quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Baixaria cultural, o fascismo mostra as garras

A declaração abaixo fede a vulgaridade. Sempre que o fascismo arregaça seus beiços, a baixaria domina a cena. Certa feita André Malraux (este merecia o título de ministro da cultura) deixou de ter a coragem de se manter na defesa da liberdade, de imprensa e de cinema. Ocorreu quando o filme "A Religiosa" foi proibido na França. O cineasta Godard enviou uma carta ao grande escritor e ministro, dizendo que, aceita a censura, ele se metamorfoseava em Ministro da Kultura. O sabor nazista do K feriu o eminente político e intelectual. O filme de Rivette foi liberado, apesar das seitas autoritárias que imaginavam mandar na opinião pública. Vale a pena assistir a pelicula, um primor de percepção do romance diderotiano. Vale ainda mais ler a carta de Godard a Malraux, pois ela fez o grande intelectual ruborizar pela fraqueza diante da censura.

Aqui, os Tonton Macoute da censura petista não têm do que se envergonhar, como no caso de Malraux, porque eles são nulos no mundo espiritual. Só lhes resta o suporte do presidente, a força da grana que destrói coisas belas, a truculência física e verbal, além do conúbio com notórios arrivistas cuja finura máxima reside em consumir champanhe com lingüiça.

Usar termos chulos, como "tenho aquilo roxo", era apanágio de filhotes de coronéis. Hoje eles estão na "base aliada" lulista. E, pelo visto, encontram companhia à sua altura, ou baixeza.

Sr. Ministro: o ouvido da cidadania não é penico!

RR



“Meu pinto, meu coração, meu estômago e meu cérebro é [sic] uma linha só. Não sou um cara fragmentado, entendeu? Fui desrespeitado pela imprensa, que reverberou sem investigar, e por dois ou três parlamentares. É um trabalho suprapartidário. Não trabalho com esse critério, a cultura é muito mais ampla do que a política.”