Lula pede que Ministério Público tome cuidado com biografia de investigados MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
Ao dar posse ao novo procurador-geral da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que jamais fez um pedido pessoal ao Ministério Público e jamais colocará um "alfinete" para atrapalhar qualquer investigação. O presidente alertou que é preciso preservar a instituição para que não ocorra o "castramento" da liberdade do Ministério Público.
O presidente defendeu uma atuação independente e sem pirotecnia e ainda afirmou que prefere dividir com a categoria o peso da escolha pelo chefe da Procuradoria Geral da República a indicar um amigo.
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Lula cobrou cautela e lisura nas investigações para evitar a condenação de inocentes. "Jamais farei um pedido pessoal ou colocarei um alfinete para atrapalhar uma investigação. O Ministério Público tem o direito de agir com a máxima seriedade. Agora, tem que pensar não apenas na biografia de quem está investigando, mas na de quem também está sendo investigado. Porque não temos o direito de cometer erros no Brasil porque, dependendo da carga de manchete da imprensa, a pessoa já esta condenada. Por isso o Ministério Público precisa trabalhar com a maior lisura", afirmou.
Segundo o presidente, os integrantes do Ministério Publico precisam agir com discrição para preservar a liberdade de investigação. "Não joguem fora essa liberdade porque um dia vai aparecer alguém que vai achar que vocês são demais e vai propor mudanças no Congresso Nacional. Sabemos que a mudança nunca será por mais liberdade e sim por mais castramento", disse.
O presidente afirmou que é preciso aguardar o julgamento final para preservar o Ministério Público. "A única coisa que dará tranquilidade aos membros da PGR, o único fator de pressão e balizador da consciência são as garantias constitucionais porque, ao contrário disso, estaremos absolvendo os culpados e culpando os inocentes. Qualquer ser humano não pode fazer de sua vida profissional um show de pirotecnia. Não podem existir shows de pirotecnia, não pode haver culpados antes de o processo final ter sido julgado, apurado", disse.
Lula disse que a escolha de Gurgel não foi pautada por amizade ou ligações políticas. Segundo o presidente, ele seguiu a indicação da lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) para impedir que o mandato do novo procurador comece sob suspeita.
"Não faltam pessoas no Brasil que dizem ao presidente que o senhor não precisa indicar o primeiro da lista tríplice. O senhor é o dono da indicação. Faça o seu jogo presidente, coloque uma pessoa que seja de sua extrema confiança. O presidente pode indicar qualquer pessoa e por que eu indico o primeiro da lista sem conhecer? Primeiro por garantia minha. Se alguém amanha disser que procurador-geral não é bom, a culpa é da categoria. No fundo á uma garantia institucional para mostrar que o Ministério Público não foi criado para atender a ninguém. Se fosse um amigo meu já começaria sob suspeita e não quero que nenhuma instituição trabalhe sob suspeita", disse