quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Hermann Gonçalves Marx : Globalização e governos

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  • Sociedade

  • Subsidiariedade
    Texto publicado em 10 de Fevereiro de 2011 - 02h47


    por Hermann Gonçalves Marx *

    Quando se procura nos dicionários russos não se acha a definição de subsidiariedade. A razão pode ser religiosa, porém, de fato, são representações que não fazem parte da regulação da vida civil como em países mais evoluídos e mais democráticos do Ocidente. No início, havia a autocracia czarista, depois o totalitarismo soviético e, agora, novos modelos totalitários. O mesmo acontece na maioria dos países árabes, onde agora a população se revolta por não mais suportar os modelos lá impostos, onde não se deixa espaços para a sociedade civil.

    Segundo esse princípio, uma sociedade superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade inferior, privando-a das suas competências, mas, ao contrário, deve apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar a sua ação com outros componentes sociais, em vista do bem comum. Ainda completando que tudo deve contribuir para que os indivíduos assumam responsabilidades pessoais para sua própria auto-realização.

    Muitos confundem com a sub rogação, onde as várias formações sociais deveriam ser deixadas apenas aquilo que as entidades públicas não conseguem fazer.

    O que acontece é que dessa forma se afasta a sociedade menor e o indivíduo particularmente do cumprimento pessoal de preservação, de fazer-se crescer e de realizar uma obra social, como seria de se esperar pela sua própria natureza.

    Encontrei outro dia um prefeito de uma cidade do interior de São Paulo. Ele me disse que não dava para fazer quase nada de melhoria para o povo, pois o dinheiro do Governo Federal, via FPM, era insuficiente.

    Esse é um retrato do modelo de subserviência do menor – população – para o maior – entidade pública e assim sucessivamente até o governo da Nação. A contrapartida é que ficam todos esperando as tomadas de decisão de cima para baixo, para o seu viver diário.

    Usando colocação de Soljenistisin: o povo e a nação nunca se sobrepõem ao indivíduo, nem sequer o absorvem, devendo, ao contrário, responder e realizar as leis e o destino que orientam a vida da pessoa porque a nação nada mais é do que a pessoa do povo.

    É preciso que ao indivíduo seja dada a liberdade de pensamentos e ações e cobrada a sua responsabilidade.


    Globalização e governos
    Texto publicado em 17 de Fevereiro de 2011 - 04h21


    por Hermann Gonçalves Marx *

    No último artigo, falamos da subsidiariedade que é permitir e fomentar que as comunidades menores assumam seus destinos e que isso seja fomentado e apoiado por organismos superiores. No caso de estrutura política podemos considerar o município sendo essa menor comunidade (claro é que em mega cidades, como são a maioria de nossas capitais, seria desejável considerar os subdistritos como essa menor célula).

    Do artigo de Roberto Romano, “Municípios e corrupção”, do dia 12 último, lê-se que munícipes, na Antiguidade, eram os habitantes itálicos que tinham direitos de gestão própria, assimilados aos romanos. Existiam municípios em toda a Europa antes da queda do Império Romano. O município era a base econômica e obstáculo à edificação do estado absolutista. As cortes sufocaram as cidades ao impor sua burocracia, com igualdade diante do rei.

    A nossa história política parte de um processo onde o estado existe primeiro que o país, assim como a maioria dos países que foram descobertos na época das grandes navegações.

    Reinados e governos absolutistas impedem as independências dos munícipes. É o que se passa em boa parte dos países ainda em desenvolvimento ou subdesenvolvidos – talvez mesmo por essa razão. Enquanto há evolução material, isto é, pão e circo para todos, é possível manter alguma aceitação da situação de igualdade de subalternos. Quando essa evolução cessa ou há regressão, a revolta popular é eminente.

    No modelo globalizado, após pânicos financeiros, ficou claro que há uma instabilidade global, não só financeira ou econômica, mas principalmente social reflexo de anos de algum tipo de ditadura. Basta ver como se desmancharam os governos e países inteiros da Europa oriental, do Oriente Médio.

    Parece, também, que os governos não têm muitos recursos para evitar crises universais e somente alguns os têm para atravessá-las sem muitos traumas.

    Os governantes continuam discutindo como lidar com a economia mundial, mas apenas conseguem pífios resultados, pois não há como segurar as redes globais. Assim cria força novamente a ideia de munícipes itálicos (em sua ausência vimos a capacidade de redes sociais informatizadas) como solução.