domingo, 8 de novembro de 2009

Por sugestão de Marta Bellini, o comunicãodo da Oniversidade e um texto de um estudioso da alma.





Em tempo: dei uma entrevista hoje, domingo, para a Band News Rádio, onde disse o óbvio: a Oniversidade entra perfeitamente no perfil masculinizante brasileiro. Mulher, negro, gay, é para apanhar e ser morto. Calados. Em meu livro Lux in Tenebris, um dos capítulos se intitula, não por acaso, "A mulher e a Des-razão Ocidental". No caso da Oniversidade, é pior do que desrazão. É coisa inominável. RR

A MORTE DE UMA UNIVERSIDADE

Anúncio da Universidade Bandeirante, UNIBAN, publicado na primeira página do caderno Metrópole do Estado de São Paulo, 8/11/2009.

A peça publicitária acima é para se ler, guardar e colocar a partir de agora em todas as cartilhas de alfabetização e provas de doutorado país afora. Ela vem com um título estranho chamado “responsabilidade educacional”, se apresenta com um slogan bonitinho e ordinário, “a educação se faz com atitude e não com complacência” e tem como único objetivo dizer que considera a aluna Geyse Villa Nova Arruda uma puta, uma provocadora, uma inadequada, uma desequilibrada, uma não-cidadã, uma desrespeitadora dos “princípios éticos”, “dignidade acadêmica” e “moralidade” da “universidade bandeirante”. Ainda mais: há um “conselho superior” que, depois de analisar os “fatos apurados”, decidiu então queimar a bruxa, livrar-se de todo o mal e, no final, a cereja no topo do bolo, convida seus “alunos” e “alunas”, “professores”, “funcionários”, “a comunidade” e “a mídia” para um “ciclo de seminários” em “data a ser oportunamente informada”. Nenhuma palavra sobre os agressores, nenhum nome de ao menos um deles para ser punido, nada disso, ao contrário, a defesa explícita do fascismo, a “reação coletiva de defesa do ambiente escolar”. Em resumo, a vítima foi autora do crime! É hora do Ministério da Educação fechar esta farsa intitulada “universidade bandeirante”. Essa é uma das páginas mais sórdidas já escritas em nome da violência, da prepotência e da canalhice. Esse anúncio demonstra que os agressores de Geyse representam também os ideais da instituição que freqüentam, ou seja, o ódio à diferença, a perseguição implacável a quem ousar fazer qualquer coisa fora do padrão e a expulsão exemplar e rápida contra a complacência de quem aí se enquadrar. A Universidade Bandeirante morreu. Sem querer, seu “reitor”, que sequer assina o próprio nome, seu “conselho superior” (o que será isso?), assinaram o obituário da instituição que representam. Falta de coragem ou “princípio ético” número um do lugar, o anonimato? Vida longa para Geyse Villa Nova Arruda, uma mulher. Com nome e sobrenome. LEONARDO FERRARI