E a imagem perfeita, cap-tirada do Blog de Marta Bellini.
domingo, 4 de julho de 2010
Indig-nação
And by the way...segue a letra de todos os desalentos com os covardes "machos" que matam e batem em mulheres...RR
Behind The Wall
Loud voices behind the wall
Another sleepless night for me
It won't do no good to call
The police
Always come late hey
If they come at all
Last night I heard the screaming
Loud voices behind the wall
Another sleepless night for me
It won't do no good to call
The police
Always come late hey
If they come at all
And when they arrive
They say they can't interfere
With domestic affairs
Between a man and his wife
And as they walk out the door
The tears well up in her eyes
Last night I heard the screaming
Then a silence that chilled my soul
Prayed that I was dreaming
When I saw the ambulance in the road
And the policeman said
"I'm here to keep the peace
Will the crowd disperse
I think we all could use some sleep"
Last night I heard the screaming
Loud voices behind the wall
Another sleepless night for me
It won't do no good to call
The police
Always come late hey
If they come at all
Antes de ler a terrível "notícia" sobre a morte de mulheres no Brasil, peço aos leitores que releiam o final de minha conferência (abaixo, em azul) feita no Sesc São Paulo (o texto está na Internet), para saber o que penso, em termos éticos, da nossa pretensa sociedade. Roberto Romano
No Brasil, mulheres e crianças, no seu próprio lar, são espancadas e submetidas a violências físicas covardes. Os dados estatísticos ferem a consciência moral das pessoas retas.
No Brasil, reina o costume dos ricos fazendeiros e demais exploradores rurais mandarem matar as pessoas incômodas, entre elas, líderes de sindicatos como Chico Mendes, repetindo hábitos que vêm desde a Colônia.
No Brasil, mesmo pobres pagam “justiceiros” para matar seus semelhantes, acusados de bandidagem, de estupro, ou de outras coisas, como rixas sem maior importância.
Nota-se que no Brasil a Justiça faz-se com as próprias mãos. É a lógica e a ética da vingança, sem passar pelos tribunais.
No Brasil, homossexuais, negros, índios são mortos (através do fogo dos revolveres, das facadas e até mesmo do fogo ateado em suas carnes). E isto é visto como normal, ninguém é punido por isto, salvo quando os assassinos ultrapassam os limites mesmo de uma sociedade conivente.
No Brasil, quem ocupa cargo público julga-se acima dos demais cidadãos, forma uma sociedade política separada do universo social. Políticos nacionais, com raras exceções, têm como axioma ético o famoso “é dando que se recebe” cunhado pelo falecido Roberto Cardoso Alves, mas seguido pelos vivíssimos deputados, senadores e outros.
No Brasil, o governo despreza a educação pública, do primeiro gráu às universidades. O governo é portador de todos os direitos, como sempre notamos nos julgamentos do Supremo Tribunal Federal, onde a regra é perderem os cidadãos em proveito dos governantes, em juízos a priori determinados pela decisão política. Decisões do Supremo, como a definida ao redor das sobretaxas e punições no caso do “apagão”, do qual o povo que sempre pagou impostos não é culpado, decisões como a do Supremo implicam um desprezo imenso pela população. Lembram-se os presentes? O juiz do Supremo responsável pela decisão, disse que se não houvesse penas, e multas, o povo não economizaria energia eletrica. Esta é a ética do chicote e do desrespeito pela cidadania. Os cidadãos, dos sindicatos ao empresários, não são culpados da imprevidência governamental, mas o juiz do Supremo julga em favor do governo, desprezando e insultando o povo. As últimas decisões do Supremo sobre a grev das universidades públicas seguem o mesmo desprezo pelos cidadãos, a mesma concordancia a priori com todos os atos do poder executivo. Esta ética é lamentável.
No Brasil, a sonegação fiscal é a regra. Poucos empresários cumprem seu dever. Grande parte deles não investe em suas empresas. O Brasil é pais onde empresas ficam pobres e seus donos aumentam o patrimônio pessoal e familiar. A justiça se cala. A sonegação brasileira acompanha a concentração da renda. Em ambas, o Brasil possui recorde mundial. Assim como recorde mundial de miséria, falta de segurança, etc.
Termino. Todos estes pontos se passam entre nós sem que as consciências governamentais e das elites, e mesmo das classes médias, se comovam. Em suma: a nossa ética imperante precisa, urgente, de um choque de moral e de pensamento. Somos um povo onde 150 milhões choram e alguns milhares riem. A julgar pela prudente e sábia filosofia de Platão, somos um povo que, se continuarmos nestes padrões éticos, é inviável. Peço perdão pelo tom cinza de minha fala. Mas tenham certeza, perto da realidade brasileira e do mundo, ela é muito, demasiado otimista. Obrigado."
Dez mulheres são mortas por dia no País
Média registrada em dez anos fica acima do padrão internacional; motivação geralmente é passional
03 de julho de 2010 | 21h 15
Bruno Paes Manso, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Em dez anos, dez mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. Entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres morreram vítimas de homicídio – índice de 4,2 assassinadas por 100 mil habitantes. Elas morrem em número e proporção bem mais baixos do que os homens (92% das vítimas), mas o nível de assassinato feminino no Brasil fica acima do padrão internacional.
Os resultados são um apêndice, ainda inédito, do estudo Mapa da Violência no Brasil 2010, do Instituto Zangari, com base no banco de dados do Sistema Único de Saúde (Datasus).
Os números mostram que as taxas de assassinatos femininos no Brasil são mais altas do que as da maioria dos países europeus, cujos índices não ultrapassam 0,5 caso por 100 mil habitantes, mas ficam abaixo de nações que lideram a lista, como África do Sul (25 por 100 mil habitantes) e Colômbia (7,8 por 100 mil).
Algumas cidades brasileiras, como Alto Alegre, em Roraima, e Silva Jardim, no Estado do Rio, registram índices de homicídio de mulheres perto dos mais altos do mundo. Em 50 municípios, os índices de homicídio são maiores que 10 por 100 mil habitantes. Em compensação, mais da metade das cidades brasileiras não registrou uma única mulher assassinada em cinco anos.
Outro contraste ocorre quando são comparados os Estados brasileiros. Espírito Santo, o primeiro lugar no ranking, tem índices de 10,3 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes. No Maranhão é de 1,9 por 100 mil. “Os resultados mostram que a concentração de homicídios no Brasil é heterogênea. Fica difícil encontrar um padrão que permita explicar as causas”, afirma o pesquisador Julio Jacobo Wiaselfisz, autor do estudo.
São Paulo é o quinto Estado menos violento do Brasil, com índice de 2,8 por 100 mil habitantes. Mas a taxa é alta se comparada à de Estados americanos, como Califórnia (1,2) e Texas (1,5). “Quanto mais machista a cultura local, maior tende a ser a violência contra a mulher”, diz a psicóloga Paula Licursi Prates, doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, onde estuda homens autores de violência.
Motivação
Para aumentar a visibilidade do problema e intimidar a ação dos agressores, a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, foi comemorada pelas entidades feministas por incentivar as mulheres a denunciar crimes de violência doméstica, garantindo medidas de proteção para a mulher e punições mais duras e rápidas contra agressores.
Mas a nova lei não impediu o assassinato da cabeleireira Maria Islaine de Morais, morta em janeiro diante das câmeras pelo ex-marido, alvo de oito denúncias. Nem uma série de outros casos que todos os dias ganham as manchetes dos jornais.
Ainda são raros os estudos de casos que analisam as motivações de assassinos que matam mulheres. De maneira geral, homens se matam por temas urbanos como tráfico de drogas e desordem territorial e os crimes ocorrem principalmente nas grandes cidades. Mulheres são mortas por questões domésticas em municípios de diferentes portes.
“No caso das mulheres, os assassinos são atuais ou antigos maridos, namorados ou companheiros, inconformados em perder o domínio sobre uma relação que acreditam ter o direito de controlar”, explica Wânia Pasinato Izumino, pesquisadora do Núcleo de Estudo da Violência da USP.
Em um estudo das motivações de 23 assassinatos contra mulheres ocorridos nos cinco primeiros meses deste ano e investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Paulo (DHPP), em 25% dos casos o motivo foi qualificado como torpe.
São casos como negativas de fazer sexo ou de manter a relação. Em 50% das ocorrências, o motivo foi qualificado como fútil, como casos de discussões domésticas. Houve 10% de mortes por motivos passionais, ligados a ciúmes, por exemplo, e 10% relacionado ao uso ou à venda de drogas.
“Por serem ocorrências domésticas, às vezes a prevenção a casos como esses são mais difíceis”, afirma a delegada Elisabete Sato, chefe da divisão de Homicídios do DHPP.