CHRISTIAN BAINES
colaboração para a Folha Online, em Brasília
O governo minimizou a nota do PT, divulgada na sexta-feira pelo líder do partido no Senado, Aloizio Mercadante (SP), pedindo o afastamento temporário do presidente do Casa, José Sarney (PMDB-AP), e deve manter o apoio ao senador.
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"O que nós avaliamos é que isso não é um movimento do PT. Nós imaginamos que seja o posicionamento de um ou dois senadores", afirmou José Múcio (Relações Institucionais), ao sair de reunião de coordenação do governo.
Quando perguntado se o governo manteria sua posição a favor da permanência de Sarney na presidência do Senado, Múcio respondeu: "Não tenha dúvida nenhuma".
O ministro afirmou ainda que esse assunto vai ser tratado com mais cuidado na semana que vem, quando os parlamentares já tiverem voltado do recesso e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete da Presidência, e o ministro Franklin Martins (Comunicação Social), voltado de férias. "Como muitos estão fora, estamos esperando que a poeira baixe, para se conversar na semana que vem", disse Múcio.
Para Múcio, o posicionamento não é de toda a bancada do PT, pois o presidente teve uma reunião com os senadores há duas semanas em que discutiram a crise envolvendo Sarney. "Precisamos ver se é um movimento da bancada inteira, visto que o presidente conversou com a bancada quinze dias antes disso tudo acontecer."
Em reportagem publicada nesta segunda-feira pela Folha, um assessor presidencial disse que Lula não quer dar motivos para o PMDB adotar uma posição hostil aos interesses do governo. O presidente, então, reduziria as manifestações públicas em defesa de Sarney e passaria a atuar nos bastidores.
Na nota de sexta-feira, Mercadante afirmou que a divulgação das gravações da Polícia Federal que indicariam envolvimento de Sarney na negociação da contratação do namorado da neta é "grave, porque há indícios concretos da associação do peemedebista com atos secretos".
Segundo o senador, o Conselho de Ética deve apurar com rigor todas as acusações e a bancada do PT não se oporia à antecipação da primeira reunião do colegiado.
O colegiado vai investigar quatro denúncias do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) e uma representação do PSOL contra Sarney. Duque, como presidente do colegiado, tem autonomia para arquivar sumariamente as acusações.
O presidente da Casa foi denunciado por causa de seu envolvimento com os atos secretos, pela suspeita de que teria interferido a favor de um neto que intermediava operações de crédito consignado para servidores do Senado, pela suspeita de ter usado o cargo para interferir a favor da fundação que leva seu nome, e pela a contratação do namorado de sua neta para trabalhar na Diretoria Geral do Senado.