Spinoza e o Egito
Paulo Araújo.No Irã, os aitolás mostraram as garras bem afiadas, reprimiram, prenderam, mataram e assim controlaram a irrupção popular. No Egito, não. Por quê? Não sei. Os elementos que estão disponíveis para análise são, para mim, insuficientes.
As massas
Não sou estudioso de filosofia política. Sou apenas um “leitor/comentador de segunda mão” do que escrevem alguns que a estudam (*). Estes anotam em Spinoza a distinção entre a ciência e a opinião. A primeira, se verdadeira, afirma e estabiliza o seu objeto. A segunda, fundada no imaginário, não atinge semelhante estabilidade. Se as massas conhecessem de modo científico o que no Estado é útil e necessário não haveria nele quem praticasse o dolo, a mentira, a corrupção. Todos observariam com máximo rigor o pacto de conservação do Estado. Mas os homens costumam seguir bem menos a razão do que se entregam às paixões. Logo, o pacto coletivo de instauração e conservação do Estado (obediência de todos às leis) somente é possível se a massa compartilhar “a força de alguma paixão comum: esperança, medo ou desejo de vingança por algum dano sofrido em comum”. (Tratado Político, VI, §1)
Se Spinoza é relevante, precisamos perguntar a respeito das paixões que movem as massas em oposição ao pacto fundador do Estado egípcio. Mas ao menos uma resposta é certa: o pacto desminliguiu-se. E se de fato as massas movem-se pela força de “alguma paixão comum”, para mim não está claro qual a determinante: se é a esperança ou é se o medo ou se é o não menos humano “desejo de vingança por algum dano sofrido em comum”.
Spinoza lembra que se temos que optar entre dois males, costumamos escolher o que nos parece melhor e mais útil (ou o menos danoso) à conservação do ser. Assim, falhamos ao pacto se este nos aparece como ameaça à vida. Então, a força de um pacto é dada pela medida da sua utilidade para mim. Mais sólido é o pacto quanto mais o considero em minha imaginação que ele útil à conservação da minha vida. Sem essa utilidade, o pacto cessa.
Mubarak surge aos olhos da massa como o louco que exige de todos o impossível empenho eterno em benefício do pacto já visto como inútil (ou danoso). O que vemos no Egito são massas em manifestações que mostram que lá a ruptura do pacto é tida como menos danosa ao faltoso do que o seu cumprimento.
Não é novidade afirmar que para Maquiavel a corrupção dos homens é permanente e universal. O leninista Zizek (ele definiu-se como tal) escreveu no Guardian: Did we not witness precisely such a fight after the last elections in Iran? What the hundreds of thousands of Mousavi supporters stood for was the popular dream that sustained the Khomeini revolution: freedom and justice. (Why fear the Arab revolutionary spirit? http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/feb/01/egypt-tunisia-revolt). Em outras palavras, para Zizek o elemento comum aos movimentos das massas contrários às tiranias no Irã e no Egito seria o sonho perdido de Khomeini, e este sendo transmutado pelo esloveno na mais autêntica encarnação da liberdade e da justiça da “democracia islamita”, instaurada pela Revolução de Khomeini.
Espírito revolucionário árabe? Vinda do amoroso hegeliano (ele definiu-se como tal), é uma tese e tanto, embora completamente desprovida de qualquer comprovação empírica e lógica. Como iniciava mesmo o 18 Brumário? Fantasmagorias.A história é contingente e, portanto, até o momento nada nos autoriza a pontificar a boa ou má nova do surgimento do que quer que seja no Egito. Sobre o que poderá advir, melhor e mais prudente ainda é conversar com Maquiavel: “quem deseja reformar o estado de uma cidade e ser aceito, manter a satisfação de todo mundo, necessita conservar pelo menos a sombra dos modos antigos, de tal modo que pareça ao povo que não houve mudança nas ordens, embora na realidade as novas sejam inteiramente distintas das velhas. Porque a grande maioria dos homens se contenta com as aparências como se fossem realidades e amiúde se deixa influenciar mais pelas coisas que parecem do que por aquelas que são”. (Discorsi, livro I)
(*) Romano, R. “Democracia e Direito Natural – Spinoza”. http://www.fogliospinoziano.it/democracia_silva.pdf
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Author: B.Wehbe | ||||
Leader of the Islamic Revolution Ayatollah Sayyed Ali Khamenei said during the Friday prayer sermons in Tehran that Embattled Egyptian President Hosni Mubarak is a “servant” of Israel and the United States. “For 30 years this country (Egypt) has been in the hands of someone who is not seeking freedom and is the enemy of those seeking freedom,” Imam Khamenei said. “Not only he is not anti-Zionist, but he is the companion, colleague, confidant and servant of Zionists. It is a fact that Hosni Mubarak's servitude to America has been unable to take Egypt one step towards prosperity.” Sayyed Khamenei said Israel was the most concerned about the Arab revolts as they know if Egypt stops being their ally and take its rightful place, it would be a great event in the region. Ayatollah Khamenei said their plots however will have no effect on the Iranian nation. His eminence said the Iranian nation's voice is echoed in the countries of the Muslim world, pointing to the Tunisia revolution and Egypt uprising. “Today, developments in North Africa, [including] Egypt, Tunisia and some other countries have a special meaning for the Iranian nation,” the Leader stated. “This is what was always referred to as the Islamic awakening created by the victory of the great revolution of the Iranian nation,” Ayatollah Khamenei said in his comments during the Friday prayer sermons in Tehran. Ayatollah Khamenei noted that Tunisia's former President Zine El Abidine Ben Ali was dependent on the US and even the CIA. http://www.almanar.com.lb/english/adetails.php?fromval=1&cid=19&frid=19&eid=1063 Em espanhol
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