O governo e os bucaneiros
Já relatei aqui. Um dos almoços mais azedos de que participei não tinha petistas como convivas. Quando isso aconteceu, diga-se, o clima foi bastante amistoso porque “eles” sabem se comportar. Aquele clima quase beligerante se deu com o que se poderia chamar “gente do mercado financeiro”. Foi ainda no primeiro mandato de Lula.
Fiz lá as minhas críticas a isso e aquilo. Não vou relatá-las aqui porque estão expostas em milhares de posts. Pois bem… Os senhores se exaltaram. Acusaram-me de não perceber o lado “pragmático” e “inteligente” do PT, entenderam? Mais: exaltavam o fato de que Lula, vindo da classe operária, segurava a tigrada sindical, o que tucanos não poderiam fazer.
Em suma: era a apologia da chantagem! Para eles, Lula era bom porque continha seus radicais; radicais estes que, no caso do governo de um outro partido, botariam pra quebrar. Apontei, obviamente, a pilantragem:
— Bem, então somos todos reféns deles; se eleitos, atuam como agentes da pacificação; se derrotados, da desordem.
E foi então que o mais exaltado resumiu bem o seu “pensamento”:
— E daí? A gente quer um governo que não seja hostil aos negócios.
Ah, bom!
Foi assim que o PT seduziu as “elites”, entenderam? Ao menos esse tipo de “elite” bucaneira. E os negócios vão bem, né? A gastança obriga o governo a pagar juros estratosféricos, e os bancos se regalam. Sucessivos “empréstimos” do Tesouro ao BNDES transformaram o banco na supernanny de setores da indústria. Reclamar pra quê? Só faltava agora essa gente querer uma República…