segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Folha on line

LAURA CAPRIGLIONE
da Folha de S.Paulo
da Folha Online

Atualizado às 18h54.

A Uniban (Universidade Bandeirante) revogou no início da noite desta segunda-feira a decisão do conselho universitário que expulsou a aluna Geisy Arruda, 20, hostilizada após usar um vestido curto. A decisão foi anunciada em nota, porém, não traz detalhes sobre o que fez a reitoria mudar de ideia. Leia a nota abaixo:

Blogueiro que revelou caso da Uniban diz ter recebido ameaça
Estudante expulsa da Uniban diz ter sido hostilizada na rua
Veja comunicado da Uniban sobre expulsão de aluna
Ministra condena medida e diz que expulsão é intolerância

"O reitor da Universidade Bandeirante - Uniban Brasil, de acordo com o artigo 17, inciso IX e XI, de seu Regimento Interno, revoga a decisão do Conselho Universitário (CONSU) proferida no último dia 6 sobre o episódio do dia 22 de outubro, em seu campus em São Bernardo do Campo. Com isso, o reitor dará melhor encaminhamento à decisão."

Rubens Cavallari/Folha Imagem
A estudante Geisy Arruda e o advogado Nehemias Melo; advogado entrará com ação para que aluna conclua o semestre na Uniban
A estudante Geisy Arruda e o advogado Nehemias Melo; advogado entrará com ação para que aluna conclua o semestre na Uniban

Geisy foi xingada nos corredores da universidade no último dia 22 por usar um microvestido rosa. O tumulto foi filmado e os vídeos acabaram na internet. A aluna, que está no primeiro ano do curso de turismo, parou de frequentar as aulas após a confusão e, neste fim de semana, foi expulsa.

O anúncio da expulsão foi publicado em jornais de São Paulo neste domingo (8), e a aluna afirmou ter sido comunicada pela imprensa. Na nota do fim de semana, a Uniban informou que a medida foi adotada após "flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade" por parte da aluna.

Mais cedo, os advogados da estudante procuraram a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), para pedir a abertura de um inquérito policial sobre o caso. O inquérito foi instaurado e, ainda segundo os advogados, há indícios de que tenham havido sete crimes: difamação, injúria, ameaça, constrangimento ilegal, cárcere privado, ato obsceno e incitação ao crime.

Em entrevista concedida na tarde de hoje, o advogado de Geisy afirmou que "a sindicância [feita pela universidade] mostrou a todo tempo que o objetivo era encontrar um culpado, que era a Geisy". Ele disse ainda não ter tido acesso aos depoimentos dos alunos ouvidos na sindicância, que comparou a um "tribunal nazista que transformou a vítima em algoz".

Procurado pela Folha Online no início da noite, Melo afirmou desconhecer o anúncio da revogação da expulsão, e disse que não iria comentar a nova decisão enquanto não fosse formalmente comunicado.