Filosofia e de Ciências Humanas) o prédio que abriga as salas de aula da graduação, para um Congresso. O presidente do DCE, que serviu como intermediário, assinou termo de compromisso de respeito aos próprios públicos. Pois bem: após o Congresso, onde com certeza temas da maior relevância foram tratados (talvez a carteirinha a ser imposta aos colegas, as táticas para salvaguardar "o poder" nas mãos certas, todas estas coisas fundamentais para a população...) os queridos upistas deram uma festa (a classe média vagabunda e fascista, mesmo se proclamando " des esquerda", acha certo fazer festa com a luz, a agua, as salas, etc. pagas pelos impostos dos "cidadãos comuns") e encheram o caneco de cerveja e de mais algumas coisas.

Resolveram abrir o hidrante instalado na frente da Biblioteca do Instituto e colocar a mangueira aberta dentro da biblioteca. Resultado : livros recentes adquiridos com dinheiro da Fapesp (Platão, Aristóteles, etc), foram inundados. Os volumes, para quem duvidar, estão até hoje no Centro de Memória da Unicamp, para reparações, com dinheiro, material e pessoas da Unicamp.

Integrei a Comissão nomeada pelo Reitor para averiguar e, se possível, punir os canalhas que fizeram aquilo. Não conseguimos nada. O presidente de DCE, em resposta ao nosso convite para depor, nos mandou um bilhete escrito em pedaço de papel (daqueles em que pães são embrulhados) dizendo que não tinha responsabilidade (havia assinado um documento...) sobre o ocorrido. Ninguém apareceu para assumir responsabilidades.

Quando fui candidato a Reitor, os estudantes exigiram que eu aderisse ao voto universal e de mesmo valor, para os três segmentos da universidade. Recusei e os mesmos estudantes, por ordem do DCE, boicotaram as eleições. No debate com os estudantes, disse a causa de minha recusa: a universidade deve ser administrada pelos docentes, porque eles enfeixam saber e permanecem na universidade, enquanto os estudantes, depois de 5 anos no máximo, deixam o campus. Caso ocorra algum problema legal grave, quem responde é o setor docente, etc. E contei o fato acima.

Um estudante mais ingenuo ou mais honesto gritou: "eu não sei nada disso, não sei que algum estudante tenha inundado a biblioteca". Respondi na lata: você reforça o meu ponto. Você não se lembra porque o fato ocorreu antes de voê entrar para a Unicamp e você, ao sair, nada dirá aos que os sucederão. O que indica que, do ponto de vista jurídico, vocês não respondem pelos seus atos nos campi.

Perdi as eleições, e fiquei em segundo lugar na preferência do eleitorado. Tenho a honra de não ter cedido aos ditadores em potência, nas suas ordens para a universidade.

Hoje, o presidente da Une, de 27 anos (idade em que a maioria dos estudantes de fato já está terminando o mestrado, ou já está com o doutoramento adiantado, o que mostra que o provecto senhor está muito atrasado nos estudos) diz que o governo deve fornecer dinheiro nosso para os estudantes.

Cristopher Hill, historiador marxista (notem bem...) dizia que falar em termos genéricos é péssima lógica. Por exemplo, diz ele, falar em "liberdade" é algo vago. O mais correto é perguntar: "liberdade para quem, e para fazer o que?". O mesmo pergunto eu: dinheiro do governo, para quem e para fazer o que? Podem ter certeza: se tal pergunta fosse feita por governantes responsáveis e preocupados com a política pública em favor do povo, nem um centavo iria para um aparelho de estudantes profissionais que, na verdade, são aprendizes de políticos de um partido.

É mais do que enojante. É um insulto ao povo sacrificado impostos, para ajudar a ascensão social e política de uma horda sem eira nem beira, exatamente a que mais serve aos governos lenientes e autoritários. A Une, hoje, é o que mais se assemelha ao Tonton Macoute do nosso "Papa não Doc". RR




Enviado por Ricardo Noblat
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21.7.2009
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19h27m

UNE pagará a conta por estragos em Brasília

De O Globo:

A União Nacional dos Estudantes (UNE) esclareceu nesta terça-feira, em nota, "que todo e qualquer prejuízo que possa ter sido causado ao patrimônio público durante a estadia dos milhares de estudantes presentes o 51º Congresso da UNE, alojados nas escolas públicas do Distrito Federal, será ressarcido pela entidade."

Reportagem do "Correio Braziliense" nesta terça mostrou que a depredação nos 10 centros de ensino do Distrito Federal usados pelos mais de 6 mil universitários que ficaram hospedados na cidade, de quarta a domingo, preocupam os diretores dessas unidades de ensino, faltando apenas uma semana para o início do semestre letivo.

Segundo a reportagem, houve muita baderna nas escolas, com bebidas alcoólicas, drogas, plantações destruídas e muito lixo no chão.

"Segundo foi noticiado por um veículo local do Distrito Federal, alguns estudantes teriam deteriorado a horta de uma das escolas. Com relação a esse e outros danos que possam ter ocorrido, trata-se de um comportamento isolado de alguns participantes que a entidade lamenta e condena.

Porém, não é possível se responsabilizar por atitudes individuais. O Congresso da UNE é o maior e mais importante fórum de debates políticos do movimento estudantil do país.

Milhares de estudantes debateram o futuro das mobilizações estudantis no país. Acontecimento isolado como esse citado anteriormente não reflete, portanto, a grandiosidade do encontro", conclui a nota da entidade.