19/11/2009 - 11h52
Artistas e políticos dizem o que acharam do filme sobre Lula
Professora do presidente na tela, Lucélia Santos acredita que obra pode favorecer candidatura de Dilma Rousseff à Presidência. Vice-governador Paulo Octávio, do DEM, diz que Lula é exemplo e país tem de exaltar seus heróis
Fábio Góis
O lançamento do filme Lula, o filho do Brasil levou artistas e políticos de diversos partidos à abertura do Festival de Cinema de Brasília, realizada anteontem (17). E produziu as mais diversas reações. O vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), deixou as diferenças partidárias de lado e classificou o evento como um “momento histórico”. Segundo ele, o país tem de homenagear no cinema seus “grandes heróis”.
“Lula é, seguramente, um bom exemplo a ser seguido por tantos jovens brasileiros”, disse Paulo Octávio. “É um filme sobre um cidadão brasileiro, independentemente de partido, de ideologia, é um filme sobre o Brasil, sobre a dificuldade que muitos passam. É um evento que vai ser bom para todos os brasileiros, sem cor partidária”, acrescentou o oposicionista.
Uma das atrizes do filme, Lucélia Santos afirmou que a obra pode beneficiar a eventual candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, em 2010. “Acho que influencia, sem dúvida nenhuma. Mas acho que depende da Constituição, não sei se isso é permitido”, ponderou. Lucélia interpreta no filme uma professora de Lula no ensino fundamental.
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No papel de Dona Lindu, a mãe do presidente, Glória Pires evitou a polêmica política. “As pessoas vão ver e vão fazer seus próprios julgamentos”, afirmou ao Congresso em Foco.
O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que a narrativa transcende o embate político. “Temos de separar um pouco o que é a nossa luta política daquilo que é quase um documentário sobre a vida de uma pessoa que todos nós conhecemos”, afirmou Berzoini.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi pelo mesmo caminho. “Evitando correr o risco de parecer puxa-saco, a história do presidente Lula é fantástica, e o filme mostra isso com bons atores, como a Glória Pires, a Cléo Pires. O filme é bem produzido, o ator que faz o Lula imita o jeitão e a voz dele.”
Confira o que algumas personalidades que assistiram à pré-estréia disseram ao Congresso em Foco, antes e depois da exibição do longa, na abertura do Festival de Cinema de Brasília:
Os artistas
Fábio Barreto, diretor
Satisfeito? “Muito, muito. O público reagiu muito bem. Eu não tenho dúvidas sobre este filme, acredito na força dele, acredito que ele vai bem.”
Sobre a emoção de Dona Marisa com o filme: “Que bom! Agora ela vai lá falar pro Lula e o Lula vai assistir. Ele não viu ainda.”
Rui Ricardo Dias, intérprete de Lula adulto, emocionado após o filme:
“Cara, eu estou assim, na verdade... não sei nem o que dizer... Acabei de assistir ao filme, estou sob o impacto do filme. Talvez amanhã eu possa falar melhor. Mas é lindo, é um filme lindo, uma história merecida, brasileira. Estou muito feliz de poder contar, o Fábio é um grande diretor. Estou muito emocionado.”
A sucinta e sorridente Glória Pires, a Dona Lindu, mãe de Lula:
As expectativas sobre a exibição do filme: “As melhores.”
Sobre a polêmica política: “As pessoas vão ver e vão fazer seus próprios julgamentos.”
Sobre como se sente em protagonizar o longa: “Muito bem. [É] muito bom.”
Juliana Barone, atriz que interpreta Dona Marisa:
“Eu me sinto muito honrada, muito feliz de poder mostrar um pouquinho da Marisa para as pessoas que ainda não conhecem a vida, a história dela, conhecem mais a história do marido dela por razões óbvias. Eu mesma, quando fui fazer a pesquisa, descobri várias coisas da biografia dela que me tocaram muito. Por exemplo, eu não sabia que ela tinha sido viúva, perdido o marido tragicamente. Não sabia que o Lula tinha adotado o filho dela de papel passado, entre outras coisas.”
Lucélia Santos, a professora do ensino fundamental:
“Acho que o presidente Lula, desde que assumiu o governo, desde a primeira gestão, ele sempre manteve uma alta capacidade de comunicação com o povo, e ele sempre foi muito popular em todas as pesquisas. É claro que este momento é muito especial, ele tem andado com muita sorte. Agora, se o filme for bom, mais azeitona ainda na empada dele (risos), bem no popular.”
Sobre a influência do filme na sucessão presidencial, favoravelmente à candidata de Lula, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil): “Acho que influencia, sem dúvida nenhuma. Mas acho que depende da Constituição, não sei se isso é permitido.”
Sobre como se sente por participar do filme: “Sou atriz do filme, então prefiro não me manifestar.”
Antônio Pitanga, o torneiro mecânico que ensinou o ofício a Lula:
“Sinto-me cumpridor de uma profissão que realizo há 50 anos com a maior dignidade, que nasceu no Cinema Novo. O cinema brasileiro nasce exatamente na discussão da temática do povo. Se ele é presidente ou não, você coloca um projeto e conta a história de um país.”
Das áreas política e sindical:
Ricardo Berzoini, presidente do PT:
“É um filme importante por ser representativo de uma fase da vida do Lula que a maior parte do povo não conhece. O povo só conhece o Lula político – o Lula sindicalista, que aparece no fim do filme, e a vida do Lula criança e adolescente o povo não conhece.”
“Se eu fosse da oposição, assistiria sem preconceito, é um filme que vale a pena todo mundo assistir. Temos de separar um pouco o que é a nossa luta política daquilo que é quase um documentário sobre a vida de uma pessoa que todos nós conhecemos.”
José Antônio Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal, ex-advogado-geral da União e do PT:
“Eu gosto muito de cinema, e é um filme sobre a história do Brasil. Vou acompanhar o filme.”
Paulo Octávio (DEM), vice-governador do DF:
“O Brasil tem de homenagear os seus grandes heróis, e são poucos os que foram retratados em cinema até agora. É importante o filme do Lula, será importante o filme do JK [Juscelino Kubistchek, ex-presidente da República], assim como serão importantes os filmes sobre as mais diversas personalidades brasileiras. Um filme bem feito, que conte uma história real, de ascensão social, de evolução, ajuda os mais jovens a buscarem os bons caminhos. Lula é, seguramente, um bom exemplo a ser seguido por tantos jovens brasileiros.”
“É um filme sobre um cidadão brasileiro, independentemente de partido, de ideologia, é um filme sobre o Brasil, sobre a dificuldade que muitos passam. É um evento que vai ser bom para todos os brasileiros, sem cor partidária.”
Sobre o teatro lotado: “É o sucesso. As pessoas vieram acima de todas as expectativas. Nunca vi uma lotação igual aqui no Teatro Nacional, há muitas autoridades, deputados, senadores, e as pessoas de Brasília que também entraram, e querem assistir ao filme pela primeira vez. É um momento histórico.”
Orlando Silva, ministro dos Esportes:
“O presidente Lula e o Brasil vivem um momento mágico. Quem sabe, com este filme, o presidente não conquiste o que falta, que é o Oscar.”
“Vai todo mundo curtir, isso é cinema. Isso não é discurso, não é palanque, isso é cinema, deve ter um quê de ficção. Isso [a posição oposicionista] é mais ansiedade de alguns, digamos assim. Eu tenho certeza de que quem vir vai curtir, porque é cinema. O Barretão [Luiz Carlos Barreto, produtor do filme] me garantiu e falou: ‘vai lá, que você vai ver um belo filme’.”
Carlos Lupi, ministro do Trabalho:
“Mesmo que não gostem do Lula, ele é uma referência para a sociedade brasileira pela sua origem, pelas lutas que venceu, por hoje chegar à Presidência da República tendo saído do nada. Independentemente de admiração, de ser oposição ou situação, é o retrato do verdadeiro filho do Brasil.”
Fernando Haddad, ministro da Educação:
“Li o livro da Denise [Paraná, autora do livro homônimo] e estou curioso para ver o que o Barreto [Fábio Barreto, diretor do longa] fez do livro. O livro é muito legal, conta uma história muito comovente. Espero que tenha sido bem retratada na tela.”
Paulo Bernardo, ministro do Planejamento:
“Evitando correr o risco de parecer puxa-saco, a história do presidente Lula é fantástica, e o filme mostra isso com bons atores, como a Glória Pires, a Cléo Pires. O filme é bem produzido, o ator que faz o Lula imita o jeitão e a voz dele.”
Agnello Queiroz, ex-ministro dos Esportes:
“Uma história rica como esta deve ser socializada. E uma maravilhosa forma de fazer isso é o cinema, uma expressão que pode atingir a totalidade da população, uma vez que já está contada em livro. Isso é muito bom para que o povo brasileiro todo possa ter acesso a detalhes desta história, que muita gente conhece mais da fase da Presidência. Mas tem a fase do movimento social, que é muito importante.”
João Pedro (PT-AM), senador, após o filme:
“Bonito filme, e muito forte. É uma história do Lula, mas é a história do Brasil, da organização dos trabalhadores. É uma história muito recente, muito contemporânea do Brasil. Eu penso que vai ajudar essa geração a compreender um momento tão difícil em que não tínhamos liberdade. E o Lula teve muita coragem, intuição e capacidade de organização. Eu gostei muito, e fiquei comovido.”
Benedita da Silva (PT), ex-governadora do Rio de Janeiro:
“O momento é importantíssimo. Lula é um companheirão. Estou emocionada, louca para ver o filme, não vi absolutamente nada. Como Lula sempre me emociona, que a sua história, contada de uma outra forma, também possa continuar alimentando.”
Artur Henrique da Silva - presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT):
“É um filme importante para a história do país, sobre uma figura importante como a mãe do presidente Lula – porque o filme fala sobre a trajetória dele, mas centralizado nela, que teve um papel fundamental na educação dos filhos, da família. É um momento importante, para prestigiar a abertura do festival de cinema aqui do Distrito Federal. Vi uma apresentação bruta na casa do produtor, o filme não estava terminado.” “Parece que ele [Lula] queria assistir ao filme mais reservadamente, até para poder curtir o filme – vamos dizer assim. Mas acho que é uma boa oportunidade, e vai haver muitos lançamentos. Vamos ver se ele vai ao lançamento do filme quando a gente for fazer lá na CUT, em São Paulo, no dia 3 de dezembro.”
Do festival
Silvestre Gorgulho, secretário de Cultura do GDF:
Sobre a superlotação: “Eu tenho de dizer três coisas. Primeiro: todo sucesso tem seu preço na comodidade das pessoas. Se quisesse fazer uma coisa certinha, faria no Palácio da Alvorada. Segundo: o Festival de Brasília é indomável. Este é o Festival de Brasília, este é o festival que Brasília fez durante 42 edições. Terceiro: a inauguração da vila olímpica foi o mesmo sucesso. Estava lá o Pelé. Show da Madonna é o mesmo sucesso. Eu queria ver se tivesse meia dúzia de pessoas aqui, se tivesse metade do teatro vazio.”
As críticas ficarão pelo caminho? “Vão ficar. E outra coisa: qual o festival de cinema do Brasil que, lutando contra tudo e contra todos, tinha mais de 120 cegos e surdos assistindo. Estavam aqui, e inclusive o nosso diretor [Fábio Barreto] foi reclamar.”
“Como secretário de Cultura, fico preocupado. Quando ele [Barretão] sobe no palco, para uma platéia de 1.400 pessoas, e diz que não tem corpo de bombeiro aqui, isso me agride. Ele foi perguntar se tinha corpo de bombeiros? Tem a brigada do Corpo de Bombeiros aqui. Fico chateado com isso. Mas, como jornalista e brasiliense, eu fico feliz, porque este é o Festival de Brasília. Que venham os próximos e tenham o mesmo sucesso que este.”
Washington Araújo, jurado do Festival
“É um filme que resgata uma história do Brasil que há muito tempo estava submersa, história de um homem de lutas, do povo. De certa forma, o filme vai retratar um país que nós conhecemos da vida real, mas nunca a arte imitou tanto a vida como agora.”